Lorena observou Dante à distância, seu corpo tenso e os olhos fixos em algo que ela ainda não conseguia entender. Ele parecia saber algo que ela não sabia, e isso a consumia por dentro. O carro dele, um modelo escuro e elegante, reluzia sob a luz suave da rua, mas o que realmente chamava a atenção era a aura de mistério que o cercava. Cada passo dele em direção ao prédio parecia ressoar em sua mente, como se ela estivesse em um filme e ele fosse o vilão silencioso, prestes a revelar sua verdadeira face.
O telefone vibrou novamente, interrompendo seus pensamentos. Desta vez, era uma mensagem. "Não vá até ele. Não agora." Era a mesma voz. A mesma que a havia chamado antes. Mas quem era essa mulher? E por que ela parecia saber tanto sobre o que estava acontecendo? Dante estava agora dentro do prédio, caminhando com a precisão de alguém acostumado a comandar. Ele estava mais distante do que nunca, mas havia algo em sua postura que sugeria que ele sentia a presença dela, mesmo sem saber exatamente onde ela estava. Como um caçador, ele se movia sem pressa, mas com um objetivo claro. Lorena, em um impulso, deu um passo atrás, afastando-se da janela. O medo e a dúvida se entrelaçavam em sua mente, mas uma coisa estava clara: ela não poderia mais viver na escuridão. Algo dentro dela a impelia a ir atrás das respostas, e não importar-se com as consequências. Ela olhou para a porta, para a chave em suas mãos, e então se dirigiu até a mesa, pegando rapidamente a carta de Dante que ela havia guardado. O cheiro dele ainda estava lá. Não importava o quanto tentasse afastar, não conseguia negar a conexão que sentia. Mas agora, ele não era mais o homem que ela imaginava. Algo se partira entre eles. Algo que ela precisava descobrir, custasse o que custasse. Com o coração batendo forte, ela guardou a carta no bolso e se aproximou da porta, decidida a confrontá-lo. Ela não sabia o que o aguardava, mas o desejo de entender o que estava acontecendo era maior do que o medo. Um passo atrás não era mais uma opção. Ela abriu a porta lentamente, dando um último olhar para o apartamento vazio e silencioso, como um reflexo do que ela sentia por dentro. O corredor parecia ainda mais escuro e opressor, mas ela não hesitou. O segurança que a vigiava estava ausente, o que lhe dava a oportunidade de sair sem ser notada. Ela desceu as escadas apressada, tomando cuidado para não fazer barulho. Quando chegou ao térreo, a sensação de estar sendo observada a envolveu novamente. A cada passo, o medo aumentava, mas a determinação em seus olhos não vacilava. Ela precisava encontrar Dante, precisava ver com seus próprios olhos o que ele estava fazendo. Precisava confrontá-lo. A verdade poderia ser a chave para libertá-la da prisão em que se encontrava. Ao sair do prédio, a noite parecia mais fria. A cidade estava agitada, mas tudo ao redor parecia distante, irrelevante. Seus olhos estavam fixos no carro de Dante, que estava parado em frente à entrada principal. Ele ainda não havia saído, mas algo lhe dizia que ele não ficaria ali por muito tempo. Ela não tinha mais tempo a perder. Ela se aproximou discretamente, tentando não chamar atenção. A rua estava vazia, exceto pelo movimento dos carros distantes e a brisa que agitava as árvores. Quando chegou ao veículo, viu que Dante ainda estava dentro, aparentemente falando ao celular. Seu rosto estava tenso, as mãos firmes no volante. Ele não a viu, mas ela sentiu que ele sabia que ela estava ali. Um arrepio percorreu sua espinha. Foi então que ela notou algo que a fez hesitar. Uma figura apareceu na porta do prédio, alguém que se movia com a mesma precisão que Dante. A mulher, vestida de preto, parecia saber exatamente onde Dante estava. Ela olhou ao redor, sua presença tão imponente quanto a de Dante, mas com um toque mais sombrio. Lorena sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Quem era ela? A mulher olhou diretamente para o carro de Dante, seus olhos fixos na direção em que Lorena estava escondida. O choque a fez quase dar um passo atrás, mas, ao mesmo tempo, sentiu que precisava saber mais. Algo naquela mulher a inquietava profundamente. Ela parecia ser uma chave para desvendar o que estava acontecendo. Lorena não tinha mais tempo para hesitar. Ela precisaria se aproximar, descobrir quem era essa mulher, e entender a conexão que ela tinha com Dante. Mas como fazer isso sem ser vista? O medo de ser pega pela figura que agora a observava era palpável. A mulher deu um passo à frente, com uma confiança ameaçadora, e Lorena se abaixou rapidamente, escondendo-se atrás de um carro estacionado na calçada. Seu coração batia acelerado, como se cada batida fosse uma ameaça de ser descoberta. Ela espiava de forma furtiva, tentando capturar o movimento de Dante e da mulher, mas a tensão era insuportável. Dante estava agora fora do carro. Ele falava com a mulher, mas não conseguia ouvir a conversa. O que ela queria? O que ele estava planejando? Cada palavra trocada entre eles parecia mais um pedaço de um quebra-cabeça, e Lorena estava determinada a encontrar a peça que faltava. A figura feminina, com sua postura arrogante e fria, se aproximou de Dante, e algo nela fazia Lorena tremer de medo. Ela sabia que o jogo havia mudado. Eles estavam jogando algo muito maior, e ela precisava entender as regras se quisesse sobreviver. A mulher disse algo baixo, e Dante respondeu com um movimento brusco, como se tentasse se afastar da conversa. Mas a mulher o segurou pelo braço, e foi quando Lorena viu a verdadeira dinâmica entre eles. Dante estava em apuros. E agora, Lorena não tinha mais escolha. Lorena se levantou lentamente, sem fazer barulho. Ela precisava se aproximar mais, precisava ouvir, precisava saber o que estava acontecendo. Mas ao dar um passo em direção a eles, um som cortante a fez congelar. A mulher olhou para trás, diretamente para onde Lorena se escondia. A tensão era tão forte que Lorena quase não conseguiu respirar. Agora, ela sabia. A verdade estava ao alcance de suas mãos... mas talvez fosse tarde demais para voltar atrás. Lorena girou a maçaneta com cautela. A porta entreaberta rangeu levemente, mas os dois lá dentro estavam imersos demais na conversa para perceber. Leonardo caminhava de um lado ao outro, inquieto. A outra — que agora ela sabia se chamar Helena — mantinha-se ereta, braços cruzados, como uma sentinela. — Isso vai explodir mais cedo do que você imagina — disse a mulher, com frieza. — E quando acontecer, ela estará no centro do furacão. — Eu vou protegê-la — murmurou ele, desviando o olhar. Helena soltou um riso curto, sem humor. — Vai mesmo? Porque até agora, tudo o que fez foi deixá-la às cegas. Lorena recuou. A voz de Leonardo, antes doce, soava distante. Ele estava escondendo algo — algo grande. E agora, outra mulher parecia conhecer esse segredo melhor do que ela. No corredor, o silêncio voltou a reinar. Voltou para o quarto, com os pensamentos em turbilhão. Sentia o coração batendo rápido, os passos quase flutuando sobre o chão. Quando fechou a porta, apoiou-se contra ela, tentando recompor os cacos espalhados dentro de si. Precisava pensar. Precisava entender. Pegou o celular. As últimas mensagens trocadas com ele estavam ali, como se pertencessem a outro tempo. Riu, amarga. Como pôde não perceber? Sentou-se na beira da cama, encarando o vazio. O relógio marcava 3h17. Lá fora, Paris dormia sob as luzes azuis e verdes que se refletiam na janela. Aqui dentro, tudo estava em alerta. Algo lhe dizia que, a partir daquele instante, ela teria que jogar o mesmo jogo que eles. Só que com suas próprias regras. Leonardo permaneceu imóvel após a saída de Helena. O silêncio preencheu a sala, mas dentro dele havia uma tempestade. Passou a mão pelos cabelos, puxando-os para trás, como fazia sempre que perdia o controle. O rosto mantinha a máscara fria de sempre — aquela que o mundo respeitava e temia. Mas por trás dos olhos, algo estava desmoronando. Ele não era apenas o CEO implacável, acostumado a negociar bilhões e esconder segredos. Havia um homem ali, dividido entre o dever e um sentimento que crescia silenciosamente. Lorena. Pensar no nome dela fazia sua garganta apertar. Desde o primeiro momento, ela o desconcertou. Não com joguinhos, como tantas outras, mas com uma verdade tão desarmada que o deixou exposto. E agora, ele corria o risco de perdê-la. Por causa de decisões que fez antes mesmo de conhecê-la. Andou até o bar e serviu-se de um gole de uísque. Não o suficiente para embriagar, mas o bastante para queimar e lembrar que ainda estava ali, preso à realidade. A conversa com Helena ecoava em sua mente como um aviso — ou uma ameaça. — Ela vai descobrir — Helena dissera. — E quando isso acontecer, será você quem perderá tudo. O copo tilintou na mesa de vidro.