O caminho de volta para casa foi um borrão. Maria sentou-se no banco de trás do carro, a cabeça encostada no vidro frio, observando as luzes da cidade passarem como estrelas cadentes. A adrenalina da noite havia se esvaído, deixando para trás um cansaço que pesava em seus ossos e em sua alma.
Sua performance tinha sido um sucesso, ela sabia. Ela sentiu os olhares, ouviu os sussurros. Havia plantado a confusão que queria. Mas a que custo? Aquele momento de vulnerabilidade na pista de dança a assombrava. Foi um erro, uma fraqueza estúpida. Ela havia lhe mostrado uma ferida, e sabia que ele, ou pior, Helena, a usaria contra ela.
Ao chegar à mansão silenciosa, ela dispensou a governanta que a esperava e subiu as escadas, o som do zíper de seu vestido ecoando no silêncio. No seu quarto, ela se livrou da seda vermelha, deixando-a cair no chão como uma pele de cobra abandonada. Vestiu um robe de seda e foi até a penteadeira, começando a remover a maquiagem, a "armadura", como Lúcia havia