Vittorio Moretti cresceu nas sombras de um legado marcado pela violência e pelo poder. Como único filho de Dante Moretti e Fiorella, ele herdou não apenas o império da Cosa Nostra, mas também o coração endurecido de um homem moldado pelas perdas. Frio, calculista e implacável, Vittorio acreditava que o amor era uma fraqueza que ele jamais poderia se permitir. Mas tudo mudou na noite em que cruzou o caminho de Serena, uma sedutora e misteriosa dançarina de boate. Por um breve momento, ela quebrou as barreiras de seu coração e trouxe luz à escuridão que o consumia. Quando Serena desapareceu de sua vida, deixando apenas uma memória agridoce, Vittorio tentou apagar seu nome da mente. Anos depois, uma revelação muda tudo: Serena teve um filho seu. Determinado a reivindicar o que é seu, ele decide romper um arriscado acordo nupcial com a Tríade chinesa para reconstruir o que o destino tentou roubar dele, uma família ao lado da mulher que nunca esqueceu. Mas em um mundo onde traições têm um preço, e o poder cobra sua dívida em sangue, até onde Vittorio estará disposto a ir para proteger Serena e o filho que ele mal conhece? Entre segredos, alianças quebradas e um passado que insiste em ressurgir, ele enfrentará sua maior batalha, descobrir se o amor pode realmente redimir um homem que já foi consumido pela escuridão. No final, o maior mistério permanece, será o amor a sua salvação ou a sua ruína?
Ler maisA porta abriu-se abruptamente, como se tivesse sido empurrada por uma rajada de vento gelado, trazendo consigo uma presença que fez o quarto mergulhar em um silêncio sufocante. Serena, envolta no delicado robe de seda que ainda exalava o perfume de Vittorio, ergueu o olhar na expectativa de ver o homem que fazia seu coração disparar, mas não era ele.
O desconhecido que ali estava, carregava uma aura de ameaça. Alto, magro, com feições rígidas e olhos que pareciam conter o peso de segredos sombrios, ele entrou sem hesitar, sua postura transbordava autoridade.
Serena recuou instintivamente, mas manteve a voz firme, mesmo que um nó de apreensão apertasse sua garganta.
— Quem é você para invadir meu quarto? Meu esposo logo estará de volta. — ela disparou, tentando esconder a vulnerabilidade que ameaçava transparecer.
A palavra "esposo" saiu de seus lábios como um escudo, uma tentativa desesperada de se proteger. O homem apenas riu. — uma risada seca, carregada de deboche que reverberou como uma provocação. Ele largou uma mala de couro no chão e a olhou com desdém.
— Seu pagamento. — Declarou, as palavras eram tão frias quanto uma lâmina afiada.
Serena piscou confusa, enquanto seu olhar oscilava entre o homem e a mala. Sua mente tentava processar o significado por trás daquela declaração, mas antes que pudesse reagir, ele continuou com aquela voz cortante.
— Oltre ad essere una puttana, è stupida.
As palavras em italiano soaram como um golpe direto. "Além de putta, é burra." Serena sentiu o impacto, a força daquela ofensa a atingiu fisicamente.
— Saia agora! — ela ordenou, sua voz tremendo, carregada de indignação.
Ele ignorou. Avançou, reduzindo a distância entre os dois, até que estava perto o suficiente para que ela sentisse o cheiro de tabaco em suas roupas. Com um sorriso cruel, ele inclinou a cabeça e falou com frieza calculada:
— Você realmente acredita que Vittorio a vê como algo mais? Que significa algo para ele? Abra a mala. Quinhentos mil dólares. Esse é o valor que meu Don pagou por sua companhia.
As palavras perfuraram Serena como facas. A ideia de ser descartada como um objeto, de que todo o amor e paixão que sentira não passavam de uma transação, era insuportável.
— Você está mentindo! — gritou, sua voz embargada, mas com uma fúria que lutava para dominar o medo.
— Quer mesmo acreditar nisso? — Ele riu novamente, o som recheado de desprezo. — Vittorio se cansou de você. Não passa de mais uma distração e como já era de se esperar, descartável.
Serena cambaleou, como se cada palavra sugasse sua força. Lágrimas começaram a escorrer, mas ela se recusava a cair diante daquele homem.
— Pegue o dinheiro e vá embora. — Ele se inclinou sussurrando em seu ouvido com a voz grave e ameaçadora. — Fique e estará assinando sua sentença de morte. Vittorio não é o homem que você pensa.
Em um movimento brusco, ele abriu a porta e a empurrou para fora, junto com a mala e algumas roupas. Serena tropeçou e caiu no corredor frio. Antes que pudesse se recompor, a porta bateu atrás dela com um estrondo, selando sua expulsão de um mundo que até aquele momento, acreditava pertencer.
Enquanto recolhia seus pertences espalhados pelo chão, sua mente girava em um turbilhão de memórias e dúvidas… "Amore mio" …as palavras que Vittorio sussurrava com tanta doçura, agora pareciam vazias, ilusórias.
A mala pesava em suas mãos, mas não tanto quanto a angústia que esmagava seu coração. Serena deu os primeiros passos para longe dali, com uma pergunta martelando em sua mente, recusando-se a ser silenciada.
“E se tudo isso fosse verdade?”
Enquanto a noite envolvia sua figura em sombras, ela sabia que a verdade cruel e implacável ainda estava por vir e quando chegasse, poderia mudar tudo.
Serena MorettiO beijo de Vitório foi lento, profundo e irrevogável.Era sempre assim. Como se cada vez que seus lábios tocavam os meus, ele reivindicasse o que sempre foi dele.Eu me deixava levar, me entregava sem reservas, porque a verdade era simples: eu era dele tanto quanto ele era meu e quando se afastou, seus olhos azuis continuavam cravados nos meus.Eu conhecia aquele olhar.Não era apenas desejo, não era apenas amor.Era posse.E, pior… era ciúme.Cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha. O som dos saltos de Serena ecoava pelos corredores da sede da máfia, seu vestido preto justo moldava cada curva do seu corpo enquanto sua postura exalava poder e perigo.Ela não precisava de escolta, não precisava de proteção. Serena Moretti era a dona daquele império tanto quanto o marido mas, naquele momento, o sangue que corria em suas veias fervia.Ao entrar na sala principal, seus olhos azuis como o gelo encontraram imediatamente a cena que a fez enxergar vermelho.Vittorio estava sentado atrás da grande mesa de carvalho, com os olhos fixos nos gráficos das vendas de ecstasy nas boates que dominavam a cidade. Estava concentrado e focado nas informações que apareciam na tela de seu computador. Ao seu lado, debruçada sobre a mesa, havia uma mulher. Serena já tinha visto aquela mulher antes e a maneira que ela olhava para o seu marido. Notou o decote generoso da blusa que usava, enquanto a voz melosa sussurrava informações sobre os números.— Então, Don,os lucros têm sido bastante BÔNUS I
Alguns anos depoisO sol do meio-dia brilhava intensamente sobre o campo de treinamento, onde Matteo, com dezessete anos, já demonstrava toda a força e habilidade que vinha praticando desde pequeno. Seu corpo já formado refletia o resultado de anos de disciplina e dedicação.Agora, ele era o herdeiro incontestável da Cosa Nostra e sua presença dominava o ambiente, impondo respeito e admiração a todos ao redor.Aurora, agora com 15 anos, estava sentada em uma pequena mureta próxima, os olhos fixos em cada movimento dele. Seu rosto carregava um brilho de encantamento difícil de esconder. Ela observava atentamente enquanto Matteo treinava, o jeito como seus músculos se moviam com precisão e força, a maneira como ele mantinha
O futuroO sol da manhã se espalhava sobre o campo aberto, iluminando o espaço onde Matteo, com seus doze anos, estava completamente focado no treinamento.O menino, vestindo um uniforme simples, já carregava a postura e a determinação de alguém muito além da sua idade. Seus cabelos loiros estavam bagunçados pelo esforço e gotas de suor brilhavam em sua testa enquanto ele mantinha os olhos fixos em Luca e Alonso, seus treinadores e mentores.Luca, com sua postura firme e olhar observador, estava de pé ao lado de um conjunto de alvos improvisados. Ele gesticulava um bastão de madeira, enquanto explicava a próxima etapa do treinamento.— A festa continuou tranquila e para Aurora, nada poderia ser melhor do que aquele momento. Ela estava sendo paparicada por suas duas mães. Embora feliz na Itália, a garotinha sabia da verdade e jamais esqueceria sua mãe, irmãos e povo. Afinal, ela era uma Demetriou e a princesa da máfia grega.O salão estava decorado com balões coloridos, mesas enfeitadas com tons alegres e uma energia contagiante de risos e conversas. A festa de aniversário continuava, o local transbordava alegria infantil. Quando Vittorio chegou, o som da música animada e das gargalhadas das crianças o envolveram imediatamente, mas foi a visão ao longe que parou seu coração.Ali, no centro da festa, Matteo estava cercado pelos amigos, rindo e correndo de um lado para o outro cCAPÍTULO CXIII
No CativeiroLorenzo estava imobilizado em uma cadeira de metal no centro de uma sala fria e mal iluminada. Seus braços amarrados firmemente nas laterais, a boca obstruída por uma mordaça apertada e os olhos cobertos por uma venda negra. Cada músculo do seu corpo tremia, não apenas pelo frio do ambiente, mas pelo medo que o consumia. Ele sabia do que Vittorio era capaz. Conhecia muito bem a fama sádica do Don e o terror que espalhava entre seus inimigos.A porta rangeu ao ser aberta, o som ecoando pela sala vazia. Lorenzo, imediatamente, sentiu a mudança na atmosfera. Uma aura pesada e sombria preencheu o local, deixando o ar quase irrespirável. Passos lentos e calculados se aproximaram dele e logo a venda foi arrancada de seus olhos. A luz pálida da única lâmpada pendurada no teto, re
Último capítulo