O casamento de Elizabeth Stewart e John Walker fora selado por um contrato frio e impessoal entre suas famílias. Três anos de matrimônio, um tempo que para Elizabeth significava esperança e amor, mas para John, vingança. Elizabeth, apaixonada, inocente e sonhadora, aceitou o matrimônio com alegria, desconhecendo as cláusulas do contrato. John, por sua vez, acreditando que ela era diferente das mulheres fúteis, mimadas e interesseiras de seu convívio, viu sua imagem idealizada ruir ao descobrir o contrato. Sentindo-se traído, decidiu puni-la por aquilo que julgava ser uma farsa. No dia do casamento, logo após a cerimônia, John deixou Elizabeth sozinha com os convidados. Naquela noite, ao chegarem em casa, ele rasgou todas as roupas dela e lhe deu apenas roupas escuras e austeras. Seu quarto seria o da empregada, e os cuidados da casa. Seu desprezo era implacável. John acreditava que Elizabeth havia aceitado aquele casamento por dinheiro. Sentindo-se enganado por ela, decidiu que transformaria os três anos de casamento num tormento. Enquanto Elizabeth sofria em silêncio e esperança pelo amor de John suportando suas humilhações e desprezo sustentada por sua fé inabalável, a única âncora que a mantinha de pé em meio a dor e solidão. John se tornava cada vez mais um homem frio e cruel. Mas tudo mudou no dia que o contrato chegou ao fim. Misteriosamente Elizabeth desapareceu sem deixar rastros, levando John a repensar seus sentimentos por Elizabeth e o levando a uma busca desesperada por redenção e amor por aquela mulher que passou anos tentando destruir.
Ler mais— Casar!? Casar com o John Walker!? — A exclamação de Elizabeth Stewart foi uma mistura de surpresa e felicidade.
— Sim, isso mesmo — confirmou Helen com um sorriso calculado.
Helen era madrasta de Elizabeth, e via naquele casamento a salvação da família Stewart e sabendo do sentimento da enteada por John desde a adolescência, isso tornaria tudo mais fácil.
— Você aceita?
— Mas como? Nós mal nos conhecemos... — Lizzie, como era chamada, sempre fora apaixonada por John, mas sua timidez a impedia de se declarar.
— Deixe-me explicar. Você sabe que é comum entre famílias ricas firmarem contratos de casamento para benefício mútuo. Não é mesmo, querido?
Ela se voltou para o homem apático ao seu lado, Peter, pai de Elizabeth.
— Sim, querida — murmurou Peter, olhando para a filha. — Mas só se você concordar com os termos.
— É claro que ela vai concordar — disse Helen, em tom autoritário. Peter, como sempre, apenas acatava suas decisões.
— Mas... por quê? Não entendo. — Elizabeth franziu a testa, confusa.
— Estamos enfrentando dificuldades na siderúrgica — admitiu Helen, omitindo que estavam praticamente falidos.
Apesar das boas intenções de Peter como administrador, ela havia dilapidado boa parte do patrimônio com gastos e investimentos irresponsáveis.
— A proposta dos Walkers não só nos tiraria dessas dificuldades, também traria grandes benefícios.
Esses benefícios seriam para ela e Peter, o que não foi mencionado de propósito.
— E por que eu? Existem tantas moças mais ricas, bonitas e... mais adequadas.
Elizabeth se lembrava de como John sempre fora o centro das atenções entre as jovens da alta sociedade, todas tentavam fisga-lo de alguma forma.
Ela, discreta e reservada, jamais ousou se destacar.
— Escute, querida... — Helen raramente usava esse termo sem segundas intenções. — O acordo é simples. Você só precisa permanecer casada com John por três anos, até que ele assuma oficialmente a presidência do grupo Walker. É uma exigência do avô dele. Só o considerará apto a assumir o cargo se estiver casado. É uma forma de demonstrar responsabilidade. E até lá, quem sabe vocês se apaixonam de verdade? — disse, piscando.
— E John? Foi ele quem sugeriu isso? — Elizabeth perguntou, com o coração acelerado.
— Isso foi acertado entre as famílias. Se ele quiser ser o presidente do grupo Walker, ele vai aceitar. Ele ainda não se casou, e a pressão do avô é enorme ou ele casa ou a administração de um dos maiores conglomerados do país passará para administração de terceiros.
— Então ele não me escolheu... — murmurou, decepcionada.
— Isso é irrelevante! O importante é que você será a senhora Walker! Imagine só a cara daquelas garotas que te desprezavam — disse Helen, já se imaginando sogra de um dos homens mais poderosos do país.
Mas Elizabeth nunca se importou com status. O que realmente importava para ela era o amor.
Estava tão radiante e sequer se preocupou em saber os termos do acordo que selaria seu futuro.
Ignorava completamente as dívidas da família, pois seu pai e a madrasta escondiam a verdade dela e de seu meio-irmão, Edward, enquanto tentavam manter um estilo de vida que já não podiam sustentar.
A mãe de Lizzie havia falecido quando ela tinha apenas sete anos.
O pai, devastado pela perda, mergulhou em uma tristeza profunda, tornando-se apático e distante, quase ausente na vida da filha.
Um ano depois, casou-se novamente com Helen, uma mulher fria, manipuladora e gananciosa. Com ela teve Edward, que logo se tornou o centro das atenções.
O menino cresceu mimado, enquanto Lizzie era cada vez mais negligenciada. O pai fazia tudo que Helen queria, e, diante dele, ela até fingia algum carinho por Lizzie.
Lizzie, por sua vez, nutria uma paixão por John desde o momento em que o viu, logo após completar dezessete anos.
Ele chegou a demonstrar algum interesse, o que a deixou nas nuvens. No entanto, ela ainda era muito jovem, e logo partiu para estudar no exterior.
Eles se encontravam ocasionalmente em eventos sociais frequentados pelas duas famílias, mas raramente conversavam.
Sendo a família de John uma das mais ricas e influentes do país, não faltavam moças tentando conquistá-lo.
Lizzie, apesar de ser naturalmente alegre e espontânea, tornava-se tímida na presença dele. Ainda assim, era evidente para todos que ela estava se transformando em uma jovem cada vez mais bela e atraente.
Após ter concluído os estudos em administração por insistência do pai e feito um curso de gastronomia, sonhava em abrir um negócio no ramo.
Ela estudou em uma das mais renomadas escolas de gastronomia na França, trabalhou com chefs famosos e até ganhou um concurso.
Já estava prestes a comunicar seus planos a sua família, mas a notícia do casamento mudou drasticamente seus planos e sonhos.
Lizzie acreditava estar vivendo um conto de fadas. Sonhava que, com o tempo, conquistaria o coração de John.
Já o imaginava apaixonado por ela, como nos romances que lia quando adolescente. Cultivara por tantos anos um amor puro, sincero, mas também ingênuo.
Mal sabia que aquele casamento era uma sentença.
O mundo de John pareceu parar. Cada pensamento se esvaiu, substituído por uma onda de pânico que gelou seu sangue. O ar parecia pesar toneladas, a visão do amor de sua vida e da filha inocente tornando a escolha impossível, seus olhos se tornaram turvos como se fosse desmaiar.Elizabeth mesmo amarrada a Mary, sentiu o pavor inundar seu ser, não por medo da morte, mas pelo que estava prestes a acontecer.— Mãe, o que está acontecendo. Tô com medo. — Mary começou a choramingar ao perceber que não era brincadeira.— Está tudo bem. — Tentou tranquilizar a filha e depois começou a murmurar uma oração de súplica.— Não… — murmurou John, quase inaudível, o peito apertado — isso… isso é loucura… não pode ser…Elizabeth olhou para ele, olhos firmes tentando transmitir força. Mary agarrava-se a mãe, sem entender completamente, mas sentindo o medo que emanava de todos ao redor.— John… — a voz de Elizabeth saiu trêmula, mas firme — faça o que ele mandar… mas não perca a esperança. John caiu de
John parou o carro a alguns metros de vários galpões abandonados, desligou o motor e manteve o volante firme entre as mãos, respirando profundamente para controlar a adrenalina que pulsava em seu peito.— Ok… — murmurou para si mesmo, ajustando o tom de voz — só mais um pouco. Carlson, está me ouvindo?— Sim, senhor. Ouvindo e vendo.— Não façam nada antes que Elizabeth e Mary estejam seguras. Não importa o que aconteça comigo. A prioridade é as duas. — A voz de John era tensa.Houve uma pausa. — Eu entendo senhor. — A voz de Carlson sempre controlava denotou certo receio.Um microdispositivo quase imperceptível, fixado discretamente como um botão na camisa de John, transmitia imagem e áudio em tempo real para a equipe de apoio. Assim que desceu do carro, ergueu o olhar e avistou um drone pairando acima, acompanhando cada movimento. Conferiu o celular, onde a rota previamente traçada piscava na tela como uma linha de guia.À distância, Carlson coordenava sua equipe e os policiais.
Central de Inteligência Privada do Grupo WalkerAs horas passaram lentamente, e a sala de operações permanecia mergulhada em um silêncio quase sufocante, quebrado apenas pelo brilho frio dos monitores, pelo clique incessante dos teclados e pelo zumbido baixo de linhas de telefone tentando qualquer vestígio digital do cativeiro. Cada computador trabalhava em tempo real, processando dados de GPS, triangulação de sinais de celular e rastreamento de IP.Todos ali passaram a noite em claro, olhos vermelhos e mãos cansadas, debatendo cada mínimo detalhe, analisando logs criptografados, interceptações de chamadas e mensagens encriptadas, enquanto mapas digitais eram atualizados a cada segundo com coordenadas imprecisas.Pela manhã, o silêncio absoluto foi rompido por um sinal de alerta: uma chamada de vídeo criptografada, do tipo quase impossível de rastrear, entrava na rede da operação.— Senhor, é uma conexão via rede anônima de ponta a ponta, com criptografia quântica ativa. Qualquer tent
Em um lugar desconhecidoO quarto era frio, iluminado apenas por uma lâmpada pendurada lançando sombras nas paredes de concreto. Elizabeth permanecia sentada na cadeira, os pulsos marcados pelas cordas que a prendiam. Tentava manter a calma, mas a dor e o cansaço já começavam a cobrar o preço.Um dos homens entrou, o rosto coberto por uma máscara preta. Seus passos pesados ecoaram pelo chão de cimento. Sem dizer palavra, inclinou-se e começou a desamarrá-la.Elizabeth o observava, atenta, o coração acelerado. O simples fato de sentir as cordas se soltando a fez respirar um pouco mais fundo, mas não ousou se mover. Sabia que qualquer reação precipitada poderia ser usada contra ela.Antes que pudesse perguntar algo, a voz conhecida soou, ecoando pelo ambiente.— Minha querida Elizabeth… — disse David, surgindo das sombras com aquele tom de falsa delicadeza que lhe causava repulsa. Ele trajava um terno escuro impecável, contrastando com a sujeira do lugar. Ao se aproximar era possível vê
Central de Inteligência Privada do Grupo WalkerO primeiro analista voltou a intervir, os olhos brilhando de excitação nervosa:— Senhor! Conseguimos identificar uma anomalia! — Com um gesto rápido, projetou na tela principal uma chuva de códigos, gráficos em tempo real e a rota de tráfego de dados. — O malware usado no hospital é idêntico ao que encontramos na invasão ao sistema da escola. Só que… — ele deu uma pausa, quase sem fôlego — alguém cometeu um erro. Uma única requisição não passou pelo servidor mascarado. Temos um IP cru, vindo de um provedor da zona leste da cidade.Carlson imediatamente se endireitou na cadeira, os olhos fixos como lâminas.— Localize. Agora. Quero equipes em campo, drones no ar e varredura térmica em um raio de cinco quilômetros. Usem satélites de alta órbita se for preciso. Se eles estão com Mary e Elizabeth, cada minuto perdido pode custar caro!Os operadores começaram a digitar em velocidade frenética, a sala inteira tomada pelo som metálico dos tecl
No entanto, Anthony era esperto demais para não perceber que havia algo de errado. A demora da mãe e a ausência de Mary que não retornou com eles da escola. Pegou o celular e ligou para a mãe e depois para Mary, como não conseguiu falar com nenhuma das duas, ligou para o pai.Quando John viu a chamada no visor, sentiu um aperto no peito. O coração disparou, como se pressentisse que não conseguiria disfarçar por muito tempo. Atendeu, tentando soar natural:— Oi, filho.— Pai… o que está acontecendo? — a voz de Anthony soava firme, mas carregada de desconfiança. — Por que você, a mamãe e a Mary ainda não chegaram?John respirou fundo, a mão tremendo. Do outro lado, ouviu a voz abafada de Emily chorando.— A Emily está chorando, querendo a mamãe — disse Anthony, quase num sussurro.Essas palavras quebraram qualquer muralha de controle que John tentava manter. Seus olhos marejaram, mas ele se forçou a responder:— Anthony… meu filho, escute com atenção. Eu não sei quando eu, a mamãe ou a
Último capítulo