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Capítulo 4 — A Segunda Lição

O salão do Clube Dominus parecia respirar.

A música lenta, quase inaudível, marcava o compasso das respirações. As chamas das velas oscilavam como se também observassem o que acontecia ali.

Sarah ainda sentia o peso da pergunta de Thomas vibrando em sua pele:

“Você vai pedir?”

Ela queria dizer sim.

Mas as palavras ficaram presas, presas entre o medo e a vertigem.

Thomas deu um passo à frente — só um — e o mundo pareceu encolher.

O perfume dele misturou-se ao do vinho e da cera derretida.

— Ainda não — disse ela, a voz trêmula, mas firme.

O leve arquear da sobrancelha dele foi quase um sorriso.

— Muito bem. A segunda lição começa exatamente aí: saber quando não ceder.

As pessoas ao redor se afastaram discretamente, abrindo espaço.

Thomas caminhou devagar, contornando-a como quem estuda uma escultura.

— No desejo — murmurou ele — o poder não está em tocar, mas em esperar.

Sarah sentiu o calor subir pelo pescoço, o corpo reagindo à proximidade.

Ele estendeu a mão, mas parou a poucos centímetros do rosto dela.

— Feche os olhos.

Ela obedeceu.

O som de seus passos circulando-a era quase um sussurro no chão de mármore.

— O que sente? — perguntou ele.

— Tudo — respondeu.

— Descreva.

— O ar. A distância. A vontade de acabar com ela.

Thomas se inclinou até que o hálito dele roçasse o ouvido dela.

— Isso é arte — sussurrou. — O espaço entre o impulso e o ato.

Quando ela abriu os olhos, viu Olivia observando da escada, taça de vinho na mão, o sorriso frio.

Thomas recuou um passo.

— Esta é a segunda lição, senhorita Hastings: resistir não é negar; é dominar o próprio veneno.

Ele virou-se para o grupo, a voz assumindo o tom de quem conduz uma exposição.

— O desejo é disciplina. Quem perde o controle, perde o prazer.

Olivia desceu as escadas lentamente, o som dos saltos ecoando como batidas de coração.

— Professor, talvez a senhorita Hastings prefira uma demonstração mais… concreta.

— Cuidado, Olivia — disse Thomas sem olhar para ela. — Sua lição já foi aprendida.

— Mas nem todos aprendem pelo mesmo método.

O olhar entre eles era fogo contido.

Sarah sentiu-se observando algo íntimo demais, antigo demais para entender.

Olivia aproximou-se de Sarah e, sem pedir permissão, tocou o colarinho de sua blusa.

— O medo é bonito em você. — O sussurro dela tinha gosto de provocação. — E perigoso.

Thomas interveio, a voz calma porém cortante:

— Basta.

Olivia sorriu, soltando o tecido lentamente.

— Está com ciúmes, Thomas?

— Estou mantendo a ordem.

— Então talvez devesse se lembrar de quem criou o caos.

O silêncio seguinte era pesado.

Thomas a fitou por um longo instante — algo entre raiva e compaixão — e então se voltou para Sarah.

— Volte para casa — disse, com voz baixa. — Hoje, aprendeu o suficiente.

Sarah hesitou.

— Fiz algo errado?

— Não. Mas o corpo fala antes da mente estar pronta.

Ele retirou do bolso um pequeno cartão preto e colocou na mão dela.

“A lição continua quando o coração decidir.”

Sarah o observou se afastar, o casaco escuro se confundindo com as sombras.

Olivia o seguiu com o olhar, os olhos cheios de uma tristeza que ela não disfarçava mais.

Horas depois

Deitada na cama, Sarah encarava o teto.

Ainda podia ouvir a música do salão, o timbre da voz dele, o toque de Olivia.

O cartão preto repousava sobre o travesseiro.

Ela passou o dedo sobre a frase e percebeu algo gravado em relevo na parte de trás — uma data e um horário:

Sexta-feira, 23h30. Sala Verde.

Um novo convite.

Ou um teste.

Ela o virou entre os dedos e sussurrou para o quarto silencioso:

— Estou pronta.

Mas do lado de fora, no corredor do prédio, uma figura observava sua janela acesa — Olivia, envolta em um sobretudo escuro, um cigarro aceso entre os dedos.

O sorriso dela era lento, perigoso.

“Veremos se está mesmo.”

O novo convite e o olhar de Olivia — promessa de desejo, ciúme e traição iminente

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