Início / Romance / Babá da Minha Filha Sem Saber / 📖 CAPÍTULO 9 — DUAS VIDAS, UM DESTINO
📖 CAPÍTULO 9 — DUAS VIDAS, UM DESTINO

A manhã amanheceu fria em Manhattan, mas a cidade parecia vibrar com mais intensidade do que o normal. Era como se, sob o concreto cinzento e os prédios altíssimos, duas histórias estivessem prestes a colidir — silenciosamente, sem aviso, sem misericórdia.

O casamento

No cartório reservado, decorado apenas com um pequeno arranjo de flores brancas que Chiara insistira em levar, Owen ajustava o terno com a mesma expressão de quem estava prestes a assinar um contrato desfavorável. Ele respirava fundo, tentando afastar a ressaca da noite anterior, enquanto Travis permanecia ao seu lado como apoio silencioso.

Chiara, por outro lado, estava radiante.

O vestido branco simples moldava suas curvas com perfeição calculada, e o sorriso perfeitamente ensaiado não deixava transparecer nenhuma sombra de dúvida. Ela segurava o braço de Owen com força — talvez um pouco mais do que o necessário — como se temesse que ele escapasse.

— Finalmente, amor… — sussurrou ela, de forma doce demais. — Nosso grande dia.

Owen apenas assentiu. Estava cansado demais para discutir e pragmático demais para fugir. Já tinha tomado a decisão, e agora só precisava honrá-la.

O juiz deu início à cerimônia. Curta. Direta. Sem pompa, como Owen exigira.

— Owen Alexander Davis, aceita Chiara Fontes como sua esposa?

Ele respirou fundo uma última vez, como quem mergulha no escuro.

— Aceito.

Chiara sorriu tão vitoriosa que parecia iluminar o lugar inteiro.

---

Na clínica de Seline

Ao mesmo tempo, em um bairro distante de Manhattan, Anna chegava à clínica vestindo uma blusa quente, uma calça confortável e um casaco simples que comprara em promoção. Não sabia explicar por quê, mas estava estranhamente tranquila.

A recepcionista a cumprimentou com um sorriso.

— Bom dia, Anna. A doutora deixou tudo preparado. Pode aguardar na sala.

Anna sentou-se, abraçando a bolsa no colo. Tinha dormido pouco, ansiosa pelo procedimento que acreditava ser a coleta de óvulos. Achava que só teria alguns desconfortos, talvez um pouco de cólica.

Nada grave.

Alguns minutos depois, a enfermeira a chamou.

— Anna? Vamos começar.

A sala estava silenciosa, com luzes suaves, música calma ao fundo. Seline realmente sabia como fazer seus pacientes se sentirem seguros. Anna deitou-se na maca e uma segunda enfermeira ajeitou o lençol sobre suas pernas.

— Vou aplicar a sedação leve — explicou a enfermeira. — Você vai dormir rapidinho. Quando acordar, já terá terminado.

Anna sorriu, nervosa.

— Está bem… obrigada.

O líquido entrou pela veia, frio, rápido. A visão começou a embaçar. A sala girava devagar. A última coisa que Anna ouviu foi a voz suave da enfermeira:

— Relaxe. Está tudo indo muito bem…

E então, escuridão.

---

A verdade escondida

Com Anna inconsciente, a equipe se moveu com eficiência calculada. A enfermeira-chefe fechou uma das portas, a técnica conferiu o material preparado previamente, e a assistente de Seline organizou o equipamento.

— Vamos iniciar — disse a assistente, consultando o checklist. — Procedimento confirmado.

Não era uma coleta.

Era a inseminação.

O embrião que Chiara tanto exigira — criado às pressas com o material de Owen, após um procedimento escondido — foi transferido silenciosamente para o útero de Anna.

Minutos depois, o procedimento estava completo.

Quando Anna começou a despertar, estava deitada em outra sala, coberta por um cobertor térmico.

— Senhorita Santos? Pode acordar devagar… já terminamos — disse a enfermeira.

Anna piscou, confusa, mas sem dor, sem incômodo.

— Já acabou? — murmurou.

— Sim. Correu tudo perfeitamente. Você pode ir pra casa quando se sentir bem.

Anna sorriu — cansada, mas tranquila.

— Obrigada. De verdade.

E saiu da clínica sem imaginar que sua vida havia sido arrancada do rumo original naquela manhã.

---

O retorno para casa

O metrô estava cheio, barulhento, abafado. Mas Anna só pensava em chegar ao apartamento, descansar, talvez pedir alguma comida e assistir a algo para distrair a mente.

No vagão, segurando o corrimão, ela se perguntou como sua mãe reagiria ao saber que ela estava tentando recomeçar.

Será que ela se orgulharia?

A pergunta doeu, mas trouxe também um conforto estranho. Talvez, só talvez, Beatriz estivesse olhando por ela de algum lugar.

---

O final do casamento

Enquanto isso, no cartório, Chiara beijava Owen na bochecha para a foto oficial. Ela sorria brilhante, impecável. Owen mantinha a postura, ainda lutando contra a ressaca e contra um peso emocional que não sabia explicar.

— Agora somos oficialmente casados — disse Chiara, segurando o braço dele com firmeza. — E nada poderá nos separar.

Travis desviou o olhar, incomodado. Algo ali não parecia certo. Mas ainda não tinha provas.

Chiara, porém, estava exatamente onde queria estar.

E naquele mesmo instante, enquanto ela posava para fotos, o bebê que tanto planejara — e que Owen acreditava ser fruto do casamento deles — estava sendo implantado no corpo de uma estrangeira sozinha, vulnerável, recém-chegada aos EUA.

Uma peça perfeita em um jogo perfeito.

E nenhuma das duas — nem Anna, nem Chiara — fazia ideia do que estava prestes a acontecer.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App