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📖 CAPÍTULO 8 — O PLANO PERFEITO

Alugar o pequeno apartamento em Queens foi como finalmente respirar depois de semanas sufocantes. Não era grande, nem moderno, e ficava longe da clínica — uma viagem longa de metrô, duas linhas trocadas e quarenta minutos de caminhada nos dias mais frios. Mas era seu. Mobiliado, modesto, silencioso.

Um recomeço.

Com o dinheiro que ganhara entregando as drogas, Anna pôde pagar o depósito e o primeiro mês. As paredes ainda carregavam o cheiro leve de tinta antiga, mas isso não a incomodava. Naquela primeira noite, deitada no colchão simples, Anna se permitiu algo raro: sensação de estabilidade.

No dia seguinte, voltou à clínica de fertilização para fazer os exames que Seline solicitara. A enfermeira colheu sangue, fez ultrassom, avaliou sua saúde geral. Anna estava nervosa, mas Seline havia garantido que seria rápido e fácil.

E foi.

Dois dias depois, Seline ligou pedindo urgência.

— Venha à clínica assim que puder, querida — disse com aquela voz suave, estudada. — Tenho seus resultados.

Anna correu. Ao entrar no consultório, encontrou Seline sorridente, elegante como sempre, vestindo um blazer vinho impecável.

— Está tudo perfeito — anunciou. — Seus óvulos são saudáveis, sua resposta hormonal é excelente, e podemos começar o estímulo daqui a doze dias. Assim, daqui a um mês, fazemos a coleta.

Anna suspirou, aliviada.

— Eu realmente preciso disso — murmurou, emocionada.

Seline tocou sua mão com falsa ternura.

— E você terá. Confie em mim. Esse será o começo da sua nova vida.

Anna acreditou. Queria acreditar. Precisava acreditar.

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Enquanto a brasileira construía silenciosamente uma nova rotina, no outro lado da cidade Chiara estava ocupada demais planejando — e manipulando — o seu futuro.

Nos últimos dias, ela estava colada ao celular, monitorando jornalistas, colunistas sociais e influenciadores. Bastou um e-mail anônimo, bem elaborado, enviado para a imprensa de moda e negócios: “Fontes internas afirmam que o bilionário Owen Davis irá oficializar união com a modelo Chiara Fontes em breve.”

Em menos de três horas, a notícia estava em tudo quanto era lugar.

Chiara observava as notificações subindo no celular com um sorriso vitorioso. Por enquanto, aquilo bastava. Era o suficiente para colocar seu nome nas manchetes — e pressionar Owen sem que parecesse obra dela.

Owen recebeu a enxurrada de mensagens no escritório e revirou os olhos.

— Mas que inferno… — murmurou. Travis, sentado do outro lado da mesa, apenas levantou as sobrancelhas.

— A imprensa explodiu, hein.

Owen esfregou a testa, irritado. Tudo que ele queria era um casamento civil discreto, sem holofotes, sem paparazzi, sem expectativas exageradas. Mas com Chiara, discretos eram apenas os venenos que ela escondia.

A única vantagem é que ela não deixara vestígios. Ele não tinha provas — apenas uma certeza incômoda.

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Os dias passaram rápidos. Manhattan se enfeitava silenciosamente para o casamento civil que aconteceria no cartório reservado por Owen. Uma cerimônia mínima, apenas testemunhas e o juiz.

E enquanto a cidade se preparava para assistir — mesmo de longe — ao casamento do ano, outra história se movia nos bastidores.

Faltava um dia para a cerimônia quando o diretor financeiro da empresa, amigo de faculdade de Owen, resolveu armar uma despedida de solteiro surpresa.

— Você não vai fugir dessa, irmão — disse o homem, arrastando Owen para uma limusine. — É sua última noite solteiro!

Owen tentou protestar.

— Não quero festa, não pedi festa, não—

Mas já era tarde. A música alta, o whisky caro e a insistência dos colegas o arrastaram para dentro da comemoração. Travis, sempre companheiro, estava lá também — rindo, mas de olho para impedir qualquer exagero.

O que não conseguiu impedir foi o excesso de álcool.

Horas depois, Owen estava completamente bêbado, perdido entre risadas, lembranças da mãe e frustrações do casamento que não queria.

— Aproveita, porque amanhã acabou — brincou Travis, batendo nas costas dele.

Owen só riu, meio amargo, meio resignado.

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No mesmo dia, no Queens, Anna estava separando a roupa que usaria para a coleta no dia seguinte quando o telefone tocou.

Era Seline.

— Anna querida, preciso te avisar… — disse ela, com a voz carregada de falsa culpa. — Não vou poder estar presente amanhã no procedimento.

Anna congelou.

— Por quê?

— O casamento da minha melhor amiga — disse rapidamente. — É em Manhattan e começa cedo, e eu preciso me arrumar com a equipe. Mas não se preocupe, deixei tudo pronto. Minha equipe é qualificada, você estará em excelentes mãos.

Anna respirou fundo, tentando não demonstrar insegurança.

— E tudo vai ocorrer bem, certo?

— Perfeitamente. Apenas esteja no horário, às oito da manhã. Vá em jejum. Qualquer dúvida, me mande mensagem.

Anna agradeceu e desligou, embora tivesse uma sensação esquisita no estômago. Mas afastou o pensamento. Seline era tão gentil, tão prestativa… não tinha motivos para duvidar.

Ou achava que não tinha.

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Enquanto isso, na clínica já fechada para o público, Seline conversava com sua assistente, uma mulher de óculos finos e olhar nervoso.

— Então amanhã será…? — a assistente perguntou, hesitante.

Seline sorriu com frieza.

— A inseminação. Não a coleta.

A assistente arregalou os olhos.

— Mas… doutora… a paciente acha que—

— Eu sei o que ela acha — interrompeu Seline, guardando documentos em uma pasta de couro. — E é assim que deve continuar. Chiara está desesperada pois deu muito trabalho para conseguir o material do Owen. E essa é nossa chance.

— Mas não é arriscado?

— Arriscado é deixar passar a oportunidade de ouro — cortou Seline, saindo da sala. — Apenas siga o protocolo. A sedação, a transferência embrionária, tudo discreto. Como planejado.

A assistente engoliu seco.

Seline já estava na porta quando se virou e acrescentou com um sorriso:

— Amanhã, querida… nós criamos um bebê.

E apagou as luzes da clínica.

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