Ela sonhava com um conto de fadas. Ele transformou o sonho dela em um contrato impiedoso. Olívia Bittencourt é administradora da empresa de engenharia da família e sempre sonhou em construir um lar. Romântica e dedicada, acreditava ter encontrado esse futuro ao lado do namorado. Na noite em que decidiu se entregar, é dopada pelo próprio parceiro, que planejava “vender” sua virgindade ao chefe em troca de uma promoção. Mas uma troca de suítes muda tudo: Olívia passa uma noite ardente com Liam Holt, o CEO frio da Trident Marine Holding, conhecido como “Rei dos Mares”. Ele não acredita no amor, não quer casamento nem filhos e tem como vício as mulheres. Dessa noite proibida nasce uma gravidez inesperada. Desesperada para salvar o irmão das garras de agiotas e proteger o pai cardíaco, Olívia usa o cartão deixado naquela noite para pagar a dívida… e acaba nas mãos do próprio Liam. Ele precisa se casar e ter um filho legítimo para herdar a fortuna do avô e manter o comando do império; ela não tem saída. Pressionada, aceita um casamento por contrato de um ano, fingindo ser a esposa perfeita do bilionário. Entre ódio, desejo e segredos, Olívia descobre que é impossível fingir para sempre… e que esse contrato pode ser sua prisão ou o caminho para um grande amor.
Ler maisA chuva caía mansa sobre Dallas, desenhando riscos nas janelas iluminadas da cidade, como se o céu decidisse purificar ruas, prédios e corações. Do alto do SPA, Olívia Laurent Bittencourt observava o reflexo da água deslizar pelo vidro enquanto uma maquiadora finalizava os últimos retoques em seu rosto. Aos vinte e seis anos, sua beleza parecia ainda mais realçada naquela noite: a pele clara reluzia sob a iluminação suave, os olhos azuis brilhavam com ansiedade e os cabelos negros, longos e soltos, escorriam até a cintura com elegância.
Ela sorriu para o espelho, nervosa. Aquela não seria apenas mais uma noite. Era o aniversário de três anos de namoro com Peter Salvatore, e uma decisão amadurecida no silêncio dos últimos meses latejava em seu peito: seria a noite em que se entregaria a ele pela primeira vez. Não que lhe faltasse coragem ou desejo, Olívia poderia ter feito isso antes. Mas guardou aquele momento como um tesouro, esperando que fosse especial, um marco de amor verdadeiro. No fundo, carregava também a doce expectativa de um pedido de casamento. Talvez fosse apenas imaginação, talvez fosse necessidade de acreditar, mas algo dentro dela dizia que Peter, finalmente, a pediria em casamento. Olívia respirou fundo, sentindo o coração acelerar. Vestiu a lingerie de renda vermelha que escolheu de propósito, ousada e delicada ao mesmo tempo. Por cima, deslizou o vestido pérola que abraçava suas curvas com sofisticação, marcando a cintura fina e o quadril elegante. Calçou sandália de salto nude, colocou os brincos e observou, mais uma vez, sua própria imagem. Era como se preparasse não apenas o corpo, mas também a alma para um rito de passagem. — Gata, hoje a noite promete. — disse a maquiadora, piscando com malícia. — Se j**a sem freio no teu homem. No carro que a levou até o restaurante, observou a cidade iluminada pela chuva. Dallas pulsava lá fora, mas dentro dela só havia uma frase repetida em silêncio: "Hoje minha vida vai mudar." O restaurante do hotel luxuoso exalava exclusividade. As mesas eram decoradas com arranjos de flores brancas e velas acesas; o som distante de um piano preenchia o ambiente com serenidade. Peter já a esperava: terno preto impecável, cabelos loiros penteados para trás, sorriso de galanteador. A qualquer olhar externo, parecia um homem apaixonado. Assim que Olívia entrou, os olhares se voltaram para ela. Peter levantou imediatamente, como quem exibia uma conquista. — Você está deslumbrante, amor. — Ele beijou a mão dela com teatralidade. — E você está elegante como sempre. — Ela retribuiu o sorriso, disfarçando a ansiedade que lhe revirava o estômago. O garçom serviu vinho tinto. Peter ergueu a taça primeiro, com voz firme: — Ao nosso amor. Olívia, com os olhos marejados pela emoção, completou: — Que será eterno! O vinho desceu suave, aquecendo-lhe a garganta. Mas, antes que pudesse saborear o instante, o celular de Peter vibrou sobre a mesa. O som da notificação quebrou por um segundo a aura "romântica". Ele pegou o aparelho rápido. A tela acendeu, e em letras nítidas surgiu a mensagem: "Já estou indo para o hotel. Hoje, você vai satisfazer meu vício por mulher virgem." Peter bloqueou a tela imediatamente. O sorriso dele não se alterou, como se nada tivesse acontecido. — É algo importante? — perguntou Olívia, preocupada. Ele pousou a mão sobre a dela, forçando ternura no gesto. — Nada é mais importante do que estar aqui, agora, com você. O coração dela se acalmou. Acreditou. O jantar prosseguiu entre pratos bem elaborados e risadas leves. Peter, porém, parecia mais interessado em manter o ritmo das taças de vinho. — E o processo seletivo para o novo cargo, meu amor? — perguntou Olívia. — Estou me empenhando para conseguir, não tenho feito outra coisa além disso — respondeu ele, voltando a encher a taça num gesto insistente. — Já passei da minha cota de álcool esta noite… amor — murmurou, hesitando. — É uma celebração, vida. Não me faça essa desfeita — disse ele, o sorriso quase imperativo. Ela riu, rendida: — Se eu fizer vergonha, você é o culpado. Pouco depois, Olívia foi até o toalete. Peter puxou discretamente a taça dela para perto. Com muito cuidado, batizou a bebida. Mexeu levemente o líquido, certificando-se de que nada chamasse atenção. Em seguida, recostou-se na cadeira, o sorriso satisfeito voltando aos lábios. Quando Olívia retornou, sentou-se novamente e ergueu a taça sem desconfiar. A cada gole, sua visão se tornava mais turva. O piano soava distante, como se viesse de muito longe. Olívia sentia-se leve, entregue à ilusão. — Sabe, amor… — murmurou, apoiando o queixo na mão, a voz arrastando pela bebida. — Hoje eu quero transar. Ele fingiu surpresa. — Tem certeza? Olívia respirou fundo, tentando manter a clareza. — Quero você me chupando todinha, amor . Os olhos dele brilharam. Não de amor, mas de triunfo. — Você não imagina o quanto espero por isso. — Acariciou-lhe a mão, firme demais para ser carinho. Ela sustentou o olhar por alguns segundos, ainda que seus olhos pesassem. — Hoje você… vai descobrir o caminho — falou, totalmente fora de si. — do meu tesouro escondido. Peter sustentou o sorriso treinado. — Claro, meu anjo. Vamos brindar a isso. Olívia tentou rir, mas a cabeça girava. — Está calor demais aqui… Vem apagar meu fogo Peter. — disse, num sussurro. — Calma, amor. — Ele passou os dedos no rosto dela, como quem oferece consolo. — Daqui a pouco, vamos continuar a comemoração em outro lugar. No fim do jantar, ele a conduziu até a recepção. Olívia mal conseguia andar em linha reta, apoiando-se no braço dele. Estava totalmente bêbada, fora de si. — Reserva em nome de Peter Salvatore — disse ao recepcionista. A jovem funcionária, nervosa com o movimento intenso daquela noite, já que muitos hóspedes preferiram não pegar a estrada debaixo de forte chuva, digitou rápido. Sem perceber, trocou o número da suíte 1240 pela 1204. Entregou o cartão magnético com um sorriso apressado. Peter agradeceu e, enquanto levava Olívia ao elevador, sacou o celular discretamente. — Estou levando ela para o quarto agora. — sussurrou. Do outro lado da linha, a voz feminina respondeu, provocante: — Vai demorar, tigrão? — Não. Vou deixá-la na suíte e vou direto para você, minha delícia. — Ele sorriu, vitorioso. — O chefe vai finalmente ter o que sempre quis: uma noite com a minha namorada. Minha promoção está garantida. Olívia ria sozinha, sem lógica. — Amor… — balbuciou. — Vamos dar uma rapidinha no elevador. Estou… molhadinha. — E gargalhou, perdida em delírio. O corredor da suíte luxuosa estava silencioso. Peter abriu a porta, colocou-a na cama e a cobriu com lençois brancos. — Tenho uma surpresa. Deixa a luz apagada. Volto já. — sussurrou, antes de apagar a luz. Olívia riu alto. Minutos depois, a porta se abriu devagar. Um homem entrou cambaleando, o corpo pesado, o cheiro de álcool impregnando o ar. Tinha o andar trôpego, a respiração carregada. — Cadê a merda da luz? — resmungou, a voz pesada pela embriaguez.Mais tarde, Olívia retirou-se para um camarim ao lado do salão. Precisava descansar. Sentou-se na poltrona, os olhos fechados, tentando recuperar o fôlego. Ouviu a porta se fechar. Abriu os olhos e se levantou.— Peter? O que está fazendo aqui? — perguntou, surpresa.Peter deu dois passos à frente.— Olívia, me perdoa. Desiste desse casamento. Vamos embora comigo.Ela arregalou os olhos.— Você está maluco, Peter? Esqueceu tudo que fez comigo? Você está casado. CASADO.Ele aproximou-se.— Eu fiz a pior burrice da minha vida, mas tudo pode consertar. Eu não amo a Camila. Eu te amo, minha vida.Olívia sentiu as lágrimas brotarem. A voz saiu trêmula:— Agora você lembrou que me ama? Depois de todo sofrimento que me fez passar?Peter estendeu as mãos.— Eu não suportei saber que outro homem te tocou, que te engravidou. Eu não deveria ter te deixado sozinha naquela suíte. Estava ansioso pela nossa primeira vez, mas fiquei desnorteado quando me ligaram falando que minha mãe passou mal.Olí
O silêncio no salão era espesso quando o juiz de paz anunciou:— Pode beijar a noiva.Olívia sentiu o corpo inteiro tremer. O coração batia descompassado, a respiração curta. Liam a observava com um olhar profundo, quase hipnótico. Por um instante, tudo desapareceu: convidados, flashes, música. Só havia os olhos dele, verdes, intensos, e a lembrança do real motivo daquele casamento.Ele levantou a mão e, com os dedos longos, fez um carinho leve no rosto dela. O toque, inesperado, percorreu a pele de Olívia como um fio de eletricidade. Ela engoliu seco. Então Liam inclinou-se e a beijou.Não foi um beijo de fachada. Era calmo, firme, mas havia nele uma doçura contida, como se cada movimento tivesse sido cuidadosamente medido. Olívia, sem perceber, correspondeu. Quando ele encostou a testa na dela e deu três selinhos curtos, o coração dela acelerou ainda mais. Por um instante, o contrato deixou de existir. Por um instante, parecia real.Os convidados explodiram em aplausos. Liam piscou
Uma semana havia passado, mas para Olívia cada dia parecia um capítulo de um romance que ela mesma não escrevia. Desde que assinou o contrato, Liam surgia como uma sombra brilhante em cada aspecto da sua vida. Chegava à empresa ao fim do expediente, levava para jantares, para suíte onde estava hospedado, ia na mansão dela. Às vezes rolava até uns beijos. Tudo tinha que parecer real.Para quem olhava de fora, era um casal apaixonado, sólido. Nas redes sociais, começaram a aparecer fotos de mãos entrelaçadas, sorrisos congelados e a legenda discreta: “um novo começo”. Ana mostrava tudo para as amigas com orgulho, Fabrício parecia mais calmo, e até Victor sempre comentava que ela tinha acertado na escolha.Mas por dentro, Olívia sentia o teatro sufocá-la. Cada gesto ensaiado era um lembrete do contrato, da chantagem, do bebê crescendo no ventre. E, no entanto, havia momentos rápidos, quase imperceptíveis, em que a máscara de Liam parecia rachar. Um olhar demorado, um toque menos calculad
Na estrada, Liam conduzia o carro em silêncio. O ar dentro do veículo parecia pesado; de tempos em tempos, um olhava para o outro sem perceber. Olívia mantinha a testa encostada no vidro frio, tentando controlar o enjôo. Quando o carro parou diante de uma loja de noivas luxuosa, ela ergueu os olhos, surpresa.— O que viemos fazer aqui? — perguntou, a voz baixa.— Você precisa de um vestido para se casar. — respondeu Liam, sem olhar.— E tinha que me trazer justamente aqui? — retrucou.Entraram. A mãe de Camila os recebeu com entusiasmo.— Senhor Liam, é uma honra recebê-lo. Já separamos os vestidos dos melhores estilistas. Olívia querida, seu sonho vai se realizar. Você vai se casar, assim como minha preciosa filha. Hoje ela viaja para a lua de mel. Peter organizou tudo como ela merece: uma semana no Rio de Janeiro. — disse, radiante.Olívia sentiu um aperto no peito. Liam percebeu e, frio, passou o braço pela cintura dela.— No Rio de Janeiro qualquer classe média vai. — disse. — Mas
No outro dia, o celular tocou no criado-mudo, quebrando o silêncio pesado do quarto. O relógio marcava dez horas da manhã de sábado. Ainda sonolenta, Olívia esticou o braço, pegou o telefone e atendeu.— Em uma hora o motorista vai buscá-la. — a voz grave de Liam soou do outro lado, fria, sem cumprimentos.Antes que pudesse responder, a ligação foi encerrada. Ela ficou olhando para a tela apagada, atônita.— Você é insuportável… — murmurou para si mesma, largando o aparelho no colchão.Respirou fundo, levantou-se, tomou um banho e depois começou a se arrumar. Enquanto escovava o cabelo, o reflexo no espelho mostrava uma mulher que parecia mais velha do que uma semana atrás. O cansaço dos enjoos, a ansiedade, o segredo e agora aquele homem impondo horários. Passou um batom discreto, vestiu um conjunto leve e desceu.Na sala de jantar, o cheiro de café recém-passado e bolo fresco se misturava ao aconchego do lar. Fabrício a cumprimentou com um sorriso caloroso.— Bom dia, minha Pérola.
Olívia empalideceu. Por um instante, achou que não tinha ouvido direito. O estômago revirou, a cabeça girou. Precisou apoiar a mão na lateral da poltrona para não perder o equilíbrio.— Como é que é? — sussurrou, a voz quase inaudível.Liam deu um passo em sua direção, mas manteve a expressão neutra, as mãos nos bolsos. Tudo nele exalava controle.— O filho que você está gerando é meu, Olívia.As palavras caíram como uma sentença. Ela piscou rápido, o cérebro tentando processar o que ouvira. Uma risada curta escapou, nervosa; ao mesmo tempo, lágrimas escorriam pelo rosto. Ria e chorava num mesmo gesto.— Espera… — respirou, a voz falhando. — Você está querendo me dizer que o homem daquela noite era você?— Sim. — confirmou, a voz baixa e controlada. — Se não fosse isso, você não estaria aqui. Agora chega de infantilidades e vamos conversar.“Conversar” acionou nela uma raiva acumulada por dias. A mão tremeu, o peito arfou. Antes de pensar, atravessou a sala e começou a socá-lo. Liam a
Último capítulo