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Capítulo 2 – O Império Dele, A Mente Dela

CLARA

Clara se sentou diante dele com a segurança de quem não está ali pra pedir licença.

Enquanto abria os esboços, escaneava a sala como uma arquiteta em campo de batalha.

O ambiente era uma fortaleza.

Cada peça milimetricamente posicionada para intimidar. Tudo gritando perfeição e poder.

Vidros. Linhas retas. Texturas masculinas.

Era mais do que um escritório — era um templo construído para não ser invadido.

— Belíssimo uso da luz natural. Transmite elegância… e um leve medo de intimidade — soltou, com ar casual.

Leon ergueu os olhos.

— Medo de intimidade?

— Homens que constroem salas assim costumam ter vidas bem mais… bagunçadas.

Ela se levantou, deu a volta na mesa, parando perto dele.

— Aliás, essa divisória oculta uma adega, não? Madeira refrigerada. O cheiro entrega. Mas tudo bem… não julgo vícios de controle.

Leon soltou um leve riso.

Ela estava brincando com fogo — e ele estava gostando.

— Você é sempre assim, Clara?

— Assim como? Gênio indomável, beleza exótica e sarcasmo involuntário?

Leon sorriu de verdade. Um sorriso que não usava em reuniões. Um sorriso… quase íntimo.

Clara abriu o projeto, apontando para os ajustes de fachada, iluminação e aproveitamento de espaço. Tudo funcional… mas também ousado.

— Aqui, quero abrir as laterais com vidro espelhado. O sol entra, mas o ego sai pela janela.

— E aqui, uma escultura central de pedra vulcânica no hall. Contraste com o aço. Um lembrete de que até o império mais frio precisa de um pouco de calor.

Leon inclinou-se. Mais perto.

— Você não tem medo de me provocar, tem?

Ela se aproximou também.

— Sr. Vellamo… eu projetei fundações sobre florestas alagadas na Amazônia.

Você me parece bem mais estável do que jacarés e barro movediço.

Leon sorriu.

Começava a gostar desse jogo.

Começava… a querer perdê-lo.

— Você acha que consegue redesenhar algo tão sólido assim?

Clara mordeu o lábio. E respondeu sem piscar:

— Eu não desmonto. Eu redesenho.

Fez uma pausa.

— Sutilmente.

TOC TOC TOC.

A tensão que crescia entre os dois foi quebrada pelo som delicado na porta.

Ela se abriu com um leve rangido.

Quem entrou foi uma secretária loira, com sorriso tenso e olhos grudados em Leon como se ele fosse um filme que ela já tinha assistido dez vezes — e ainda assim suspirava.

— Senhor Vellamo… desculpe — disse, a voz doce demais. — Os relatórios da filial de Chicago chegaram. Disseram que é urgente…

Leon não olhou para ela.

Sua expressão endureceu como uma máscara ativada por protocolo.

— Deixe na mesa, Cassandra.

A moça hesitou um segundo. Observou Clara com uma análise discreta, mas carregada de ciúme camuflado. Depois assentiu e saiu.

Clara recolheu os papéis, sorrindo de canto.

— Bom saber que a torre treme quando a base chama.

Ela se dirigiu à porta com passos firmes, mas ele falou — com a voz mais baixa e tensa do que antes:

— Senhorita Antonelli?

Ela virou-se, segurando o olhar.

— Espero que você não esteja subestimando a altura dessa reforma.

Clara arqueou a sobrancelha.

— E espero que você esteja pronto pra ver seus limites sendo redesenhados.

E saiu.

Impecável por fora.

Desafiada por dentro.

E cada vez mais interessada na estrutura daquele homem.

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