Em meio à ostentação de uma das famílias mais poderosas do país, um segredo enterrado ameaça destruir tudo. O primogênito, herdeiro legítimo de uma fortuna bilionária, está em coma após um trágico acidente. A mãe, desesperada para manter a riqueza sob controle, obriga uma jovem de origem humilde a casar-se com ele — sem que a moça saiba da verdadeira razão. Mas o destino tem outros planos. Apenas dois dias após o casamento forçado, o homem desperta. Frio, cruel e traumatizado por uma perda irreparável, ele descobre a armadilha e jura vingança. Meses depois... O pior acontece... Ela está grávida. Dele. De quadrigêmeos. Para proteger os filhos da promessa mortal do pai, a jovem foge, decidida a desaparecer. Mas os anos passam, e os três irmãos — inteligentes, curiosos e corajosos — crescem ouvindo a história de um homem que os odeia sem nunca tê-los visto. Agora, eles querem confrontá-lo. Saber quem ele realmente é. Mesmo que isso custe suas vidas.
Ler maisA notícia da possível reação de Leonardo atravessou a mansão como um raio silencioso — e devastador. Não demorou mais que vinte minutos para que os passos ritmados e firmes de Helena Villar ecoassem pelo corredor de madeira nobre até o quarto onde Isabela permanecia, inquieta. A porta se abriu devagar, sem estardalhaço, como se a própria casa soubesse que aquela mulher não precisava de barulho para dominar qualquer ambiente.Helena entrou com a graça ensaiada de quem nasceu sob os holofotes da alta sociedade. Cada gesto, cada olhar, era carregado de intenções cuidadosamente veladas. O perfume floral e discreto que usava preencheu o ar, antecedendo sua presença. Ela não disse uma palavra. Apenas caminhou até a cama onde Leonardo dormia — ou fingia dormir, talvez — e permaneceu ali por um tempo que pareceu uma eternidade.Seus olhos correram sobre o rosto do filho com uma mistura de ternura e cálculo. Depois, finalmente, ela se virou.— Então, meu Leo abriu os olhos... e tocou você? — S
Os dias se arrastavam com a crueldade de uma tortura invisível.Cada segundo era uma gota densa pingando no relógio da sua mente — lenta, pesada, insuportável. A mansão, com todo o seu luxo sufocante, havia se tornado uma prisão dourada, sem janelas abertas, sem horizontes.Isabela mal reconhecia a própria respiração. O silêncio era tão absoluto que parecia gritar. Ela vivia em cativeiro, e o mais perturbador era que ninguém a chamava de prisioneira. Aos olhos do mundo — ou pelo menos da alta sociedade — ela era agora a "senhora Villar", esposa de um herdeiro bilionário, protegida por paredes revestidas de mármore, cercada de empregados, médicos particulares e mordomos que sempre sorriam, mas nunca respondiam.Cinco dias.Cinco dias sem notícias da mãe. Sem permissão para sair do quarto. Sem contato com ninguém. Cinco dias desde que ousara dormir na cama de dossel adornada com seda francesa. Agora, repousava no chão — por escolha própria. Ou talvez por necessidade.Naquela manhã, o fr
Dois dias. Foi esse o tempo que se passou desde que os olhos de Leonardo se abriram pela primeira vez. E desde então, Isabela carregava aquele segredo como uma pedra em seu peito. Não contou a ninguém. Não ousava. Talvez, no fundo, ela desejasse que aquilo não tivesse acontecido. Que fosse apenas um delírio, uma alucinação fruto do medo e da pressão insuportável que a consumia desde o dia do casamento.Mas a verdade pesava em cada segundo.Leonardo estava acordado.Ou... algo nele estava.Ela lembrava dos olhos dele, como se ainda os visse cravados em sua pele — verdes, intensos, mas sem calor. Sem alma. Pareciam olhos de um predador analisando a presa. Não havia expressão, não havia fala. Apenas o olhar que a perseguia em cada canto da mansão.Durante o dia, a vida seguia como se nada houvesse mudado. A casa estava em silêncio, as empregadas lhe sorriam com respeito, os criados traziam chá e toalhas limpas, e o cozinheiro preparava refeições finas para ela, como se fosse parte da fam
O silêncio da mansão Villar parecia pulsar naquela hora da noite, como se o próprio tempo tivesse decidido parar diante dos segredos que dormiam entre aquelas paredes douradas. Cada centímetro do corredor era um aviso, e Isabela sentia isso no corpo — na pele eriçada, nas mãos frias, nos pés descalços que tocavam o chão de mármore gelado como se pisassem em gelo.A luz do abajur dentro do quarto era fraca, dourada, mas traçava sombras que dançavam nas paredes como vultos antigos. Ela hesitou na soleira antes de entrar. O robe branco que usava, presente delicadamente imposto por Helena, moldava seu corpo com desconforto. Cada costura parecia apertar sua liberdade, como se ela tivesse sido embalada e entregue, um presente sem vontade própria.Ao fechar a porta atrás de si, o clique seco da maçaneta soou como o trancar de uma cela. O coração de Isabela disparou.Leonardo estava ali.Imóvel.Deitado ao centro de uma cama ampla, coberta por lençóis que mais pareciam ter sido esticados por
O som suave dos violinos ainda ecoava nos jardins da mansão Villar, misturando-se às últimas risadas e conversas abafadas dos convidados que começavam a se dispersar. A decoração reluzia sob a luz amarelada dos lustres: pétalas brancas espalhadas pelo chão, castiçais ainda acesos e copos meio cheios sobre as mesas de vidro. Tudo parecia parte de um sonho.Mas para Isabela, o sonho começava a se transformar em algo que ela não compreendia.Vestida no mesmo vestido branco rendado da cerimônia — agora com a saia um pouco amarrotada pelas danças, abraços e felicitações — ela caminhava por um corredor interno da mansão, guiada por uma funcionária de olhar apático e postura rígida. O som de seus sapatos ecoava sobre o chão de mármore como se anunciasse o início de algo sombrio.O corredor era longo, ladeado por espelhos altos que refletiam sua imagem confusa e abajures dourados que lançavam sombras elegantes, porém pesadas. Cada passo parecia mais distante da festa e mais próximo de algo qu
A mansão Villar nunca estivera tão viva… e, paradoxalmente, tão morta por dentro.Desde o amanhecer, uma orquestra silenciosa de prestadores de serviço tomava conta dos corredores. Floristas entravam e saíam como abelhas-operárias. Decoradores escalavam escadas e penduravam véus brancos como névoa nos cantos dos salões. Garçons impecavelmente vestidos recebiam instruções com sussurros, enquanto músicos ensaiavam suaves acordes de cordas no jardim.Tudo era beleza. Tudo era luxo. Tudo era uma mentira.Cortinas brancas esvoaçavam nas janelas altas, movidas por uma brisa leve e morna de fim de tarde. E no ar, entre lírios e rosas-brancas em arranjos suntuosos, um perfume quase sagrado escondia o odor insuspeito da enganação.No centro de toda essa farsa encantada, estava ela.Isabela Andrade.Caminhava devagar, os olhos faiscando um brilho ingênuo, como uma menina que acabara de entrar no mundo dos sonhos. Passava os dedos pelos detalhes dourados das cadeiras alinhadas sob o arco floral
Último capítulo