O dia do casamento amanheceu como uma pintura a óleo de um céu de inverno – tons de cinza, branco e uma luz pálida que prometia chuva, mas se continha. No quarto principal da mansão Maliki, o silêncio era tão pesado quanto o brocado do vestido de noiva pendurado diante do espelho.
Maria estava sentada, já maquiada e penteada, uma estátua de porcelana fria. Lúcia movia-se ao seu redor, ajustando um detalhe aqui, oferecendo uma taça de champanhe ali, mas o usual bom humor da amiga havia sido substituído por uma preocupação sombria. Elas mal conversavam. Não havia nada a ser dito.
Fazia duas semanas desde o incidente na boutique. Duas semanas de um silêncio glacial. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. A frágil ponte que eles haviam construído sobre o abismo de dez anos havia desabado com o peso de uma única cena, perfeitamente orquestrada por Helena. A aliança estava morta. A caçada, cancelada.
Maria se sentia esgotada. A esperança que havia brotado em seu peito provou ser a mais crue