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Capítulo 6: Três Minutos de Verdade

​Calleb sentia como se estivesse se afogando em champanhe e sorrisos falsos. Ao seu lado, Maria era a personificação da graça. Ela flutuava pelo salão, cumprimentando magnatas e socialites com uma familiaridade que ele havia esquecido que ela possuía. Ela não estava se escondendo ou se fazendo de vítima. Estava brilhando. E isso o irritava profundamente porque não se encaixava na imagem que Helena havia pintado.

​Ele a observava de canto de olho enquanto conversava com um banqueiro. O modo como a luz dos lustres se refletia em seu cabelo escuro, o jeito como ela inclinava a cabeça ao ouvir, o riso contido e elegante. Era uma performance, ele dizia a si mesmo. Uma armadilha. Mas era uma performance impecável.

​"Ela parece feliz." A voz de Gabriel o tirou de seus pensamentos. Seu amigo o observava com um olhar analítico. "E você parece estar em um velório."

​"É tudo uma farsa, Gabriel, e você sabe disso", retrucou Calleb, ríspido.

​"Toda a alta sociedade é uma farsa, Calleb. A questão é escolher qual mentira você quer viver", disse Gabriel, antes de se afastar para cumprimentar alguém, deixando a frase pairando no ar.

​Foi então que Calleb a viu. Helena havia chegado. Ela não estava de vermelho-fogo, mas de um branco puro, quase angelical. Uma escolha deliberada e genial. A virgem e a cortesã. Ela estava com um grupo de pessoas do outro lado do salão, mas seus olhos encontraram os de Calleb, oferecendo um sorriso que era ao mesmo tempo solidário e possessivo. Eu estou aqui por você.

​Naquele momento, o mestre de cerimônias anunciou o início da valsa de abertura, tradicionalmente dançada pelos casais de honra do evento. Os holofotes se voltaram para eles. Não havia escapatória.

​Calleb se aproximou de Maria, estendendo a mão. "Me concede a honra?", ele perguntou, a formalidade azeda em sua boca.

​"A honra é toda minha, noivo", ela respondeu, a ironia dançando em seus olhos.

​Quando ele a puxou para a pista de dança, o mundo pareceu desaparecer. Sua mão na cintura dela, a dela em seu ombro. Eram movimentos que seus corpos conheciam das aulas de dança da infância, uma memória muscular que a mente tentava rejeitar. Por três minutos, eles eram apenas um casal em uma pista de dança, movendo-se ao som da orquestra.

​"Helena chegou", ele disse, a voz baixa, perto do ouvido dela. Era um teste. Uma provocação.

​Maria não vacilou. Seu olhar permaneceu fixo no dele. "Eu vi. O branco lhe cai bem. A cor da inocência." A doçura em sua voz era mais afiada que uma lâmina.

​A resposta o desarmou. Ele esperava ciúme, raiva. Não aquela calma cortante. Sua mão apertou a cintura dela instintivamente.

​"O que você está tentando provar, Maria?", ele sussurrou, a frustração vazando em sua voz.

​Seu sorriso não vacilou, mas seus olhos escureceram com uma dor antiga, uma vulnerabilidade que ele não via há anos. Foi um vislumbre, um segundo, mas o atingiu como um raio.

​"Provar? Eu não preciso provar nada", ela disse, a voz agora um sopro frágil, despida de toda a armadura. "Eu só estou tentando sobreviver a este acordo que você aceitou tão facilmente."

​A música terminou. Eles se separaram, e a máscara de Maria voltou ao lugar. Mas a rachadura havia sido exposta. Calleb ficou parado no meio da pista, aplausos soando ao seu redor, enquanto a observava se afastar. Pela primeira vez em dez anos, uma semente de dúvida venenosa começou a brotar em sua mente: e se a mentira que ele estava vivendo não fosse a dela?

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