Mundo ficciónIniciar sesiónAnna Santos sempre acreditou que conseguiria mudar a própria vida com esforço e coragem. Mas quando a mãe adoece gravemente e precisa de um tratamento caro em outro estado, o desespero a leva a aceitar a proposta errada. Viajando como imigrante ilegal para os Estados Unidos, Anna acredita que está fazendo o necessário para salvar quem ama — até descobrir que caiu nas mãos de pessoas cruéis e manipuladoras. Após um procedimento médico que ela pensa ser uma simples doação de óvulos, Anna descobre que está inexplicavelmente grávida. Sem documentos, sem apoio e em profundo luto pela morte da mãe, ela tenta reconstruir a própria vida em silêncio. Mas, antes que consiga entender o que está acontecendo com seu corpo, o bebê nasce… e é roubado. Do outro lado da cidade, o bilionário Owen Davis acredita que sua noiva finalmente lhe deu a filha tão desejada. Ele não sabe que a mulher que está prestes a se casar com ele o engana — e que a criança que ele segura nos braços é fruto de um plano sombrio que envolve sua fortuna e a ingenuidade de uma jovem vulnerável. Meses depois, sem saber a verdade, Anna aceita um emprego como babá na mansão Davis. Ao conhecer a bebê, algo dentro dela desperta — um reconhecimento inexplicável, um laço que ela não consegue nomear. Enquanto Owen começa a se aproximar da nova babá, segredos perigosos começam a vir à tona. Agora, Anna terá que enfrentar o passado, lutar pela vida que tiraram dela… E descobrir até onde pode ir para recuperar sua filha — e talvez, encontrar o amor que jamais imaginou.
Leer másO corredor do Hospital Estadual Madre Bernadete tinha cheiro de desinfetante misturado com angústia. Anna caminhava rápido, o coração batendo tão forte que parecia ecoar nas paredes antigas. O som das macas, dos lamentos abafados e dos passos apressados dos enfermeiros sempre a deixavam em alerta, como se cada ruído pudesse anunciar uma tragédia.
Na porta do quarto 212, ela respirou fundo antes de entrar. Beatriz estava pálida, ainda mais fraca do que na noite anterior. Seus olhos se abriram devagar quando ouviram o ranger suave da porta. — Filha… — ela murmurou, com um sorriso cansado. Anna tentou retribuir o sorriso, mas a verdade é que já não tinha forças para fingir esperança. Correu até a cama, segurando a mão magra da mãe. — Mãe, eu falei com o Dr. Angelo. Ele disse que vai tentar mais uma vez a transferência. Beatriz apertou de leve sua mão. — Não se preocupe comigo, Anna. Você precisa descansar… precisa viver sua vida. Anna abaixou o olhar. Como viver quando a única pessoa que tinha no mundo estava morrendo ali? A porta abriu lentamente. A enfermeira Amália entrou, trazendo uma bandeja com medicações. — Oi, querida. — ela sorriu para Anna. — Ela teve uma noite difícil, mas está estável agora. Amália sempre tentava ser um abraço quando não podia oferecer cura. Anna agradeceu com a cabeça, mas seu rosto não escondia a preocupação. Assim que Amália saiu, Anna sentou na cadeira ao lado da cama. Tirou um envelope amassado da bolsa — o orçamento do hospital de São Paulo. Era impossível pagar. Mesmo se trabalhasse por anos. O coração dela apertou. Foi nesse momento que o celular vibrou. Elisa. "Preciso falar com você. Tenho uma forma de te ajudar." Anna sentiu um arrepio. Embora fosse sua amiga da faculdade, Elisa vivia "do jeito dela", sempre rodeada de problemas — e de Pedro. Anna não sabia se queria ouvir. Mas desde quando ela tinha escolha? Olhou para a mãe, respirando com dificuldade. Depois para o envelope. A escolha já estava tomada antes mesmo de Elisa mandar a mensagem. Anna beijou a testa de Beatriz. — Eu já volto, mãe. Prometo que vai ficar tudo bem. Era uma promessa que ela não sabia se conseguiria cumprir. --- Do lado de fora do hospital, o sol forte do Maranhão fazia tudo brilhar demais. Anna caminhou até o ponto de ônibus, o celular ainda quente na mão. Elisa havia mandado a localização de um bar simples no centro. Quando chegou, encontrou Elisa sentada em uma mesa isolada, óculos escuros e expressão tensa. — Você demorou — Elisa resmungou. — Eu estava com a minha mãe… o que era tão urgente? Elisa olhou ao redor, certificando-se de que ninguém ouvia. Depois se inclinou para frente. — Eu sei que você está desesperada, Anna. Eu sei o que está acontecendo. Anna engoliu seco. Elisa continuou: — O Pedro tem um trabalho pra você. É dinheiro rápido. Dinheiro suficiente pra pagar o tratamento da sua mãe. Anna sentiu um frio na espinha. — Elisa, você sabe que eu não faço essas coisas… — Então vê sua mãe morrer. — Elisa respondeu fria, mas com os olhos cheios de pena. A frase veio como um soco. Anna ficou sem ar por alguns segundos. Elisa percebeu o impacto e suavizou o tom. — Anna… é só uma viagem. Você leva um pacote. Chega lá, recebe o dinheiro e volta. Ninguém vai te machucar. Anna olhou para o chão, o coração explodindo de medo e desespero. Pensou no quarto 212. Pensou na respiração fraca da mãe. Pensou em como o tempo estava acabando. — Eu… — ela começou, mas a voz falhou. — Eu só quero salvar minha mãe. Elisa segurou sua mão. — Então deixa o Pedro te ajudar. E foi ali, naquela mesa quente e mal iluminada, que o destino de Anna mudou. Sem perceber, ela havia dado seu primeiro passo em direção a um caminho sem volta.Um mês havia se passado desde que Anna chegara a Nova York. A cidade já não parecia tão assustadora — ainda gigante, barulhenta e fria, mas agora familiar o suficiente para que ela se movesse por suas ruas sem tremer por dentro. Com o dinheiro que ainda tinha guardado e os primeiros passos no inglês aprendido no Brasil, Anna conseguiu algo que parecia impossível: um emprego. O Blue Crown Diner, uma lanchonete de esquina com cheiro constante de café forte e bacon, precisou de uma atendente para o turno da manhã. O gerente, Sr. Mark Holloway, um homem sério de rosto amassado pelo cansaço, a contratou no mesmo dia. — Seja bem-vinda ao time, Anna — ele disse, entregando-lhe o avental azul. Era uma vida simples, mas era uma vida. E, pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que podia respirar. --- A lanchonete era um turbilhão de gente. Turistas tirando fotos das panquecas, trabalhadores apressados pedindo café para viagem, mães com carrinhos de bebê procurando um minuto de paz. E
A manhã amanheceu fria em Manhattan, mas a cidade parecia vibrar com mais intensidade do que o normal. Era como se, sob o concreto cinzento e os prédios altíssimos, duas histórias estivessem prestes a colidir — silenciosamente, sem aviso, sem misericórdia. O casamento No cartório reservado, decorado apenas com um pequeno arranjo de flores brancas que Chiara insistira em levar, Owen ajustava o terno com a mesma expressão de quem estava prestes a assinar um contrato desfavorável. Ele respirava fundo, tentando afastar a ressaca da noite anterior, enquanto Travis permanecia ao seu lado como apoio silencioso. Chiara, por outro lado, estava radiante. O vestido branco simples moldava suas curvas com perfeição calculada, e o sorriso perfeitamente ensaiado não deixava transparecer nenhuma sombra de dúvida. Ela segurava o braço de Owen com força — talvez um pouco mais do que o necessário — como se temesse que ele escapasse. — Finalmente, amor… — sussurrou ela, de forma doce demais. — Nosso
Alugar o pequeno apartamento em Queens foi como finalmente respirar depois de semanas sufocantes. Não era grande, nem moderno, e ficava longe da clínica — uma viagem longa de metrô, duas linhas trocadas e quarenta minutos de caminhada nos dias mais frios. Mas era seu. Mobiliado, modesto, silencioso.Um recomeço.Com o dinheiro que ganhara entregando as drogas, Anna pôde pagar o depósito e o primeiro mês. As paredes ainda carregavam o cheiro leve de tinta antiga, mas isso não a incomodava. Naquela primeira noite, deitada no colchão simples, Anna se permitiu algo raro: sensação de estabilidade.No dia seguinte, voltou à clínica de fertilização para fazer os exames que Seline solicitara. A enfermeira colheu sangue, fez ultrassom, avaliou sua saúde geral. Anna estava nervosa, mas Seline havia garantido que seria rápido e fácil.E foi.Dois dias depois, Seline ligou pedindo urgência.— Venha à clínica assim que puder, querida — disse com aquela voz suave, estudada. — Tenho seus resultados.
Chiara passeava pela sala enorme da mansão, o salto ecoando como pequenos tiros contra o piso brilhante. Na mesa, dezenas de fotos impressas de vestidos, convites, arranjos e possíveis destinos para a lua de mel estavam espalhadas como um mosaico da vida que ela queria — a vida pela qual lutara com todas as armas que tinha.Mas havia um detalhe irritante, quase imperdoável: Owen só aceitara o casamento civil. Nada de festa extravagante, nada de cerimônia religiosa, nada de salão com centenas de convidados. Apenas uma assinatura, dois padrinhos, e pronto.Isso acendia nela a velha frustração. Chiara queria o pacote completo — um casamento grandioso, midiático, elegante. O casamento de uma futura senhora Davis. Mas por enquanto, precisava fingir satisfação.“Um passo de cada vez”, repetiu para si mesma, enquanto separava inspiração para o buquê — embora soubesse que não haveria buquê algum. Ainda.---Do outro lado da casa, Owen entrou no escritório onde Travis estava reclinado no sofá,
Chiara Davis encarava sua própria imagem no espelho do quarto luxuoso, analisando cada detalhe da maquiagem impecável, dos cabelos loiros perfeitamente ondulados, do vestido elegante que abraçava suas curvas. Ela respirou fundo. Naquele dia, tudo precisava sair perfeito.Ela finalmente tinha o que precisava para amarrar Owen Davis.O bilionário, dono de um império farmacêutico e publicitário, era o homem mais disputado de Nova York. Poderoso, reservado, impecável — e completamente alheio ao interesse emocional que as pessoas tinham nele. Inclusive Chiara.Eles se encontravam sempre que ele tinha tempo. Jantavam. Passavam noites juntos. Viajavam quando a agenda permitia. Para Owen, tudo era leve, sem pressões. Apenas companhia, sexo, presença.Para ela, não.Para ela, era a chance de se tornar parte da família mais poderosa que já conhecera.E, até aquele exato momento, Chiara não tinha conseguido o que mais desejava: um pedido de casamento. Owen parecia imune à ideia. Não prometia nad
O despertador no posto de enfermagem marcava 4h22 quando o monitor do quarto 212 começou a apitar de forma irregular. Beatriz abriu os olhos com dificuldade, levando a mão ao peito. O ar parecia preso. A dor, antes constante, agora vinha como uma onda violenta que tomava cada centímetro do corpo. — Dona Beatriz? — chamou Amália, aproximando-se rápido. — A senhora está sentindo algo? A paciente tentou falar, mas apenas lágrimas correram. O alarme disparou. — Doutor Angelo! — gritou Amália. O cardiologista entrou apressado, puxando o estetoscópio do pescoço. — Parada respiratória começando — murmurou, iniciando massagem torácica. Os minutos seguintes foram uma luta desesperada contra o inevitável. Choques, compressões, ventilação manual. Mas o corpo de Beatriz já estava cansado demais. Quando o monitor ficou em linha reta, o silêncio tomou o quarto. — Hora do óbito, 4h37 — disse o médico com a voz pesada. Amália levou a mão à boca. O peso da notícia que teria que carregar





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