Mundo ficciónIniciar sesiónUm romance proibido entre classes, carregado de emoção, segredos e um amor que ninguém viu chegar. Ella Monteiro cresceu nos corredores da mansão Alvarenga, sempre à sombra — a filha da empregada que aprendeu cedo a se tornar invisível. Mas quando Noah Alvarenga, o herdeiro bilionário, retorna ao Brasil após cinco anos no exterior, a menina que ele deixou para trás já não existe mais. Em seu lugar, surge uma mulher que ele não consegue ignorar. O reencontro entre os dois reacende sentimentos que Ella jurou enterrar — e desperta um desejo que Noah nunca teve coragem de admitir. Em meio a olhares proibidos, segredos, e uma proximidade inevitável, os dois cruzam a linha que jamais deveriam atravessar. Mas quando finalmente se entregam um ao outro, o destino os golpeia com força: Ella engravida — bem no momento em que a família dele descobre o romance e ameaça destruir tudo o que ela tem. Entre escolhas impossíveis, brigas familiares, pressões sociais e corações partidos, Ella precisará decidir se luta pelo amor que sempre desejou… ou se protege o filho que carrega, mesmo que isso signifique abandonar o homem que ama. E Noah terá que provar que está disposto a enfrentar o império que o criou para construir um futuro com ela. Um romance intenso, emocionante e apaixonante — sobre amor proibido, diferenças sociais, maternidade inesperada, e a coragem de enfrentar o mundo por quem se ama.
Leer másEu sempre acreditei que teria mais tempo para me preparar.
Mas o tempo tem pouca paciência com promessas. Ele chega, estoura a porta da rotina e muda tudo num único som.
Aquele som foi o portão eletrônico. Aquele rangido metálico que, durante toda a minha vida, significou chegadas cotidianas — entregas, visitas, o motorista voltando do mercado. Hoje, porém, ele trouxe algo diferente: uma presença que eu conhecia desde que aprendi a caminhar entre corredores de luxo e cheiros de limpeza.
Estava na cozinha, ajudando a minha mãe a colocar os pratos na mesa da família Alvarenga, quando ouvi. O suco entornou da jarra que eu segurava por causa do aperto que cresceu no meu peito. Minha mãe levantou o rosto, percebendo meu congelamento antes que eu percebesse o meu próprio rosto pálido à frente do espelho do mundo.
— Ella? — ela perguntou, a voz baixa, cautelosa. — Está tudo bem?
Eu forcei um sorriso que não chegou aos olhos. — Sim, mãe. Só… suco quente, nada demais.
A verdade era outra: algo como um alarme antigo despertou dentro de mim. Uma memória de vozes, de passos largos, de um riso que me pertencia apenas como rumor distante. Noah. O nome bateu como uma onda e arrastou consigo anos inteiros de silêncio.
Ouvi os passos na entrada principal. A voz dele — mais grave, com um sotaque discreto que os anos fora do país tinham moldado — chamou por “mãe” e “pai” com a mesma naturalidade de sempre. Mas naquela naturalidade havia um timbre novo, seguro, de quem volta afirmando direitos.
As mãos me traíram. A faca tilintou na bancada quando caiu. Mamãe estalou os dedos, como quem chama a atenção, e ofereceu um olhar que dizia claramente: controla-se.
Respirei fundo, enxuguei as mãos no avental, e fui levar a jarra até a sala de jantar. Cada passo que eu dava era um esforço para não me desmanchar diante dele — aquele que, durante tantos anos, eu amei em segredo, sem jurar por palavras, apenas por pensamentos e suspiros escondidos.
Noah estava encostado no batente da sala, a mão no bolso do paletó, olhando ao redor como um homem que retorna para reclamar um pedaço do mundo que sempre foi seu. Cristina Alvarenga estava ao lado dele, elegante, impecável; Henrique deixou escapar um “filho” quase envergonhado de emoção. Olívia, minha amiga — a única que sabia do que eu sentia por ele — estava a alguns metros, fingindo desenhar no guardanapo enquanto observava cada reação.
E então nossos olhos se encontraram.
O choque foi imediato, quase físico. Noah parecia maior do que nas lembranças: mais alto, a estrutura do rosto marcada pelo tempo e pela experiência, o cabelo penteado para trás com elegância natural. Os olhos — os mesmos olhos que viam através de mim quando eu tinha treze anos — atravessaram-me como uma lâmina morna. Havia curiosidade ali, surpresa e, se eu não me enganava, uma pontada de reconhecimento que me deixou mole por dentro.
— Ella? — A voz dele soou como se tentasse alcançar algo que estava escondido entre nós.
Meu nome na boca dele foi ao mesmo tempo o maior elogio e a maior condenação. Senti as palavras que nunca disse revolverem as entranhas.
— Oi — respondi, a voz baixa, tentando recuperar um pouco de compostura. — Bem-vindo de volta, Noah.
Ele deu três passos em minha direção, e cada passo aproximava o perfume amadeirado que eu lembrava de lembranças: couro, lençóis de hotel, e um cheiro indefinível que sempre achei provido de distinção. Ele parou tão perto que pude ver cada nuance do rosto dele — as linhas mais firmes, o olhar firme, a barba por fazer que o deixava perigoso e mais homem do que o menino que partira.
— Você cresceu — disse ele, e não foi elogio superficial; foi declaração de surpresa. — Cresceu muito.
— Eu não tive escolha — respondi, tentando rir, mas o som saiu como um suspiro que quase me traiu.
Olívia aproximou-se, sorrindo e já pronta para suavizar o momento. Ela sempre fora a ponte entre nossa vida e a família Alvarenga. Era dela o privilégio de conhecer-me bem o bastante para proteger meu segredo, e dessa vez eu precisava mais do que nunca do seu arume.
— Noah — lançou ela, como se fosse a dona da cena — a Ella ajudou a mãe dela com o café. Está tudo pronto. Você quer que eu traga um chá para você?
Noah virou a face para a irmã e sorriu, mas seus olhos nunca deixaram os meus. O calor que senti foi estranho; ao mesmo tempo doce e ameaçador. Eu devia recuar, desaparecer entre as serventes, fingir que não havia nada além de um dever de casa e noites costurando memórias.
Mas não recuei.
— Não precisa — disse Noah, a voz mais baixa. — Mas obrigado.
Henrique Alvarenga, patriarca, fez um aceno diplomático e arrumou a gravata como se o reencontro fosse apenas mais um protocolo. Cristina olhou para nós — mãe e filha no quadro amplo — como quem pesa destinos. Havia uma tensão entre os pais e a presença dele que eu não soube decifrar ainda. O que eu sabia era simples e brutal: tudo que eu havia guardado por cinco anos, cada suspiro que eu fizera quando ele era apenas um som distante, estava de novo frente a mim, vivo e olhos brilhando.
Ao me virar para servir o suco, senti a mão dele pousar por um segundo no meu ombro. Um toque leve, quase casual, mas suficiente para incendiar o que restava do meu autocontrole.
— É bom te ver — ele murmurou, apenas para mim.
Olhei para a mão dele, depois para seus olhos. Ele sorriu de novo, e naquela curva dos lábios havia promessa e perigo em igual medida.
— É bom te ver também, Noah — respondi, e pela primeira vez em muito tempo não consegui esconder a verdade inteira. Menos por palavras do que por algo que ficou preso entre meu peito e a mão que eu segurava na jarra.
Quando me afastei, senti o mundo inteiro olhando. E, num movimento que eu ainda não conseguia explicar, percebi que nada seria mais simples do que antes. Não com ele de volta. Não com Olívia observando com um brilho cúmplice. Não com Cristina e Henrique costurando expectativas e alianças em cada gesto.
E no fundo, enquanto colocava o suco na mesa e fingia que nada havia acontecido, eu soube que o perigo real nem vinha da família Alvarenga. O perigo real vinha do fato de que, pela primeira vez, alguém que eu amara em segredo olhou para mim e — talvez — me tivesse visto de volta.
NOAH Acordei antes do sol.Não dormi direito, mas isso não importava. Pela primeira vez em muito tempo eu tinha uma decisão que não era motivada por medo, obrigação ou culpa.Era minha.Totalmente minha.Levanto devagar para não acordar Ella. Ela respirou mais profundamente quando sentiu minha mão sair da dela. O médico foi claro: ela precisava de repouso. Mas eu também sabia que emocionalmente… ela estava frágil. Eu quase a perdi. Quase perdi os dois.Eu me vesti em silêncio e fiquei um tempo parado na porta do quarto olhando para ela, lembrando do desespero que senti quando a vi naquele hospital. Isso reorganizou minhas prioridades de um jeito violento.E no topo da lista estava: não ser mais a marionete do meu pai.***No caminho para a empresa, dirigi com a determinação de quem vai encerrar um ciclo. O prédio da H&R nunca pareceu tão sufocante. As paredes de vidro, o dourado na entrada, o crachá… tudo parecia carregar uma corrente invisível.Mas não mais.Eu tinha contatos.Eu ti
ELLAEu nunca pensei que pedir demissão fosse me dar tanto alívio e, ao mesmo tempo, tanto medo.Acordei com a mente ainda pesada depois da noite no hospital. O som do monitor cardíaco ainda parecia ecoar dentro de mim, como se minha mente insistisse em me lembrar do que poderia ter acontecido — do quão perto eu estive de perder o meu bebê.O nosso bebê.Acordei antes de Noah. Ele dormia profundamente ao meu lado, o braço estendido em minha direção, como se mesmo inconsciente tentasse me proteger de alguma coisa.Passei os dedos devagar pela pele dele, pelo contorno do ombro, e meu peito apertou.Ele estava esgotado.Ele estava carregando um peso que nunca foi dele sozinho.E eu… talvez eu estivesse só começando a entender isso.Me levantei devagar, para não acordá-lo, e fui até a cozinha beber água — meu estômago dava sinais leves, mas suportáveis. O enjoo das últimas semanas parecia mais previsível agora, embora ainda insistisse em aparecer quando eu menos desejava.Peguei o celular
CRISTINAEu nunca imaginei que veria meu filho assim.Noah sempre foi forte, centrado, quase impossível de abalar — mas naquele hospital, sentado ao lado do leito daquela menina… daquela mulher… ele parecia outra pessoa.Uma versão dele que eu nunca conheci.Ou talvez… uma versão dele que sempre existiu, mas que só agora encontrou motivo para aparecer.Quando recebi a ligação de Olívia, minhas pernas tremeram.Ella no hospital.Noah desesperado.Henrique envolvido no meio de tudo isso.O tipo de caos que sempre temi finalmente havia chegado.Mas quando entrei naquele quarto alguma coisa dentro de mim se partiu. E outra coisa se curou.Depois que saí de lá com Olívia, ainda não conseguia acreditar que meu filho teria um bebê, ainda parecia surreal aos meus ouvidos. Meu filho seria pai.E não por conta de um acordo empresarial, nem por uma união conveniente… mas porque ele amou.Amou alguém que, segundo Henrique, não deveria ser amada.Ah, se ele soubesse quantas vezes ouvi o nome de El
NOAHO som ritmado dos monitores do hospital ainda ecoava dentro da minha cabeça, mesmo quando já não havia nenhum apito ao redor. Eu segurava a mão da Ella como se fosse a única âncora que me impedia de desabar.Ela dormia — finalmente — depois de horas de preocupação, exames e mais preocupação.O médico havia sido claro:o bebê estava bem.Mas o estresse…O estresse quase levou minha vida inteira embora.Eu nunca tinha sentido medo daquele jeito.Nem quando deixei o país aos dezoito.Nem quando voltei e enfrentei o mundo dos negócios pela primeira vez.Esse medo… era outro.Ela mexeu os dedos suavemente, e eu me inclinei, roçando meus lábios no dorso de sua mão.— Me desculpa — sussurrei. — Eu devia ter te protegido antes. Devia ter te tirado daquela casa anos atrás.Era uma confissão que nem eu sabia que estava guardada.Ella abriu os olhos devagar, ainda sonolenta, mas lúcida o bastante para me encarar com aquela expressão que sempre me desmontava: uma mistura de força e fragilida
A decisão de sair da Alvarenga Holdings latejou na minha cabeça desde o momento em que acordei.Quando cheguei ao estágio, tudo parecia mais pesado que o normal. Cada departamento que eu atravessava carregava o nome “Alvarenga” estampado em letras enormes nas paredes. Era sufocante. Eu sentia que a qualquer segundo alguém poderia vir me perguntar o que eu estava fazendo ali, como se eu não pertencesse mais àquele espaço — e, de fato, talvez não pertencesse mesmo.Assim que o horário do almoço chegou, peguei meu celular e liguei para Olívia. Se tem alguém no mundo que sempre esteve do meu lado, é ela. E eu precisava conversar com alguém que me entendesse, sem julgamentos.Ela atendeu na terceira chamada:— Ella? Tá tudo bem?— Preciso falar com você — respirei fundo. — Quero sair da Alvarenga Holdings.Silêncio.O tipo de silêncio carregado, daqueles que denunciam choque, preocupação e… curiosidade.— Você tem certeza? — ela perguntou enfim. — É por causa do meu pai?Engoli seco.Claro
NOAHO clima na Alvarenga Holdings estava diferente.As pessoas desviavam o olhar quando eu passava, como se soubessem de algo.Como se tivessem ouvido.E tinham.Meu pai não é o tipo de homem que perde a oportunidade de transformar um drama doméstico em uma história conveniente para si mesmo. Ele não diria meu nome, claro — seria “um dos herdeiros”, “um membro da família”… mas todo mundo entenderia.Quando cheguei na porta da minha sala, encontrei Luís, meu assistente, branco como papel.— Senhor Noah… — ele pigarreou — seu pai pediu que você vá direto à sala dele.Claro que pediu.Respirei fundo e caminhei pelo corredor como se estivesse indo para uma arena.Antes mesmo de bater, ouvi a voz dele lá dentro.Alta. Tensa.— Entre — ele disse quando ouviu meus passos.Abri a porta.Helena estava lá dentro.Sentei o desagrado me subir como um veneno.Ela estava com as mãos cruzadas no colo, postura impecável, expressão de quem queria demonstrar apoio mas, na verdade, estava apenas cumpri





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