Marta deixou o interior carregando sonhos, mas a cidade grande a esmagou com portas fechadas e ruas implacáveis. Sem dinheiro, sem emprego e sem esperança, faz um último pedido de ajuda a Deus em uma igreja. Seu clamor sincero ecoa no coração de Jonathan, um CEO poderoso e atormentado pela perda da esposa grávida. Movido pela emoção do momento, ele decide ajudá-la. Mas ao erguer os olhos e vê-la de perto, sente-se violentamente golpeado pela semelhança devastadora entre Marta e sua falecida esposa. Confuso entre a piedade e o torvelinho de lembranças, Jonathan oferece a Marta um emprego como governanta em sua mansão. Mas sua frieza e distanciamento a fazem se sentir indesejada. Para ele, mantê-la à distância é a única maneira de preservar a sanidade. Para ela, sua presença cada vez mais intensa desperta um amor impossível. Entre encontros furtivos e noites ardentes, Marta espera por reconhecimento, mas Jonathan se recusa a assumir seus sentimentos. Até que, ferida pelo orgulho dele, decide partir sem deixar rastros. Dois anos depois, Marta é uma mulher independente e bem-sucedida, cuidando sozinha de sua filha, Lua. Mas a felicidade é incompleta: Jeff, seu filho gêmeo, desapareceu misteriosamente na maternidade. O destino volta a unir seus caminhos quando Jonathan a vê na televisão e descobre que tem uma filha. Furioso, vai atrás dela, apenas para ser atingido por uma verdade ainda mais devastadora. O choque é imediato. Marta, acuada, confessa sobre a gravidez… e o filho perdido. Agora, unidos pela dor, eles embarcam em uma busca implacável pelo bebê desaparecido. Quem levou Jeff? Por quê? Será que ainda há tempo para encontrá-lo? E esse amor, marcado por tantas cicatrizes, será forte o bastante para sobreviver?
Leer másJonathan Schneider nunca imaginou que poderia sentir paz no meio do caos, mas ali está ele, largado no sofá da sala, cabelos penteados, camisa branca alinhada, com o notebook no colo e Marta dormindo em seu peito. O mundo gira, empresas se movimentam, decisões urgentes aguardam sua assinatura e, mesmo assim, ele se recusa a sair de casa. Porque, pela primeira vez em anos, o caos corporativo parece pequeno demais diante da calmaria que encontrou nos braços dela.Ele trabalha de casa, participando das reuniões em chamadas de vídeo com os acionistas e conselheiros. O cenário atrás dele é sempre o mesmo: a sala ampla, bem iluminada, Marta andando de um lado para o outro distraída, às vezes com uma xícara de chá na mão, às vezes descalça, com os cabelos soltos. Quem presta atenção o suficiente percebe o quanto ele sorri diferente agora. Mas poucos têm coragem de comentar.Islanne, por outro lado, não tem tempo para sutilezas. Assume as responsabilidades do irmão com firmeza, como quem já n
Não precisa verificar o relógio, a madrugada avança quando Alan Moretti sente o mundo ruir de vez. A garrafa de uísque na bancada já perdeu o gosto, tornando-se um líquido morno e amargo como o arrependimento que corrói o seu peito. A casa está mergulhada em um silêncio artificial, sufocante, como se até as paredes aguardassem para ouvir o que vem a seguir. No andar de cima, Vivian dorme, ou tenta. Há noites em que o peso da vida acorda mesmo os que fingem dormir.Mas Alan não dorme. Há semanas que não conhece o verdadeiro descanso. Só pesadelos. E um deles caminha agora em sua direção agora.Vivian acorda com o barulho, os olhos turvos pelo sono interrompido. Ela vê Alan no quarto, com a expressão de um homem prestes a ser enforcado.— O que foi agora?Ele não responde de imediato. Vai até o armário e começa a empurrar roupas na mochila com movimentos duros, quase violentos.— Precisamos ir. Agora. — A voz é firme, mas arrastada. Tensa. Embriagada.— O quê? Por quê?Alan a encara. E
O silêncio da madrugada pesa como concreto sobre a mansão escurecida. Nenhum som de motor na rua, nenhum latido distante. Apenas o tique-taque preguiçoso de um relógio antigo ecoa pela cozinha vazia, onde Alan Moretti, de olhos injetados e rosto abatido, encara o copo meio cheio de uísque como se pudesse encontrar ali respostas que a sua mente já não é capaz de fornecer. As luzes estão apagadas, um pedido mudo para que o mundo lá fora esqueça que ele ainda existe. Mas a verdade é que Alan não consegue esquecer. Nem por um segundo.Ele costumava ser alguém. Um Moretti. Um nome que inspirava respeito ou medo. O Grupo Moretti já foi símbolo de tradição, um império construído sobre décadas de prestígio e estratégias ousadas no meio farmacêutico. Agora não passa de uma lembrança empoeirada. Um papel velho em alguma gaveta do jurídico do Grupo Schneider. Vendido. Comprado. Engolido vivo.O telefone vibra sobre a bancada de mármore frio. Três vezes. E ele deixa tocar, hesitante, porque há al
Enquanto isso, no outro lado da cidade, Islanne cruza o tapete vermelho da sala de reuniões do Grupo Schneider como uma rainha que assume o seu trono. O crachá reluz preso à gola da camisa de alfaiataria, e cada passo de salto alto ecoa com autoridade. Dante Bittencourt a segue como uma sombra dedicada, as botas discretas tocando o piso com precisão de metrônomo.— Eu não pretendo fugir desta sala — Islanne dispara, o tom sério mas sem traços de ironia, enquanto espalha pastas e relatórios sobre a mesa de madeira escura. — Estou aqui para defender o nome do meu irmão e manter tudo sob controle.— Não é por isso — Dante responde, os olhos semi cerrados em vigilância. — É porque, se alguém ousar levantar a voz contra você, eu quebro o pescoço antes que percebam.Ela ergue uma sobrancelha e, em vez de resmungar, sorri de satisfação, mesmo sem querer admitir, se sente segura e em paz. Hoje, poucas piadas. Hoje, a gravidade revela que a ameaça é real: Marta foi atacada e o perigo ronda a
Os carros atravessam os portões da mansão Schneider em silêncio. As luzes externas se acendem automaticamente, revelando a fachada imponente sob a noite densa. Homens da segurança se movem discretamente pelas laterais da propriedade, atentos, armados e em formação.Jonathan desce primeiro, já abrindo a porta do carona. Marta ainda está frágil, mas seu olhar repousa com confiança no dele. Ele a ergue com delicadeza, como se carregar o próprio coração nos braços. Não diz uma palavra, não precisa. Sobe os degraus da entrada principal com passos firmes, cruzando a porta da frente enquanto a segurança volta a se espalhar em silêncio pelo perímetro.Lá dentro, a casa está vazia, silenciosa, como um templo esperando seus deuses. Sem empregados, sem passos extras, só eles, e a tensão que ainda paira no ar.As portas se fecham atrás deles com um suspiro mecânico, e a escuridão exterior fica trancada lá fora. Dentro da mansão Schneider, cada luz dos postes no jardim acende-se sem um ruído, como
O cheiro de sangue e desinfetante ainda impregna o ar, misturando-se ao frio cortante que vaza pelas paredes da enfermaria do Grupo Schneider. Cada passo de Jonathan ressoa pelo corredor como o bater de um coração aflito, e o mundo ao seu redor parece em suspensão, como se a qualquer momento pudesse desmoronar.Ele empurra a porta da enfermaria com uma força contida que denuncia o turbilhão dentro dele. No instante em que seus olhos encontram Marta deitada sobre a maca, seu peito se contrai num espasmo invisível. A respiração falha. Ali, tão pequena e frágil sob os lençóis brancos, ela parece uma versão quebrada da mulher forte que ele ama. A médica, de semblante sereno e firme, se adianta com o prontuário nas mãos, interrompendo seus pensamentos.— Senhor Schneider — começa ela, a voz calma — ela está estável. Já foi medicada, os exames estão normais. Em cerca de uma hora, poderá ir para casa.Jonathan avança dois passos, incapaz de se manter imóvel.— Tem certeza que não seria melh
O corredor do Grupo Schneider parece infinito. Cada passo de Jonathan ecoa pesado, um trovão abafado que vibra nas paredes revestidas de mármore frio. Ele sai da sala escura com as mãos ainda manchadas pelo horror que acabou de enfrentar e o sangue de um homem que ousou encostar em Marta. O sangue que agora gruda em sua pele como uma lembrança grotesca de que o mal existe, e que ele é capaz de combatê-lo... custe o que custar.Lá fora, o ar noturno é denso, pesado como um manto gélido que sufoca os seus pulmões. Mas, dentro do peito, o alívio arde, um alívio feroz, selvagem, primitivo, ela está viva. Ela respira. E o monstro... o monstro que ameaçou tudo o que Jonathan mais ama... jamais terá a chance de ferir outra pessoa.Atrás dele, um último grito agonizante ecoa da sala, rasgando o silêncio antes que Eduardo feche a porta com o pé, como se lacrasse o próprio inferno dentro daquela sala. A quietude que se instala é tumular, feita de medo, vingança e, paradoxalmente, de esperança.
O corredor sombrio que leva até a sala de interrogatório parece se estender infinitamente. Cada passo de Jonathan é um anúncio de morte, um prenúncio de agonia. A porta de aço se fecha atrás dele com um estrondo ensurdecedor, isolando o local do mundo exterior. Lá dentro, o ar é pesado, úmido, e o cheiro metálico de sangue fresco domina tudo, misturado ao odor agridoce do medo.Na escuridão quase total, o homem amarrado à cadeira de metal luta contra as próprias amarras, inútil como um animal à beira do abate. O suor escorre em rios pela testa suja, misturando-se ao sangue que desce da testa cortada, pingando no chão de concreto. Seus olhos, arregalados de puro terror, vasculham as sombras em busca de misericórdia... mas encontram apenas o silêncio gélido da morte anunciada.De pé à frente dele, Eduardo é a personificação da ameaça silenciosa, braços cruzados, a expressão impassível como a de um carrasco antes da execução. Ao seu lado, Ravi ajusta lentamente as luvas pretas, como um c
O som dos gritos ecoa pelo estacionamento como um trovão que rompe a calmaria traiçoeira da noite. Tudo acontece rápido, como o estouro de uma tempestade anunciada.— AGORA! — urra Eduardo, a voz rasgando o ar, carregada de pura fúria.Ele se lança como um míssil, rasgando a distância entre ele e o agressor. Agarra o braço do sequestrador com brutalidade, a arma voa de suas mãos, girando no ar como um pássaro ferido. Marta é empurrada brutalmente para longe, seu corpo rolando pelo chão áspero, um grito de dor escapando de sua garganta.Sem hesitar, Eduardo desfere um soco tão violento que o som do impacto reverbera, deixando o homem cambaleante. Antes que o agressor recupere o equilíbrio, Dante surge, preciso, letal. Um golpe seco atinge o pescoço. Outro, mais calculado, estilhaça o ombro. O sequestrador desaba, inconsciente, como uma marionete de cordas cortadas.No exato momento, Jonathan aparece. Um furacão de desespero e raiva atravessando o estacionamento.— MARTAAA!Seus olhos c