O CEO FRIO E A ESPOSA Ela foi obrigada a casar com um homem que mal conhecia. Ele só enxergava nela um contrato assinado. Mas nenhum dos dois estava preparado para o que viria depois. Lorena Andrade sempre viveu nas sombras do luxo da família que a criou como moeda de troca. Aos vinte e dois anos, sonhava com viagense uma vida cheia de aventuras, mas recebeu uma aliança — e um destino selado com o nome do homem mais temido do país. Dante Navarro é o CEO de um império multimilionário. Frio, calculista e movido por interesses que nunca revela, ele aceitou o casamento apenas para salvar sua empresa de uma crise silenciosa. Amar? Não estava nos planos. Mas subestimar o efeito de Lorena foi seu primeiro erro. No início, tudo era silêncio e distância. Ela vivia num palácio de vidro. Ele, cercado por segredos e paredes altas demais. Mas à medida que os dias passam, algo inesperado acontece: o toque que era gelado começa a queimar, e os olhares que se evitavam agora procuram refúgio um no outro. O problema? Dante tem inimigos. E Lorena, um passado que ela nem sabe que carrega. Quando a verdade explode, o casamento que começou por obrigação se transforma numa luta desesperada por amor, confiança e sobrevivência. Será que o CEO frio está pronto para amar? E Lorena... será capaz de enfrentar o mundo por alguém que um dia jurou odiar?
Ler maisO vestido não era branco. Era nude, frio, sem vida. Como o olhar dele.
Lorena estava parada diante do espelho antigo do salão, enquanto o mundo lá fora parecia girar em câmera lenta. Seu reflexo mostrava uma mulher que ela mal reconhecia: lábios pintados demais, olhos que escondiam lágrimas secas e um corpo vestido para agradar aos outros — não a si mesma. — Está na hora — disse a governanta, com a voz baixa, quase solidária. Quase. Lorena respirou fundo, como quem mergulha antes de afundar. Cada passo que dava em direção à porta era uma renúncia. Aos sonhos. A qualquer possibilidade de amor que ela já tivesse imaginado. E tudo por causa de uma dívida. Seu pai adotivo, dono de uma das maiores redes de construção civil do país, tinha vendido parte da alma da empresa para manter as aparências. E quando as paredes começaram a ruir, a solução veio com um preço alto: o casamento com o homem que podia salvar tudo. Dante Navarro. CEO do Grupo Navarro, um império construído à base de decisões calculadas, contratos impecáveis e promessas quebradas. Um homem que sorria com os olhos, mas só quando estava vencendo. E que agora, por alguma razão que ela ainda não entendia, queria uma esposa de fachada. — Você só precisa sorrir. Ele não espera mais que isso — dissera sua madrasta, horas antes, como se o casamento fosse uma apresentação teatral. Lorena entrou na sala de cerimônia com os olhos fixos à frente. Dante estava lá, parado, elegante demais com seu terno cinza-chumbo. Alto, imponente, com um olhar de aço que parecia atravessar o corpo dela como uma lâmina. Não havia emoção em seu rosto. Nem um leve levantar de sobrancelha. Nada. Eles trocaram votos em silêncio. Apenas o padre falava. E o mundo parecia congelado no tempo. Quando ele deslizou o anel em seu dedo, Lorena percebeu o quanto a aliança era pesada. Como se simbolizasse não a união, mas uma troca de favores. A recepção foi rápida, discreta, calculada. — Vamos sair pelos fundos — Dante disse, ao seu ouvido, logo após cumprimentar os últimos convidados. Sua voz era grave, firme, sem espaço para discussão. No carro, o silêncio entre eles era ensurdecedor. Lorena observava a cidade pela janela como quem vê o mundo pela última vez. Já ele, mexia no celular, resolvendo algo que parecia mais importante do que a presença dela. Só quando o carro estacionou na frente de um prédio luxuoso, ela percebeu que não voltaria para casa. Nunca mais. — Este é seu novo endereço — ele disse, abrindo a porta do carro para ela. — Não vamos... para a lua de mel? — arriscou perguntar, sabendo o quão ridícula parecia a pergunta. — Isso não faz parte do acordo, Lorena. Eu tenho uma viagem de negócios amanhã cedo. Você ficará aqui com tudo de que precisa. Funcionários, segurança, cartões. A assessoria vai te orientar. — Então é isso? Um acordo? Como se eu fosse uma aquisição? Ele a olhou pela primeira vez naquela noite com algo parecido com um sorriso nos lábios. Mas era cínico. Ferino. — Isso é exatamente o que você é. Uma aquisição estratégica. As palavras dele doeram mais do que ela esperava. Talvez porque, lá no fundo, uma parte dela ainda quisesse acreditar que poderia haver algo além. Que um homem tão poderoso talvez escondesse alguma fagulha de humanidade. Lorena entrou no apartamento com passos pesados. O lugar era lindo, moderno, frio como ele. Tudo em tons neutros, como se sentimentos fossem proibidos ali dentro. No quarto, havia uma única rosa branca sobre a cama. Sem cartão. Ela riu, amarga. As horas seguintes foram um borrão. Tirar o vestido, lavar o rosto, trancar a porta. Chorar em silêncio. Lembrar das promessas que ninguém fez. E, por fim, adormecer abraçada a um travesseiro que não cheirava a nada. Na manhã seguinte, acordou com a campainha. Vestiu o robe correndo, imaginando que fosse alguém da assessoria. Mas quando abriu a porta, um envelope preto escorregou por debaixo da madeira. Não havia ninguém no corredor. Lorena pegou o envelope com cuidado. Era simples, sem remetente. Dentro, apenas uma folha com letras recortadas de revista: *Você não o conhece. Mas ele sabe tudo sobre você. Cuidado com Dante Navarro." O sangue dela gelou. — Na mesma hora, o celular vibrou. Era uma mensagem. Dante Navarro: Não saia de casa hoje. Por sua segurança. Lorena sentiu a pele arrepiar. Como ele sabia? E, mais importante... De quem ela precisava se proteger? O Jogo Começa A carta ainda tremia em suas mãos, como se estivesse viva, tentando contar-lhe algo que ela não sabia, algo que estava fora do alcance da razão. Lorena olhou para o celular, com a mensagem de Dante ainda aberta na tela. A ordem era clara: "Não saia de casa hoje. Por sua segurança." Ela respirou fundo, tentando manter a calma, mas as palavras ecoavam em sua mente. Por sua segurança. Quem estava atrás dela? O que Dante não havia lhe contado? Tudo parecia uma intrincada teia de mentiras e jogos. Com os dedos trêmulos, ela ligou o celular para tentar descobrir mais. Mas antes que pudesse verificar alguma coisa, o som da porta se abrindo a fez pular de susto. Ela se virou rapidamente, esperando ver o rosto impassível de Dante. Mas quem apareceu no corredor foi o segurança que ele tinha designado para vigiá-la. Um homem robusto, com cara de poucos amigos e expressão fechada. — Preciso que você me siga — ele disse, em tom autoritário. Lorena tentou esconder o pânico. Tudo parecia estar fugindo de seu controle. — O que está acontecendo? — perguntou, com a voz mais firme do que se sentia. — O senhor Navarro pediu para que eu acompanhasse você até o andar inferior. É uma medida de segurança, senhora. Ela queria perguntar por que, mas sabia que ele não daria explicações. Obedecer ou ser forçada a enfrentar ainda mais mistérios: essa parecia ser sua única opção. O elevador desceu lentamente, o som das cabines ecoando em sua mente. O segurança não falava, apenas a observava com uma expressão inexpressiva. O que ele sabia que ela não sabia? E por que tudo isso parecia tão calculado? Quando as portas se abriram, Lorena foi levada para uma área distinta do prédio, uma espécie de sala de conferências de vidro. O que mais a surpreendeu foi o número de pessoas presentes. E não eram funcionários de Dante. Eles tinham rostos estranhos, sérios, e todos pareciam estar esperando por ela. Um homem se levantou à sua frente. Alto, de terno preto, cabelo bem aparado e óculos escuros. Ele tinha algo de sinistro, como se estivesse ali para impor sua vontade e observar, sem se preocupar em esconder. — Senhora Andrade — ele disse, com uma leve reverência. Sua voz soava como se tivesse lido o script de um filme de espionagem. — Estamos aqui para... esclarecer alguns pontos. Lorena sentiu o medo invadir sua garganta, mas tentou se controlar. Nada parecia real. Nada fazia sentido. — O que querem de mim? — perguntou, finalmente. — A pergunta não é o que queremos de você, mas o que você ainda não sabe. O senhor Navarro foi claro em sua estratégia. Você se casou com ele por um motivo específico. Mas o que está por trás dessa decisão é bem mais complexo. Ela não entendia. Dante tinha sido claro. Tudo o que ela precisava fazer era ser a esposa, estar ao lado dele e manter a imagem de um casamento perfeito. Ele nunca falou sobre qualquer coisa além disso. Mas agora... — Então, vocês sabiam... sabiam que eu estava sendo observada? — ela balbuciou, a angústia crescendo. O homem de terno preto olhou para ela com um sorriso enigmático. — Não é sobre o que você sabe. É sobre o que você está prestes a descobrir. E antes que ela pudesse processar as palavras dele, a sala foi tomada por uma tensão palpável. Todos os olhos estavam fixos nela, aguardando sua reação. Lorena foi levada de volta ao apartamento, ainda em choque, sem entender a conversa que tivera. Ela estava dentro de um jogo, mas não sabia as regras. Dante, que até então parecia ser o maior enigma de sua vida, agora se tornava uma peça de um tabuleiro ainda maior. Quando entrou no apartamento, o som do celular vibrou novamente. Ela o pegou com rapidez, sentindo uma necessidade urgente de se conectar com a realidade. Mas não era uma mensagem de Dante. Era uma ligação perdida. E a identificação da chamada fazia seu coração disparar: “Desconhecido”. Lorena hesitou, mas a necessidade de respostas era maior. Quando tocou na tela, uma voz feminina a acolheu do outro lado. — Lorena... você não pode confiar em Dante. Ele está te colocando em perigo. E você precisa sair agora. O sangue de Lorena gelou. Ela se sentiu desconectada do mundo, como se fosse uma marionete sendo puxada por fios invisíveis. Quem era aquela mulher? Como ela sabia tanto sobre sua vida? — Quem está falando? — perguntou, mas a voz no outro lado apenas riu. — O que você descobrirá em breve mudará tudo. A pergunta é: você está pronta para enfrentar a verdade? Ou vai continuar com o conto de fadas que ele te contou? A ligação caiu antes que ela pudesse responder. Com a mente a mil e o coração acelerado, Lorena foi até a janela do apartamento e olhou para a cidade iluminada. Sentia-se presa, como se estivesse cercada por sombras que a vigiavam a cada passo. Mas havia algo dentro dela que não podia ignorar. Algo que a estava empurrando a ir além, a buscar a verdade. Ela se virou, decidida. O jogo havia começado. Lorena deu os primeiros passos em direção à porta. Mas antes que pudesse abri-la, o som de um carro parando em frente ao prédio a fez congelar. Ela correu até a janela e olhou para baixo. Dante estava ali. Ele desceu do carro com um olhar sombrio, seus olhos fixos no prédio, como se estivesse esperando por algo. Ou alguém. Lorena engoliu seco. O que ele queria? Por que ela tinha a sensação de que estava prestes a ser engolida por uma tempestade que não poderia controlar?O silêncio continuava a envolver Clarice e Sol enquanto caminhavam pelo jardim, mas desta vez, não era apenas o silêncio das palavras. Era o silêncio da transformação, como se o próprio universo estivesse aguardando o momento certo para revelar algo mais.As árvores, agora imersas nas sombras da noite, pareciam mais altas, mais antigas. O som das folhas ao vento se misturava com a batida suave do coração de Clarice, que se sentia como uma criança em meio a algo novo e desconhecido, mas ao mesmo tempo, algo profundamente familiar.Sol parou de repente, seus olhos refletindo a luz das estrelas que se acendiam no céu.— Clarice, você já percebeu? — ela disse, sua voz suave, como se estivesse se comunicando com algo mais profundo, algo que Clarice ainda não compreendia completamente.Clarice olhou para ela, desconcertada, e depois para o céu, tentando entender o que ela queria dizer. O que estava acontecendo ali? O que era essa sensação de que tudo estava prestes a se alinhar de uma manei
Clarice sentiu o calor da mão de Sol, a pressão suave sobre seu ombro, e por um momento, o mundo à sua volta pareceu desacelerar. O vento, que antes parecia uma presença constante e distante, agora parecia um sussurro íntimo, carregando consigo um aroma fresco, como se a terra inteira estivesse respirando com elas.— Eu me sinto diferente, Sol — disse Clarice, a voz carregada de uma sensação quase inexplicável. — Como se eu tivesse saído de um sonho e agora estivesse despertando para algo muito maior.Sol sorriu, mas não disse nada. Ela não precisava. Estava ali, naquele silêncio compreensivo, compartilhando a transformação de Clarice sem pressa de colocar palavras nas mudanças que aconteciam dentro dela.Clarice olhou para o horizonte novamente, onde as últimas luzes do dia se apagavam, dando espaço para as primeiras estrelas. Era como se o próprio céu estivesse se preparando para algo novo. Algo que, ela sentia, estava acontecendo dentro de si. Uma batalha silenciosa entre o medo de
O sol já se ocultava atrás da colina, tingindo o céu com uma paleta de tons alaranjados e rosados. O jardim, com suas flores exuberantes e folhas dançando ao vento, estava quieto, como se aguardasse o desenrolar de algo importante. Clarice, de olhos fechados, sentia o ritmo da vida ao seu redor, mas também sabia que havia algo mais dentro de si, algo que ainda não havia sido completamente desvelado.Sol, que sempre estivera por perto, caminhava com leveza, suas sandálias quase não tocando o chão. Ela se aproximou lentamente de Clarice, o olhar suave, mas atento. As duas estavam ali, no silêncio que falava mais do que mil palavras.— Clarice, você está aqui, mas ao mesmo tempo, está longe — Sol disse, a voz quase um sussurro, como se falasse para o vento, mas direcionada a Clarice.Clarice abriu os olhos lentamente, seu olhar fixo nas sombras longas que se projetavam no chão. Ela podia sentir o peso da pergunta, e sabia que não era uma questão simples. Era mais uma provocação ao seu pr
A manhã parecia um convite para Clarice, mas ela não sabia exatamente o que estava sendo chamada a fazer. A Casa estava quieta, como se tivesse decidido suspender o tempo para ela. O vento entrava pela janela, trazendo consigo o cheiro de terra, folhas molhadas, algo que ela não conseguia nomear, mas que a tocava profundamente.Sentou-se na mesa da cozinha, seus dedos tocando a borda da xícara de chá de erva-doce, ainda fumegante. O dia, mais uma vez, estava suspenso, como se houvesse algo esperando para ser entendido. Ela não sabia o quê, mas o sentir era inevitável.Sol entrou na cozinha com seus passos leves, como uma brisa, e se aproximou. Ela não disse nada de imediato, apenas olhou para Clarice e depois para a xícara, o vapor subindo. Era como se a casa estivesse em compasso com as suas emoções.— Não dormiu bem? — perguntou Sol, quebrando o silêncio com a suavidade de quem já sabia a resposta, mas ainda assim queria ouvir.Clarice levantou os olhos, sua expressão calma, mas hav
A chuva da noite anterior ainda estava presente, não mais nos pingos, mas no cheiro — molhado, terroso, vivo. A Casa respirava devagar, como quem acorda depois de um sonho que não sabe se quer esquecer ou lembrar para sempre.Clarice vestia uma blusa leve, quase transparente sob a luz filtrada da manhã. Andava descalça pelo corredor de madeira antiga, cada passo ecoando sutil. Parou na porta do quarto que fora de Arthur.A maçaneta ainda guardava o calor das mãos dele. Não era imaginação — era memória sensorial, como um perfume que insiste em ficar na pele. Ela abriu devagar. O quarto estava arrumado. Quase frio. Mas havia algo: uma dobra no lençol, uma marca de corpo sobre o colchão, e no parapeito, outra tira de pano esquecida.Clarice a tocou com os dedos e sentiu um arrepio que não vinha do vento. Desdobrou o tecido.“Você sabia, Clarice. Desde o começo. Que não era só passagem.”Ela fechou os olhos. Sabia. Sempre soube. Mas escolher sentir com o corpo era diferente de saber com a
Choveu à noite. Não o bastante para lavar o mundo, mas suficiente para deixar o ar mais fundo.Arthur acordou com o som da água escorrendo pela calha, mas não se levantou de imediato. Deitou de lado e escutou. Não a chuva — o que ficava depois dela.Na varanda, Clarice bebia algo quente. Estava de costas. Os pés descalços. O cabelo preso sem esforço.Ele apareceu devagar. Sentou-se no degrau, a alguns passos. Disse:— Sonhei de novo.Ela não perguntou com o quê. Apenas bebeu mais um gole, depois respondeu:— Eu também.Silêncio entre eles. Mas não havia distância.— Era um campo — ele continuou, sem olhar. — E eu caminhava de costas. Sabia que tinha alguém me esperando, mas eu não conseguia virar.Clarice deixou a caneca no chão.— Tem medo de ver?— Tenho. Do que perdi… e do que ainda sou.Ela fechou os olhos por um instante, como quem recolhe um pensamento sem pressa.— Às vezes, a gente precisa primeiro perder o jeito de fugir. O resto vem depois.Zaira recolhia folhas molhadas com
Último capítulo