O silêncio na sala de estar era denso, pesado com o peso de dez anos de palavras não ditas. Maria o conduziu para dentro, fechando a porta para a noite chuvosa. Ela não acendeu todas as luzes, deixando o ambiente na penumbra, iluminado apenas por um abajur de luz quente. Era uma trégua, não uma reconciliação.
"Por que agora, Calleb?", ela perguntou, a voz baixa, a desconfiança envolvendo cada sílaba. "Por que, depois de uma década me tratando como sua inimiga, você decide que a minha versão importa?"
Ele passou a mão pelo cabelo úmido, um gesto de frustração e exaustão. "Porque eu vi seu rosto hoje à noite, durante a dança. E pela primeira vez... não parecia uma performance." Ele fez uma pausa, engolindo o orgulho. "Gabriel também disse algo. Que talvez eu estivesse me recusando a ver a verdade. Eu preciso... eu preciso ter certeza."
Maria o estudou por um longo momento. A sinceridade em seus olhos era algo que ela não via desde que eram adolescentes. Com um suspiro que pareceu ca