Sem muitas opções de emprego no seu antigo país, Ana Cooper se mudou para Seul, para tentar mudar de vida, e lá conheceu Lion Valentim, um homem sedutor, CEO de uma das grandes empresas de Seul, KN. Quanto mais ela tentava não mostrar seus desejos, parecia que mais ele brincava com a sua sanidade. A vida de Ana Cooper começa a virar uma loucura após começar a conhecer o prazer incontrolável do proibido. Porém, Lion Valentim não tinha revelado o segredo na qual poderia mudar tudo.
Ler mais— Ana Cooper —
— Pronto… parece que está tudo nas caixas — soltei um suspiro cansado, encarando a bagunça ao meu redor. Meus dedos ainda tremiam, como se meu corpo se recusasse a aceitar que isso estava realmente acontecendo. — Não acredito que estou mesmo indo pra Seul… — Também ainda não caiu a ficha — respondeu Pedro com um sorriso leve, os olhos cheios de brilho. — Bom… tecnicamente eu estou voltando pra casa. A naturalidade com que ele falava contrastava com o turbilhão dentro de mim. Minha cabeça girava em círculos — vou deixar minha mãe, minhas amigas, minha vida inteira. Mas… é por um motivo maior, eu sei disso. Seul me espera. E eu sinto, de um jeito que não consigo explicar, que algo grande está por vir. — Ana, vem comer! Seu voo é daqui a poucas horas! — gritou minha mãe lá da cozinha. — Já tô descendo! — gritei de volta. Desci os degraus devagar, sentindo o coração apertar. Assim que pisei na cozinha e vi todos reunidos, engoli o choro. — Vocês… todos aqui. — meus olhos marejaram. — Eu vou sentir tanta saudade. Vocês são minha base. E você, Laurinha… você é minha alma gêmea, mesmo sendo chata. Um abraço coletivo me envolveu como um cobertor quentinho num dia frio. — Para, Ana! Não é como se você estivesse indo pro espaço — provocou Laura, me puxando pelo braço. — É só… do outro lado do mundo. — É, e vocês podem me visitar! Mas agora chega de drama — dei um meio sorriso. — Tô morrendo de fome! Sentamos à mesa, e a casa ganhou vida com as vozes, risadas e cheiros da comida que sempre me fez sentir em casa. Aquele caos familiar que eu tanto amava. — Já pensou no que vai trabalhar por lá? — perguntou Laura, de boca cheia. — Vi que andou mandando currículo pra várias vagas de secretária. — É o plano A — dei de ombros. — Tenho experiência, então acho que será mais fácil começar por aí. Assim que eu chegar, começo a procurar. Te mantenho atualizada, juro. — Espero que sim, Srta. Cooper — disse ela em tom sério, mas logo mostrou a língua como uma criança. — Meninas! — mamãe ralhou, como sempre fazia. — Ana, você conferiu se todas as suas coisas estão nas caixas? — Estão sim, mãe. — me levantei e a abracei com força. — Te amo muito. — Também te amo, filha. — a voz dela vacilou, e senti seu coração apertado contra o meu. Quente, amoroso, o meu porto seguro. — E eu? Vai esquecer de mim? — Pedro apareceu do nada, fazendo um biquinho fingido. — Sou seu namorado, tá? — Nunca esqueceria de você, meu amor — o abracei com carinho, dando-lhe um beijo leve. Ele era meu lugar seguro também. — Argh, que nojo! — zombou Laura. — Vocês dois são insuportáveis. — Vai cuidar da sua vida — mostrei a língua pra ela. ✧✧✧ Mais tarde, no quarto, minha mãe se aproximou devagar. — Você tá com a cabeça longe… tá tudo bem? — É só ansiedade, mãe. É tudo tão grande, sabe? Sinto que minha vida vai virar do avesso. Mas… de um jeito bom. Eu tô triste por ir, mas ao mesmo tempo… empolgada. Ela me abraçou como se quisesse me proteger do mundo inteiro. — Sempre estarei aqui, Ana. Se nada sair como o planejado, volta correndo. A casa é sua, sempre será. — Tudo bem por aqui? — perguntou Pedro, entrando no quarto com expressão preocupada. — Tudo sim — respondi sorrindo, abraçando-o também. — Vou morrer de saudade. — Eu também, princesa. Mas daqui a algumas semanas estou aí. Prometo. Ele beijou minha testa com aquele carinho que sempre me desmontava. — Vai dar tudo certo. E logo o Jimin vai estar com você, então… nem precisa sofrer tanto — disse Laura, entrando sem bater. — Cala a boca, sua chata. ✧✧✧ Horas depois, no aeroporto A ansiedade me invadia a cada passo. As despedidas doeram mais do que eu esperava. — Então é isso. — abracei cada um, com o coração na mão. — Eu amo muito vocês. Obrigada por tudo. — Vai com Deus, filha — minha mãe sussurrou entre lágrimas. — A gente se vê logo, logo — Pedro disse antes de me beijar. Foi um beijo calmo, cheio de promessas silenciosas. Não olhei pra trás. Não podia. Se olhasse, talvez não conseguisse ir. Mas eu precisava. Era hora. “Você é mais forte do que pensa… e será mais feliz do que imagina.” — repeti para mim mesma como um mantra. ✧✧✧ Algumas horas depois — Aeroporto de Incheon Pisei em solo coreano com o coração acelerado. O ar parecia diferente, vibrante. Segui as placas até a Airport Railroad Station e comprei meu bilhete para o Express Train. Era tudo novo. Assustador e mágico ao mesmo tempo. “Isso tá mesmo acontecendo?” — me perguntei. — É como se eu tivesse entrado em um livro. E, de repente, eu sou a protagonista. Logo cheguei ao bairro de Myeongdong — movimentado, cheio de luzes, gente estilosa por todos os lados. — Uau… — murmurei ao passar pelo portão Sungnyemun. Era como estar em um filme. Minha barriga roncou, então parei numa barraca de comida de rua. — Olá! Gostaria de um Tteokbokki, por favor. A senhora me entregou com um sorriso gentil. Paguei, agradeci e segui meu caminho. Enquanto andava, vi pessoas dançando, cantando, sorrindo. Era barulhento, vibrante, diferente de tudo que eu conhecia. Mas havia uma paz ali… uma segurança. Cheguei ao hotel exausta. Peguei a chave, fui pro quarto e me joguei na cama como se estivesse voltando de uma maratona. Peguei o celular. Mãe ❤️🌸 Mãe, cheguei. Estou exausta. Depois te ligo. Te amo muito. ❤️ Pedro ❤️ Amor, já estou aqui. Vou dormir agora. Depois te chamo. Te amo. ❤️ Laura 🫶 Laurinha, já cheguei. Depois te ligo. Te amo. 🌸 Coloquei o celular de lado e… capotei.Eu sempre achei que o silêncio fosse reconfortante.Mas naquela noite… ele era sufocante.O apartamento parecia ecoar um peso invisível, como se cada parede guardasse um segredo que eu ainda não sabia.A pasta preta estava ali.Onde ele sempre a deixava.Como se me desafiasse.Por dias, ignorei. Me convenci de que não era da minha conta, que se houvesse algo que eu precisasse saber, Lion me contaria. Mas depois de tudo… depois de quase perder minha vida… minha confiança não era mais a mesma.Meus dedos tocaram o fecho frio.O clique do metal soou como um tiro dentro da minha cabeça.Abri.O cheiro de papel antigo subiu.Fotos. Documentos. Cópias de conversas.Meu olhar foi direto para um nome que me fez estremecer: Jennifer.Não era possível.Mas era.E, enquanto folheava, cada página parecia uma punhalada mais profunda.Mensagens com duplo sentido. Anotações sobre mim.“Ela não pode ficar solta.”“Se o acidente for limpo, ninguém vai desconfiar.”Meu estômago se revirou.A respiração
O cheiro.O cheiro do hospital ainda está grudado na minha pele, como se eu tivesse trazido ele junto para este novo apartamento. Por mais que as paredes aqui sejam limpas, claras, e o ar tenha perfume de lavanda… minha mente ainda ouve o som das máquinas.Fecho os olhos e ainda sinto o impacto.Aquele segundo que separa o “tudo bem” do “nunca mais igual”.Lion diz que agora estou segura. Ele diz que essas paredes são um refúgio, que ninguém vai me encontrar aqui. Mas eu sei — segurança não é feita de concreto. É feita de certezas. E eu não tenho nenhuma.Jennifer.O nome dela pulsa na minha cabeça como uma febre. Não é só medo. É ódio. Um ódio frio, que nasce quando você percebe que alguém quis arrancar sua vida… e que, por um milagre qualquer, falhou.Mas não é só ela que me tira o sono.É ele.Lion.Não sei se é o jeito como ele me olha, como se estivesse sempre calculando algo, ou o silêncio dele quando eu faço perguntas. Sei que ele está escondendo coisas. Eu vejo nos olhos dele.
A porta da cobertura se abriu com um estalo seco. Lion entrou com o corpo tenso, as mãos nos bolsos do sobretudo. Não queria estar ali. Só voltou porque sabia que precisava encarar aquilo de frente.E lá estava ela.Jennifer, sentada à mesa da sala de jantar como se fosse apenas mais uma noite comum. Velas acesas. Vinho servido. Pratos dispostos com precisão. O cheiro de massa fresca no ar.— Chegou cedo hoje — disse ela, com um sorriso lento. — Achei que fosse ficar no hospital… com ela.Lion não respondeu. Apenas jogou as chaves sobre o aparador e a encarou em silêncio. Um silêncio espesso. O tipo que grita.— O que é isso, Jennifer? — disse, por fim, a voz fria.Ela se levantou devagar, puxando a cadeira para ele, com a mesma calma de quem serve veneno num copo de cristal.— É só jantar. Entre um caos e outro, achei que merecíamos uma conversa civilizada.Lion se aproximou, mas não sentou. Cruzou os braços, os olhos queimando.— Civilizada? Depois de tentar matar a Ana? Depois de f
Jennifer sabia exatamente onde estava pisando. Sempre soube. Amar Lion nunca foi algo leve, nunca foi simples. Era uma obsessão delicada, fria e cuidadosamente disfarçada de afeto. E quando percebeu que ele estava se afastando, já era tarde demais.A culpa tinha nome.Ana Cooper.Uma secretária qualquer, comum aos olhos do mundo. Mas não aos de Lion. Não aos olhos atentos de Jennifer. Ela via como ele a olhava, como sua voz suavizava quando falava com ela. Como seus toques casuais pareciam conter segredos.— Ele nunca olhou pra mim assim. Nem quando me pediu em casamento — murmurou, deitada no sofá da cobertura, com uma taça de vinho entre os dedos.Ela encarava o teto, mas já via as engrenagens girando. Naquela mesma noite, mandou uma mensagem codificada para um número antigo. Um dos contatos “apagados” do celular. Um homem que devia favores — e que sabia trabalhar em silêncio.— Quero que a assuste. Nada fatal. Um susto. Um esbarrão de carro. Ela precisa entender que não pertence ao
A manhã chegou cinzenta, como se o céu soubesse que a dor ali dentro ainda não havia se dissipado. Lion não saíra do hospital. Seu rosto estava cansado, os olhos fundos, mas ele não desgrudava de Ana. Quando ela acordou, pouco depois das sete da manhã, ele estava ao seu lado.— Bom dia, dorminhoca — disse ele, com um leve sorriso. A voz saiu baixa, mas havia emoção demais por trás daquela frase simples.Ana piscou devagar. Ainda estava sob efeito da medicação, mas sua mente parecia mais lúcida.— Onde… onde eu estou?— No hospital. Você foi… atropelada — ele segurou sua mão com cuidado, como se ela fosse feita de vidro. — Mas você está bem. Está segura agora.Ela franziu o cenho, como tentando puxar lembranças fragmentadas. A dor física era real, mas a confusão emocional era ainda maior.— Achei que fosse só um acidente…Lion desviou os olhos por um segundo. A verdade ainda doía mais do que qualquer fratura.— Ana… alguns dias antes disso acontecer… você encontrou com alguém, um homem
A noite caiu com o peso de um céu sem estrelas. Lion mal percebia a cidade que passava pela janela do carro, os dedos cerrados sobre o volante, o maxilar travado. Seu coração batia em um ritmo irregular, como se cada batida lutasse para não sucumbir à dor.O hospital era silencioso, frio, iluminado apenas pelas luzes esparsas dos corredores. O cheiro de desinfetante e medo grudava em sua garganta. Lion passou direto pela recepção, onde já sabiam quem ele era. O segurança apenas assentiu e o deixou entrar.Subiu de elevador até o andar da UTI. Cada andar parecia um fardo a mais em seus ombros.Quando a porta automática se abriu, ele foi recebido por um som agudo e contínuo: o bip constante dos monitores. Enfermeiras andavam apressadas, mas havia um ar de respeito e preocupação ao redor do quarto 403. Ali estava ela.Ana.Deitada, pálida, o rosto machucado, os fios de cabelo espalhados sobre o travesseiro branco. Havia tubos, curativos, e aquele som terrível dos aparelhos monitorando se
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