A notícia cai como um raio, Marta Maia, atropelada. Estado grave. Filha prematura na UTI. Segundo bebê desaparecido. Jonathan Schneider paralisa diante da manchete. O mundo gira. O coração dispara. Marta, a mulher que incendiou sua vida e depois sumiu sem deixar vestígios, agora luta para sobreviver. E junto dela, os segredos que nunca teve coragem de contar. Eles se conheceram quando Marta, recém-chegada do interior, buscava abrigo da crueldade da cidade grande. Sem dinheiro, sem esperança, ajoelhou-se numa igreja e fez um último pedido a Deus. Jonathan estava lá. CEO poderoso, marcado pela dor de ter perdido a esposa grávida, não entendeu por que aquela estranha o abalou tanto... até vê-la de perto. A semelhança com sua falecida esposa era cruel. Irresistível. Movido por um impulso impossível de ignorar, ofereceu a Marta o emprego que ela implorava em oração. Mas a convivência foi uma dança entre desejo e destruição. Ele a queria e a temia. Ela tentava resistir, mas o amor crescia em silêncio, até transbordar em noites ardentes e um rompimento devastador. Marta foi embora, sem saber que carregava os filhos dele. Agora, Jonathan precisa encarar uma verdade que rasga, tem uma filha lutando pela vida e um filho que sumiu sem deixar rastros. Por que Marta escondeu a gravidez? Quem levou o seu filho? E quem, afinal, era Marta, a mulher que chegou do nada e virou tudo? Com o tempo contra ele e a culpa como sombra, Jonathan está disposto a enfrentar o que for preciso. Porque há amores que não se enterram. Há verdades que não se calam. E há filhos que precisam ser encontrados, custe o que custar.
Ler maisMarta atravessa a rua com uma mão na barriga, protegendo as vidas que carrega. O suor escorre pela sua nuca, a vertigem ameaça dobrar os seus joelhos, mas ela inspira fundo. Falta pouco. Falta muito pouco.
E então, tudo acontece.
O som de pneus cantando invade o ar como um grito. Um carro desgovernado surge do nada, avançando na direção dela como um predador. O impacto é brutal. Marta é lançada para o asfalto, seu corpo se choca contra o asfalto quente, e a dor vem antes mesmo que a consciência se apague. Seu último pensamento é uma súplica silenciosa: "Por favor… meus bebês…"
— Meu Deus! — exclama uma senhora de cabelos grisalhos, que assistiu a tudo da calçada. Sem hesitar, ela faz um gesto rápido para um homem ao seu lado.
— Ajude-a! Ligue para a emergência agora!
A mulher se ajoelha ao lado de Marta, segurando a sua mão fria, seus olhos percorrendo o rosto pálido da jovem e sua barriga grande.
— Aguente firme, querida… — sussurra, apertando os lábios.
— Você não pode desistir agora.
Populares se aproximam e cada um ajuda à sua maneira.
Os socorristas chegam em poucos minutos, estabilizam Marta e trocam olhares apreensivos ao ver o seu estado.
— O hospital mais próximo é esse aqui, mas está em reforma, um dos paramédicos hesita.
— Mas talvez não tenha recursos para esse caso, é muito complicado.
— Precisamos salvar essa mãe e o bebê. Não temos escolha!
A ambulância atravessa a avenida em disparada, a sirene cortando o silêncio do final de tarde, enquanto Marta, inconsciente, é levada diretamente para a emergência do hospital mais próximo.
Os médicos correm com a sua maca pelos corredores brancos e brilhantes, enfermeiras ajustam aparelhos, e uma equipe inteira se mobiliza. Seu quadro é crítico. A pressão dela eleva, o risco de eclâmpsia é iminente.
— Precisamos levá-la para a cesárea imediatamente! — diz um dos médicos, já vestindo as luvas cirúrgicas. — Se demorarmos mais um minuto, podemos perder mãe e filho.
Lá dentro, a equipe médica age rapidamente. O bisturi rasga a pele pálida, os monitores apitam em alerta constante. De repente, um dos alarmes dispara de maneira estridente.
— Parada cardíaca! — grita o anestesista.
A sala de parto se transforma em um campo de batalha silencioso. O suor escorre pelas têmporas dos médicos enquanto Marta, imóvel e sem forças, parece deslizar para longe. O monitor cardíaco emite um som contínuo e aterrador.
— Adrenalina, agora! — ordena o médico.
As mãos firmes pressionam o peito de Marta em tentativas desesperadas de trazê-la de volta. Uma. Duas. Três compressões.
— Vamos, Marta! — um dos médicos rosna entre os dentes, sem desistir.
— Não nos faça perder você agora!
Segundos que parecem horas se arrastam até que, por fim, um bipe solitário rompe o silêncio.
— Temos pulso! — exclama a enfermeira.
O coração de Marta volta a bater.
— Conseguimos! Vamos tirar o bebê agora!
A incisão é feita, e os médicos se apressam, mas a surpresa é grande.
— São gêmeos! — ele fala emocionado.
Logo retira. o primeiro bebê. O silêncio assombra a sala.
— Ele não está chorando… — diz a médica, já com o menino nos braços.
O pequeno corpo cianótico, os lábios arroxeados, a ausência de qualquer som. O ar pesa nos ombros de todos ali.
— Reanimação! — a voz da médica ecoa pela sala.
Massagens delicadas, uma máscara de oxigênio pressionada contra o rostinho. Segundos intermináveis.
Então, um som agudo, mas potente, ecoa pelo centro cirúrgico. O choro do menino finalmente rompe o medo, trazendo um alívio imediato.
— Ele está bem! — a neonatologista sorri, a voz trêmula.
Mas não há tempo para comemorações.
— Ainda falta um! — avisa o obstetra.
A tensão aumenta quando tentam retirar a menina, mas algo está errado. O cordão umbilical está enrolado firmemente ao redor de seu pescoço. A equipe se apressa, mãos ágeis, corações acelerados.
— O cordão está muito apertado! — avisa a médica residente.
O obstetra age com precisão demonstrando anos de experiência, corta o cordão em um movimento rápido. No entanto, a pequena continua imóvel. Nenhum som. Nenhuma respiração.
— Vamos, princesa… respire — sussurra o obstetra ao entregar a pequena para a neonatologista, que logo realiza a manobra para desobstruir as vias respiratórias.
Silêncio.
Então, o choro. Um som forte, estridente, quebrando a incerteza.
A pequena menina está viva.
Os gêmeos são levados para a UTI neonatal enquanto a equipe estabiliza Marta, que resiste bravamente. O suor misturado às lágrimas escorre pelo rosto dos médicos e enfermeiras.
Um dos médicos, visivelmente emocionado, murmura:
— Conseguimos… salvamos todos eles.
A sala de cirurgia, antes caótica, agora é invadida por um momento de pura emoção. Alguns membr0s da equipe se abraçam, outros enxugam discretamente os olhos. Mas, em meio à celebração silenciosa, há um clima indefinível no ar. Uma sensação de que aquela história não termina ali. Porque, mesmo inconsciente, Marta está prestes a encarar não apenas a realidade da maternidade, mas também os fantasmas do passado que ainda a aguardam.
Do outro lado do estado de São Paulo, sem saber, Jonathan sentiu um arrepio inexplicável ao olhar para o nada, como se algo, ou alguém, tivesse acabado de tocar seu destino. Por que, de repente, seu coração bateu mais forte sem motivo aparente?
Horas depois, um silêncio estranho paira sobre a UTI neonatal. O som ritmado dos monitores cardíacos é subitamente interrompido por um grito sufocado.
— O bebê… o gêmeo… ele não está aqui! — a voz trêmula da enfermeira ecoa pelos corredores. A confusão explode, médicos e seguranças correm em todas as direções, olhares alarmados se cruzam. O recém-nascido desapareceu sem deixar vestígios. Como algo assim poderia acontecer?
O sol da tarde espalha um brilho dourado sobre o sítio dos Maia, pintando cada folha, cada flor e cada rastro de terra com uma beleza quase celestial. O ar tem cheiro de comida caseira, de pão recém assado e de café passado na hora, enquanto as vozes ecoam pela varanda larga, misturadas a gargalhadas, ao barulho das crianças correndo e aos latidos atentos dos cães.Dona Maria, de avental impermeável, transborda felicidade. Ela vai e volta da cozinha com travessas fumegantes, recusando qualquer ajuda.— Sentem-se, meus filhos, a mesa é de vocês! Aqui ninguém fica com fome, só com o coração cheio, diz, com aquele sorriso caloroso que já se tornou marca da casa.Ravi e Islanne se entreolham de forma cúmplice, apaixonados como se ainda estivessem vivendo a lua de mel. Ao redor deles, os trigêmeos se espalham em risadas. Ele segura o garfo e ergue o olhar para Islanne, que lhe sorri com aquele jeito doce que o desarma desde o primeiro dia. As filhas, Antonella e Ágatha, estão juntas, sent
Ninguém imagina, ao cruzar os portões do Sítio dos Maias, o redemoinho de histórias, amores, segredos e crianças que transformaram aquele lugar em um verdadeiro microcosmo de emoções. À primeira vista, tudo parece paz, os risos infantis ecoam pelo jardim, cães pastores correm atentos atrás das pequenas travessuras, e o cheiro de pão fresco de Dona Maria invade o ar. Mas por trás da rotina, cada olhar guarda uma lembrança, cada gesto carrega uma decisão, e cada silêncio esconde perguntas ainda sem resposta.Lua e Jeff, já com três anos, são o centro de todas as atenções. Cresceram sob o olhar vigilante da cadela Oliva, que, com autoridade silenciosa, decide quem pode ou não se aproximar. Dormem juntos, enroscados nela como se fossem parte da mesma ninhada. Marta, cansada de ver os pequenos espremidos, mandou fabricar uma cama King especial, cercada por grades, porque os gêmeos têm o estranho hábito de passear durante o sono, como se a própria noite não conseguisse contê-los.— Eu juro
O silêncio da sala é quase insuportável. Vivian cruza os braços diante de Rui, o queixo erguido, a frieza estampada no olhar. A tensão é tão densa que parece que até o ar se recusa a circular. Ele a encara, procurando algum ponto de acesso, mas encontra apenas um muro de concreto, firme e inabalável.— Rui, não precisa me convencer de nada, diz ela, firme, a voz como lâmina que corta. — Eu já entendi. Eu não signifiquei nada para você. E está tudo bem. Não vou mais insistir em algo que nunca existiu de verdade.As palavras saem como punhaladas, certeiras, mas não há raiva na voz dela, apenas uma dor contida, sufocada. Rui engole seco. O gosto amargo da culpa se espalha em sua boca como ferrugem. O que mais o fere não é a acusação, mas a certeza de que ela realmente acredita nisso.Ele pensa no filho que cresce no ventre dela, o seu filho, ainda um segredo guardado a sete chaves. Um nó aperta sua garganta. Não pode dizer nada ainda, não até ela estar pronta para ouvi-lo.— Você realme
Vivian sente a respiração pesar quando o relógio marca o horário combinado. Ela ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha e caminha até a janela da sala, observando a rua tranquila. O bairro parece suspenso em um silêncio preguiçoso de meio de tarde, apenas quebrado pelo canto insistente de um sabiá e pelo ronco distante de um carro passando distante. Segura com força o maço de chaves em sua mão, como se aquele pequeno objeto fosse capaz de lhe dar firmeza. Hoje não é apenas sobre tijolos e paredes, é sobre encerrar um capítulo que insiste em permanecer aberto.Quando o carro da imobiliária estaciona diante da casa, o coração de Vivian bate mais rápido. Fernanda desce primeiro, sorridente, profissional até nos gestos mais simples. Ao seu lado, surge um homem alto, de postura impecável, pasta em mãos e uma expressão atenta, o corretor designado para acompanhar a vistoria.— Boa tarde, Vivian. Fernanda a cumprimenta com carinho, abraçando-a de leve. — Obrigada por nos receber tão rápi
O silêncio que antecede o caos é quase enganoso. A manhã começa serena, o sol invade a sala com uma luz dourada que promete um dia tranquilo, mas Marta já sabe e Jonathan também que esse tipo de promessa nunca se cumpre quando se tem dois bebês de um ano e dois meses em casa. Jeff e Lua parecem carregar dentro de si um estoque infinito de energia, como se cada minuto fosse feito para correr, explorar, testar os limites do mundo e dos adultos. É a primeira vez que Marta e Jonathan ficam sozinhos de verdade com o menino, sem Vivian por perto, e um frio de expectativa e receio percorre os dois. Como será cuidar de Jeff, somando-o ao furacão Lua?Afonso e Cátia percebem a inquietação no ar. No café da manhã, enquanto Jeff joga torradas no chão e Lua tenta alimentar Oliva com geleia, Cátia sorri com ternura.— Jonathan, hoje você não vai trabalhar, diz, categórica. — Fique em casa com Marta, cuidem das crianças. Nós damos conta do Grupo Schneider.— Mãe, mas... Jonathan apenas começa, m
Vivian caminha pela rua com passos firmes, mas o coração lateja como um tambor. Cada batida parece lembrá-la de que o passado continua a persegui-la, mesmo agora, quando tenta se reinventar. Ela não conta a ninguém para onde vai, não se permite demonstrar fragilidade. Apenas respira fundo, ajeita os cabelos, e entra no banco como quem cruza um portal para uma nova vida. Algo, porém, a incomoda, uma sensação de que aquele encontro revelará mais do que ela imagina.Logo na recepção, é conduzida até a sala reservada do gerente. O homem de terno impecável se levanta para recebê-la, sorridente, com a postura de quem sabe a importância de cada palavra em momentos delicados.— Dona Vivian, bom dia. Ele estende a mão. — Sou Cláudio, gerente da agência. Já aguardava a sua visita.Ela se senta, tentando disfarçar a tensão que cresce em seu peito.— Recebi seu contato… a voz dela vacila. — Falou em algo sobre Alan Moretti.O gerente abre uma pasta sobre a mesa, ajeita os óculos e fala com calm
Último capítulo