Um verdadeiro inferno sobre quando me casaria. Muitas apostas de quem seria a noiva escolhida por mim. Depois de ter o coração partido uma vez e alheio a todos que me cercavam, dei de ombro quando meu pai falou que se eu não escolhesse a minha noiva, ele mesmo escolheria. E ele escolheu. Gabriela Solto Maior. A filha do barão mais poderoso da região. Ele vive nas terras que fazem divisa com as terras do palácio.
Leer másPrólogo.
Ignácio narrando. Desde que me entendo por gente, aprendi que nasci em uma família com obrigações e regras a serem cumpridas. Claro que todo e qualquer ser humano nasce com o livre arbítrio de fazer muitas escolhas. Muitas vezes, mesmo não havendo esse livre arbítrio quando se nasce na realeza como filho de um rei, a pessoa ainda pode se rebelar e lutar pelos próprios ideais e pela própria felicidade. Todavia, diferentemente dos meus irmãos, eu jamais consegui ir contra as regras. Quando eu era criança, os meus coleguinhas burlaram as regras e fugiram da escola antes do final da aula. Algo dentro de mim brilhou e eu quis muito seguir os meus amigos. No entanto, não consegui dar um passo sequer quando pensei que poderia sofrer as consequências e no quanto decepcionaria o papai. Meus amigos foram para casa mais cedo e eu continuei até o final da aula, quando tudo que eu queria era ter ido com eles. Eu cresci assim e nunca mudei. Poderia ter mudado. Queria ter mudado. Acima de tudo, deveria ter mudado. Quando estava na faculdade de economia e de ciências políticas, tive a oportunidade de me apaixonar por diversas garotas, mas só aconteceu uma vez, embora sexo nunca tenha faltado. Eu me apaixonei pela mulher errada. Infelizmente, me apaixonei pela pessoa errada, porque o fruto nunca cai longe do pé. Meus irmãos sempre se envolveram e tiveram paixões por garotas que eram plebeias. Sempre coube a mim brigar com eles, mas acabei ficando interessado por uma plebeia que só estava frequentando a faculdade porque havia conseguido uma bolsa. Estudando na mesma turma, Jane e eu ficamos amigos e a amizade logo se transformou em paixão. Nós ficamos juntos algumas vezes, mas quando ela me perguntou quando eu pediria em namoro, fiquei sem palavras. Minha falta de resposta a magoou, mas ela seguiu tendo esperanças de que eu faria alguma coisa. Ela pensou que seria assumida por mim. Semanas se passaram e o meu silêncio continuou quanto ao assunto. O nosso relacionamento ficou estranho, até que ela me colocou na parede e eu disse com todas as letras que nós nunca poderíamos ser namorados. Eu ainda a insultei quando disse que poderia ficar com ela em segredo, mas nunca em público. Quem está de fora não entende as regras e conceitos da realeza. A mulher por quem estava apaixonado acreditou que eu sentia vergonha dela por ser pobre, mas era muito mais do que isso. Eu só queria continuar sendo o homem correto de sempre. Por não querer sair da linha, acabei perdendo a mulher que tocou o meu coração como nenhuma outra havia feito. Ela saiu da universidade e nunca mais a vi. Eu sabia onde ela morava, mas nunca fui a sua procura, porque não queria ter uma fraqueza como Jane na minha vida. Às vezes me pergunto se seguiu em frente depois de tantos anos. Às vezes penso que é melhor que tenha me superado e que tenha se casado do jeito que tanto sonhava com o homem por quem se apaixonou depois de mim. Por minha vez, cheguei aos trinta e seis anos solteiro. Depois que meu irmão se apaixonou e se casou, obviamente se casou por amor e com a pessoa mais inadequada possível, os olhos do meu pai e de toda Solari se voltaram para mim. Um verdadeiro inferno sobre quando me casaria. Muitas apostas de quem seria a noiva escolhida por mim. Depois de ter o coração partido uma vez e alheio a todos que me cercavam, dei de ombro quando meu pai falou que se eu não escolhesse a minha noiva, ele mesmo escolheria. E ele escolheu. Gabriela Solto Maior. A filha do barão mais poderoso da região. Ele vive nas terras que fazem divisa com as terras do palácio. O acordo para o nosso casamento foi feito apenas por um boca a boca entre os nossos pais. A tentativa de concretização é recente, mas descobri que existe um acordo comercial para o casamento de um dos filhos do rei com uma das filhas do barão desde que os meus irmãos e eu éramos crianças. Eu não tenho interesse em conhecer a minha noiva, porque claramente não será um casamento por amor. Não chegará nem perto disso. Sei que não estou sendo razoável, mas não conheço a garota e já não gosto dela. Como eu poderia respeitar a mulher que se sujeita a um casamento por conveniência? Ela e nada para mim são a mesma coisa. Hoje cedo acordei incomodado e com a sensação de que tinha algo errado prestes a acontecer. Talvez tenha sido apenas paranoia da minha cabeça. Provavelmente, foi apenas loucura da minha mente aflita, porque está chegando perto do dia em que me amarrarei em um relacionamento com uma mulher que não conheço e que o pouco que sei a seu respeito não me agrada nem um pouco. Para começar, ela é mais nova do que eu quase vinte anos. Em seguida, pelas poucas fotos que encontrei no G****e, não passa de uma menina mimada, que está sempre séria quando é fotografada em eventos importantes. Certamente é uma garota fútil e chata. Conviver com ela será um tormento, mas terei que suportar. Eu procurei por isso quando abri mão da mulher que realmente amava para seguir as regras impostas pela sociedade e pela família real. A minha situação seria diferente se eu tivesse sido corajoso como meu irmão mais velho e futuro rei foi. Mas não posso chorar pelo leite derramado agora e vou aceitar o que o destino preparou para mim conforme as escolhas que fiz no passado. No momento, estou cavalgando pelas terras do palácio, olhando um pouco mais à frente, mais especificamente para as terras da família Solto Maior. Considerei algumas vezes ir até lá para conversar com a garota e a conhecer um pouco mais, mas sempre desisti. Eu não tenho interesse em conhecê-la. O nosso casamento será apenas um acordo comercial e terei tempo o suficiente para conviver com ela quando nos casarmos. É isso. Estou tão perdido em pensamentos que quase atropelo alguém sem perceber. Desesperado para evitar um acidente, seguro as rédeas do cavalo a tempo de não atropelar a pessoa que entrou no meu caminho do nada. Por um momento, tudo o que vejo é uma cesta voando nos ares e em seguida maçãs caindo no chão com pequenos baques. Assustado, desço do cavalo e paro ao lado da garota que está no chão, com seu cabelo castanho cobrindo todo o seu rosto. Fico ainda mais preocupado quando vejo que ela está grávida. Muito grávida, considerando o tamanho da sua barriga. — Você está maluca? Como atravessou o meu caminho dessa forma? Eu poderia ter te matado, garota! — Você deveria me ajudar a ficar em pé, não brigar comigo. Em vez de fazer o que sugere, tiro o cabelo do seu rosto e o seu olhar encontra o meu. O seu rosto se reveste de puro horror. Como se estivesse vendo um fantasma, ela empalidece. Pisca várias vezes, para ter certeza de que não está tendo uma alucinação. Por minha vez, fico impactado por sua beleza, porque na minha frente tenho a mulher mais linda que tive o prazer de colocar os olhos. Eu não diria que é uma mulher. Na verdade, a garota não deve ter mais do que vinte anos. A sua pele é clara e seus lábios são médios e rosados. Seus cabelos são castanhos e longos. Os seus olhos também são castanhos, embora por alguma razão eu pense que deveriam ser azuis. Azul combinaria com ela, assim como a sua roupa. O que estou fazendo? Acabei de atropelar uma garota grávida e estou pensando no quanto ela é linda. Realmente, devo ter enlouquecido! Acreditando que não vou mover um dedo para ajudá-la, ela tenta ficar em pé, mas não consegue por causa do peso da sua barriga. Como uma garota tão pequena e jovem pode estar grávida? Ela parece tão linda. Tão desamparada... — Eu tenho que ir…. B**e as mãos para se limpar e recolhe rapidamente as maçãs em seguida. — Pode deixar que eu te levo em casa — digo, tento segurar sua mão, mas a garota não permite. — Não! Eu tenho que ir sozinha — ela fala e olha uma última vez para mim, como se estivesse com medo. Então vira as costas e sai correndo do jeito que pode. Eu poderia ir atrás, mas não vou. Olho por um tempo, prestando atenção na direção em que está indo. Fico com a impressão de que está caminhando para as terras dos pais da minha futura mulher. Na verdade, realmente está. Nós dois estamos das terras do barão, porque cavalguei até onde a minha futura esposa mora sem perceber. O que merda isso significa? Eu não estou curioso, estou? Essa garota grávida... Será que ela mora com eles? Talvez seja uma funcionária. O mais estranho em tudo isso é a m*****a sensação de que já vi a garota em algum lugar, mas não faço a menor ideia de onde. Nos próximos dias, sigo em frente normalmente, fingindo que a minha vida não está prestes a mudar. Um pouco mais de três meses depois, no meu primeiro encontro com a mulher que será minha esposa, descubro o porquê da sensação de que tinha visto a garota grávida antes. Na segunda vez em que a encontro, os seus cabelos são loiros, os seus olhos são azuis e não tem mais um bebê na sua barriga. Ela é a minha futura mulher. Que espécie de brincadeira é essa ? **** Sinopse. Aos dezoito anos de idade, a jovem virgem é inseminada por engano. Quando um acordo entre o seu pai e o rei a obriga a se casar com o príncipe frio e cruel, ela descobre que o homem é o pai do sua bebê. Ignácio Vargas sempre seguiu as regras. Sendo um dos três filhos do rei de Solari, o príncipe sempre soube qual era o seu lugar no mundo. Para ele, seguir na linha jamais foi um desafio. Tudo muda quando se apaixona pela garota inadequada e pela primeira vez deseja ser capaz de seguir apenas o seu coração. O problema é que o seu coração é frio, prático e calculista. Seu coração o faz perder seu amor. Anos depois, ao chegar aos trinta e seis anos solteiro, o nobre não faz objeção quando o rei em pessoa escolhe a sua noiva em um baile. Antes mesmo de a conhecer, sabe que a jovem será mimada e fútil. Ignácio está preparado para a odiar, mas a sua futura esposa não é nada como imaginava. Ela diz que tem uma filha sua, o problema é que nunca a tocou. Aos dezoito anos, Gabriela tinha grandes sonhos, até que um erro médico destruiu os seus planos e fez dela mãe solteira. Quando tudo parece voltar para o lugar na sua vida, seu pai arranja um casamento de conveniência com ninguém menos do que o príncipe Ignácio Vargas de Solari, o homem que não esconde que a despreza e que no futuro descobrirá ser o pai da sua bebê.Leia um trecho do quarto livro da saga Família Real: O herdeiro que o príncipe Rejeitou. Javier narrando.Em alguma fase da suas vidas, meus irmãos chegaram a se ressentirem do fato de sermos da realeza e desejaram ser outras pessoas. Preciso ser claro e confessar que algo parecido não aconteceu comigo. Porque eu desejaria ser outra pessoa? O que sou além do terceiro filho do rei de Solari? Se eu fosse um homem diferente do que sou, poderia ter algum ressentimento. Se Rhuan é o filho mais velho, o príncipe herdeiro e futuro rei de Solari, Ignácio, o segundo filho, é aquele que tem a confiança do nosso pai. Ele é o seu braço direito.Então temos eu: o filho caçula. Aquele que chegou de surpresa porque não estava exatamente nos planos. Sim, o filho caçula, aquele que é apenas o príncipe de quem ninguém espera algo. Aquele que o rei ama, mas deixou de lado sem colocar grandes responsabilidades sobre os ombros. Se eu me importava com isso? Nunca. Amava ser livre. Amava não ser
Epílogo fim.Ignácio narrando.Meses depois...— Durma bem, filha. O papai te ama muito — curvado no berço da Isadora, que em breve fará um ano de idade, falo baixinho com ela. Geralmente a sua mãe e eu a colocamos para dormir juntos, mas especialmente hoje ela está ocupada, então coube a mim balançá-la nos meus braços. Felizmente, a minha menininha é tranquila e não demorou para cair no sono segurando o meu dedo indicador. Com cuidado, a deitei no berço, agora estou me preparando para sair do quarto. Foi difícil no começo, porque queríamos que a bebê ficasse no nosso quarto, mesmo que fosse dentro da sua cestinha, mas com o tempo aprendemos que não podemos ter as nossas filhas debaixo das nossas asas o tempo todo. Elas precisarão aprender a crescer independentes desde cedo. Depois de pegar a babá eletrônica, apago a luz, deixo apenas o abajur aceso e saio do quarto da Isadora. Não vestindo nada além de uma calça moletom cinza, desço as escadas com cuidado para que ela ainda não
Capítulo 31. Ignácio narrando.No mesmo salão onde aconteceu a cerimônia de casamento, foi separado um espaço para a recepção. Embora os convidados estejam animados, todos ansiosos para nos parabenizarem, estou ansioso para ficar a sós com a minha esposa.Eu preciso sentir que é real e sei que acontecerá quando estiver com ela nos meus braços, olhando nos seus olhos e tocando-a do jeito que apenas eu posso. Posso porque é minha esposa. Para mim é uma tortura ficar duas horas recebendo cumprimentos e sorrindo para todos. Fiz isso a minha vida toda, mas hoje não posso aguentar. Eu estou feliz pela presença do meu pai, dos meus irmãos e amigos no dia mais importante da minha vida até aqui, mas depois de horas, estou desesperado para ficar sozinho com o amor da minha vida. Minha princesa Gabriela. Meu amor. Quando o momento chega, respiro aliviado e despeço-me da minha filha. Como temos uma bebê de três meses no qual pensar, a noite de núpcias foi planejada com antecedência. Ga
Capítulo 30. Ignácio narrando.Eu sempre achei vergonhosa a forma como homens choram quando suas mulheres entram com seus vestidos de noivas no dia do casamento.Quando tive a oportunidade, ri do nervosismo do meu irmão e também do idiota do Leonardo Von Daren quando ele brigou com Pérola.O problema é que na minha vez sinto mais vontade de chorar do que imagino que ele jamais sentiram. Parecendo uma princesa, mais linda do que nunca, Gabi está vindo para mim e tem um sorriso tão bonito no rosto que o meu coração dispara a ponto de eu senti que ele vai sair pela boca. Gabriela e eu estávamos tentando ser discretos quanto a existência da Isadora. Jamais sentiríamos vergonha da nossa filha, mas sabíamos que precisávamos tomar cuidado para que ela não fosse importunada e para que a descoberta da sua existência não se tornasse um circo. Esperamos o momento certo, todavia, o tempo passou e o momento certo não chegou. As pessoas que não fazem parte da minha família e não são amigos pró
Capítulo 29. Gabriela narrando.Quando acordo pela manhã, tenho a sensação de que os passarinhos estão cantando mais alto e de que o sol está brilhando mais. Quando acordo pela manhã, faço sabendo que hoje será um dos dias mais importantes da minha vida. Tenho vontade de rolar nos cobertores macios e dormir um pouco mais, apenas para que a hora do casamento chegue mais rápido, mas não tenho a oportunidade. — Está na hora de acordar, bela adormecida. Hoje é o seu dia da noiva e não queremos que se atrase. Quem está falando é a madrinha, Elena. E antes de abrir os olhos sei que a sua fiel escudeira, Pérola também está presente. Apenas por costume, estico o braço e passo a mão pelo espaço da cama que Ignácio ocupa e o encontro vazio. Está vazio e frio, mas antes que o meu coração erre a batida, lembro-me de que o meu noivo não está ao meu lado porque dormiu no palácio a pedido das minhas amigas.Mal sabe elas que ontem fugi da minha própria despedida de solteira para transar com o
Capítulo 28. Gabriela narrando. A sua mãe foi no palácio te procurar. Essa frase fica se repetindo na minha cabeça sem parar. Como assim a minha mãe foi me procurar? Eu não tenho mãe! — O que ela queria? — Disse que precisava te ver. Tão simples assim? Depois de sumir da minha vida por mais de dez anos só agora precisa me ver? Logo agora que não estou mais implorando em agonia para que volte e me tire do inferno? Agora que não preciso mais de uma mãe? — Que cara de pau! A mulher me deixou com oito anos de idade, nunca mais entrou em contato e na véspera do meu casamento pensou que seria de bom tom me procurar? Quem ela pensa que é? — Sua mãe disse que estava doente e que acreditava que iria morrer. Por isso te deixou com o barão. Ela não queria te deixar desamparada, foram essas as palavras que usou. Por um momento, fico em silêncio, apenas refletindo o que Ignácio acabou de contar, mas, ainda assim, não consigo encontrar uma razão para entender a escolha que f
Último capítulo