Noiva de ninguém

Noiva de ninguém PT

Romance
Última atualização: 2025-10-11
P. Lisboa   Em andamento
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Índice

Para Maria Maliki, o herdeiro Calleb é a personificação de um passado doloroso e de um futuro imposto. Para Calleb, Maria é a mulher ardilosa que ele aprendeu a odiar. Em meio ao clima frio e à elite sofisticada da cidade de Komodo, os dois jovens, descendentes de famílias poderosas, são as peças centrais em um casamento arranjado – um contrato assinado para unir poder e fortuna. ​Com apenas três encontros para selar seu destino, eles são jogados em um jogo perigoso onde cada olhar é uma batalha e cada palavra, uma arma. ​O que os une, no entanto, é mais do que um acordo de negócios. É um passado compartilhado, onde a amizade e um amor adolescente foram destruídos por uma teia de mentiras e inveja.

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Capítulo 1

Capítulo 1: O Contrato Assinado com um Olhar

A garoa fina e persistente de Komodo era a trilha sonora perfeita para o funeral dos seus sonhos. Maria Maliki observava as gotas escorrerem pela janela panorâmica da Viena Confeitaria, cada uma traçando um caminho sinuoso, imprevisível, como sua própria vida havia se tornado. O ar condicionado mantinha o ambiente em uma temperatura agradável, mas um arrepio teimoso percorria sua espinha, um que nada tinha a ver com o clima. Era o frio da antecipação. Do pavor.

​Ela ajeitou a gola de sua blusa de seda, um gesto inútil para conter a ansiedade que borbulhava em seu estômago. Este era o primeiro dos três encontros. Três atos de uma peça macabra que terminaria com um "sim" diante de um juiz e centenas de convidados. Um casamento. Uma sentença.

​A porta da confeitaria se abriu, e um sopro de ar gelado entrou junto com ele. Calleb.

​Ele não era mais o garoto de sorriso fácil que um dia assombrou seus pensamentos na adolescência. O tempo e, ela suspeitava, a influência de Helena, o haviam esculpido em uma estátua de frieza e elegância. O terno escuro, cortado sob medida, parecia uma armadura. Seus passos eram firmes, decididos, enquanto ele atravessava o salão, ignorando os olhares curiosos. Seus olhos, de um castanho profundo que ela conhecia tão bem, encontraram os dela, e a temperatura pareceu cair mais ainda.

​-Maria. Ele a cumprimentou, a voz grave e desprovida de qualquer calor. Não era um chamado, era uma constatação.

​-Calleb. Sente-se. Sua própria voz saiu mais firme do que esperava. Anos de treinamento para ser a herdeira perfeita dos Maliki serviam para alguma coisa, afinal.

​Ele se sentou na cadeira à sua frente, o movimento fluido e controlado. Um garçom se aproximou, mas Calleb o dispensou com um gesto sutil. Eles não estavam ali para trivialidades.

​-Pontualidade é uma virtude, ele disse, seus olhos varrendo o rosto dela, como se procurasse por uma rachadura em sua fachada. 

-Pelo menos nisso concordamos.

​Maria sentiu a farpa naquelas palavras. Uma alusão a todas as coisas nas quais eles supostamente discordavam, um abismo cavado por anos de mentiras que ela nunca conseguiu transpor.

-Acredito que eficiência seja mais importante. Não vamos desperdiçar o tempo um do outro, vamos?-

​Um lampejo de algo que poderia ser surpresa ou irritação brilhou nos olhos dele antes de ser extinto.

-Direto ao ponto. Outra virtude.- Ele se inclinou para a frente, as mãos se unindo sobre a mesa.

-Nossos pais nos deram as diretrizes. Três encontros para manter as aparências. O noivado será anunciado na próxima semana. O casamento em três meses.-

​Cada palavra era um prego sendo martelado em seu caixão. O amor que ela ainda sentia por ele, uma brasa teimosa e estúpida em seu peito, se contorceu de dor. Como ele podia falar sobre o fim de suas vidas com a mesma indiferença com que se discute um balanço financeiro?

-Parece que você já leu todos os termos do contrato-, ela respondeu, a voz tingida de um sarcasmo gelado.

​O canto da boca dele se curvou em um sorriso que não alcançou os olhos.

-Eu sempre leio as letras miúdas, Maria. É a única forma de não ser enganado.- A acusação era clara, um golpe direto no peito dela. Ele ainda acreditava nas manipulações de Helena. Ainda a via como a vilã.

​Maria respirou fundo, o aroma de café e cardamomo no ar de repente se tornando enjoativo. Ela ergueu o queixo, sustentando o olhar dele, recusando-se a ser a primeira a desviar. Se era uma guerra que ele queria, uma guerra ele teria. Mas por baixo da armadura, seu coração sangrava, lamentando o garoto que se perdeu e o amor que nunca teve a chance de florescer.

​-Então, consideremos este primeiro encontro concluído-, disse Calleb, levantando-se. -Cumpri minha parte do acordo por hoje.-

​Ele se virou e caminhou em direção à saída, deixando-a sozinha com a conta, o silêncio e o eco de uma promessa quebrada há muito tempo. Lá fora, a garoa de Komodo havia se transformado em chuva, lavando a cidade com a sua melancolia.

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Capítulo 1: O Contrato Assinado com um Olhar
Capítulo 2: Ecos de uma Mentira ​
Capítulo 3: Galeria de Fantasmas
Capítulo 4: O Doce Sabor do Veneno
Capítulo 5: A Cor da Batalha
Capítulo 6: Três Minutos de Verdade
Capítulo 7: Sementes da Dúvida
Capítulo 8: A Versão Dela
Capítulo 9: A Casa do Lago
Capítulo 10: A Arquitetura da Mentira
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