Rosalina Danzi havia ganhado na mega sena. Era o que todos cochichavam pelos corredores da mansão dos Bonner. Depois da morte do Sr Antonio, Rosalina, sua cuidadora se tornou a principal herdeira da grande fortuna que ele acumulou e da noite para o dia sua vida foi vinculada aos netos dele Renato, Damon e Edgar enquanto eles terão que tentar cumprir às exigências de seu avô, tendo um ano para se casarem com uma mulher por amor e que fosse aprovada por Rosalina ou então, perderia sua parte da herança. Um jogo de pressão e conflitos se inicia enquanto Edgar não parece ter interesse em sua parte da herança, Renato é capaz de tudo para consegui-la, decidido a fazer da vida de Rosalina um inferno. Damon é o único que parece disposto a jogar limpo e passa a trabalhar com Rosalina enquanto procuram uma esposa íntegra e que desperte sentimentos em Damon, mas Rosalina se vê atraída pelo jovem e tenta lutar contra os sentimentos impróprios que a impulsionam a cada dia mais para Damon. Enquanto ela tenta acender a chama do seu namoro com Jonathan percebe que um jogo sutil de sedução começa e não será fácil achar uma esposa para Damon ou fugir de seus sentimentos uma vez que Rosalina passa a se imaginar como sua esposa.
Leer másO som das folhas balançando nas árvores era como música sobre os meus ouvidos, o céu estava corado, em tons de pastel vivos, a paisagem verde em abundância me lembrava de filmes antigos, o vento forte que chicoteava minhas bochechas não era incomodo.
Parei a cadeira de rodas e ajeitei a coberta sobre o colo de Antonio.
— Está bom, obrigada.
Sorri e voltei a segurar a cadeira, era uma ladeira íngreme, um ponto alto das colinas na Escócia, perto do castelo Edimburgo, não entendia por que Antônio havia decidido vir para cá, mas respeitava sua vontade, afinal, Antônio estava morrendo.
— De todos os lugares em que eu queria visitar o mundo, esse foi o único que faltou… Agora, me sinto realizado Rosa.
— Como é a sensação Sr Antonio?
— É boa, de paz e conquista, de satisfação, prazer… — Ele apontou para o campo aberto — Esse lugar… Muitos dos meus parentes foram enterrados aqui e é aqui que eu também quero ser enterrado.
— Não diga isso Sr.
— Não diga o que? A verdade? Eu estou morrendo Rosa, o câncer já se espalhou pelo meu corpo, eu disse a mim mesmo que não veria esse lugar até que estivesse perto e agora, eu sei que está.
Engoli as lágrimas que ameaçavam vir e olhei para frente e senti o toque de sua mão na minha.
— Não chore, menina. Eu ainda não fui.
— Não estou chorando.
Ele ergueu os olhos e olhou para mim.
— Você cuida de mim há sete anos, eu conheço quando está chorando.
Sorri.
— Existe algo que eu possa fazer por você? Algo que queira muito.
— Não, eu só quero descansar agora… — Ele fechou os olhos por um momento e então os abriu de novo dizendo — E os meus netos?
Balancei a cabeça negando e ele assentiu.
— Eu entendo, são todos ingratos!| — Antonio fechou os punhos com força — Todos eles! Renato só vem a mim quando precisa de dinheiro, mas eu sei que está viciado em apostas, Damon tem anos que não vejo seu rosto além dos escândalos no jornal e Edgar, ele é egoísta!
Franzi o cenho.
— Edgar não está na África? — Perguntei confusa.
— Sim, está — Disse ele suavizando a expressão — Mas não tem tempo para ver o próprio avô antes de morrer, tenho certeza de que assim que eu partir todos irão vir correndo atrás do meu dinheiro! Cecilia e Francisco nunca teriam deixado que eles chegassem a esse ponto, é uma pena que minha filha e seu esposo tenham morrido dentro daquele maldito carro!
— Eu queria ter a conhecido, o Sr fala tão bem dela.
— Vocês iriam se dar bem Cecília — Ele sorriu e me olhou nos olhos — Você me lembra dela, quer dizer, não em aparência. Mas é tão doce e gentil o quanto ela era… Não deixou que o dinheiro subisse à cabeça!
— Talvez ela esteja junto com minha mãe.
Antonio riu.
— Você realmente acredita em reencarnação Rosa?
— Se não acreditarmos em algo, para que vivemos?
Antonio ficou sério, parecia pensativo.
— Então nós nos veremos de novo um dia.
Sorri.
— Sim, até lá — Me inclinei um pouco olhando para a paisagem, sentindo a paz pairar sobre nós — Você vai estar feliz, em um campo como esse, ao lado de sua filha que tanto ama, não vai mais sentir dor ou ter preocupações, não existiam mais pessoas ingratas por que o dinheiro não será nada na vida após a morte então todos nós seremos iguais, seremos amorosos e gentis, seus netos voltaram a ser como crianças, com o coração puro por que não vai mais haver ganância ou cobiça…
Parei de falar percebendo que Antonio havia dormido, sorri e me voltei para o horizonte. Eu não sabia, mas aquela era a última vez que eu o via.
O jatinho pousou em Londres, no aeroporto de Heathrow onde um mordomo, empregadas e seguranças esperavam pelo corpo de Antônio, segurei apreensiva a minha mala vendo a quantidade de repórteres distantes, pelo outro lado do vidro.
— Rápido Rosa, entre — Disse Lorenzo o advogado de Antônio pegando a minha mala, franzi o cenho e o obedeci entrando dentro carro.
Lorenzo não demorou muito e entrou no carro, ele suspirou e se concertou na poltrona de trás, ao meu lado, o carro já estava em movimento quando ele me olhou rápido de cima a baixo.
— Como você está?
Fiquei quieta e ele assentiu.
— Entendo, não foi a melhor pergunta…
— Me desculpe, Sr Lorenzo, mas não quero conversar agora. Não consigo…
— Sinto muito pela sua perda, sei que era mais do que uma cuidadora e que tinha muito apreço ao Sr Antônio em sua vida, todos estão certos disso, foram sete anos. Mas é preciso te deixar ciente de algumas coisas antes de nós chegarmos à mansão.
— Isso é mesmo necessário? — Perguntei sem entender a importância que eu tinha naquilo tudo — Eu sei que terei que me mudar, mas pode esperar até o enterro?
— Não é sobre isso — Disse ele erguendo as mãos — Pelo contrario, você precisa ficar na mansão para o enterro! Era a vontade de Antônio que estivesse nele, mas os seus netos são… Um pouco difíceis de lidar.
Balancei a cabeça assentindo.
— Eu sei que são, mas eu não pretendo trocar mais de duas frases com eles.
— Creio que terá que trocar mais do que duas frases com eles Sra. Rosa.
Olhei nos olhos de Lorenzo confusa, mas dei de ombros. Não demorou muito e chegamos na mansão onde o mordomo carregou minhas malas, Lorenzo não deixou que eu fosse para o meu quarto, antes me chamou. O segui pelos corredores sem entender o por que ele queria a minha presença, sentia a necessidade de dormir, tinha certeza de que meus olhos estavam carregados pela noite em claro, queria ficar sozinha, precisava disso além de ter que recolher o resto das minhas coisas que havia ficado no quarto, era um alívio que duas malas já estivessem feitas, pois eu não tinha ânimo para fazer às outras.
Entrei no que parecia um escritório, Lorenzo se sentou à minha frente, atrás da mesa.
— Sente-se Rosa, por favor.
Balanço a cabeça assentindo e olhei para as cadeiras, eram quatro, escolhi uma do meio.
Olhei para o escritório em volta, não havia nada nele íntimo, nenhuma foto ou detalhe pessoal, era simples e sem graça.
— O que estou fazendo aqui, Sr. Lorenzo? Eu estou encrencada? — Perguntei me dando conta da situação, me inclinei para frente sentindo meu coração acelerar forte. — Eu já soube de boatos mesmo antes de chegar, eu ouvi um dos funcionários falar que a culpa foi minha, como se eu tivesse levado o Sr. Antônio para longe para matá-lo…
— Sr. Rosa por favor, acalme-se. Não é nada disso, mas antes de entrar em detalhes eu preciso esperar pelos demais participantes antes de dizer algo.
Balancei a cabeça assentindo e então ouvi o barulho alto da porta se abrindo, olhei para trás e um homem alto de pele amendoada entrou e se sentou na cadeira mais distante a minha, na outra extremidade, enquanto um deles se sentou ao meu lado e o outro, possuía uma barba cerrada e olhos penetrantes me olhou sério e pegou a cadeira ao meu lado a arrastando pelo cômodo, a botou na outra extremidade se afastando de mim.
Meu coração disparou ao reconhecê-los, eram os netos de Antonio, esfreguei minhas mãos nervosa e olhei para meus próprios pés, então para Lorenzo que culprimentava um a um até erguer o braço em um gesto para que me olhassem.
— Senhores Bonner, essa é Rosa Lemos Danzi a cuidadora do Sr Antonio Bonner.
— Olá Rosa — Disse o homem do meio que estava sentado à minha direita, ele acenou com um sorriso e sorri de volta, era Edgar o que havia ido para a África.
A sua pele era clara, no mesmo tom da de Damon, seu cabelo em dreads da cor azul e preto destacavam mais assim como as suas roupas largas e despojadas eram estilosas. Ele parecia o mais relaxado dos três.
Damon estava sentado à minha esquerda, ele fez um gesto leve com a mão que nem poderia ser considerado um comprimento, seu cabelo preto tinha a mesma tonalidade do cabelo de Renato, assim como a espessura, somente mudando o corte. Renato estava de braços cruzados ao lado de Damon e parecia ser o menos sociável, ele ajeitou o terno e fez um gesto para Lorenzo.
— Podemos começar logo Lorenzo? Eu vim de longe, ainda tenho compromissos hoje e… - disse Renato claramente impaciente.
— Você não pode sair Sr, hoje é o enterro do seu avô — Lorenzo estava com os olhos bem abertos, como se fosse difícil acreditar no que havia acabado de ouvir.
Às palavras de Lorenzo fizeram com que houvesse silêncio no ambiente, Lorenzo se sentou de novo e abriu uma pequena caixa preta do qual todos prestaram atenção, era apenas o local onde guardava o seu óculos, ele o tirou e limpando com paciência ele o pôs sobre o rosto fazendo com que todos parecesse decepcionados, então ele pegou uma pasta a ponto com delicadeza em cima da mesa, ele olhou para nós e disse:
— Vamos dar início ao testamento do Sr Antonio.
Sai do carro apressada com o meu coração quase saltando pela boca e corri para a capela Nossa Senhora, às portas estavam fechadas, um pouco encostadas mostrando apenas uma fresta e às abrir rápido de forma espalhafatosa. — Você não pode se casar com ela! — Gritei, somente o som da minha voz ecoou pela grande capela, dois padres se viraram para me olhar com o semblante confusos, eles pareciam estar conversando quando eu os interrompi. Olhei em volta sem entender como o local ainda estava vazio, será que eu havia me enganado de horário? Não, não era isso, senão Edgar não saia dizendo que estava atrasado. Um dos padres que vinha em minha direção parou na minha frente. — Posso ajudar, Sra? — Sim, eu queria saber o que aconteceu aqui, achei que estava rolando um casamento nesse lugar hoje. O homem franziu o cenho e ajeitou os óculos. — Nenhum casamento foi marcado aqui, você se enganou de lugar. — Não, eu tenho certeza de que é na capela Nossa Senhora? — Não s
— Bom dia Lorenzo — Falei descendo as escadas, fui em sua direção e ele estendeu a mão que apertei — O que faz aqui? Achei que estaria no casamento de Damon. — Eu vou para lá. Olhei para as horas, eram nove em ponto fazendo meu coração saltar de ansiedade e aflição. — Então chegará para a festa, por que, acredito eu que essa hora a noiva já está entrando pela porta da igreja. — Você sabe que noivas sempre se atrasam meia hora para fazer suspense. Assenti, mas não consegui sorrir. — Acho que sim, né. Quer alguma coisa, um chá, um café, suco? — Não, hoje eu vim rápido, só como um carteiro. Franzi o cenho sem entender e ele puxou um envelope que estava embaixo do seu braço e me entregou. — Rosa, eu acho que eu cometi um erro… E eu não poderia ficar bem com o Sr. Antonio, do qual era um amigo que eu tinha apreço se levasse essa mentira adiante. — Do que está falando Lorenzo? — Os testes de Damon não falharam, os testes não faltaram, mas eu sim e foi por i
Ajeitei a gravata borboleta de Edgar, como sempre ele se destacaria. Edgar mexia as mãos o tempo todo de forma repetitiva, parecia nervoso enquanto olhava para o relógio em seu pulso. — Te ver nervoso assim me faz pensar que você gosta de Damon. — Claro que eu gosto daquele idiota. “É uma pena que você não demonstra isso” pensei em vista a distância de um abismo que tinha entre eles, mas eu estava cansada até mesmo para argumentar, me sentia tão triste que não queria fazer mais nada, não me sentia bem e sabia que não me sentiria por um bom tempo. Estava extremamente triste, já havia chorado lágrimas de uma vida inteira e ainda sentia que elas poderiam vir com a menor menção de Damon, então, eu precisava me manter firme até que Edgar saísse, pois sabia que ele se preocupava muito comigo e que apesar de saber que eu não estava bem por que era impossível esconder eu não podia desabar, não na sua frente. — Rosa — Olhei para os olhos de Edgar — Lisa ainda está dormindo, quer
A tensão parecia ter aumentado drasticamente, como se já não estivesse sufocante, sentia o peso do jugo dos olhos de Damon e sabia que ele estava questionando quanto a integridade do relacionamento que eu tinha com Edgar, talvez até mesmo questionando se ele de fato existia. — Sim, é isso mesmo um fetiche — Falei com firmeza olhando em seus olhos e Damon sorriu, dava para perceber que ele não seria facilmente convencido. — De Edgar talvez eu acredite, mas não com você, você é muito puritana Rosa. — Você não me conhece tão bem. — Conheço sim! — Acho que eu devo conhecer Rosa melhor do que você, afinal, passamos mais tempo juntos e ela é a minha namorada — Edgar enfatizou o final e Damon o olhou com o semblante fechado, dava para perceber a tensão entre eles. — Se vocês estão tão apaixonados assim, por que nunca os vi se beijar? — A gente se beija muito — Falei. — Sim, eles se beijam o tempo todo — Disse Lisa — Chega a ser desconfortável, ficar de vela sabe.
— Eu vou pedir um tira gosto — Disse Lisa olhando para os lados procurando o garçom, olhei para os olhos dela e não consegui sustentar o olhar enquanto as lágrimas pareciam querer voltar a vir — Não Rosa, de novo não! — Ela está chorando? — Perguntou Edgar aparecendo com três cervejas pequenas — De novo. — Sim, de novo. Eu já não sei o que eu faço — Lisa franziu o cenho ao notar as mãos dele — Você não foi ao banheiro? — Sim, mas aproveitei para pegar cervejas no bar, acho que o garçom está ocupado agora — Edgar apontou com a cabeça para o garçom que canta uma mulher no canto e então se sentou. — Vocês não precisam tentar me alegrar, não tem bebida que me alegre essa noite — Falei rolando a cerveja lentamente com os dedos. — Precisamos interromper esse casamento amanhã — Falou Lis e Edgar a olhou surpreso. — E vai fazer o que batgirl? — Eu vou roubar o vestido da noiva — Ela ergueu o dedo dando ênfase de forma engraçada — E você vai ser meu sentinela. — Ning
— Você está chegando? — Perguntei a Lisa pelo telefone. — Rosa pela décima vez, sim! — Eu vou chamar Edgar, parece que ele tem amigos e está bem entretido, talvez nem vá. — Vamos nos divertir por ele. Suspirei, estava tão cansada de tudo, desanimada, triste. — Eu espero que sim. — Precisa levantar esse ânimo. Era impossível uma vez que sentia que estava constantemente triste, era isso que o amor fazia, ele tinha o poder de te deixar radiante ou apagar o seu brilho completamente. — Onde está? — Estou dentro da mansão, não quis mais ficar e sorrir para todos estava cansada de fingir. — Sua vaca! Tomei um susto e me virei rápido vendo Anna vir em minha direção furiosa fiquei nervosa. — Rosa? Quem está aí? — Perguntou Lisa pelo telefone. — Depois eu te ligo! — Desliguei o telefone e olhei para os olhos de Anna. — Você é uma vagabunda! Damon aparece atrás dela, ele estava tão confuso quanto eu, totalmente tenso imaginando o pior eu me senti p
Último capítulo