Um mês havia se passado desde que Anna chegara a Nova York. A cidade já não parecia tão assustadora — ainda gigante, barulhenta e fria, mas agora familiar o suficiente para que ela se movesse por suas ruas sem tremer por dentro.
Com o dinheiro que ainda tinha guardado e os primeiros passos no inglês aprendido no Brasil, Anna conseguiu algo que parecia impossível: um emprego.
O Blue Crown Diner, uma lanchonete de esquina com cheiro constante de café forte e bacon, precisou de uma atendente para o turno da manhã. O gerente, Sr. Mark Holloway, um homem sério de rosto amassado pelo cansaço, a contratou no mesmo dia.
— Seja bem-vinda ao time, Anna — ele disse, entregando-lhe o avental azul.
Era uma vida simples, mas era uma vida. E, pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que podia respirar.
---
A lanchonete era um turbilhão de gente. Turistas tirando fotos das panquecas, trabalhadores apressados pedindo café para viagem, mães com carrinhos de bebê procurando um minuto de paz. E