Eu Não Sou Submissa Ava Rocha de Lemos tem apenas 21 anos, mas já carrega o peso de uma vida inteira. Filha de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, precisou trancar a faculdade para trabalhar no lugar da mãe, que adoeceu. Entre faxinas, contas atrasadas e o cuidado com a família, Ava aprendeu cedo uma lição: quem luta todos os dias não se curva a ninguém. Mas o destino coloca em seu caminho Adán William Clifford II: bilionário, herdeiro de uma dinastia poderosa, e mestre em dominação desde os 18 anos. Para ele, todas as mulheres acabam se rendendo. Cresceu vendo a mãe se submeter cegamente ao pai, e acredita que submissão é o padrão natural de uma esposa. Quando Ava, sem saber, cruza com ele nos corredores da empresa, não imagina que aquele homem imponente, de quase dois metros de altura e olhar predatório, é o dono de tudo. Adán, fascinado pela morena de olhos verdes que não lhe deu atenção, decide testar seus limites. No fim do dia, Ava recebe um presente misterioso: uma coleira, uma máscara e um contrato. Só que, em vez de se dobrar, ela devolve o pacote com apenas uma frase rabiscada no papel: “Eu não sou submissa.” E é nesse “não” que começa o verdadeiro jogo. Ele, acostumado a dominar. Ela, determinada a não se render. Entre poder, desejo e resistência, uma guerra de vontades nasce — e, dessa vez, quem perder pode acabar apaixonado.
Ler maisAva
Caramba! Definitivamente, hoje não é o meu dia. Primeiro dia substituindo a mamãe na empresa onde ela trabalha, e eu começo pisando num caco de vidro que tinha esquecido de juntar. Claro, tinha que ser com o pé esquerdo. Resultado? Um talho feio, sangue espalhado pelo quarto e eu pulando de um pé só até o banheiro. — Ótimo, Ava, parabéns! — resmunguei para mim mesma enquanto tentava estancar o sangue. Tá vendo? É por isso que eu digo que a vida gosta de brincar comigo. Ainda bem que a Carlinha terminou o high school. Ela mesma disse que esse ano vai ficar em casa ajudando a mamãe a respirar. E olha... mamãe precisa mesmo. O diagnóstico? Esgotamento. Isso acontece quando você passa anos limpando, esfregando e correndo de um emprego pro outro, como se fosse um robô sem direito de desligar. Agora ela vai ter que repousar três meses inteiros. E, sinceramente? Só o meu pai trabalhando não dá. Então adivinhem quem foi que teve que trancar a faculdade? Pois é, euzinha. Eu amava meus estudos, mas entre a faculdade e a saúde da mamãe, a escolha era óbvia. Me olhei no espelho enquanto fazia um curativo improvisado. Tenho 1,75 de altura, setenta quilos muito bem distribuídos — filha de brasileiros, né? Curva é sobrenome. Não sou magrinha, nunca fui, e nem quero ser. E os olhos verdes que puxei da vovó? Só me renderam problema até hoje. Gente que acha que beleza abre porta. Queria ver se beleza paga conta. Nasci aqui, nos Estados Unidos. Meus pais vieram como imigrantes clandestinos, ralaram, suaram, se humilharam, até conseguirem o green card. Eu e Carlinha já nascemos aqui, mas crescemos sabendo que nada viria fácil. Respirei fundo e fui até o quarto dos meus pais. Mamãe estava deitada, os olhos cansados, mas ainda tentando sorrir pra mim. O frasco de remédio estava na mesinha. Conferi. — Mamãe, já tomou o remédio? — Tomei, minha filha. — a voz dela saiu fraca, mas doce como sempre. — Eu não queria que você trancasse a faculdade… Me ajoelhei ao lado da cama e segurei a mão dela. — Entre a faculdade e a senhora, a senhora é mais importante. Faculdade eu retomo, mas a senhora eu não posso perder. Ela chorou baixinho, tentando esconder de mim. Eu sorri, mesmo com o coração apertado. — Então se cuide, tá? Porque eu vou cobrir a senhora nesse período. E quero a senhora de pé, firme, quando eu voltar pra universidade. Beijei a testa dela, ajeitei a coberta e deixei o quarto em silêncio. Meu pai já tinha saído de madrugada, como sempre, carregando o mundo nas costas. E eu? Agora ia carregar também. Peguei a roupa de trabalho da mamãe, dobrei direitinho, e pensei: Vamos lá, Ava. Hoje começa a tua batalha. Depois de ajeitar a mamãe, segui para o quarto da minha irmã. Bati de leve na porta e enfiei a cabeça pra dentro. — Carlinha, bora levantar, preguiçosa. Vou preparar o café. Você dá o café da mamãe, que ela já tomou o remédio. Ela se espreguiçou, ainda sonolenta. — Tá bom… eu cuido dela. Enquanto colocava a água no fogo, olhei pra minha irmã e falei com aquele tom de quem dá bronca, mas com amor: — Não esquece de preparar a comida dela na hora certa. Tem que dar o lanche, o remédio, e leva a mamãe pra passear um pouco. Andar faz bem. Eu e o papai seguramos as pontas no trabalho. Você sacrificou o início da faculdade, eu também. Mas não é sacrifício, Carlinha. Papai e mamãe sacrificaram a vida inteira pela gente. Agora é a nossa vez de dar o retorno. Ela me encarou com os mesmos olhos verdes que os meus e abriu um sorriso teimoso. — Relaxa, Ava. Eu vou cuidar bem dela. Qualquer coisa, eu ligo no seu celular. Suspirei, cansada só de pensar no dia que me esperava. — Tá. Mas quando eu sair da primeira empresa, já vou direto pra segunda. Vou chegar só à noite. E talvez… talvez eu tire esse ano inteiro só trabalhando, pra mamãe descansar sem preocupação. Quem sabe eu volte pra faculdade só ano que vem. Ou tento fazer algumas matérias a distância. Afinal, só faltavam seis meses… Minha irmã franziu a testa, mas não discutiu. Ela sabia: quando eu tomava uma decisão, não voltava atrás. Peguei a mochila com o uniforme da mamãe, respirei fundo e pensei: Vamos lá, Ava. É hora de provar que você também sabe carregar essa família.Reflexão da Autora — O lado psicológico do domínio e da submissãoEste livro começou mostrando um homem que acreditava ser dono do prazer, quando, na verdade, era prisioneiro dele.Adam, o protagonista, era um Dominador (Dom), um homem envolvido em práticas sadomasoquistas que ele acreditava controlar — mas que, no fundo, o controlavam.O seu comportamento nasceu de um trauma emocional.Ver a mãe sendo subjugada, humilhada e submissa a um homem autoritário marcou profundamente o seu inconsciente.Sem perceber, ele associou amor à submissão e respeito ao controle.E, como acontece com muitos, passou a repetir o padrão que o feriu — acreditando que o poder era a forma de não ser ferido novamente.Foi preciso uma mulher como Ava — intensa, engraçada, firme e verdadeira — para quebrar o ciclo.Com o humor ácido e o coração cheio de luz, ela mostrou a ele que o amor verdadeiro não se impõe, não domina, não humilha.Amar é caminhar lado a lado, e não acima do outro.Pelo olhar da psicologia
A Sereia e o TubarãoOs anos passaram… e, como Ava gostava de dizer, “sereia produz ovos”.Pois o tubarão, que não sossegava, fertilizou a sereia mais uma vez.E dessa vez, vieram duas meninas — gêmeas, como os irmãos.A cópia perfeita da mãe, com o mesmo olhar esperto e o mesmo sorriso sapeca.— Então, como vão se chamar as nossas princesas, meu amor? — perguntou Adam, enternecido, enquanto as observava dormindo no bercinho.Ava sorriu com aquele brilho que misturava doçura e travessura.— Afrodite e Hera, para combinar com os nomes dos irmãos.— E qual o significado desses nomes, minha sereia? — quis saber ele, curioso.— Afrodite representa o amor e a beleza — explicou Ava. — E Hera é a deusa da família e da fidelidade. As duas coisas que a gente aprendeu juntos, né?Adam riu, passando a mão no cabelo dela.— Então estamos cercados de divindades gregas. Hermes, Narciso, Afrodite e Hera… a casa vai virar o Monte Olimpo.Ela gargalhou.— Monte Olimpo, nada! Isso aqui é o Aquário da S
O Tempo e o PerdãoEra uma sexta-feira tranquila, véspera do aniversário de um ano dos gêmeos. Adam estava em seu escritório, revisando relatórios e escolhendo as fotos que seriam exibidas no telão da festa, quando a secretária anunciou:— Doutor, o seu pai está aqui.Adam levantou os olhos, surpreso.— Meu pai? — repetiu, descrente. — Manda entrar.O homem entrou devagar, com os cabelos grisalhos e um semblante cansado. Parecia ter envelhecido em apenas um ano.— O que o senhor quer? — perguntou Adam, direto.— Quero conhecer meus netos — respondeu o pai, a voz firme, mas carregada de arrependimento. — Precisei levar muito chifre para entender que a vida passa e que eu não sou mais um garoto.Adam cruzou os braços, cético.— E o senhor ainda está casado?O velho suspirou.— Não, cansei de ser corno.Adam soltou uma risada seca.— Engraçado. O senhor nunca pensou nisso quando fazia minha mãe sofrer, não é?— É — admitiu o pai, com os olhos marejados. — Perdi uma grande mulher. E, junt
O tempo passou depressa. Os gêmeos de Ava e Adam já estavam com quase dois meses quando Jeffrey apareceu no escritório, radiante, distribuindo sorrisos e cumprimentos.— Primo! — ele exclamou, entrando sem bater. — Você não vai acreditar!Adam levantou os olhos do computador e riu.— Pela sua cara, ou ganhou na loteria ou vieram trigêmeos.Jeffrey ergueu as mãos como quem mostra um troféu.— Exatamente! Trigêmeos! Duas meninas e um menino. Ainda bem que pelo menos um homem nasceu pra me ajudar a equilibrar a casa. —Adam levantou-se, rindo alto, e o abraçou.— Parabéns, cara! Vocês foram quase juntos conosco. Eu engravidei a Ava na lua de mel e você já tratou de me seguir.Jeffrey gargalhou.— Pois é, você foi mais apressado. Mas olha, primo, que experiência maravilhosa! As meninas são lindas, e o menino é a minha cara.Adam brincou:— Se nós não fôssemos primos, eu ia querer que os meus meninos namorassem com as suas filhas. São realmente lindas.Jeffrey jogou a cabeça pra trás e deu
E assim, o tempo foi passando.Carlinha, com o apoio e patrocínio do cunhado, conseguiu realizar um antigo sonho: montar o próprio site de relacionamentos. O projeto cresceu rápido, e logo virou sucesso. Ela ria, orgulhosa:— Se não fosse o Adam acreditar em mim, eu ainda estava presa nos aplicativos errados. —Ava respondia, brincando:— Você só montou esse site pra arrumar namorado, eu sei! —E as duas riam juntas, como boas irmãs.Enquanto isso, Ava seguia firme com a gestação — e comendo feito uma leoa faminta.— Amor, você está comendo demais — Adam dizia, preocupado.— Eu não sei o que acontece, parece que tem um buraco negro no meu estômago! — ela reclamava, rindo.O médico foi direto: dieta controlada, exercícios leves e vigilância com a pressão, pra evitar diabetes gestacional.Adam, sempre companheiro, fazia tudo junto: caminhadas, pilates, hidroginástica e até yoga.— Se eu tenho que me alongar, você também tem — ela implic
Com o passar das semanas, a rotina voltou ao ritmo sereno.Clarence já estava morando no novo apartamento, e a mãe de Ava ia três vezes por semana visitá-la, ajudando com o café, as costuras e a companhia. A Clarence começava a fazer sucesso com seus livros — histórias inspiradas nas próprias experiências e nos animais do abrigo. O dinheiro que ganhava, doava todo, pois escrevia “para ocupar a mente”, dizia, mas o coração generoso dela era o que realmente encantava os leitores.Enquanto isso, no lar dos recém-casados, a vida seguia doce, e barulhenta.— Amor, você está comendo demais ultimamente — Adam comentou, vendo Ava repetir o prato pela terceira vez no jantar.Ela ergueu as sobrancelhas, mastigando o último pedaço de lasanha.— Eu não sei o que está acontecendo, mas estou com uma fome desesperada! — respondeu, rindo.Ele olhou pra ela, meio divertido, meio intrigado.— Pois é, e eu reparei que a sua raba está maior... e as suas tetonas também
Último capítulo