Prometida ao CEO Ela foi obrigada a casar com um homem que mal conhecia. Ele só enxergava nela um contrato assinado. Mas nenhum dos dois estava preparado para o que viria depois. Lorena Andrade sempre viveu nas sombras do luxo da família que a criou como moeda de troca. Aos vinte e dois anos, sonhava com viagense uma vida cheia de aventuras, mas recebeu uma aliança — e um destino selado com o nome do homem mais temido do país. Dante Navarro é o CEO de um império multimilionário. Frio, calculista e movido por interesses que nunca revela, ele aceitou o casamento apenas para salvar sua empresa de uma crise silenciosa. Amar? Não estava nos planos. Mas subestimar o efeito de Lorena foi seu primeiro erro. No início, tudo era silêncio e distância. Ela vivia num palácio de vidro. Ele, cercado por segredos e paredes altas demais. Mas à medida que os dias passam, algo inesperado acontece: o toque que era gelado começa a queimar, e os olhares que se evitavam agora procuram refúgio um no outro. O problema? Dante tem inimigos. E Lorena, um passado que ela nem sabe que carrega. Quando a verdade explode, o casamento que começou por obrigação se transforma numa luta desesperada por amor, confiança e sobrevivência. Será que o CEO frio está pronto para amar? E Lorena... será capaz de enfrentar o mundo por alguém que um dia jurou odiar?
Ler maisAlguns dias depois do retorno à cidade, a vida parecia ter retomado seu curso. Clarice voltava à redação do jornal com os olhos mais abertos para os silêncios do cotidiano, e Leonardo ensaiava novos acordes em sua guitarra, como se estivesse compondo a trilha sonora de um recomeço.Num fim de tarde chuvoso, ele decidiu buscar alguns livros antigos que havia deixado guardados num depósito da antiga casa da mãe. Clarice o acompanhou. O cheiro de mofo, madeira e passado pairava no ar.Enquanto Leonardo revistava caixas de partituras e papéis desbotados, Clarice se distraiu com um baú encostado num canto. Era de couro escuro, com uma fechadura antiga. Ele quase passou despercebido, mas algo naquela presença empoeirada a chamou.— Posso abrir?— Claro. Nem lembrava que isso existia.Clarice puxou a tampa com esforço. Dentro, havia tecidos, um álbum de fotografias e uma pequena caixa de papel. Dentro da caixa, estavam cartas.Muitas.Todas endereçadas a uma mulher chamada Helena.— Quem é H
Leonardo olhou para Clarice, sentindo que, pela primeira vez em muito tempo, não precisava se esconder. O vento soprou mais forte, balançando os galhos das árvores da praça, como se o mundo, silenciosamente, estivesse escutando também.— Então... — ele murmurou, os olhos ainda fixos no céu — talvez a gente só precise se permitir ser, do jeito que for.Clarice sorriu, e naquele instante o sorriso dela parecia ter o poder de acender uma estrela.— Ser, mesmo quando não sabemos o que estamos sendo. Mesmo quando tudo parece bagunçado.Eles se sentaram num dos bancos da praça. A luz amarelada dos postes criava um brilho suave em torno deles, como se estivessem dentro de um casulo feito de calma.— Me conta uma coisa — disse ela, virando-se para ele com curiosidade gentil — Qual foi a última vez que você se sentiu inteiro?Ele pensou por um momento. A resposta não veio como um fato, mas como uma memória sensorial: o cheiro de café, o som da chuva, o toque da mão dela.— Talvez agora — confe
Leonardo olhou pela janela enquanto a chuva fina começava a cair, desenhando linhas brilhantes no vidro. O som suave das gotas misturava-se ao murmúrio distante da cidade, criando uma trilha sonora inesperadamente calma para o turbilhão dentro dele.— Sabe — começou Lorena, mexendo distraidamente no colar que usava, — às vezes eu penso que a gente se perde porque espera demais das coisas, das pessoas, da vida.Ele virou o rosto, os olhos procurando os dela. Um lampejo de dúvida, misturado a uma vontade contida, apareceu em seu olhar.— Esperar demais... — repetiu, como se fosse algo estranho, quase proibido.— Pois é — ela sorriu, sem perder o ritmo, — a gente quer que tudo seja perfeito, que as respostas estejam sempre claras, que as emoções sejam simples de entender. Mas não é assim.Leonardo ficou em silêncio, engolindo a vontade de discordar, ou talvez de concordar demais.— E você? — ele perguntou, desviando o olhar para a mesa — Como você faz pra não se perder no meio de tudo is
Leonardo seguiu em frente, com a cidade ao seu redor parecendo um cenário desfocado. As pessoas iam e vinham, mas ele estava distante de tudo aquilo. O vento, frio e cortante, invadia sua mente, puxando-o para dentro de si. Não era o vento que o incomodava, mas a sensação de estar preso, sem saber para onde ir. Os pensamentos, antes claros, estavam agora emaranhados, como se tivesse perdido a chave para entender seu próprio coração.Era como se o mundo ao redor tivesse parado de fazer sentido. As ruas apinhadas de carros e pessoas continuavam, mas ele não conseguia mais enxergá-las como antes. Tudo parecia um reflexo distorcido, um borrão de cores e sons. O que restava de seu mundo, de sua certeza, parecia escapar pelas frestas do tempo.Então, ouviu o som das portas do café se abrindo, e seu olhar se direcionou automaticamente. Lorena estava ali, destacando-se no meio da confusão da cidade. Seus olhos, sempre tão serenos, refletiam uma calma que contrastava com a tormenta interna que
A chuva começou suave — não uma tempestade, mas um sussurro constante, como dedos batendo em memórias há muito enterradas. Eles já haviam saído do parque quando as primeiras gotas caíram, caminhando sem pressa pelas ruas sinuosas. O casaco de Leonardo estava ligeiramente úmido, mas ele não parecia se importar. Seus pensamentos eram mais barulhentos que o tempo.Lorena segurava o livro junto ao peito, a outra mão ainda entrelaçada à dele. Não era um aperto de desespero. Era uma presença silenciosa.Pararam em uma livraria antiga — uma daquelas joias escondidas que pareciam resistir ao tempo. Sua placa de madeira rangia suavemente com a brisa, e as janelas estavam embaçadas pelo calor do interior.— Quer entrar?Ela perguntou, inclinando a cabeça em direção à porta.Leonardo hesitou por meio segundo e depois assentiu.Lá dentro, o ar estava carregado com o cheiro de papel velho e poeira. Prateleiras altas se encostavam como velhas amigas, e luzes amarelas davam ao lugar um brilho dourad
Leonardo não dormira bem naquela noite. A conversa com Lorena havia mexido com estruturas tão profundas que ele mal sabia por onde começar a reconstruí-las. Acordou com o som de pássaros do lado de fora da janela e um céu cinza, carregado, como se o mundo refletisse a tormenta interna que ele mal sabia nomear.Sentou-se à beira da cama, observando o chão por longos minutos. Seus pés descalços tocavam o piso frio, mas não era isso que o incomodava. Era aquela sensação de que algo havia sido aberto dentro dele, algo que ele não poderia mais ignorar.Lorena.O nome dela ecoava como um sussurro calmo em sua mente, como se, mesmo ausente, ela continuasse ali, oferecendo presença.Ele se levantou, tomou um banho demorado e saiu sem rumo. Caminhou por ruas que já conhecia, mas que hoje pareciam diferentes — talvez porque ele já não fosse mais o mesmo. A cidade parecia menos barulhenta, como se respeitasse o silêncio que ele agora carregava consigo.Foi só ao entardecer que ele decidiu voltar
Lorena inclinou-se levemente para a frente, suas mãos agora entrelaçadas sobre a mesa. Seu olhar era profundo, cheio de uma calma que parecia vir de uma compreensão silenciosa. — Se você falhar, Leonardo, não será o fim. Porque falhar faz parte de ser real. E, se você se perder, talvez seja só uma maneira de se reencontrar. A questão não é a perfeição, nem a segurança que você sempre buscou. A questão é estar disposto a tentar. Estar disposto a ser verdadeiro, mesmo que isso signifique abrir mão do controle, da imagem que você criou para si mesmo. O que ela dizia não era apenas um consolo, era um desafio. E, talvez pela primeira vez, ele sentiu que realmente poderia aceitar esse desafio, ou então perderia a chance de se conhecer de verdade. — Eu não posso prometer que vou mudar da noite para o dia — disse ele, com um suspiro cansado. — Eu não sou perfeito, Lorena. E sei que cometi erros. Sei que te decepcionei. Ela sorriu suavemente, um sorriso sem julgamento, como se aceitasse
Sim, Lorena iria descobrir. Mais cedo ou mais tarde. E quando isso acontecesse, ele teria que escolher. Não entre o amor e o trabalho, como dizem nos romances — isso era superficial demais. A escolha seria entre continuar mentindo... ou se despir de vez da frieza que o protegia. Mas havia um problema: Leonardo não sabia mais quem era sem essa armadura. E talvez, só talvez, Lorena fosse a única capaz de mostrar isso a ele. O som suave da chuva no vidro da janela parecia tentar acalmar os pensamentos tumultuados de Leonardo. Ele estava ali, sentado à mesa, com as mãos repousadas sobre o café que já esfriava, os olhos fixos em um ponto qualquer, tentando juntar os pedaços dispersos de sua vida. Cada respiração parecia pesada, como se o peso de uma escolha iminente se tornasse mais insuportável a cada segundo. O telefone vibrou sobre a mesa, quebrando o silêncio que o envolvia. Era uma mensagem de Lorena. Ela simplesmente escreveu: "Eu preciso falar com você." Leonardo sentiu uma ond
Lorena observou Dante à distância, seu corpo tenso e os olhos fixos em algo que ela ainda não conseguia entender. Ele parecia saber algo que ela não sabia, e isso a consumia por dentro. O carro dele, um modelo escuro e elegante, reluzia sob a luz suave da rua, mas o que realmente chamava a atenção era a aura de mistério que o cercava. Cada passo dele em direção ao prédio parecia ressoar em sua mente, como se ela estivesse em um filme e ele fosse o vilão silencioso, prestes a revelar sua verdadeira face. O telefone vibrou novamente, interrompendo seus pensamentos. Desta vez, era uma mensagem. "Não vá até ele. Não agora." Era a mesma voz. A mesma que a havia chamado antes. Mas quem era essa mulher? E por que ela parecia saber tanto sobre o que estava acontecendo? Dante estava agora dentro do prédio, caminhando com a precisão de alguém acostumado a comandar. Ele estava mais distante do que nunca, mas havia algo em sua postura que sugeria que ele sentia a presença dela, mesmo sem saber