Lucca Ferraro é um CEO bilionário, herdeiro de um legado construído à base de sangue, ambição e acordos friamente calculados. Arrogante, controlador e acostumado a dominar tudo e todos com um único olhar, ele está prestes a cumprir o maior dever de sua vida: casar-se com Isadora Vasconcelos, a filha gêmea mais velha da família Vasconcellos, selando o pacto que uniria as duas potências empresariais mais influentes do país. Mas no dia anterior ao casamento, Isadora foge com o amante. Sem tempo para explicações e com a mídia e os acionistas à espreita, a família toma uma decisão drástica: Clara, a gêmea mais nova, recatada e esquecida pelas atenções, assume o lugar no altar para evitar o escândalo. Só que ninguém imagina a verdade. Luca nunca desejou Isadora. Ele sempre quis Clara. Desde que ela era apenas uma menina de olhos curiosos e alma inocente, Clara foi sua fraqueza secreta. O amor proibido que ele sufocou por anos, a chama que jamais se apagou. Agora, obrigados a dividir uma vida sob os holofotes, ele terá que esconder o quanto a deseja e ela, o quanto sempre o amou. Mas quando alianças são forjadas à força, a paixão pode se tornar uma arma. E o amor, uma perigosa ruína. Porque há promessas que se quebram… E segredos que, quando revelados, podem mudar tudo.
Leer más"Às vezes, amar alguém significa abrir mão da própria felicidade… mesmo que o coração sangre em silêncio."
Clara Vasconcelos
Eu estava sentada no banco lateral da igreja, próxima ao meu pai, tentando controlar a ansiedade que crescia a cada minuto. O ambiente estava tomado por um burburinho constante, um vai e vem de olhares curiosos e cochichos abafados. O templo, imenso e iluminado pelos vitrais coloridos, que mais parecia respirar junto com os convidados, carregando no ar uma mistura de expectativa, tensão e impaciência.
Eu alisava distraidamente o tecido delicado do vestido, tentando manter as mãos ocupadas para não demonstrar nervosismo.
— Já faz quase vinte minutos… — murmurou uma senhora no banco de trás, em tom baixo, mas audível o suficiente para que eu ouvisse.
Os cochichos se espalhavam como um rastilho de pólvora. Senti o peito apertar. Cada minuto que passava só aumentava a sensação de que algo estava errado. O coração batia mais rápido, e uma pontada de apreensão subia pelo estômago.
Inclinei-me levemente até o meu pai, que estava tentando se manter sereno, mas com o rosto abatido pelo peso de todos os problemas que já carregava.
— Pai… — sussurrei, temendo que alguém ouvisse. — Eu vou ver se a Isadora está precisando de ajuda.
Antes que ele pudesse responder, levantei-me, o vestido arrastando pelo piso de mármore, e comecei a caminhar pelo corredor lateral em direção à sacristia. Cada passo parecia ecoar mais alto do que deveria, como se denunciasse minha angústia.
Mas não cheguei longe.
Minha mãe surgiu diante de mim, surgindo como uma sombra firme e determinada, bloqueando minha passagem. O olhar dela era afiado, frio, e seu tom não deixava espaço para discussão.
— Clara, precisamos de você.
Senti o meu coração acelerando ainda mais.
— O quê? — A voz saiu fraca, quase como um sussurro. — Como assim…?
Amanda se aproximou e, sem rodeios, murmurou firme:
— Sua irmã fugiu. Foi embora com Fernando e nos deixou sozinhos. Você vai se casar no lugar dela.
As palavras caíram sobre mim como uma sentença de morte.
— O quê?! — o grito ecoou pelo corredor vazio, sufocado em seguida pelas próprias lágrimas que ameaçavam cair. — Não! Esse casamento não é meu, mãe! Eu… eu não posso!
Amanda agarrou os meus ombros, com os olhos cravados nos meus com uma urgência cruel.
— Pode. E vai. Essa união mantém de pé tudo o que seu pai construiu, tudo pelo que a nossa família lutou. Imagina o que vai acontecer com Isadora se a verdade vier à tona? E tem a empresa… você sabe do que estou falando, Clara. Se esse casamento não acontecer, nós perdemos tudo.
O chão pareceu sumir sob os meus pés. A respiração falhou. Pensar no meu pai, na doença que ele escondia de todos, fez meu corpo inteiro estremecer. Eu sabia mais do que deveria, carregava em silêncio segredos que pesavam. Não podia permitir que ele fosse destruído ainda mais.
— Mas… — a voz me faltou, engasgada. — E o Lucca, ele… sabe?
— Não e jamais deve saber. — cortou Amanda, ríspida. — Quem vai entrar naquela igreja e se casar com ele é sua irmã, não você. Entendeu?
As palavras dela se cravaram como facas fazendo-me quase cair de joelhos. Lucca Salvatore Ferraro. O único homem que fazia o meu coração acelerar desde menina. O único que, ao mesmo tempo, me fazia sonhar e sofrer. O homem que eu amava em silêncio, sem nunca ter tido coragem de confessar.
E agora… estaria mentindo para ele.
— Mãe… isso é cruel demais! — sussurrei, com a voz embargada.
— Não se trata de crueldade, e sim de sobrevivência. — Amanda rebateu, fria. — Não seja egoísta, Clara. Pouco me importa o que Lucca vai sentir. Isso não é sobre ele. É sobre a nossa família.
Aquelas palavras destruíram o pouco que restava em mim. Como poderia enganá-lo? Como poderia encarar seus olhos, cheios de desconfiança e intensidade, e mentir?
O vestido branco não era meu. E nunca deveria ter sido.
Eu já sabia disso desde o instante em que minha mãe surgiu na minha frente na lateral da igreja, pálida como a renda que agora arranhava minha pele, e disse com a voz trêmula:
— Isadora fugiu.
Duas palavras foram o bastante para o meu mundo ruir.
Agora, estava parada diante do espelho enquanto ajustava no meu corpo um vestido que não era meu. O vestido de Isadora parecia enforcar-me. O cetim sugava o ar dos pulmões, a renda arranhava como mil agulhas invisíveis. Sentia-me sufocada, presa a um destino que não me pertencia. Mas estava presa entre o dever e o desejo.
“Como posso me casar com ele? Como posso fingir?”
O som dos sapatos ecoando pelo corredor se misturava ao som abafado da marcha nupcial que começava a se ensaiar. Cada nota parecia um martelo selando o caixão onde enterrava os meus próprios sonhos.
Horas antes, estivera no jardim com a secretária, rindo, falando das rosas recém-plantadas. Um momento leve, doce, que agora parecia ter acontecido em outra vida. Porque, desde que Amanda disse aquelas duas palavras, “Isadora fugiu” nada mais tinha cor.
— Mãe… — implorei, com os olhos verdes marejados. — Você tem certeza de que não existe outra solução?
Amanda cruzou os braços, dura como pedra.
— A outra solução, Clara, é a ruína de todos nós.
Fechei os olhos, tentando conter o choro. Parte de mim queria correr, desaparecer, como Isadora fez. Mas a outra parte… a parte que sempre suportava, que sempre ficava, sabia que não havia escolha.
— E eu? — perguntei, quase sem voz. — Quem vai me proteger disso?
Por um segundo, apenas um, Amanda hesitou. Mas logo a máscara voltou ao lugar.
— Não temos tempo para dramas. É o seu dever.
Respirei fundo, sentindo cada corrente invisível se fechar ao meu redor. Meus pés começaram a caminhar de volta, mas era como se marchasse rumo a uma sentença.
Na igreja, os convidados já se levantavam, a marcha nupcial ecoava forte, e Lucca aguardava-me no altar. O homem que deveria ser de minha irmã. O homem que jamais poderia saber a verdade.
Quando as portas se abriram, o mundo viu-me como uma noiva perfeita, pronta para unir duas famílias poderosas. Mas por baixo do véu… Havia apenas eu, a noiva substituta, com o coração despedaçado, prestes a dizer “sim” ao único homem que, ao mesmo tempo, me fazia querer viver e morrer.
“O verdadeiro amor não pede nada, mas ainda assim, é capaz de entregar tudo.”Clara VasconcelosAs palavras do maître caíram sobre mim como ferro em brasa, queimando cada centímetro da minha pele. Meu coração disparou tão rápido que parecia audível para todos ao redor. Um nó apertou-me a garganta, engolir era impossível, respirar também. A vergonha fervia sob o vestido de renda, pesado como chumbo, acima de tudo, porém, o que me consumia era o amor teimoso por aquele homem, amor que crescia mesmo quando tudo gritava para que eu me afastasse.Eu sabia que Lucca conhecia a verdade: eu não era Isadora. E ainda assim ele não me deixava fugir, não acabava com a farsa. Seria pena? Seria castigo pelo que eu e minha família estávamos fazendo?Meu estômago afundou como se me tivessem arrancado o chão dos pés. Um silêncio respeitoso percorreu o jardim, logo substituído por aplausos contidos. Sorrisos e olhares esperançosos, todos viam o início de um conto de fadas, mas para mim, era um abismo.
“Há dores que só existem porque o amor foi maior do que o medo.”Clara VasconcelosO céu tingia os jardins da Mansão Ferraro com tons de âmbar e lilás, como se o próprio entardecer tivesse sido pintado para encenar um espetáculo perfeito, só que eu não fazia parte dele. Do meu lugar, tudo parecia uma encenação grandiosa demais para caber na minha pele. Pequenas luzes douradas pendiam das tendas de linho branco, piscando suavemente, balançando a cada sopro de vento. Pétalas brancas foram espalhadas sobre o chão em trilhas impecáveis, conduzindo os convidados até mesas suntuosas, rodeadas por arranjos altos de flores creme e verde-oliva. O quarteto de cordas tocava uma valsa antiga, e as notas suaves flutuavam no ar como promessas de um futuro que nunca me pertenceu.Mas, para mim, nada daquilo era real.Tudo era uma farsa. Uma mentira bem bordada, costurada com fios de vergonha, medo e desespero.Meu vestido, ou melhor, o vestido de Isadora, parecia sufocar-me. O espartilho apertava-me
“Quem ama de verdade entende que, às vezes, perder a si mesmo é a única forma de salvar o outro.”Clara VasconcelosO som da marcha nupcial ainda ecoava, vibrando nas paredes altas da igreja, mas para mim parecia vir de um lugar distante, abafado, como se tudo estivesse acontecendo sob a água. Cada passo que dei até ali drenava o pouco de força que restava em minhas pernas, e agora, diante dele, a respiração parecia impossível.O vestido branco, pesado, parecia sufocar-me. O véu de tule caía pelos meus ombros frágeis, e os dedos trêmulos apertavam o buquê de lírios brancos como se fosse minha única âncora. O salão inteiro estava mergulhado num silêncio denso, um silêncio que parecia pesar mais do que o próprio ar. Cada olhar estava voltado para o altar, cada respiração suspensa, como se o mundo tivesse parado para testemunhar o destino de duas famílias inteiras.Quando finalmente parei diante de Lucca Ferraro, o coração martelava no peito com tanta força que eu tinha medo de que todos
“Amar é oferecer o coração mesmo sabendo que ele pode sangrar.”Clara VasconcelosO silêncio da igreja era tão denso que eu conseguia ouvir o próprio coração batendo dentro do peito, cada pulsar ecoava como um tambor. Do lado de fora das portas altas e esculpidas em madeira maciça, os primeiros acordes da marcha nupcial começaram a tocar, suaves no início, crescendo a cada segundo, anunciando o momento que mudaria para sempre o destino de duas famílias… e o meu.O ar cheirava a flores frescas e cera de vela, mas para mim tudo parecia distante, borrado, como se o mundo tivesse mergulhado debaixo d’água. O peso do vestido, o perfume adocicado das rosas, os passos apressados dos organizadores atrás de mim… nada fazia sentido.Eu sentia as mãos suarem dentro das luvas de seda, o véu leve preso com grampos na cabeça, o coque impecável tensionando cada fio dos meus cabelos negros. O buquê de lírios brancos tremia nos dedos. Por baixo do tule, meus olhos verdes marejados fixavam-se nas porta
"Às vezes, amar alguém significa abrir mão da própria felicidade… mesmo que o coração sangre em silêncio."Clara VasconcelosEu estava sentada no banco lateral da igreja, próxima ao meu pai, tentando controlar a ansiedade que crescia a cada minuto. O ambiente estava tomado por um burburinho constante, um vai e vem de olhares curiosos e cochichos abafados. O templo, imenso e iluminado pelos vitrais coloridos, que mais parecia respirar junto com os convidados, carregando no ar uma mistura de expectativa, tensão e impaciência.Eu alisava distraidamente o tecido delicado do vestido, tentando manter as mãos ocupadas para não demonstrar nervosismo.— Já faz quase vinte minutos… — murmurou uma senhora no banco de trás, em tom baixo, mas audível o suficiente para que eu ouvisse.Os cochichos se espalhavam como um rastilho de pólvora. Senti o peito apertar. Cada minuto que passava só aumentava a sensação de que algo estava errado. O coração batia mais rápido, e uma pontada de apreensão subia p
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