A floresta parecia mais escura do que antes. Como se cada árvore soubesse que algo havia sido tomado. O ar era espesso, úmido, e a própria luz do dia parecia vacilar, como se duvidasse da própria existência.
Selena avançava sozinha, sem mapa, sem descanso. Cada passo era guiado pela marca em sua mão — agora, mais viva do que o coração no peito. A runa queimava como uma bússola orgânica, apontando para o Norte. Para Kael. Para a última boca.
Mas ela sabia. Aquilo não era só um sequestro.
Era uma armadilha.
Rurik estava vivo — por enquanto. Porque Kael queria que ela o encontrasse. Queria que ela escolhesse.
E Selena?
Ela estava pronta para escolher o fim.
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Dois dias depois, ela atravessou as Montanhas Silentes. Na entrada do cânion, encontrou os primeiros sinais: ossos pendurados por cordas de cabelo humano, pingentes feitos com dentes, totens enterrados de cabeça para baixo. O vento soprava de dentro da terra, e não do céu.
Ali, o mundo começava a virar do avesso.
Ao cair da tarde,