Na manhã seguinte, o ateliê ainda cheirava a tinta fresca e riso antigo. A pintura da noite anterior secava no canto como um segredo bem guardado. Clarice chegou antes de todos, trazendo pães artesanais embrulhados em papel rústico e um pote de geleia de figo que ela mesma tinha feito — ou tentado.
Colocou tudo sobre a bancada e ficou ali um instante, observando o espaço. Cada respingo de cor nas paredes parecia contar uma pequena história. E agora havia uma nova camada, construída a três mãos.
Logo a porta se abriu.
— Trouxe café decente — anunciou Leonardo, erguendo uma garrafa térmica como se fosse um troféu. — Não que eu não confie em suas habilidades, Clarice… mas confio mais na cafeteria da esquina.
— Você quer dizer que não quer reviver a poção de ontem? — ela provocou, recebendo a garrafa com um sorriso.
— Prefiro manter meu estômago grato hoje.
Daniel chegou em seguida, equilibrando uma caixa de papelão com frascos de tinta, pincéis e… uma orquídea. Pequena, mas viva. Uma flo