Beatriz Silva passou dois anos casada com Gabriel Pereira. Durante esse tempo, foi muito mais babá e empregada do que esposa, sempre dedicada, humilde, colocando-se atrás dele, apagando sua própria luz. Dois anos assim… Consumiram até a última gota do amor que ela sentia por ele. Quando a ex-namorada dele voltou do exterior, Beatriz finalmente entendeu, o casamento deles só existia no papel. E chegara a hora de colocar um ponto final. — Gabriel… Sem o filtro do amor, sem nenhuma ilusão… Você acha que eu ainda perderia meu tempo te olhando duas vezes? Gabriel assinou os papéis do divórcio com uma confiança quase arrogante. Ele tinha certeza absoluta de que Beatriz o amava tanto, de forma tão profunda, que não conseguiria ir embora de verdade. Achava que, mais cedo ou mais tarde, ela voltaria… Chorando, arrependida, pedindo para recomeçar. Mas, para o seu espanto… Dessa vez, ela realmente parecia não o amar mais. E então, devagar, como peças de um quebra-cabeça que ele nunca quis montar, as verdades do passado começaram a aparecer. Gabriel percebeu que, na verdade… Quem havia julgado tudo errado esse tempo todo era ele. Desesperado, arrependeu-se. Implorou perdão. Tentou reconquistá-la. Mas Beatriz, cansada, exausta de tudo o que viveu, tomou uma decisão surpreendente: publicou nas redes sociais que estava à procura de um marido agregado. Gabriel enlouqueceu de ciúmes. Perdeu o controle. Quis voltar no tempo, queria mais do que tudo ter uma segunda chance... Só que agora… Ele descobriu que nem sequer era digno de entrar na disputa.
Ler maisEduardo olhou para Daniel e, sorrindo, disse:— Sr. Daniel, tem certeza de que não vai sair da frente? Daqui a pouco vai ser mesmo detido por obstrução do trânsito.Daniel olhou ao redor. Os carros ao lado e atrás já pressionavam, não havia saída. Ele só pôde engatar a marcha e liberar o caminho.Vendo a pista aberta, Eduardo curvou os lábios num sorriso:— Então você não vai precisar pegar metrô.Beatriz ficou sem palavras...Ele acelerou, e logo atrás Daniel fez uma manobra e passou a segui-los de perto.Ignorando a perseguição, Eduardo virou-se para Beatriz e perguntou:— O que vamos jantar?Beatriz se surpreendeu. Ele estava a convidando para comer com ele?— Não precisa se incomodar, pode me deixar na entrada do condomínio... —Respondeu, apressada.— Mas eu preciso jantar. — Retrucou Eduardo, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.“E daí? Vai a um restaurante, ou janta em casa...”— Qual era o seu plano para o jantar? — Ele insistiu.— Eu ia passar no mercado, comprar umas coi
— Sr. Eduardo, de que adianta perguntar só à Beatriz? Se tem coragem, abre a porta do carro! — Disse Daniel, ao notar a expressão constrangida dela.Eduardo não abriu. Pelo contrário, acionou a trava da porta. A menos que Beatriz se levantasse e pulasse para fora, não havia como sair.Quando ela ainda buscava uma resposta, a situação conseguiu piorar.Do portão do estacionamento, saíram mais dois carros. Eram nada menos que o chefe direto dela, Murilo, e outro líder do departamento.A princípio, os dois nem perceberam a presença de Eduardo. A Lamborghini, com a carroceria baixa, ficava escondida no ângulo cego. O que viram primeiro foi o carro de Daniel e, ao reconhecerem, acenaram.Mas, ao olharem mais de perto, através das três camadas de vidro, distinguiram Beatriz sentada no banco do passageiro… E, ao volante, ninguém menos que o Sr. Eduardo, com o modelo mais novo e chamativo de carro esportivo.— Boa noite, Sr. Eduardo. — Cumprimentaram os dois, apressados.Seus olhares, no entan
Beatriz então pegou o celular, pronta para pedir a Letícia uma confirmação. Mas, pelo canto do olho, Eduardo percebeu e, sem pensar duas vezes, esticou o braço longo e tomou o aparelho de sua mão.— Sr. Eduardo...? — Beatriz o encarou surpresa, enquanto ele, sem cerimônia, enfiava o celular no bolso da calça."Por que ele tinha que pegar minha telefone?"Do outro lado, Daniel, ao ver essa cena, teve certeza: Eduardo estava escondendo algo. E, com isso, ficou ainda mais convicto de que Letícia jamais pedira a ele para buscar Beatriz.Então, Daniel sacou o próprio celular e ligou para Letícia, colocando no viva-voz.Eduardo olhou pelo retrovisor, depois para a frente, calculando por onde poderia escapar. Mas, nesse instante, a voz da irmã ecoou:— Daniel, o que foi? Já levou a Bia pra casa?— Ainda não. — Respondeu ele.Antes que Letícia pudesse perguntar, Daniel completou:— Porque o seu irmão também veio buscá-la.— Hã??? — Letícia ficou sem entender.Ela estava no meio da maquiagem, t
— Beatriz, com quem você está falando? — Perguntou Daniel do outro lado da linha. — Você está aqui embaixo, né? Já estou descendo, me espera só um minuto.— Então, Daniel... — Antes que ela conseguisse terminar, a chamada foi encerrada.— Entra no carro. — Disse Eduardo, direto, sem rodeios.Beatriz hesitou por meio segundo e decidiu conferir o celular, mas Letícia não havia mandado nenhuma mensagem.Afinal, em qual carro ela deveria entrar?— Vai ficar enrolando até quando? Acha que eu vou te sequestrar? — Eduardo arqueou a sobrancelha, brincando ao ver a garota parada sem reação.— É que... O Daniel também me ligou dizendo que ia me levar... — Beatriz começou a explicar.Um Eduardo, um Daniel... No fundo, Beatriz não queria aceitar carona de nenhum dos dois. Mas, se fosse obrigada a escolher, seria melhor o Daniel.Afinal, Eduardo sempre arrumava um jeito de provocá-la. Além disso, o carro dele chamava atenção demais. Naquele momento, várias pessoas que passavam já olhavam para eles.
Letícia respondeu, sem emoção:[Entendido. Me manda o endereço do restaurante.]Eduardo logo enviou a hora e o local. Ao ver a mensagem tão apressada, Letícia percebeu que precisava sair imediatamente para se arrumar e trocar de roupa.Não havia jeito: se aparecesse desleixada, a mãe acharia que estava fazendo pouco caso e não pararia de resmungar.Em compensação, se fosse a um encontro arranjado bem produzida e depois alegasse que não tinha dado certo, a mãe não teria argumentos para insistir.Letícia pegou a bolsa e saiu.Enquanto isso, no andar de cima, no escritório da presidência, Eduardo também se levantava. Pegou o paletó e as chaves do carro e, ao passar pela secretaria, avisou:— Hoje vou sair mais cedo. Deixem os documentos sobre a minha mesa.A secretária respondeu afirmativamente, mas, assim que ele saiu, todos no setor se entreolharam, surpresos.O Sr. Eduardo, conhecido como um verdadeiro workaholic, saindo no horário? Isso era mais raro que eclipse!O elevador desceu até
No Grupo Pereira, no escritório da presidência...Gabriel segurava uma xícara de café diante da janela, olhando para a paisagem lá fora. O olhar estava vazio, perdido em pensamentos que ninguém mais podia adivinhar.Rafael entrou na sala, observou a silhueta do chefe e disse:— Sr. Gabriel, o senhor tem se esforçado demais esses dias. Precisa equilibrar trabalho e descanso.Desde a quinta-feira passada, Gabriel não voltava para casa. Dormia apenas na sala de repouso da empresa.Nem mesmo no fim de semana parou: encontrava outros executivos, jogava golfe com eles e discutia projetos ao mesmo tempo.Rafael tinha a impressão de que o chefe realmente havia mudado, mas não sabia explicar exatamente em quê.Gabriel permaneceu em silêncio diante do comentário, sem se virar. Ficou ali, absorto, por mais alguns instantes antes de perguntar:— No condomínio onde Beatriz mora... Houve alguma movimentação suspeita nos últimos dias?— Nenhuma. A equipe de segurança faz vigilância e patrulha vinte e
Último capítulo