Marian é uma bruxa de 30 anos que sem querer enfeitiça o CEO mais jovem e famoso do país, agora ele a odeia, mas tem uma coleira no pescoço que o liga a Marian que também não está feliz com a situação. Sem saída, os dois passam a morar juntos enquanto esperam uma maneira de quebrar o feitiço, mas até lá, a bruxa Marian e o CEO Gabriel precisam se suportar dividindo o mesmo teto e brigando toda vez que se cruzam. Ambos estão decididos sobre não dar o braço a torcer e preferem alimentar seus rancores, será que em meio a tantas brigas, eles se conhecerão e talvez descobrir que o amor pode vir da forma mais inusitada e da pessoa que mais detestavam?
Leer másO relógio do despertador digital encima da mesa de cabeceira marcava meia noite, o dia apenas acabou de mudar de 7 de Dezembro de 2033 para 8. O meu aniversário de trinta anos finalmente chegou ao fim, toda a festa havia terminado há meia hora e os convidados já haviam todos ido embora, sobrando apenas eu e meu gato, Binho, acordados na casa.
Encarei deitada na cama Binho terminar de lamber seu corpo, era um gato de pelagem frajola, redondo e peludo de três anos, o felino foi um presente da minha mãe. Ele levantou e veio rebolando para deitar em minha barriga, se houvesse um feitiço para fazer gatos falarem, eu com certeza usaria em Binho, eu me pergunto que tipo de coisas ele falaria. — Hey, humana! Faça um feitiço para aparecer cinquenta churus de peixe! — imitei com uma voz ridícula. — Você falaria esse tipo de coisa? Aposto sim, seu gato obeso. Binho permaneceu imóvel, mas miou ao ouvir a palavra obeso. Eu ri e acariciei sua cabeça me corrigindo. — Certo, você não é gordo, só tem ossos largos. Uma batida na porta do meu quarto me surpreendeu, olhei para Binho e ele não mostrou sinal de se mover, suspirei e gritei para a pessoa entrar. A única pessoa que poderia ser era a minha bisavó, Marrie. A pessoa que morava comigo nesta casa. — O que aconteceu? Por que tão tarde? — perguntei. A minha bisa é uma senhora de oitenta e cinco anos, já havia passado e muito de sua hora de dormir, como a pessoa caprichosa que ela era, vê-la acordada assim é bem incomum. Ela entrou segurando uma caixa e a colocou do meu lado na cama, desta vez, não tive como evitar e movi Binho da minha barriga para me sentar e olhar dentro da caixa. — Livros? — A olhei esperando uma resposta. — Bisa Marrie, por que você não está falando nada? — Estou me mudando, essa coisas velhas não são mais úteis. Levantei a cabeça para encará-la com os olhos arregalados e a boca aberta. — Não fique tão surpresa, sou velha, mas ainda sou forte e tenho desejos. — Bisa, eu não estou entendendo! — falei a procura de receber uma explicação. Ela suspirou e sentou ao meu lado, Binho veio e deitou em suas pernas, ela explicou acariciando o corpo redondo e peludo de Binho. — Vou me mudar por seis meses para a Europa, terá um festival de bruxos antingos como eu. — Seus olhos cor de âmbar encararam os meus da mesma cor. — Será como um acampamento, você não precisa se preocupar. Ela gargalhou, sua risada não era diferente das bruxas más dos desenhos animados, mas essa idosa era uma bruxa boa. Talvez não tão boa por gostar de assustar sua neta assim. Eu suspirei aliviada, agora animada para saber mais sobre a viagem. — Bisa Marrie, você poderia ter falado isso antes. Quando você vai? — Vou agora, queria passar seu aniversário com você. — Ela acariciou meu cabelo e sorriu. — Infelizmente, isso significa pegar o voo das três da madrugada. — Agora?! E eu só estou sabendo disso agora? — Levantei indignada da cama, ficando em péna frente da mulher idosa. A bisa, por outro lado, parecia muito calma, continuou sorrindo e brincando com Binho muito alheia ou sem se importar com a agitação emocional que estava causando em sua neta. — Não queria que você comemorasse sabendo que eu estou indo embora. Vamos, não seja ranziza e desfaça essas sobrancelhas, você não quer rugas tão cedo, quer? Deixei de franzir a minha testa e a massageei com as pontas dos dedos, eu realmente não queria rugas, mas estava frustrada. Por que a bisa sempre faz as coisas como ela quer? Sempre é assim, e ainda age como se não houvesse nada errado. — Eu não acredito que você vai viajar para o exterior e me avisa só três horas antes! — Marian, se você quer me acompanhar para o aeroporto, é melhor você ir se arrumar.Depois de dizer isso, ela simplesmente levantou e saiu levando Binho com ela. Eu confesso que não sou a pessoa mais rápida para me arrumar, normalmente levo pelo menos duas horas. Não que eu precise de tanto para ficar bonita, apenas que me recuso a ficar menos do que perfeita.
Infelizmente, hoje eu teria que deixar essa passar, enfim, não é importante ficar bonita no aeroporto às três da madrugada. Não é como se eu fosse encontrar alguém importante. Eu vesti um moletom e uma saia, calçando um tênis e estava pronta. — Bisa Marrie! Estou pronta, eu chamo o uber?Eu saí do consultório, mas a dor continuava me atingindo como se eu estivesse em um ringue de box contra um canguru. O canguru está vencendo por via de curiosidade.Me apoiei na parede e considerei ignorar as ordens médicas e tomar as duas pílulas agora mesmo. O que eu faria? Teria mesmo que esperar até amanhã? Eu sequer vou conseguir sobreviver até lá?Caminhei morimbundamente pelo corredor, enquanto andava senti a dor diminuir gradualmente. Até que cheguei em um lugar que ela parecia quase ir embora, continuei meu caminho pensanso se isso é algum tipo de milagre. Eu estava errada, no momento que ultrapassei o bendito lugar, a dor voltou como um soco forte na boca do estômago.Eu quase perdi o equilíbrio, caxinguei com a coluna em caracol para o lugar santo. Eu senti a dor ir embora novamente e ficando bem mais fraca. Eu espiei a sala e vi um rosto indesejado deitado em uma maca, uma sala vazia de outras pessoas, inteira para um único paciente.O paciente em questão é Gabriel, ele es
Mabel apenas balançou a cabeça e brincou com Binho através da grade, tirando e botando o dedo, enquanto Binho se esforça para agarrar o dedo dela.— Marian Carvalho! — A enfermeira chamou meu nome.Levantei o mais rápido que pude e segui a enfermeira para sala, Mabel que é supostamente minha acompanhante, ficou para trás por conta de Binho que não pode entrar no consultório.A enfermeira me guiou até a sala e abriu a porta para eu entrar. O consultório é uma sala de tamanho médio, ela tem uma maca, um armário e uma mesa com duas cadeiras de frente para a da doutora Pâmela do outro lado da mesa.A doutora Pâmela é uma mulher de cinquenta e seis anos, seu cabelo é pintado de vermelho escuro e ela usa óculos de grau com estampa de oncinha. Em um primeiro olhar, ela não se parece nada com Mabel, mas as semelhanças de seus traços faciais podem ser notados mais tarde com o convívio.— Tia Pâmela... — choramiguei no momento que ficamos sozinhas.— O que houve? — ela perguntou e apontou a ma
— Marian, você está muito pálida. — Mabel disse pondo a sua mão na minha testa. Ela franziu as sobrancelhas e continuou falando agitada. — Você está queimando de febre! — Eu estou bem. — respondo afastando a sua mão. — É só um mal-está. Não era só um mal-está, parecia mais um morrendo está. Eu só precisei terminar de falar para logo voltar atrás em minhas palavras. — Não, não. Mabel me leva para o hospital. — falei com meu estômago revirando. Mabel rapidamente me apoiou e me levou até seu carro. Eu era a única entre as minhas companheiras de trinta que não tinha um carro, tudo culpa do meu mal hábito de não guardar dinheiro. Bisa e eu nos mal acostumamos com a tecnologia do uber, se não havia uber, sempre tinha uma amiga para dar uma carona. Bem, me julgar por não guardar dinheiro é muito cruel! Eu tenho meus hobbys para alimentar, roupas para estar sempre bem vestida e bugigangas de bruxaria. Vocês sabem quanto custas bugigangas de bruxaria?! Para um mercado com pouca demanda, e
Saí da casa de Mabel com uma pulga atrás da orelha sobre os efeitos colaterais. Eles não seriam tão terríveis, seriam? Senti um leve medo do que estava por vir. Atravessei a rua e entrei em casa, Binho veio caminhar ao lado dos meus pés, peguei ele no colo e choraminguei. — Binho! A mamãe está em uma situação difícil e tudo por culpa de um cara rico. — Acariciei a cabeça de Binho. — Bem que aquele cara do tiquetoque falou que o problema do mundo são os ricos! Binho miou alto e se soltou de mim, pulando de volta para o chão como se dissesse que eu distorci o sentido das palavras do tiquetoquer.Eu estava de barriga cheia e não tinha nada para fazer, aproveitei para ver quem foi o outro causador da minha tormenta. Quem foi o maldito que resolveu me ligar naquela hora crucial? Quem foi que me fez derrubar as minhas coisas resultando em um Gabriel Camden enfeitiçado? Essa pessoa pagaria muito caro! Eu só preciso saber quem foi. Peguei meu celular e olhei o número desconhecido, a ligaç
O olhar desconfiado de Mabel na minha nuca estava me fazendo soar. Terminei de guardar o último talher e virei de supetão para Mabel. — Vai, fala! — exigi ela. — Falar o quê? — Ela inclinou a cabeça em dúvida. — O que você quer? Você ta me encarando assim desde que eu entrei. — O que você fez, Marian? — ela perguntou empurrando o cabelo para trás. Quem é Mabel? Simplesmente a bruxa mais habilidosa em detectar e estudar feitiços que conheço, a sua sensibilidade para sentir alterações na ordem natural é surreal de boa. Eu inconscientemente olhei para o meu pulso, a pulseira e a corrente eram realmente invisíveis para as outras pessoas. Mabel só sente que tem algo estranho porque essa é a sua área de estudo na magia. Não sei se foi a bisa Marrie que criou esse feitiço, mas quem criou estava preocupado com a discrição. — Bem... — comecei e me encostei na bancada. — Eu encontrei um feitiço antigo no quarto da bisa. — Você fuçou o quarto da bisa Marrie? Ela vai te matar. — Não se e
A viagem no carro logo chegou ao fim, a primeira a descer do carro foi Sabrina que pegaria o metrô para ir para casa. — Tchau meninas, até amanhã. - ela fez uma pausa. — Até amanhã não, até segunda. Nós três rimos e Daniele continuou o caminho para as nossas casas, não era tão distante do centro como a casa de Sabrina, mas também não era perto. Daniele e eu morávamos na mesma vizinhança, com apenas algumas ruas de distância, era muito bom que o percurso para a casa dela passassse bem em frente a minha. — Está entregue. — Daniele brincou parando na frente do meu portão. — Obrigada pela carona. — agradeci descendo do carro. — De nada, te vejo segunda. — Até segunda. — respondi, Daniele foi embora e entrei na minha casa casa. Procurei a chave da porta e já ouvi os miados do gato frajola, quando abri a porta ele veio até e mim e ainda miando esfregou seu corpo em minhas pernas. Abaixei e acariciei a cabeça de Binho. — Oi, meu amor. — falei com a voz doce. — Mamãe já já coloca o al
Último capítulo