Maria é uma jovem com a humildade posta a prova quando desiste de todo o luxo e tem que voltar a vida normal da que nunca se acostumou, mas nunca é tarde para regar as raizes e fazer brotar uma nova flor.
Ler maisA porta se abre revelando uma linda senhora trazendo roupas de cama e toalhas._ Ah, Rs! São jovens.. Você pediu mudas novas mais cedo, esqueceu?Ela diz rindo e eu? Minha mão sobre o peito finalmente se acalmou, mas meu coração continua com o ritmo acelerado, e querendo sair antes do corpo inteiro.A senhora passa por nós faz o que tem de fazer, saindo logo em seguida._ obrigada! Assenti e ele rebate logo, como taco em basebol. Onde sua única função é acertar na bola._Eu não fiz isso para ser seu amigo, estou só salvando você.Diz ele com os ouvidos na porta, como se o mais importante não fosse me explicar tudo.Enquanto isso, eu me levanto e vou para outro canto do quarto para pegar o telefone, sem responder e nem perguntar nada sobre a sua pequena informação.O que parece frustrante, pois não gosto de dúvidas.Depois de desfazer toda a bolsa finalmente encontro ele e disco o número de Irmã imediatamente com as mãos trêmulas ainda, mas ela não atende, presumo que esteja fora do
Fiz sinal da cruz quando tudo acabou e sai correndo até ao carro que ele mandou. A rua estava escura, mas eu pude ver claramente aquele modelito a minha frente, um Aston Martin DBS Branco Pérola, que se fosse dia, eu podia ver meu reflexo nele. O som convidativo do volante é a porta abrindo realmente deixava a desejar, então não olhei para trás e subi. O interior cheirava a couro caro e algum perfume importado impossível de identificar, mas que custava caro o bastante para dar arrepio. Encostei no banco macio, mordiscando o lábio. O motorista não disse uma palavra. Olhei para ele pelo canto dos olhos: mãos firmes no volante, expressão neutra. Silêncio. A viagem terminou no Bling Plaza. Ele saiu, abriu minha porta, e foi então que vi o rosto. Belo carro… mas um dono que destoava. Meu estômago revirou, e o cheiro de sua respiração quando me puxou pela cintura fez o enjoo aumentar. Mas Afastei-me com um sorriso treinado. Por sorte ele não viu nada. Segurei minha b
O dia passou rápido demais, e à noite estávamos reunidos, cada um à espera do que teria que fazer. Saía quem atendia ligações de clientes, e ficava quem estava aguardando — eu, por exemplo.Ainda bem.Olhei ao redor, peguei minhas coisas e comecei a andar, só querendo me jogar na cama. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, meus ombros carregando o cansaço do dia inteiro. Se alguém quisesse falar comigo, que falasse com Irma.Já eram oito da noite. Meus olhos latejavam de tanto ler durante o dia, queimando com cada página que tentei absorver. Mas ainda tínhamos que jantar, e meu estômago estava mais nervoso que fome. Cada garfada parecia pesar, e sentia meu corpo inquieto, como se cada músculo tivesse vida própria.— Aí? Fiquei sabendo que você entrou no ar hoje. Está sendo legal? Quantos telefones já recebeu?A pergunta veio sorrateira, por trás de Tomé, acompanhada de um sorriso que escondia provocação. Meu sangue ferveu, um calor estranho subindo pelo peito, e senti min
Olhei para Irma e uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. O nó que eu carregava no peito desde o dia em que entrei naquele casarão finalmente apertava mais forte. O que mais me atormentava estava prestes a começar: hoje iriam me leiloar, colocar meu corpo à venda para aqueles ricos arrogantes que se acham donos do mundo e só sabem diminuir o valor dos outros.A tristeza me envolveu como um manto pesado, mas logo precisei disfarçar. Era o meu dever, desde o princípio eu sabia que esse dia chegaria. Já não era dor aguda, era um incômodo persistente, como um calo que nunca cicatriza. Respirei fundo, assenti e, quase sem forças, virei-me. Tirei as roupas devagar, sentindo o frio na pele e o peso da decisão. Depois me vesti com o que haviam preparado para mim, como se fosse apenas uma boneca arrumada para ser exibida.— Você está bem com isso? — Irma perguntou, com um tom surpreendentemente suave. — Se não, podemos deixar para amanhã.— Não. Melhor terminar logo com isso. — Minha
Senhora Irma, eu…Irma! – corrigiu-me de imediato, levantando o indicador e apontando para minha cara. – Prossiga, Maria Christine. Eu já entendi a sua, e não se preocupe, isso não vai sair daqui.Como também o que eu acabei de ver! – rebati, ainda chocada com a cena anterior.Não precisa se preocupar. George vai amanhã para a Flórida. Nós já terminamos.Tá, mas… e o meu irmão?Seu irmão se recusa a sair da casa da tal Donna. É por isso que amanhã você vem comigo. Ela precisa ver você. Quanto às dívidas, já estão todas resolvidas. Não existe mais nada pendente. Mas preciso te informar que…O quê?Vendi a vossa casa.As palavras me atingiram como uma facada. Ela tinha feito o quê? Olhei para Irma incrédula, sem reação. Senti minha garganta fechar e, incapaz de dizer qualquer coisa, apenas me levantei e saí.Na manhã seguinte, como combinado, voltamos para minha antiga casa. Foi um choque. Tive que responder a perguntas de vizinhos curiosos e enfrentar Donna, a quem Irma pagou tostão po
Entrei no carro aberto pelo guarda-costas da Irma e fiquei simplesmente de boca aberta. O interior parecia coisa de filme: bancos de couro, ar condicionado suave e aquele cheiro caro de novo. Eu não gosto do que estou prestes a fazer, mas não dá para negar que, pelo que vejo, boa vida me espera.Só que, junto da curiosidade, veio o medo. Com tanto sequestro por aí, não estranhem se no fim de tudo eu descobrir que só queriam meus rins.O carro nos levou até o avião. Minha barriga gelou só de ver a escadinha encostada naquela máquina enorme. Nunca andei de avião na vida. Para mim, voar é coisa para gente que nasceu com berço de ouro — e, ainda assim, eu nem queria saber o processo. O chão já me serve.— É para a gente ir nessa coisa? — perguntei.— Dá para entrar sem passar vergonha? — retrucou o guarda, sem desgrudar os olhos do celular.— Eu… não sei se consigo.— Fecha os olhos e sobe. O resto a gente resolve aqui dentro.— Como assim, “o resto”? — apontei o dedo para ele, desconf
Último capítulo