Capitulo 3

Abri a porta e dei de cara com Simone, filha de Donna. Não sabia o que queria, mas a família dela já tinha feito tanto por nós que eu não tinha coragem de fechar a cara.

— Oi, Maria Christina… — começou. — Não vim tomar muito do seu tempo, mas preciso entrar.

— Claro, entra.

— Então… ouvi de mainha que tu tá precisando de ajuda com as contas. Falei com meu patrão. Agora só depende de você. Quer trabalhar de diarista no meu serviço?

Meu queixo quase caiu. Passei a noite pensando, pesando os prós e contras, e decidi aceitar.

No dia seguinte, levantei cedo. Preparei marmitas para Rafa e deixei bilhetes com instruções para Donna, que já parecia mais mãe que vizinha. No prédio chique, no quinto andar, respirei fundo antes de girar a chave.

O cheiro de bebida me atingiu, mas não me incomodou. Depois de anos com um pai bêbado em casa, aquele odor já era quase neutro pra mim. Fui ao trabalho: lavei, arrumei, dobrei. Coloquei as roupas em ordem, levei à lavanderia, organizei papéis espalhados pelo apartamento. Pelo que vi, o dono estava se divorciando. “Que pena”, pensei.

Quando me preparava para sair, ouvi passos pesados. Gelei. O homem entrou na sala e… era ele. O dono da carteira que eu tinha roubado dias antes.

— Você! — gritou. — O que faz aqui?

— Eu… — tentei, mas a voz não saiu.

— Vou chamar a polícia! Foi você que estragou tudo!

Ele avançou. Ajoelhei, implorei, mas nada adiantou. Segurou meu braço com força e me arrastou até o quarto. Lá, me prendeu a uma algema já presa na cama. Eu até tinha visto aquilo no dia da arrumação.

O coração disparava. Então alguém bateu na porta. Uma mulher alta, elegante, entrou sem cerimônia. Olhou-me de cima a baixo e sorriu com ironia.

— RS… com que então, é essa daí que você escolheu para satisfazer seus desejos?

Eu arregalei os olhos. “Desejos? Que desejos?”

— Vá embora, Sandra. — disse ele, firme. — Você não tem nada que fazer aqui.

Ela bufou. — Não tem vergonha? Com essa fulaninha que você se sente homem? Você nunca me satisfez! Traí você com Lisandro, e trairia mil vezes mais, porque é isso que você merece, corno!

Fiquei estática, assistindo o barraco. O homem retrucou:

— Não me traiu porque eu não te satisfiz! Te dei casa, dinheiro, até o teto sobre sua cabeça! Você me traiu porque não vale nada, porque é igual prostituta!

Sandra perdeu a pose, esbofeteou-o e quase avançou sobre mim. Ele a segurou no ar.

— Deixa ela em paz! Você é a traidora, aceite o que te sobra!

— Aceita você! — cuspiu ela, venenosa. — Porque esse resto é teu! — Olhou para mim com desprezo. — E só pra constar, ele ainda é meu marido. Você é a vadia aqui! Não vou assinar nada, Enzo Daniel da Costa. Nada!

Ela saiu batendo a porta, deixando atrás de si um silêncio pesado.

Tentei recuperar o fôlego e falei baixo:

— Olha… que tal me desalgemar? A gente pode conversar.

Ele me lançou um olhar frio.

— Não converso com ladras. Você vai ficar aí até amanhã de manhã.

Engoli seco. — Sua esposa vai voltar e bater em mim!

— Não repita isso. — cortou firme.

E assim fiquei: algemada, prisioneira do meu erro, e agora também de uma guerra conjugal que não era minha.

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