Stella estava desesperada. Após abandonar a universidade para pagar as dívidas deixadas pelo pai, tudo o que ela queria era recomeçar, mesmo que para isso precisasse falsificar um currículo e engolir o orgulho para conseguir um emprego como secretária do implacável CEO Damian Winter. O que ela não esperava era que seu novo chefe fosse tão atraente quanto perigoso... e que uma série de provocações e encontros intensos acabaria levando a um contrato indecente. Um acordo sigiloso, regido por poder e desejo, no qual Stella se comprometia a satisfazer as vontades de Damian, com a única condição de nunca engravidar. Mas o que acontece quando Stella descobre que quebrou esse acordo? Agora, grávida e com o coração em ruínas, Stella descobre na TV que Damian está noivo de uma herdeira rica. Esconder essa verdade parece a única opção. Mas segredos não ficam enterrados para sempre.
Leer másSTELLA HARPER
Eu encarava a sacola em cima da bancada como se ela pudesse, de alguma forma, desaparecer se eu a ignorasse por tempo suficiente. Comprei o teste naquela manhã, depois de semanas me enganando. O atraso, as tonturas, o enjoo que virou rotina... Eu repeti para mim mesma que não podia ser. Não era. Três meses atrás, eu havia assinado um contrato com Damian, meu chefe. Nele, eu me comprometia a satisfazer suas necessidades sexuais em sigilo absoluto e com a condição de tomar anticoncepcionais regularmente para evitar qualquer gravidez. Se uma gravidez acontecesse, eu teria que pagar dez vezes o valor que ele me pagava, uma quantia impagável para mim, que ainda estava lutando para pagar as dívidas de jogo do meu pai falecido. Mas agora, claramente, eu quebrei o contrato. Envolvi os braços ao redor do corpo, os dedos apertando o tecido do meu moletom velho como se isso pudesse me ancorar. O banheiro estava a poucos passos de distância. Mas eu já sabia. No fundo, sabia. Sentia isso nas entranhas, no peito, na pele que parecia mais sensível do que nunca. Aquele banheiro era como um portal para uma realidade que eu não queria atravessar. Enquanto eu permanecesse ali, parada, podia fingir que tudo era apenas um atraso, talvez causado pelo estresse, pelas viagens, pelas noites sem dormir por causa dele. Um soluço escapou da minha garganta antes mesmo que eu pudesse contê-lo. Inclinei a cabeça para trás, tentando manter o ar nos pulmões. — Não pode ser isso… — sussurrei, quase sem som. Com passos trêmulos, me aproximei do banheiro. Meus dedos tremiam quando segurei a embalagem e a rasguei. Meu estômago se revirou com tanta força que precisei me apoiar na pia para não desabar. Segui as instruções como uma máquina, quase sem pensar, tentando bloquear o pânico que ameaçava me engolir. Coloquei o teste sobre a pia e recuei, como se ele fosse radioativo. "Três minutos." Era o que o manual dizia. Comecei a andar de um lado para o outro no espaço apertado, com os braços cruzados sobre o peito. "É impossível. Eu tomei o remédio certinho, fiz como ele mandou, assim como dizia o contrato. Tenho que estar protegida." As vozes na minha cabeça se atropelavam, misturando medo, culpa e desespero. Três. Dois. Um. Zero. O alarme no meu celular soou, e eu congelei. Por um instante, pensei em não olhar. Queria deixar o resultado ali para sempre, intocado, num limbo em que eu ainda podia fingir que estava tudo bem. Mas eu precisava saber. Respirei fundo e caminhei de volta à pia. Quando finalmente olhei para o visor, o mundo parou. Duas linhas. Claras. Fortes. Incontestáveis. — Não… — a palavra saiu num fio de voz, junto com um nó que explodiu em lágrimas. — Não pode ser… não… O teste escorregou da minha mão e caiu no chão. Eu recuei até encostar na parede e deslizei até o piso gelado, abraçando as pernas com força. As lágrimas vinham silenciosas no começo, depois em soluços que sacudiam meu corpo inteiro. Isso não fazia parte do meu plano. Não era assim que minha vida deveria ser. Talvez o teste estivesse errado. Talvez fosse um defeito. Num impulso desesperado, me arrastei até a sacola e peguei o segundo teste. Com mãos trêmulas, repeti cada passo entre lágrimas e respirações ofegantes. Três minutos depois, a confirmação. Duas linhas. Outra vez. — Não… não pode ser… — murmurei, enterrando o rosto nas mãos. Ouço o som da porta da frente se abrindo mas não me movo. — Stella? — a voz de Leah, minha melhor amiga, ecoou pelo apartamento, cansada depois do trabalho. — Cheguei! Não respondi. Não conseguia. — Stella? — ela apareceu na porta do banheiro e parou ao me ver no chão, em prantos. — Meu Deus… o que aconteceu? Leah correu até mim, ajoelhando-se e me puxando para seus braços. — O que foi? Você está machucada? — Eu… eu estou… — minha voz saiu aos soluços — eu estou grávida… — Grávida? — ela repetiu, surpresa, olhando para os testes caídos no chão. Então me envolveu em um abraço mais apertado. — Oh, Stella… — Eu quebrei o contrato. — sussurrei contra o ombro dela. — Eu tenho que pagar dez vezes o valor que recebi. Eu não tenho esse dinheiro, Leah Eu estou presa… — Falo em sussurro, com os olhos fixos no vazio.— É impossivel pagar dez vezes o valor que ele me pagou nesses três meses— Stella… — Leah murmurou, com um olhar preocupado.
— Eu não tenho escolha. — minha voz saiu baixa, quase sem vida. — A única saída... é interromper a gravidez. Antes que fique tarde demais.
— Calma, vamos para a sala, se acalmar e beber uma água. — Me deixo ser arrastada por ela, sento e em seguida bebo a água que ela me entrega. — Você estava dizendo que vai... que está pensando em...
Assenti com um movimento trêmulo da cabeça, o estômago se revirando ao pronunciar em silêncio a palavra que eu não conseguia dizer em voz alta. Abortar.
— Eu não posso ter esse bebê, Leah. Ele vai me destruir. Ele vai achar que eu fiz isso de propósito. Vai me odiar. Vai me demitir. Vai me processar.
— Mas… é isso mesmo que você quer? Você tem certeza?
Abri a boca para responder. Mas nada saiu.
Eu fechei os olhos.
Por um segundo, vi um vulto vago no futuro. Uma criança. Pequena. Frágil. Me chamando de mãe.
Meu peito apertou. E dessa vez não foi medo.
— Eu... — levei a mão ao ventre. — Eu não sei. Eu não sei o que fazer, Leah. Mas... e se isso for tudo o que eu tenho? E se esse bebê for... a única parte boa de tudo isso?
Ela se inclinou e segurou minhas mãos com firmeza.
— Então ouve o que eu vou te dizer. — seus olhos estavam cheios de ternura. — O Damian pode parecer um monstro, mas ele não vai te prender a um contrato agora. É uma vida. Um filho dele. Você precisa contar. Antes que decida qualquer coisa, antes que vá para qualquer clínica, você precisa contar pra ele. Tenho certeza que ele não leva esse contrato tão a sério, era só uma forma de se precaver, você vai ver.
Mas eu não acreditava. Ele levava tudo a sério, e pior, pensaria que eu engravidei de propósito e use esse pequeno herdeiro para disputar a herança dele.
— Espera… — falei, quando a TV ligada na sala chamou minha atenção. Na tela, estava uma notícia que me esmagou: Damian Winter ficou noivo de Sophie Pósitron, herdeira de uma família rica.
Eu engoli em seco. Eu nunca teria um lugar ao lado dele. Nunca. E naquele momento, uma decisão tomou conta de mim. Eu precisava fugir. Para um bem lugar longe do alcance de Damian Winter.DAMIAN WINTER O barulho dos talheres contra a porcelana era mais incômodo do que qualquer reunião de diretoria. Minha mãe mandou bordar o símbolo da empresa em cada guardanapo de linho. O mesmo símbolo estava estampado nos pratos, nos copos e até nos malditos porta-guardanapos. Estávamos cercados pela nossa herança. Literalmente. O jantar semanal na casa dos meus pais era um ritual, quase uma cerimônia. Todos estavam ali. Meu pai, William Winter, (ou WW como costumo chamar quando ele me incomoda) com seu terno Armani mesmo dentro de casa, como se sua autoridade dependesse da gravata escolhida no dia. Minha mãe, Elaine, sorridente até demais servia os pratos como se ainda vivêssemos no século passado. E minha irmã mais nova, Lizzy, ela é... bom, acho que a melhor forma de descrevê-la é que é o oposto de mim. Alegre, irresponsável, aventureira e rebelde. — Você está comendo tão pouco, Damian. — observou minha mãe. — Está magro. Andando demais com essa sua rotina insana. — Voc
STELLA HARPERO som da chave girando na fechadura pareceu alto demais no silêncio do apartamento. Empurrei a porta com o ombro, as sacolas com a marmita do almoço intocada ainda penduradas na mão, e fechei com o pé. As paredes brancas e a mobília barata me acolheram com a mesma indiferença de sempre. Tudo estava do mesmo jeito, exceto por mim.Me senti sugada. Como se cada dia estivesse tirando algo de dentro de mim, pouco a pouco. Mas não chorei. Só havia aquele cansaço espesso que grudava no corpo, na cabeça, nos ombros. Eu só queria um lugar para cair.— Caramba, Stella, você parece um zumbi. — A voz de Leah veio da sala com uma mistura de susto e repreensão.Ela estava sentada no sofá com as pernas cruzadas, vestindo um moletom rosa claro, com uma caneca de chá nas mãos. Seus cabelos cacheados, tingidos de um ruivo vibrante, estavam presos no alto da cabeça com uma presilha torta, e seu rosto, sempre com sardas salpicadas pelo nariz e maçãs do rosto, se contorceu em preocupação qu
STELLA HARPER Três dias se passaram desde que assinei aquele contrato com as mãos trêmulas e o coração despedaçado. Três dias desde que me despi diante dele e, num último fôlego de dignidade, perguntei quanto custava por cada vez que fizéssemos. Três dias tentando manter a sanidade em meio a minha rotina profissional que continuava com a mesma formalidade hipócrita de sempre, exceto que agora havia uma corda invisível me puxando na direção dele, e outra me forçando a resistir. Damian Winter era homem mais insuportavelmente frio que já conheci. E o mais perigoso. Não porque grita, ou quebra coisas, ou perde o controle. Pelo contrário, parece que ele nunca perde. Um verdadeiro robô, como eu mesma o apelidei desde o primeiro dia. Mas até robôs têm falhas, e desde que me coloquei à sua disposição, ou fui forçada a isso, ele parecia empenhado em me ver quebrar aos poucos. Esses dias tem sido um inferno entre as ameaças dele e suas tentativas nada sutis de me seduzir. Quando digo "nada su
DAMIAN WINTER Ela estava de pé diante de mim. Sem camiseta. Sem short. Só de sutiã e calcinha. Os olhos vermelhos de tanto chorar. O peito arfando. A voz veio aos meus ouvidos, rasgada pela revolta: — Quanto custa por vez? Ela estava me desafiando. Não desviei o olhar. Não suspirei. Não demonstrei choque. Meu rosto permaneceu inexpressivo enquanto por dentro uma mínima, quase imperceptível, fisgada de desconforto se agitava no meu estômago. Mas apenas isso. Ela quis me atingir com a pergunta. Achando que assim teria algum tipo de vitória. Mas não era ela quem estava no controle da situação. Nunca foi. — Finalmente entendeu. — falei, com frieza. — Está começando a agir como adulta. Ela piscou, como se tivesse levado um tapa invisível. Eu me aproximei um passo, ela recuou e seus punhos se fecharam. Estava tão corajosa sobre cumprir o acordo um minuto atrás e agora está fugindo de mim? — Está ofendida? Poupe-se do drama, Stella. Você leu o contrato antes de assinar. Ou
STELLA HARPER Fingir estar doente não exigiu esforço. Depois do que aconteceu ontem, meu corpo inteiro se sentia como se tivesse sido atropelado por um caminhão invisível. Havia um peso emocional esmagador que me mantinha deitada, imóvel, encarando o teto manchado do meu apartamento. O beijo que Damian me deu parecia ainda queimar na minha boca como uma marca. Não foi um beijo... foi uma invasão. Uma quebra de barreira. Assim que saí do avião ontem, tudo em mim gritava para fugir. Meu coração batia tão forte que mal consegui dormir na noite passada. E quando finalmente dormi, sonhei com ele. Ainda consigo lembrar do peso do corpo dele sobre o meu, a mão segurando meu rosto, os olhos famintos e meus gemidos implorando por mais. Então hoje, ao acordar, liguei para o RH e disse que estava passando mal. Nem precisei me esforçar para fingir o resfriado. Meu tom já era o de alguém quebrado. Passei o dia inteiro pensando em pedir demissão. Cheguei a abrir o notebook, digitar alguma
DAMIAN WINTER Provocar Stella Harper havia se tornado um dos meus passatempos preferidos. Ela reagia de maneira fascinante: os olhos arregalavam, os ombros enrijeciam, a respiração se tornava irregular. Cada reação denunciava o quanto ela se esforçava para se manter profissional. Depois da última provocação no meu quarto ela passou o dia inteiro me evitando como o diabo foge da cruz. Não me surpreende. No entanto, irritantemente, isso só tornou tudo mais interessante. Ela não fazia ideia de que eu ouvira cada palavra que disse sobre mim no escritório. Mas o que ela não sabia, e isso eu fazia questão de manter assim por enquanto, era que eu a observei desde o começo. Desde o primeiro dia. Eu estava assistindo à entrevista dela com o Collins. Eu não pretendia acompanhar todas. Apenas algumas. Mas então ela entrou. Seu currículo estava tecnicamente bom, pelo menos na superfície. Ela estava indo bem no começo, mas no fim se deixou ser derrubada pelo nervosismo edecidiu reve
Último capítulo