Ela foi forjada na sombra. Ele nasceu para destruir. O Laço entre eles nunca deveria ter despertado. Selena é uma bruxa selvagem, marcada pelo exílio e temida até entre os seus. Sozinha, poderosa, indomável — até sentir o toque de uma presença ancestral no meio de um ritual proibido. Rurik é um lobo sem matilha, traído pelos próprios irmãos e condenado a vagar como fera. Frio, brutal, solitário — até o instinto o arrastar para o rastro de uma mulher que não consegue esquecer. Quando os caminhos deles se cruzam, o vínculo explode: antigo, proibido, impossível de negar. O que os une é mais que desejo. É maldição. É profecia. É o começo do fim. E alguém está disposto a matar para impedir que o Laço se complete.
Leer másO silêncio entre as árvores não era paz.Era expectativa.Selena andava devagar, os pés descalços afundando na terra úmida, sentindo cada raiz, cada galho como parte de algo maior.Algo vivo.Algo atento.Ela sabia que ele estava por perto.Não porque o ouvia — mas porque o sentia.O vínculo entre eles era uma corda invisível, esticada até o limite.Qualquer passo em falso… e quebraria.Ou se romperia em fogo.— Vai continuar me seguindo? — ela perguntou, sem virar o rosto.A resposta veio em silêncio.Rurik saiu das sombras como se sempre fizesse parte delas.Não disse nada.O olhar dele pousou nela como uma carícia quente demais.Demorada demais.E pesada.Tão pesada que ela mal conseguiu respirar.Ela não recuou.Mas também não avançou.— Isso é uma péssima ideia — murmurou.— É a única ideia que temos — ele respondeu.Silêncio.A distância entre eles era mínima.Mas parecia ter um mundo no meio.Feito de mágoa. Instinto. Vontade contida.Selena fechou os olhos.Só por um segundo.
Cinco anos antes.Floresta de Torneval.Meia-noite.A noite estava carregada de umidade e promessas malditas. A lua cheia cortava as copas das árvores como uma lâmina de prata, e a floresta respirava com o cheiro metálico de sangue.Rurik ainda não era alfa.Era jovem, impetuoso e completamente cego pela promessa de um vínculo sagrado.Lyara.Ela era filha do Segundo da alcatéia. Inteligente, feroz, e, mais importante… marcada como sua companheira predestinada.Os Deuses da Lua tinham falado.Os anciãos confirmaram.E o corpo dele respondeu com uma febre que só ela conseguia acalmar.Naquela noite, o ritual de união seria consumado.Mas ela não apareceu.No lugar de Lyara, veio o fogo.A clareira onde a cerimônia seria realizada virou um campo de extermínio.Corpos da alcatéia, despedaçados.Outros, presos no chão por raízes negras como carvão — a marca de magia bruxa.As árvores choravam com folhas queimadas e gritos atravessavam o vento como lâminas cortando a pele do mundo.Rurik c
A caverna amanheceu fria.O fogo havia apagado. E o mundo voltava a pressionar as costelas.Selena acordou com a garganta seca, os músculos rígidos da fuga e da tensão da noite anterior. Rurik dormia a alguns passos, o corpo encostado na pedra, mas ainda em alerta — mesmo no sono, a mandíbula cerrada, as garras meio expostas.Ela o observou. O peito subia e descia devagar, o suor formando um brilho úmido na pele do pescoço.Ele parecia menos fera, mais homem.E isso era um problema.Ela se levantou em silêncio, mas o estalar leve do tornozelo ferido chamou a atenção dele.Rurik abriu os olhos num movimento seco, como se nunca tivesse dormido de verdade.— Está sangrando — ele disse, erguendo-se num salto.— É só um corte.— Não aqui.Ele se aproximou.— No ombro. A mordida.Selena franziu a testa.— Não é sua?— É.Mas quando um lobo morde alguém com vínculo aberto… se não for cuidado, a marca se espalha.— E te muda.— Muda como?Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, ajoelhou-
SELENACorrer com ele era estranho.Não por medo — Selena nunca temeu os lobos.Mas porque, a cada passo ao lado de Rurik, sentia-se menos separada dele… e mais parte da mesma criatura.O cheiro de mato e sangue, o som dos galhos quebrando sob os pés, o ar pesado de magia densa — tudo pressionava seus sentidos, acelerava sua pulsação, atiçava o vínculo queimando em suas veias.Ela não era tola. Sabia o que tinha feito.Ao quebrar o selo, ao chamá-lo, ao tocar sua essência... selou o próprio destino.Agora, bruxas e lobos a caçavam.E ele corria ao lado dela.Como se tivesse feito a mesma escolha.— Acha que podemos despistá-los? — ela perguntou, sem olhar para ele.— Não.A essa altura, eles sentem o vínculo.— E mesmo que não sintam, o cheiro está em você. Está em mim.— Selado na carne.Ela não respondeu.Atravessaram um vale úmido, e por um momento, tudo ficou em silêncio — até os pássaros calaram.Rurik parou de repente.Ela o imitou.— Tem algo à frente — ele disse.Selena fechou
SELENAO feitiço que selava a cela era antigo, mas os antigos sempre subestimam as novas gerações.Selena esperou a lua subir, esperou Maelis baixar a guarda e as velhas magas se recolherem.E então, com a respiração firme e os dedos trêmulos de raiva contida, ela quebrou o selo de contenção.Não com força.Com precisão.Fez o que nenhuma outra havia ousado fazer: usou o próprio vínculo como arma.Sussurrou o nome dele.Não em voz alta.Mas com a essência.Rurik.As runas arderam. As paredes gemeram. E a cela cedeu com um estalo seco.As magas correram ao ouvir a ruptura, mas era tarde.Selena já atravessava os corredores do templo como uma sombra viva.Cada passo era um desafio.Cada feitiço lançado contra ela, absorvido ou refletido.Quando chegou aos portões do bosque sagrado, ouviu gritos atrás.— Selena! Você está condenando todos nós!Ela não respondeu.Ela não estava fugindo.Estava indo ao encontro do que era dela.---RURIKO sangue ainda escorria pelos braços quando ele paro
SELENADesde o ritual negado, os dias se tornaram longos e vigiados.Cada movimento seu era observado.As magas mais jovens, antes submissas, agora cochichavam às suas costas.As mais velhas a encaravam como se ela carregasse um feitiço contaminado.E carregava.Só que não era veneno.Era ele.Ela o sentia mais perto a cada amanhecer.E com isso, os sonhos começaram.Não devaneios doces.Mas visões. Fragmentadas. Brutais.> Rurik em forma lupina, coberto de sangue.Vozes chamando por ela.As mãos dele em sua cintura, segurando como se fosse cair.Os olhos dele. Sempre os olhos.Na terceira noite, acordou com as marcas de garra gravadas em sua ombreira de couro — três sulcos limpos, finos.A magia tentava apagar. Mas não conseguia.Selena guardou o tecido ao invés de destruí-lo.O Coven reagiu.A Sacerdotisa Maelis a isolou das demais.Tirou seus acessos ao círculo de feitiços maiores.Impôs rituais de purificação obrigatórios.E, sutilmente, começou a testar sua lealdade.Selena não r
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