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📖 CAPÍTULO 7 – PROMESSAS E UM FUTURO INCERTO

Chiara passeava pela sala enorme da mansão, o salto ecoando como pequenos tiros contra o piso brilhante. Na mesa, dezenas de fotos impressas de vestidos, convites, arranjos e possíveis destinos para a lua de mel estavam espalhadas como um mosaico da vida que ela queria — a vida pela qual lutara com todas as armas que tinha.

Mas havia um detalhe irritante, quase imperdoável: Owen só aceitara o casamento civil. Nada de festa extravagante, nada de cerimônia religiosa, nada de salão com centenas de convidados. Apenas uma assinatura, dois padrinhos, e pronto.

Isso acendia nela a velha frustração. Chiara queria o pacote completo — um casamento grandioso, midiático, elegante. O casamento de uma futura senhora Davis. Mas por enquanto, precisava fingir satisfação.

“Um passo de cada vez”, repetiu para si mesma, enquanto separava inspiração para o buquê — embora soubesse que não haveria buquê algum. Ainda.

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Do outro lado da casa, Owen entrou no escritório onde Travis estava reclinado no sofá, dedicando-se a um videogame que ocupava seus raros momentos de folga. Travis pausar o jogo ao ver a expressão do primo.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, se ajeitando.

Owen colocou as mãos nos bolsos, hesitou um instante e foi direto:

— Chiara está grávida.

Travis arregalou os olhos, depois soltou um assobio baixo.

— Uau. Isso é… inesperado.

— Pois é — Owen respondeu, indo até a janela. — Ela quer casar. Oficializar tudo.

Travis soltou um riso leve, sem ironia, mas com uma sinceridade que Owen apreciava.

— E você não quer.

Owen virou de leve o rosto, sem negar.

— Não assim. Não desse jeito. Mas… também não vou fugir da responsabilidade.

Travis se levantou, aproximou-se e colocou uma mão no ombro do primo.

— Você vai ser pai, cara. Talvez seja isso que você precisava para criar algum vínculo real com alguém.

Owen não respondeu. Não estava preparado para pensar em vínculos, muito menos em amor. Estava apenas calculando, como sempre fazia. Um filho mudaria tudo: sua rotina, sua liberdade, seu futuro. Mas também era uma parte dele. E isso ele levaria a sério.

— Vai ficar tudo bem — disse Travis. — E, se não ficar, eu estou com você. Como sempre.

Owen assentiu, agradecido de um jeito silencioso.

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Enquanto isso, do outro lado da cidade, Seline recebia Anna em sua clínica. O lugar era impecável, moderno e silencioso, com um aroma suave de baunilha no ar e uma equipe sorridente. Anna se sentia deslocada, mas ao mesmo tempo segura — algo naquele lugar parecia prometer uma nova vida.

Seline a guiou até uma sala branca e acolhedora, sentando-se de frente para ela com um sorriso profissional.

— Anna, eu queria conversar com você sobre uma possibilidade que pode ajudar muito a sua situação aqui — começou. — Você já ouviu falar de doação de óvulos?

Anna franziu a testa.

— Já ouvi… mas não sei muito sobre isso.

— É um procedimento simples — mentiu Seline, omitindo as partes mais delicadas. — E muito bem pago. Com o valor que você receberia, poderia alugar um lugar, começar uma nova vida e não precisaria voltar ao Brasil tão cedo.

Anna engoliu em seco.

— Eu não tenho documentos para trabalhar aqui… isso complica tudo.

— Eu posso te ajudar com isso — Seline garantiu, sem qualquer intenção real de cumprir a promessa. — Tenho contatos que conseguem regularizar a sua situação. Mas preciso que você confie em mim.

Anna olhou para o chão. A morte da mãe ainda era uma ferida aberta, incapaz de cicatrizar. A ideia de voltar ao Brasil a fazia sentir como se estivesse voltando para o vazio.

— Quanto eu receberia?

Seline abriu um pequeno sorriso vitorioso.

— Cinco mil dólares. E, se tudo der certo, ainda podemos aumentar esse valor dependendo das necessidades da paciente.

Anna piscou. Aquilo era mais dinheiro do que ela tinha visto na vida inteira de uma só vez.

— Eu… eu aceito — ela respondeu, com a voz trêmula. — Eu preciso recomeçar. Não tenho mais ninguém no Brasil.

Seline tocou sua mão com falsa empatia.

— Ótima escolha, querida. Vamos começar tudo com calma. Você vai ver que sua vida vai melhorar muito.

Anna sentiu um alívio estranho, como se finalmente uma porta tivesse se aberto. Ela só não conseguia perceber que estava entrando por uma porta que não tinha saída.

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Naquele mesmo dia, Anna saiu da clínica com um folheto de instruções e um sorriso fraco, mas esperançoso. A brisa fria da tarde tocou seu rosto enquanto ela caminhava em direção à estação de metrô mais próxima.

Ela decidiu: precisava de um lugar para morar. Não podia ficar vivendo de favor ou dormindo em hotéis pagos por Seline. Precisava ser independente — algo que sempre foi, mesmo nas dificuldades com a mãe.

No passado, em São Luís, enquanto estudava na universidade estadual, Anna havia feito um curso online de inglês. Não era fluente, mas conseguia se virar bem — o suficiente para se comunicar, pedir ajuda, entender anúncios.

E isso fez toda a diferença agora.

Ela comprou um jornal impresso em uma banca — ainda estranhando que isso existisse em Nova York — e se sentou em um banco de praça. Ali, cercada por prédios enormes e pessoas apressadas, começou a sublinhar vagas que pareciam possíveis para ela: atendente de cafeteria, auxiliar de limpeza, recepcionista de hostel…

Nada glamouroso. Mas tudo honesto.

Depois, virou as páginas até a seção de imóveis. Encontrou pequenos estúdios e quartos para alugar, alguns mobiliados, outros não. Os preços eram altos, mas com o dinheiro que receberia pelo procedimento, seria possível.

Era a primeira vez em dias que ela sentia algo parecido com esperança.

O sol já começava a se pôr quando Anna levantou, guardou o jornal e começou a caminhar. Nova York era barulhenta, intensa e totalmente diferente de tudo o que ela conhecia.

Mas, pela primeira vez desde a morte da mãe, ela sentiu que talvez — só talvez — pudesse construir uma nova vida ali.

Sem perceber, enquanto caminhava em direção ao metrô, o destino dela estava sendo cuidadosamente escrito pelas mãos de pessoas com mais poder do que ela imaginava.

E Anna ainda não sabia que, no centro desse jogo, ela seria a peça mais valiosa.

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