Ela foi contratada pra reformar a torre dele. Mas o que ele quer mesmo é arrebentar sua resistência, dobrá-la no mármore e fazê-la perder o controle antes de implorar por mais. Clara Antonelli é uma arquiteta de elite. Formada na Itália, conhecida por transformar concreto em arte e por nunca abaixar a cabeça — nem diante dos homens mais poderosos do mercado. Disciplinada, provocante e com uma mente afiada, ela está prestes a encarar o maior projeto da sua carreira: reformar a sede da Vellamo & Co. O problema? Leon Vellamo. Bilionário. Frio. Intocável. O dono do prédio… e do jogo. Clara achava que enfrentaria desafios técnicos. Mas Leon entrega tensão, provocações e ordens que mexem com tudo — menos com a fachada que ela exibe. Ele quer testar seus limites. Dobrar sua firmeza. Ver até onde ela resiste antes de perder o controle. E ela… está disposta a ir até o fim, desde que seja de cabeça erguida — ou contra o mármore, se for necessário. Altos Desejos é uma história de poder, prazer e guerra emocional. Onde o desejo sobe mais rápido que qualquer elevador. E onde, no topo, só um vai manter o controle.
Ler mais*Clara*
A primeira coisa que Clara sentiu ao sair pela porta foi o vento cortante da manhã. Ainda escuro. Ainda em silêncio. Ela amarrou os tênis com a firmeza de quem amarra a própria alma. Era 4h57. Em três minutos, seu corpo estaria em movimento. E o resto do mundo ainda dormia. Todos os dias, às 5h da manhã, Clara Antonelli corria. Corria como se o asfalto fosse o único lugar onde ela podia ser só movimento — sem pressão, sem cobranças, sem ter que provar nada a ninguém. Ali, entre as luzes fracas dos postes e o silêncio das ruas ainda dormindo, Clara era só Clara. Na verdade… Clara Antonelli de Manaus, nascida e criada na natureza. Enquanto outras crianças brincavam de boneca, ela crescia entre as sombras de palafitas e as histórias da mãe, que dizia: “Filha, mulher forte não precisa gritar. Só precisa ir.” Ela foi. Estudou como uma obcecada. Ganhou uma bolsa para estudar arquitetura em Florença, o berço da proporção áurea, da simetria e da beleza atemporal. Lá, ela foi vista — não como a garota da floresta, mas como a futura arquiteta que projetaria edifícios que dariam inveja aos deuses antigos. Agora, Clara corria entre os prédios de Nova York, cidade onde tudo era rápido, cruel e justo ao mesmo tempo. Ela escolheu estar ali. Ela merecia estar ali. E hoje… Ia se encontrar com Leon Vellamo. _______________ *LEON* Leon Vellamo observava os primeiros raios do sol cortando o céu através das janelas da sua cobertura no 93º andar. Não era um homem de rituais sentimentais — mas aquele momento, o instante antes do dia começar, era o único que lhe pertencia. Filho de uma dinastia bilionária do setor imobiliário, cresceu rodeado por aço, vidro e poder. Enquanto outras crianças jogavam bola, ele andava em canteiros de obras com o pai. Aos 12, já entendia sobre fundações e contratos. Aos 17, negociava como adulto. Aos 30, comandava tudo. O mundo o via como um prodígio frio. Mas Leon era mais. Era controle. Era leitura. Era silêncio afiado. Hoje, teria uma reunião com a arquiteta escolhida para reformar a sede central da Vellamo & Co. Um projeto simbólico, delicado, onde apenas o melhor serviria. Ele já havia dispensado os melhores nomes do mercado. Mas então apareceu o portfólio dela. Clara Antonelli. Desconhecida. Exótica. Precisa. Seu projeto era uma dança entre concreto e luz. Uma obra viva. E algo nele… queria vê-la pessoalmente. _____________________ *CLARA* Ela subiu os degraus do Vellamo Tower com o suor da corrida ainda fresco sobre a pele. A camisa branca de seda colava levemente nas costas, aquecida pela jaqueta escura de alfaiataria impecável. O coque baixo e firme prendia os cabelos loiros com disciplina — revelando um pescoço exposto, bonito, sem pressa. Ela caminhava como quem tinha pressa por dentro, mas elegância por fora. Clara entrou no saguão principal do edifício — um espetáculo de mármore, vidro e silêncio caro. Um lugar onde até o ar parecia condicionado a obedecer. Ela se aproximou da recepção e, com a voz firme, anunciou: — Clara Antonelli. Reunião marcada com o Sr. Vellamo às 07h00. A recepcionista ergueu os olhos do monitor e assentiu, como se já soubesse quem ela era. Em segundos, uma mulher surgiu pela lateral do balcão. Alta, morena, com pele aveludada e postura de quem sabia o peso do próprio salto. — Senhorita Antonelli? — disse, com um sorriso educado, mas contido. — Sou Simone. Acompanhe-me, por favor. Simone conduziu Clara pelos corredores até o elevador de acesso restrito. O som dos saltos das duas ecoava como uma trilha de suspense. — O senhor Vellamo está à sua espera no 93º — informou, enquanto pressionava o botão dourado do elevador com um cartão magnético. — Ele raramente antecipa reuniões. A sua é uma exceção. Clara manteve a expressão neutra. Mas por dentro, seu radar estava ligado. Leon Vellamo já estava jogando — e ela também. As portas se fecharam. O elevador subia em silêncio. Clara ajeitou o coque loiro baixo, ajustou a gola da blusa de seda branca sob o blazer justo, e inspirou fundo. Não que estivesse nervosa. Era controle. Sempre controle. As portas se abriram. E ela entrou. O espaço era puro domínio masculino. Linhas retas. Madeira escura. Aço. Vidro. Uma arquitetura que dizia: “Aqui, ninguém toca sem permissão.” “Frio, calculado, rico. Deve ter até senha pra sorrir.”, pensou, com seu sarcasmo afiado. Então o viu. _____________________ *LEON* Ela entrou. E, por um instante, Leon esqueceu como respirar. Cabelos loiros presos num coque elegante, deixando o pescoço livre e provocante. Olhos castanhos escuros, penetrantes, inquisidores — não estavam ali para implorar, mas para avaliar. O maxilar marcado. Os lábios firmes. O corpo vestido com precisão — um terno preto sob medida que acentuava cada curva sem jamais parecer vulgar. Ela andava com firmeza. Postura de rainha. Presença de predadora. Quando parou à sua frente, algo dentro dele se moveu. — Senhor Vellamo — ela disse. A voz… baixa, grave, ritmada. Como o início de um jazz obsceno. — Senhorita Antonelli — ele respondeu, sem desviar o olhar. — Gosto de pontualidade. Ela arqueou uma sobrancelha. — Eu gosto de desafios. Leon apertou o maxilar. Não de raiva. De excitação contida. Ela era fogo em mármore. Reta como uma linha de corte… mas com curvas invisíveis por dentro. E naquele instante, ele soube: Clara Antonelli não era só uma arquiteta. Era uma obra-prima em construção. E ele faria questão de participar do projeto — peça por peça.Na cobertura da Vellamo & Co., o silêncio não era ausência de som. Era grito engolido.Léo encarava o celular como se a tela fosse cuspir a resposta que ele não conseguia encontrar. Já tinha ligado dez vezes. Mandado mensagens. Áudios. Nada.Nada de Clara.Do outro lado do sofá, Talita segurava firme o tablet, tentando contato com a assistente da In.Arte. Sabrina e Vic estavam na frente da televisão, assistindo pela décima vez os vídeos e fotos recém-publicados.— Isso não faz sentido — murmurou Vic, olhos arregalados. — Clara nunca some. Nem quando tá puta. Ela responde, nem que seja um “vai à merda”.Sabrina cruzou os braços, o maxilar tenso.— E essas fotos… — ela apontou pro televisor — não condizem com NADA. A pose dela tá estranha. O olhar perdido. Como se estivesse… dopada.Léo se virou na hora. O estômago virou um bloco de chumbo.— Como assim dopada?— Olha isso — Sabrina pausou na imagem. — Ela não tá nem em pé sozinha. Gianluca tá segurando pela cintura, como se estivesse c
O carro seguia por uma rota improvável. Clara, ainda grogue emocionalmente, olhava a cidade passar como se tudo estivesse num sonho bagunçado demais para ser real. O joelho arranhado ardia, mas o que realmente incomodava era o vazio na cabeça.Gianluca estava ao lado, elegante, olhos fixos na frente.— Gian, onde estamos indo? — ela perguntou, finalmente rompendo o silêncio incômodo.Ele virou o rosto devagar, com um sorriso tranquilo.— Um lugar mais calmo. Não quero te deixar exposta. Não agora. Você precisa de paz.Ela respirou fundo, tentando entender se aquele gesto era altruísmo… ou controle. Mas seu corpo ainda reagia ao choque, e sua mente, nebulosa, aceitava o gesto como necessário.— É perto? — murmurou, tentando manter algum controle.— Dez minutos. Já pedi pra preparar tudo.Clara franziu o cenho.— Preparar o quê?— Um quarto. Um banho. Roupa nova. E, claro… um jantar leve. Você precisa respirar.— Eu só preciso entender o que tá acontecendo, Gianluca…Ele a cortou com do
Na cobertura da Vellamo & Co., em Manhattan, a tensão era densa como o café preto que fumegava na mesa de reuniões — forte, amargo e quase intocável.Léo estava em pé, imóvel, como se cada músculo estivesse sendo esticado por uma dúvida que rasgava por dentro. A TV exibia os noticiários com aquele tom sensacionalista que transforma desgraça em espetáculo.Miguel entrou sem bater, celular na mão, olhos estreitos como navalha.— Você já viu isso? — ele perguntou, sem sequer cumprimentar.Léo não respondeu. Só apontou para a tela onde a manchete rodava em letras vermelhas:“ESCÂNDALO: Clara Ribeiro é acusada de assinar contrato fraudulento com a Dominion Legacy.”Logo abaixo, a imagem que era uma facada disfarçada de flash: Clara, nos braços de Gianluca Renaldi, sendo puxada para dentro de um SUV. A foto parecia tirada direto de um filme de espionagem corporativa. Mas ali, para quem assistia… parecia traição nua e crua.— Que porra é essa? — rosnou Léo, os olhos queimando. A mandíbula co
Gianluca permaneceu sentado no banco da SUV, vendo Clara se afastar com os passos trêmulos de quem tentava parecer firme. O trânsito fluía preguiçoso ao redor deles, indiferente ao escândalo que fervia pelas manchetes — e dentro dele.Ele passou a mão pelo rosto, respirando fundo.Não podia deixá-la solta por aí. Ainda mais agora.Desceu do carro e a alcançou com passos largos.— Clara, por favor — disse, quase num tom entre súplica e comando. — Não é seguro você sair por aí. Eles vão te seguir. A imprensa tá sedenta.Ela parou. O celular ainda vibrando. Os olhos dela eram uma mistura de medo, raiva e confusão.— Me leva então. Mas sem mais enigmas. Chega de silêncio elegante. Me leva pro seu escritório. Lá eu pelo menos não vou cair de novo em calçada nenhuma.Gianluca assentiu com um aceno discreto e fez sinal para o motorista. Enquanto caminhavam juntos de volta à SUV, ele passou a mão pela cintura dela, tentando proteger dos olhares ao redor — e da própria explosão midiática.Só q
A SUV estava estacionada a poucos metros do Central Park, os vidros fumês absorvendo o caos da cidade que, naquele instante, era um espetáculo de ironia.Gianluca Renaldi não piscava.A tela do celular refletia em seus olhos:“URGENTE: Escândalo na Vellamo & Co — Arquiteta renomada envolvida em fraude contratual.”E o nome dela… estava lá.Clara Ribeiro.A mulher que ele tinha feito questão de lançar ao mundo.A mulher que, para todos os efeitos, agora parecia ter traído o próprio namorado em rede nacional.Só que Gianluca sabia.Ela não sabia de nada.E era isso que corroía por dentro.Do banco de trás do carro, ele avistou o primeiro repórter correndo na calçada.Depois outro.E então os flashes começaram, como se a cidade inteira soubesse onde ela estaria.Naquela hora. Naquele exato lugar.“Filhos da puta.”Ele saiu do carro antes mesmo do motorista reagir.⸻Do outro lado da rua, Clara caminhava como sempre fazia quando queria clarear a mente.Tênis, legging, camiseta com nó na c
Capítulo 81 — “Contrato de Corpo e Alma” O barulho da obra havia cessado há horas. Os últimos operários já estavam longe, e até Talita tinha ido embora depois de ameaçar pela décima vez um fornecedor com um taco de golfe improvisado. O prédio, agora em silêncio, respirava poeira e promessas. Mas no terceiro andar… o ar era outro. Clara empurrou a porta do quarto oculto, o “quarto fora do mapa”, com a ponta do coturno sujo de cimento. Já tinha sido ali três vezes ao longo da semana — mas sempre pra analisar o acabamento, rever medidas, ajustar iluminação. Coisas de arquiteta. Hoje… não. Hoje o motivo era outro. Atrás dela, Léo trancou a porta. — Sabia que você viria — ele disse, tirando o blazer com aquele ar de CEO que não aceita ser ignorado. — Eu não vim por você — respondeu Clara, jogando o capacete sobre a bancada. — Eu vim pelo divã. — Claro. Você tem cara de quem precisa desesperadamente de um lugar pra… relaxar. Ela riu. — Cuidado, Léo. Essa sua confiança dá tesão e r
Último capítulo