— Você pode fugir mil vezes, Isabella, mas eu sempre vou trazer você de volta. — Você não pode me obrigar a te amar, Dimitri. — Eu não preciso obrigar. Eu só preciso que você lembre… que, no fundo, sempre foi minha. Isabella pensou que estava livre de Dimitri Carter, seu ex-esposo. Que poderia recomeçar sua vida sem ele. Raptada e prestes a dar à luz aos gêmeos que são dele tanto quanto dela, Isabella se vê presa em um jogo onde o amor e a obsessão caminham lado a lado. Dimitri sabe que errou. Mas agora, ele fará qualquer coisa para provar que eles pertencem um ao outro, mesmo que precise quebrar todas as barreiras que Isabella ergueu entre eles. O amor pode sobreviver a um passado cheio de mágoas e segredos? Ou Isabella e Dimitri estão fadados a um futuro onde o desejo e a dor são inseparáveis?
Ler maisDimitri Carter
Dizem que o amor é a cura. Mas, para mim, o amor sempre foi a maior das doenças. Ele corrói, desarma, destrói. Dá a falsa promessa de redenção, mas no fim só me deixou cicatrizes. Primeiro perdi meu filho, depois minha esposa, e quando finalmente tentei amar outra vez, eu mesmo fui o carrasco da minha felicidade.O nome dela era Isabella. Ela está ali, me olhando com a frieza de quem já chorou todas as lágrimas possíveis. Ela estava agora sob os meus cuidados, era meu tudo, parecia loucura, já que eu arquiteitei um sequestro de uma mafiosa, mas ela é a mulher que eu amo. — Você não sabe o que está fazendo, Dimitri — diz, tentando manter a compostura. — Isso não vai acabar bem. Eu não sou sua prisioneira. Prisioneira? Ela não entende. Nunca foi isso. Nunca seria isso. — Você pode fugir mil vezes — murmuro, a voz tão baixa que quase me trai — mas sempre vou trazer você de volta. Seus olhos ardem, carregados de um desprezo que me corta mais do que qualquer faca. — Você não pode me obrigar a te amar — ela dispara. Sorrio, mas sem alegria. — Não preciso te obrigar. Só quero que você lembre quem era antes de tudo, antes de ter ferido seus sentimentos. Ela estremece. Eu percebo. Um resquício do que fomos ainda pulsa nela, mesmo que lute para matar. Meu peito aperta ao vê-la tão frágil naquele quarto de hospital particular que comprei só para protegê-la, a mulher que me quebrou e me reconstruiu ao mesmo tempo. Isabella.A única que ousou me amar quando eu mesmo me odiei. O curativo no braço dela me faz arder por dentro. Ela tenta se erguer, mas a fraqueza a mantém presa ao colchão. Seus lábios tremem, e sinto que toda aquela força que ela finge ter pode ruir a qualquer momento. — Qual é o seu plano agora, Dimitri? — ela cospe as palavras. — Vai me manter aqui até os bebês nascerem, depois me arrastar pra sua casa, fingir que somos uma família feliz? Fecho os olhos. O ar parece pesado. Ela não entende. Nunca entenderia. — Eu não pensei muito no depois — confesso, e minha honestidade a faz vacilar. Isabella balança a cabeça, amarga, e cada sílaba a seguir me atinge como um soco: — Depois do nosso divórcio, eu vou sumir. Você não vai me impedir. Divórcio.O gosto amargo dessa palavra queima minha língua. — Você acha que consegue me apagar assim? — sussurro, chegando mais perto, como se minhas palavras pudessem queimá-la — Você não consegue, Isabella. Você me pertence. Ela gargalha. Uma risada fria, dura, que ecoa pelas paredes brancas. — Eu não pertenço a ninguém, Dimitri. Por um segundo, vejo a menina que se jogou nos meus braços anos atrás, ingênua o bastante para acreditar que eu poderia salvá-la do mundo — quando eu mesmo era o monstro que a feria. Eu a machuquei. Rejeitei. Fui covarde. No dia do nosso casamento religioso, abandonei Isabella diante de Deus e de todos, mesmo depois de tê-la desposado no civil. Me apavorei com a ideia de prendê-la ao meu inferno. Mas agora… eu me arrependo de cada passo para longe dela. — Você não entende — insisto, ajoelhando ao lado de sua cama. — Eu fiz tudo para te proteger de mim. Ela crava o olhar no meu, firme. — Você acha que me manter trancada aqui vai proteger alguém? — Sua voz treme, mas não recua. — Você esqueceu o que fez comigo? Você me humilhou no altar, me rejeitou depois que eu contei a verdade, destruiu tudo que eu tinha de mais puro. Eu perdi filhos no ventre, Dimitri! Eu sofri calada, enquanto você fugia da própria sombra! Minhas mãos tremem. Quero segurá-la, mas não ouso. Ela não para. — Eu traí minha irmã para te amar, acreditei que o meu sobrinho era seu filho, quando na verdade era do seu irmão. Eu me perdi, Dimitri, me perdi por você. Enquanto isso, você engravidava a sua amiga Natasha sem sequer desejar aquela noite. E agora, acha mesmo que vou esquecer? Seu rosto se contorce de dor. — Não vou ser sua prisioneira, não de novo. Sinto meu corpo inteiro latejar. O que eu poderia dizer? Que lamento? Que mudaria tudo se pudesse? Palavras vazias não a trariam de volta. Em silêncio, aproximo meu rosto do dela, quase encostando nossas testas. Sua respiração falha, e sinto o calor que ainda existe entre nós, mesmo que nos destrua. — Eu vou lutar por você — sussurro, num tom baixo, decidido. — Até o fim. Isabella ri. Mas dessa vez, é um riso frio, cortante. — Eu não sou mais aquela garota desesperada. — Seus olhos brilham com uma fúria contida. — Você não vai me ter, Dimitri. Nem hoje, nem nunca mais. Meu coração estremece. — Você acha que pode me deter? Ela ergue o queixo, desafiadora. — Se tentar, vai precisar estar nesta cama de hospital, se é que me entende. Antes que eu possa reagir, Isabella se afasta de mim e sai da cama com dificuldade. Eu me levanto para segurá-la, mas paro no instante em que vejo outra figura se aproximando pelo corredor, um homem de jaleco branco, olhar protetor, postura segura.O obstetra dela. Ele segura a mão de Isabella com uma suavidade que me faz arder de ciúmes. Ela retribui, e sem aviso, beija-o nos lábios. Um beijo rápido, mas intenso, que me esmaga por dentro. Eu não consigo respirar. Isabella sorri para ele, um sorriso que eu não via há tanto tempo, um sorriso de esperança. Então ela lança um último olhar para mim, tão firme que sinto minha alma ruir. — Já acabou o seu teatro? — pergunta com desprezo. — Eu vou embora. E desta vez, não tente me seguir. Antes que eu encontre forças para impedi-la, ela some pelo corredor, deixando meu mundo desabar, e tudo o que sou capaz de pensar é que Isabella, a única mulher que ainda me fazia sentir vivo, acabou de me enterrar de vez.E pela primeira vez em muito tempo, eu tive medo. continua...Dilan Ricci Um ano depois... Um ano desde o dia em que tudo parecia ter desmoronado, desde que o medo quase arrancou Jade dos meus braços. Um ano de lágrimas, orações, noites sem dormir, mas também de descobertas, de esperança, de fé. E agora, ali estávamos. O jardim da mansão estava iluminado pelo sol, o cheiro das flores se misturava com a brisa suave, e as risadas enchiam o ar como música. Diogo estava ao meu lado, com Bella, sua esposa, rindo de algo que só os dois entendiam. Meus pais, Dimitri e Isabella, conversavam mais adiante, com aquele olhar orgulhoso que só os pais carregam. E Dante, meu pequeno Dante, corria desengonçado pelo gramado, com pouco mais de um ano, os passos incertos, mas o sorriso aberto como o próprio céu. Meu coração estava em paz. Não, mais do que isso: ele estava em chamas, ardendo de felicidade, consumido por um amor que me preenchia por inteiro. Olhei para cima, para o céu azul, e agradeci em silêncio. Por tudo. Pelo que ficou para trás e pelo que
Dilan Ricci O casamento estava lindo. As flores preenchiam a igreja com um perfume doce, a música suave parecia embalar cada passo de Bella em direção ao altar, e o sorriso de Diogo, aquele sorriso dizia tudo. Ele estava feliz. Ele estava completo. E eu, sentado entre familiares, com Dante no colo, sentia meu peito aquecer. Apesar de tudo, apesar da ausência de Jade que tanto me consumiu nos últimos meses, eu conseguia respirar fundo e acreditar que, pelo menos naquele dia, a felicidade tinha vencido. Mas a vida nunca me deu trégua, quando eu vi a Jade ali na igreja tão perto e ao mesmo tempo tão longe, fiquei a admirando e esperando a cerimônia acabar para me aproximar dela.Mas como se a vida quisesse continuar me torturando, eu ouço o som de um disparo que cortou o ar como uma explosão, transformando o que era celebração em um pesadelo. Tudo aconteceu rápido demais. Eu vi o clarão, ouvi o grito de horror ecoar pela igreja, e o instinto tomou conta de mim. Bella. A arma esta
Isabella Ricci Os dias passaram como se estivessem correndo contra o relógio, e de repente ali estávamos. O grande dia. O casamento do meu filho. Quando vi o Diogo no altar, de terno impecável, o olhar firme e, ao mesmo tempo, transbordando emoção, eu entendi o que é a verdadeira felicidade de uma mãe. Bella entrou pela igreja ao lado do Dimitri, como uma visão, com aquele sorriso doce que parecia feito apenas para ele, e eu quase não consegui conter as lágrimas. Era como ver duas pessoas que amo sem medidas, finalmente se entrelaçando, depois de tantas lutas, depois de tanto silêncio e medo. Mas, por mais que o coração transbordasse de alegria por um dos meus filhos, eu não podia ignorar o outro. Dilan. Ele estava lá, sentado em um dos bancos da frente, com Dante nos braços, e a imagem me fez estremecer. Tão jovem, e já com tanto peso sobre os ombros. Eu me lembrava como se fosse ontem: cinco dias após o nascimento, Jullia simplesmente havia desaparecido. Sem bilhete, sem expli
Dilan Ricci Dois meses. Parece pouco quando se fala em tempo, mas para mim foram os dias mais longos e intensos da minha vida. Estou sentado agora na poltrona do quarto do meu filho. Meu filho. Ainda me soa estranho dizer isso, mas ao mesmo tempo, nada nunca fez tanto sentido. O pequeno Dante dorme no meu colo, com aquele rostinho tranquilo, como se o mundo inteiro não pudesse jamais tocá-lo. Ele respira devagar, emitindo aqueles sons suaves de bebê, e toda vez que ouço esse barulho frágil, meu coração se enche de uma paz que nunca soube existir. Não posso negar que no início eu tive medo. Medo de não saber cuidar, de não estar à altura, de repetir erros que vi ao longo da vida. Mas quando Jullia foi embora, dias depois de dar à luz e me deixou com ele, a escolha não foi difícil. Eu podia me perder em mágoas ou me levantar por ele. E eu escolhi ser pai. Não vou mentir: eu não chorei quando ela se foi. Eu não a amava. Nunca amei. Foi apenas uma história errada, daquelas
Diogo Ricci Senti o coração bater descompassado enquanto a via ali, tão perto, tão vulnerável e ao mesmo tempo tão inteira diante de mim. Cada palavra que ela disse ainda ecoava na minha mente, e eu não conseguia acreditar que finalmente estávamos ali, sem barreiras, sem medos, sem sombras do passado. Bella era minha, e eu era dela, e aquela certeza me consumia de uma forma que eu nunca imaginei ser possível.— Você tem certeza? — perguntei, a voz rouca, quase tremendo. Não era só desejo; era um medo pequeno, quase insignificante, mas que insistia em me lembrar que aquele momento era precioso demais. — Quer mesmo isso comigo?Ela olhou para mim, olhos brilhando, lábios entreabertos, e sorriu entre lágrimas. — Sim, Diogo. Quero. Com você. Sempre quis.Aquele simples sim me arrancou um suspiro profundo. A intensidade do que sentia por ela era esmagadora. Cada toque, cada olhar, cada respiração compartilhada era como se o mundo tivesse se reduzido àquele quarto, àquele instante, àquele
Bella Ricci A conversa com minha mãe ecoava dentro de mim como um hino de libertação. Cada palavra dela tinha arrancado um peso das minhas costas, uma corrente do meu coração. E, ainda assim, eu estava tremendo. Não era medo do amor. Não mais. Era o medo do que viria a seguir. Encostada à porta do quarto, fechei os olhos e inspirei fundo, repetindo para mim mesma: “Ele me ama. Ele já escolheu. E eu não preciso mais fugir.” Mas repetir não era o mesmo que acreditar. O corpo sabia antes da mente, e cada fibra minha pulsava em direção a ele. Diogo. O nome dele era uma chama que queimava silenciosa, consumindo tudo dentro de mim. Andei pelo corredor como se estivesse em transe, os pés arrastando, o coração acelerado. A cada passo que me aproximava da porta dele, minha respiração falhava. Toquei na maçaneta e senti a frieza do metal contrastar com o calor das minhas mãos suadas. Podia bater. Podia entrar. Podia dizer tudo. Mas e se ele me rejeitasse? E se, apesar de tudo, eu tive
Último capítulo