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Capítulo 4: O Doce Sabor do Veneno

​O apartamento de Helena não tinha a grandiosidade da mansão dos Maliki ou a opulência fria da casa de Calleb. Era menor, mas cada objeto era escolhido a dedo, criando uma atmosfera de elegância conquistada, não herdada. Era um palco, e Helena era sua atriz principal.

​Ela estava terminando de arrumar um vaso de lírios brancos quando a campainha tocou. Era Sérgio. Ele trazia um pequeno pacote da sua confeitaria favorita.

​"Para adoçar o seu dia", disse ele, o olhar cheio de uma adoração que beirava a pena. "Fiquei sabendo do primeiro encontro... Gabriel me contou que Calleb não estava bem."

​Helena o guiou para dentro, o rosto se contorcendo em uma máscara de preocupação perfeitamente ensaiada. "Eu sabia. Esse acordo está o destruindo, Sérgio. E aquela mulher... ela sempre teve um poder sobre ele. O poder de machucá-lo."

​"Ele parece determinado a odiá-la", ofereceu Sérgio, sentando-se no sofá.

​"Ódio e amor são vizinhos muito próximos", disse ela, sentando-se a uma distância calculada. Próxima o suficiente para ser íntima, longe o suficiente para mantê-lo querendo mais. "Meu medo é que Maria use essa proximidade forçada para... confundí-lo. Ela é mestre em se fazer de vítima. Sempre foi, desde a escola."

​Sérgio cerrou os punhos. "Ele não seria tolo a esse ponto. Não depois de tudo que ela fez."

​Helena colocou uma mão sobre a dele, um toque leve e reconfortante que o fez prender a respiração. "Eu confio nele. É nela que não confio. Por favor, cuide dele por mim, Sérgio. Você e o Gabriel são tudo que ele tem."

​Com aquela simples frase, ela o transformou em seu cavaleiro, seu espião. Satisfeita, ela o dispensou com um sorriso doce e promessas vagas.

​Vinte minutos depois, a campainha tocou novamente. Desta vez era Calleb. A tensão em seus ombros era visível. Ele entrou e a abraçou com força, enterrando o rosto em seu cabelo.

​"Foi um inferno", ele murmurou.

​"Eu sei, meu amor. Eu sei", disse ela, acariciando suas costas. "Mas você foi forte. É por um bem maior."

​Ele se afastou, o rosto sombrio. "Recebemos o convite para o gala de sábado. Terei que passar a noite inteira ao lado dela, sorrindo para as câmeras."

​Helena manteve a expressão solidária, mas por dentro, uma chama de triunfo se acendeu. O palco perfeito. "Você precisa ir, querido. Pelo seu pai. Pelo futuro da empresa. Apenas... seja cuidadoso."

​Ela segurou o rosto dele entre as mãos. "Lembre-se de quem ela é. Em público, ela vai usar o sorriso mais doce, vai parecer a noiva perfeita. É uma armadilha, Calleb. Ela vai tentar fazer todos acreditarem que você é o monstro e ela, a mártir. Não caia no jogo dela."

​Ele assentiu, a convicção retornando ao seu olhar. "Você tem razão. Não vou deixar."

​Depois que ele se foi, prometendo ligar mais tarde, Helena caminhou até a janela. A chuva havia parado, e as luzes de Komodo cintilavam como joias espalhadas em um veludo escuro. Ela pegou seu celular e abriu uma foto antiga, salva em uma pasta secreta. Os três, ainda crianças. Calleb e Maria sorrindo, e ela, um pouco atrás, observando-os com um olhar que ninguém nunca soube interpretar. O olhar de quem cobiça, de quem planeja.

​Um sorriso frio e genuíno finalmente brotou em seus lábios. O gala de sábado não seria o espetáculo de Maria. Seria o dela. Cada passo, cada olhar trocado entre os noivos, seria visto pelo mundo através da narrativa que ela construiu com tanto cuidado.

​Faltava pouco. O império, o status, a ruína de Maria e o homem que ela via como seu prêmio. Tudo estaria ao seu alcance.

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