O convite para a Vernissage de Arte Contemporânea chegou com um cartão creme, letras gravadas em baixo-relevo e um detalhe dourado na borda — o tipo de coisa que cheira a dinheiro antigo e silêncios bem pagos. A assinatura no rodapé veio como uma apresentação teatral: Marcus Langford, Curador.
Eu já ouvira o nome — às vezes como elogio, às vezes como maldição. Diziam que ele transformava salas vazias em confissões públicas e que seu gosto por escândalos discretos era tão afiado quanto sua habilidade para descobrir talentos.
“Compareça. Traga olhos e coragem.”
Foi tudo o que o bilhete dizia.
Vesti um vestido preto simples, tecido que caía como água, e prendi o cabelo de forma que a nuca ficasse exposta. Não era vaidade; era estratégia. Eu queria me sentir nítida, como se pudesse escolher o que mostrar e o que esconder. A Sala Verde ainda pulsava em mim — as notas do piano, a respiração dele, a promessa não dita. Thomas não havia confirmado presença, mas eu sabia: ele sempre aparece ond