Dherun não era uma cidade. Era uma cicatriz aberta na terra.
Quando Selena e Rurik cruzaram os portões corroídos, o que viram não era feito de pedra ou madeira. Era osso, poeira e sombra. As construções pareciam derretidas, como se tivessem sido moldadas por mãos humanas e depois rearranjadas por algo muito mais antigo — e muito menos preocupado com lógica.
A cidade cheirava a ferrugem. A corpos enterrados há milênios. A dor que se recusa a apodrecer.
— Sabe o que dizem sobre Dherun? — murmurou Rurik, desmontando. — Que ela foi construída sobre uma cidade anterior, e essa, por sua vez, sobre outra. Cada camada, um mundo esquecido.
— Ou um segredo enterrado.
Selena caminhou à frente. A runa no colar começou a pulsar. Fraco, mas constante. Como se algo sob seus pés estivesse respondendo. Como se chamasse.
Eles passaram por mercados abandonados onde moedas ainda tilintavam sozinhas dentro de bolsas secas. Ruas onde os postes de luz sibilavam nomes em sussurros. E templos ocos,