Quando Selena acordou, a luz já invadia o acampamento como navalhas. A dor no corpo era a boa — aquela que vinha depois do prazer descontrolado, da luxúria crua. Mas havia outra também.
Uma dor interna.
Mais silenciosa.
Como se algo tivesse se remexido em suas entranhas durante a noite… e tivesse gostado.
Ela se sentou, nua, os cabelos desgrenhados grudando nas costas suadas. O cobertor estava jogado longe, o corpo ainda latejando com o toque de Rurik. Mas o calor dele já não estava ali.
— Rurik?
Nenhuma resposta.
Levantou-se, sentindo as pernas cederem por um instante. A cena da noite anterior ainda se repetia atrás dos olhos. Os gritos abafados, as mordidas, as mãos cravadas na terra. Ela montando nele como um rito ancestral. Mas não fora só desejo. Aquilo tinha um nome.
Fome.
Encontrou Rurik à beira do rio. O corpo nu dentro da água. Estava parado, imóvel, como uma estátua submersa. Só a cabeça para fora, os olhos fixos em algum ponto invisível.
— Desde quando está aí?
— Desde que