Com um suave movimento do pulso, Daniel molhou o pincel em um tom quase transparente de cinza e o passou sobre a espiral dourada que dominava a tela. A tinta não cobriu o dourado; em vez disso, criou um véu de luz, um brilho pulsante que parecia respirar em uníssono com o ar da sala.
Leonardo observava cada traço, a intriga dançando em seus olhos. A cada pincelada, a espiral parecia se aprofundar, deixando de ser uma imagem plana para se tornar um portal em miniatura.
— Você vai me dizer que... viaja no tempo? — perguntou ele, o meio sorriso de ceticismo tentando, em vão, disfarçar o fascínio.
Daniel não tirou os olhos da tela. Sua concentração era total.
— Não é bem “viajar”, como as pessoas imaginam — respondeu ele, a voz calma, mas cheia de uma autoridade suave. — É mais como... atravessar. Uma passagem suave, onde cada cor, cada sensação e cada detalhe se conectam a outros momentos que já existiram ou que ainda vão existir.
Clarice, que até então estava em silêncio, deu um pas