Laura olhou nos olhos de Heitor e disse: ___Mas se prazer que me dar , for a única coisa que realmente me faz sentir viva? Ele respondeu: ___O perigo real, Laura, não está em buscar prazer sem limites, mas em não saber como ou quando parar. Traída e arruinada aos 22, Laura tenta recomeçar aos 26 como secretária de Heitor Arantes — um CEO frio, enigmático e perigosamente irresistível. Todos acreditam que ele é inalcançável… até ela descobrir que por trás do terno impecável existe um homem capaz de fazê-la sentir o que jamais imaginou. Ele não promete amor. Apenas um lugar em sua vida profissional — e outro, muito mais íntimo, em sua cama.
Leer másO som ritmado dos saltos de Laura Dias ecoava suavemente pelos corredores luxuosos da Arantes Holdings, enquanto ela tentava controlar a tempestade que agitava seu interior. Era seu primeiro dia como secretária pessoal do CEO, e a simples ideia de trabalhar tão perto de um homem tão poderoso deixava seu coração acelerado e suas palmas suadas.
Carregando uma pasta contra o peito como se fosse um escudo, Laura atravessou a recepção impecável do último andar. O ambiente era moderno, sofisticado, decorado em tons escuros que transmitiam elegância e autoridade. O vidro panorâmico deixava a cidade de São Paulo exposta como um quadro urbano em constante movimento. Uma assistente simpática a guiou até a sala principal. Ela mal teve tempo de admirar a imensidão do espaço antes de vê-lo. Ele. Heitor Arantes. De costas para ela, observando a cidade com as mãos nos bolsos do terno sob medida. Alto, postura imponente, cabelos escuros levemente bagunçados de forma quase proposital. Mesmo sem ver seu rosto, Laura sentiu a presença dele como uma corrente elétrica atravessando o ar. Quando ele se virou, seus olhos negros a atingiram com a intensidade de um relâmpago. Eram frios, analíticos, penetrantes. Não havia um traço de sorriso em seu rosto firme e simetricamente perfeito. Laura ficou imóvel por um segundo. A tensão no ar era quase tátil. — Laura Dias? — ele perguntou com uma voz grave, limpa, sem pressa. — Sim, senhor. É um prazer... — ela respondeu, lutando para manter a voz firme. Heitor fez um gesto com a mão para que se calasse e a observou por alguns segundos, avaliando cada detalhe. Ela não sabia se ele estava aprovando ou julgando. Então, ele estendeu uma pasta. — Gosto de três coisas: organização, discrição e eficiência. Se você não tiver essas qualidades, esse será seu primeiro e último dia aqui. Laura engoliu em seco e assentiu. Não era uma surpresa — todos falavam sobre como Heitor Arantes era frio e exigente, um verdadeiro titã dos negócios e uma pedra de gelo como pessoa. Mas ouvi-lo assim, tão direto e frio, causava um impacto ainda maior. Sem mais, voltou-se para a janela, como se o mundo além daquele vidro fosse mais interessante que qualquer outra coisa. Laura sentiu o coração na garganta. Não podia errar. Aquela vaga era sua chance de recomeçar, de se levantar depois de tudo que passara. Logo nas primeiras horas, esforçou-se ao máximo para acompanhar o ritmo frenético. E-mails, memorandos, arquivos confidenciais, agendas alteradas de última hora. Heitor era detalhista, prático e impaciente. Suas instruções eram diretas, por vezes quase secas, e ele raramente repetia o que dizia. Mas não era isso que mais a desconcertava. Era ele. A forma como ele passava perto. O som controlado de seus passos. A maneira como seus olhos a observavam em silêncio, como se testassem seus limites. Havia algo ali que ia além da hierarquia profissional. Algo sutil, perigoso, inexplicável. Na hora do almoço, Laura desceu ao térreo com a sensação de estar anestesiada. Na recepção, Bianca, sua melhor amiga e funcionária da empresa, a esperava para almoçarem, encostada no balcão, com um sorriso brincalhão no rosto. As duas foram até o refeitório. — E então? Sobreviveu às primeiras horas com a fera? Laura soltou um suspiro e riu, exausta. — Sobrevivi. Mas por pouco. Achei que ele ia me mandar embora nos primeiros dez minutos. Bianca se aproximou com um brilho curioso no olhar. — E o que achou dele? Laura hesitou, depois balbuciou: — Bianca... por que você não me avisou que aquele homem, mesmo sendo intragável e exigente, é um colírio para os olhos, absurdamente... lindo? É como se um deus grego tivesse descido do Olimpo para me torturar emocionalmente. Bianca deu uma gargalhada. — Ah, então você também foi atingida pelo feitiço Arantes. Normal. — Sério. Ele tem aquele tipo de presença que faz o tempo desacelerar quando ele olha pra você. Bianca ergueu uma sobrancelha. — Então é melhor você sentar, porque eu esqueci de te contar um pequeno detalhe que vai te poupar uma grande decepção quando for fantasiar sobre nosso chefe gato e gostosão. Laura franziu o cenho. — Que detalhe? — Heitor Arantes é gay. O choque foi instantâneo. — O quê?! — Sério. Todo mundo aqui comenta isso. Nunca foi visto com nenhuma mulher. Não flerta, não toca, não sorri. Vai a eventos sozinho, mora sozinho, não tem escândalos, não tem histórico amoroso conhecido. Os funcionários até fizeram apostas que ele ainda vai acabar cantando um dos funcionários bonitões daqui e entregando o jogo. Laura piscou, atônita. — Mas... o jeito como ele me olhou hoje. Tinha alguma coisa ali, amiga. Uma tensão, uma energia estranha. Eu senti. Eu juro que senti. Bianca deu de ombros, compreensiva. — Talvez você esteja imaginando coisas... Você ficou muito tempo fechada para notar os homens à sua volta, depois que o canalha do Gustavo te feriu. Ao ouvir o nome, Laura baixou o olhar. A dor era antiga, mas ainda latejava. — Com razão... A gente ia se casar... — murmurou. — Juntamos dinheiro por dois anos, planejamos tudo. Eu confiava nele. E no fim, ele roubou cada centavo e fugiu com a secretária. Até hoje me culpo por ter sido tão cega e tão fraca para não ter denunciado aquele desgraçado por roubo. — Você o amava, Laura, e ele se aproveitou disso. Isso não te torna fraca. Mas também não pode passar a vida acreditando que todo homem é um Gustavo. Eu fico feliz que, depois de tanto tempo, você tenha se interessado por outro homem. Ela fez uma pausa e depois continuou: — Que, aliás, é um tremendo gostoso. Mas, infelizmente para você, para mim e para várias mulheres que vivem suspirando por ele… ele é gay. Laura soltou um suspiro pesado, cruzando os braços enquanto olhava para o chão. — É, você tem razão. E sobre eu ter amado o Gustavo, também. Acreditei em cada palavra dele, em cada promessa. E ele simplesmente… desapareceu. Levou meu dinheiro, meus sonhos e a minha capacidade de amar novamente. — Mas não pense mais naquele imbecil, porque ele não vale a pena. Que tal fazermos uma pipoca e assistir a uma comédia romântica, daquelas bem melosas que gostamos? — Fechado.— disse Laura, sorrindo.— Eu já disse que não quero falar sobre isso — ele respondeu, levantando-se. — Eu não confio nela. Depois do que descobri… — O que você pensa que descobriu! Porque se parasse para ouvir ao invés de julgar, saberia que está jogando fora a sua felicidade fora. — Ah, então agora você resolveu vir aqui inventar desculpas para o que ela e seu marido fez ? Foi ela quem te mandou? Bianca ignorou a provocação e se dirigiu ao sofá à frente da mesa dele. Sentou-se com autoridade, sem esperar ser convidada, e encarou o empresário com frieza. — Será que pode calar a boca por dois minutos e me ouvir? Heitor arqueou a sobrancelha, surpreso com a audácia dela. Não gostava de receber ordens de ninguém — muito menos de Bianca, a quem sempre viu como uma extensão da própria Laura. Mas havia algo no tom dela, na firmeza do olhar, que o fez respirar fundo e ceder. — Seja breve. Tenho uma reunião importa
O sol mal havia nascido quando Laura abriu os olhos. Não porque estivesse descansada, mas porque, mesmo cansada, o sono lhe fugira. O travesseiro ainda estava úmido das lágrimas que derramara durante a noite, sozinha. Seu corpo doía, não só pelos efeitos da gravidez de quatro meses, mas pela exaustão emocional. O coração apertado. A alma ferida. Ela olhou para o teto por alguns minutos, sem pensar em nada. Ou talvez estivesse pensando em tudo. Em Heitor. No bebê. No peso de carregar uma mentira que não era sua, mas que ela sustentava por amor. E no quanto estava se machucando para proteger os outros. Levantou-se com dificuldade. Sentia-se tonta, enjoada. A gravidez começava a pesar mais do que fisicamente. Desceu as escadas devagar. Não ouviu barulho nenhum. Heitor devia ter saído cedo para a Holding. Ou talvez nem tivesse dormido em casa. Laura não se surpreenderia mais. Já havia passado da fase de criar expectativas com ele, Heitor a ca
— O pai... — ele engoliu seco — ...é um idiota que não merece essa filha. — Mas tudo bem. — completou ela. — Ela já tem a mim. E eu já a amo. Como amo os outros dois. Heitor a encarou. — Me diz a verdade, Laura. Essa filha é mesmo minha? Eu quero muito acreditar... mas depois do que ouvi o Fernando dizer, eu... é difícil. — Eu já te disse a verdade tantas vezes. E você preferiu acreditar na mentira. Agora... com licença. Estou com sono. Ele deu um passo à frente, a voz baixa: — Eu te quero, Laura. Mesmo com toda essa confusão. Você está... ainda mais linda. Eu não sabia que uma mulher grávida podia ser tão sexy. Ela ergueu uma sobrancelha, sarcástica: — Por que não diz logo que quer transar comigo? Tá tão necessitado assim? Pensei que estivesse se divertindo com aquela irmãzinha do seu amigo... a oferecida. — E você se importa?
Laura hesitou por um segundo, depois foi atrás dele em silêncio. O clima entre eles era tão pesado que parecia quase sólido. No carro, o silêncio era absoluto. Apenas o som do motor e a respiração deles preenchiam o espaço. Heitor mantinha os olhos fixos na estrada, mas a mente estava longe, mergulhada em um turbilhão. E se for meu? A pergunta o martelava por dentro. Ele não queria admitir, mas sim... havia uma chance real de aquele filho ser seu. Ele e Laura sempre foram intensos. Apaixonados. Ativos. Em qualquer lugar, a qualquer hora. Era impossível negar que aquela possibilidade o abalava profundamente. Mas e se for do Fernando? E se ela estiver mentindo só para se livrar da culpa? E se ela quiser usar essa criança para manipulá-lo?Para tentar fazer com que ele a perdoe. Heitor apertou o volante com força, os dedos rígidos. Uma parte dele queria acreditar nela. Queria mu
Heitor a encarou por um instante, depois balançou a cabeça com desprezo. — Uma bela história. Conveniente, convincente... Se eu fosse o mesmo idiota de antes , até acreditava. Mas eu vi como ele olhava pra você. Vi como você começou a preferir a companhia dele à minha. Você achou que a Bianca não ia acordar, não é? Que ia ficar com ele sem peso na consciência... mas ela acordou. — Isso é um absurdo! — Laura explodiu, dando um passo à frente, indignada. — Um absurdo você dizer isso de mim! — Absurdo é você querer me fazer de idiota — ele disparou, os olhos faiscando. — Tá na cara que vocês estavam tendo um caso. Você só não esperava que a Bianca sobrevivesse. E agora vem aqui, com mais uma das suas mentiras... — Eu nunca tive um caso com o Fernando! — ela gritou, com a voz embargada de dor. — Quantas vezes vou ter que repetir isso ,mas que droga!Não é justo que por causa do que você
Ele caminhou até o carro estacionado, um Lamborghini escuro que refletia sua frieza. Laura correu até ele, ficando diante da porta. — Não me ignore, por favor! Eu mereço ao menos uma explicação! Por que está fazendo isso? Por que esta sendo tão cruel comigo. Ele parou por um segundo. Os olhos encontraram os dela. E Laura viu algo ali. Uma dor profunda, escondida sob camadas de orgulho e fúria. Mas ele não disse nada. Apenas desviou o olhar, entrou no carro e bateu a porta. — Heitor! — ela gritou mais uma vez, batendo no vidro. — Heitor, por favor, me escuta! Num ato de desespero, Laura se colocou na frente do carro, os braços abertos, o corpo trêmulo, mas firme. Os olhos encaravam os dele com coragem. Ela sabia que ele não teria coragem de machucá-la, não com os filhos ali, não com tudo o que ainda havia entre eles, por mais ferido que estivesse. Heitor ligou o carro, o motor roncou
Último capítulo