Mundo de ficçãoIniciar sessãoMaria Fernanda só queria esquecer a pior noite da sua vida. Depois de anos amando o melhor amigo em silêncio, ela descobre — em público — que o pedido de casamento não era para ela. Ferida, furiosa e decidida a virar a página, aceita ir para uma boate de elite e acaba vivendo uma noite intensa com um homem misterioso… que ela nunca mais deveria ver. Ou pelo menos era o plano. Enzo é CEO, poderoso, desconfiado e acorda no hospital no dia seguinte convencido de que foi dopado. Sem lembrar do rosto da mulher da boate, mas obcecado por dois detalhes muito específicos — um coração tatuado no dedo anelar e uma maçã mordida no lado certo da nádega — ele passa a procurá-la como quem caça uma ameaça… ou um vício. Para Enzo, ela pode ser uma espiã que tentou sabotá-lo. O problema é que ele não consegue parar de pensar nela. Um mês depois, Maria Fernanda consegue um emprego de babá com salário irrecusável. O detalhe? O pai da criança é o mesmo homem da boate — que agora a observa tentando decidir se ela é uma criminosa perigosa… ou a maior tentação da sua vida. Entre desconfianças absurdas, coincidências improváveis, uma criança que rouba a cena e uma atração impossível de ignorar, os dois vão descobrir que nem todo inimigo quer te destruir — alguns só bagunçam tudo do melhor jeito possível.
Ler maisCAPÍTULO 1. O ANEL
A vida toda eu fui apaixonada pelo meu melhor amigo, Michael. Não foi uma paixão repentina, dessas que surgem do nada e amornam conforme o tempo passa. Foi algo que cresceu comigo, silencioso, paciente, como se sempre tivesse estado ali, esperando o momento certo para ser revelado ao mundo.
Michael fazia parte da minha vida desde antes de eu entender o que era amor ou dor. E na minha cabeça, e lá no fundinho do coração, eu tinha certeza de que era correspondida. Ele era meu porto seguro, meu riso fácil, meu lugar conhecido, o abraço mais sincero, o beijo mais quente. Sim, nós já tínhamos nos beijado algumas vezes, mas nunca fomos além disto - porque ele não quis.
Eu cursava Medicina muito mais por ele do que por mim. Não que eu odiasse o curso, pelo contrário, eu até gostava, mas a verdade é que estar ali significava ficar perto de Michael, dividir corredores, cafés apressados, noites de estudo e conversas que nunca terminavam.
Ele estava se formando enquanto eu ainda tinha um caminho longo pela frente. Mas isso nunca pareceu um problema, porque na minha cabeça nosso futuro já estava traçado: casaríamos, teríamos dois filhos, um cachorro, um gato e um periquito e viveríamos felizes para sempre.
— Você ficou sabendo? — ele perguntou, jogando a mochila no banco ao meu lado, no pátio da faculdade.
Balancei a cabeça, distraída, fechando o livro que fingia ler e deixando os biscoitos recheados de lado. Eu odiava ler aqueles livros que mais pareciam escritos em grego. Sempre preferi livros coloridos e com figuras. Mas figuras fofas, infantis e não de órgãos internos divididos ao meio.
— Do quê?
— Que você foi selecionada para aquele concurso de babás que está passando na internet. — Ele riu, confuso. — O tal reality de babá para o filho do CEO da Asheton Armaments.
— Mas… eu nunca me inscrevi — ri — deve ter sido um erro no sistema. Ou, o que é mais provável, alguém que tem o mesmo nome e sobrenome meu.
Michael arqueou uma sobrancelha, divertido:
— Disseram que escolheram poucas candidatas. E o seu nome foi anunciado. Eu ri. E achei bem estranho, porque você não comentou nada comigo sobre isso.
— Eu jamais me inscreveria para um concurso que expõe as pessoas desta forma. Sem contar que… é longe demais. Ir para outro estado significaria ficar longe de você, do Will, da mamãe, do papai… todas as pessoas que eu amo.
Ele me observou por alguns segundos, como se estivesse tentando entender algo:
— Sim, este concurso é ridículo. Mas o valor que este homem pagará para a babá do filho chega a ser humilhante perto do que nós, meros mortais, recebemos.
— Que as candidatas selecionadas sejam felizes com suas escolhas — levantei as mãos, como se estivesse abençoando-as — e que vença a que tem mais aptidão para cuidar do menino. Até porque, eu duvido que alguma destas mulheres estejam lá realmente pelo filho do CEO. Creio que estejam focando no próprio CEO. — fiz careta.
Michael assentiu, trocando de assunto:
— Vamos almoçar juntos, fora do campus? — convidou. — Quero comemorar o último mês antes da formatura. E com você, claro!
Meu coração acelerou, porque sim, ele não resistia ao charme de Michael:
— Claro que vou.
O restaurante da rua detrás do campus era simples, mas aconchegante. Um lugar que frequentávamos há anos, onde os garçons já nos conheciam pelo nome. Michael estava especialmente animado naquele dia. Falava sobre o futuro, sobre residência, fazia planos. E compartilhava tudo comigo, como sempre fez. E cada palavra dele soava como uma promessa silenciosa, mesmo que não tivesse mencionado o meu nome.
Depois do almoço, ele sugeriu que caminhássemos um pouco pelo centro. Conversávamos sobre coisas bobas quando ele parou em frente a uma joalheria.
— Vem comigo — disse, segurando minha mão.
Meu estômago se contraiu. Lá dentro, o brilho dos anéis me encantou, quase me hipnotizando com tamanha beleza das pedras. Meu coração acelerou ainda mais quando percebi que o lugar era focado em anéis. Michael conversou rapidamente com o vendedor e, em seguida, virou-se para mim com um sorriso que eu conhecia bem:
— Escolhe um. O que você achar mais lindo de todos. E não se preocupe com o preço. Ganhei uma grana boa do meu pai pela formatura.
Meu mundo parou. E as pernas amoleceram como sorvete derretido:
— Michael… — comecei, sem conseguir completar a frase.
— Faça este favor para mim, por favor.
Minhas mãos tremiam enquanto eu observava as vitrines. Não havia dúvida do que aquilo significava. Nenhuma mulher escolhia um anel daquele jeito sem saber. Escolhi um simples, delicado, exatamente como eu sempre imaginei. Quando o vendedor colocou o anel sobre o balcão, senti os olhos arderem e contive as lágrimas.
Michael sorriu satisfeito:
— É a sua cara. Mas bem simples.
— Você mandou eu escolher o que achava mais lindo. E o que eu mais gostei.
Eu sempre pegava carona com Michael. O caminho de volta para casa naquele final de tarde foi silencioso, mas não desconfortável. Era aquele silêncio cheio de significados não ditos, de expectativas compartilhadas. Eu e Michael sempre fomos daquele jeito: falávamos muito mais por olhares do que por palavras.
Assim que ele me deixou em casa, larguei a bolsa no sofá e fui direto até o quarto do meu irmão.
— Will! — subi as escadas correndo, quase sem conseguir conter a empolgação.
Willian abriu a porta do quarto, sem camisa, só com uma bermuda e o celular na mão.
— Uau! — parei, analisando-o — Você está… lindo. Se não fosse meu irmão, eu pegava.
Ele riu:
— Fê, da fruta que você gosta eu como até o caroço.
— Que compartilhemos as frutas! — brinquei.
— O que foi? Parece que ganhou na loteria. Ou melhor… não me diga que… foi selecionada para o reality de babás.
Franzi a testa:
— Como eu seria selecionada, se nem me inscrevi?
— Eu inscrevi você.
Balancei a cabeça, confusa:
— Como assim? Por que você faria isso?
— Para que você conheça ao vivo e a cores o CEO mais gostoso do planeta.
Então… eu tinha mesmo sido selecionada para aquela coisa? Meu irmão estava louco e ninguém me avisou?
Dei de ombros. Eu tinha algo mais importante para contar a ele do que aquele mal entendido. Sorri, feito uma adolescente que estava prestes a dar o primeiro beijo:
— Eu acho que hoje vou ser pedida em casamento.
William me encarou por alguns segundos. Depois sorriu, daquele jeito protetor que sempre teve comigo:
— Finalmente! — fez sinal de prece com a mão — Já estava mais do que na hora. O felizardo é o Michael?
— Claro! Quem mais seria?
— O CEO do reality show?
Gargalhei. Will sempre foi muito divertido:
— Vai ser no jantar de família de amanhã. Tenho certeza.
— Vou ser o padrinho.
— Eu jamais pensaria em outra pessoa. E ainda vai pegar o buquê.
— Demore um pouco para formalizar este casamento porque já quero estar comprometido até lá. Daí pego o buquê e já caso.
No dia seguinte, passei a tarde inteira me preparando. Escolhi a roupa com cuidado, fiz o cabelo, tentei disfarçar o nervosismo.
Os jantares de família aconteciam uma vez por mês. A família de Michael sempre participava, porque eram amigos de infância dos mesu pais e praticamente já tinham um lugar cativo na casa dos Lorenz.
Naquele jantar, em especial, Natalie, minha prima e inimiga de infância, estaria presente, pois acabara de chegar do exterior. Ouvi dizer que o jantar seria em homenagem a ela, o que achei ridículo.
O jantar começou tranquilo. Conversas leves, risadas, brindes. Até que Michael se levantou, batendo levemente o garfo na taça:
— Eu gostaria de dizer algumas palavras — anunciou, chamando a atenção de todos.
Meu coração quase saiu pela boca. Então ele sorriu e seus olhos voltaram-se apaixonados… mas não foi para mim. Michael virou-se para Natalie.
— Natalie, desde que éramos crianças… — começou.
O resto das palavras chegaram até mim como se eu estivesse debaixo d’água: abafadas, distorcidas, difíceis de compreender.
Mas o pedido de casamento estava ali, junto do anel, com um Michael ajoelhado no chão… e não era para mim. O sorriso dela, assim como de todos os presentes, foi de surpresa. A vida inteira todos imaginaram que Michael e eu casaríamos.
Tentei sorrir, mas não tinha certeza se consegui. Por dentro, eu estava morrendo. Meu coração, destruído.
E só tinha uma certeza: não teria estômago para assistir aquilo. Era um filme de terror.
Naquele instante, tudo o que eu tinha certeza era de uma coisa: eu precisava ir embora… fugir dali, de todos, de mim mesma.
E eu ainda não fazia ideia de até onde essa fuga me levaria.
Um mês tinha se passado.Trinta dias desde a noite que eu prometi esquecer. E falhei miseravelmente. O passado insistia em não tirar da minha mente aqueles olhos azuis. E as marcas que demoraram a se apagar do meu pescoço provavam que ilusão de ótica não passava de uma coisa da minha cabeça embriagada.Maldita hora que decidi virar a chave e esquecer Michael. Meu novo amor conseguia ser ainda mais impossível, porque tudo que eu lembrava dele era que tinha belos olhos e um pau que nasceu para ficar entre as minhas pernas.Sim, deixei de ser a louca santa para me transformar na mulher que se masturbava diariamente gemendo o nome dele: senhor ilusão de ótica.E me martirizaria pelo resto da vida por ter bebido até esquecer o meu próprio nome. E o dele. Me pegava, do nada, listando nomes e riscando, na tentativa de tentar lembrar qual era o dele.— Eu nunca vou esquecer aqueles olhos — disse, encarando meu prato, longe demais dali — E aquele pau.Will quase engasgou com o suco:— Você dis
Acordei com o som contínuo de um monitor cardíaco e a sensação incômoda de que algo tinha sido arrancado de mim. Não era dor física. Era lacuna. A filha da puta tinha um namorado. E eu ainda cheguei a sentir pena de tê-la fodido de forma selvagem porque era virgem. Fui um idiota! Enganado por uma ninfeta com uma tatuagem de maçãzinha na bunda.É! Agora eu entendia porque Adão foi expulso do paraíso! Comer a maçã era praticamente uma obrigação.Me perguntei se ela realmente era virgem ou levou uma espécie de sangue falso para me enganar. Por um breve momento, lembrei do que houve com meu irmão no passado. E imaginei se tinham feito a mesma armadilha para mim. Seria muito amadorismo. Mas não era impossível.— Finalmente — disse Aayush, surgindo ao lado da cama. — Achei que ia precisar explicar para o conselho porque o CEO resolveu hibernar num hospital.— O que aconteceu? — perguntei, atordoado.— O senhor está no hospital. Encontrei-o desacordado no tumulto da boate. Exames indicam qu
— Eu...Ergui suas mãos e as prendi no alto, junto à parede fria:— Nem começamos, “amor”.— Shhhh... — sibilou — as pessoas podem ouvir.— Você não parecia nada preocupada com isso há minutos atrás. — ri, com sarcasmo.— Senhor ilusão de ótica, por favor, não leve em conta nada do que eu faço... porque estou levemente bêbada.Mal ela sabia que eu tinha tomado seis doses duplas de uísque. E que quando eu bebia, ficava extremamente excitado e aguentava horas numa foda. Talvez fosse hora de irmos para um lugar mais reservado.Mas os lábios dela me chamavam. E eu não tinha vontade de ir a lugar algum a não ser naquela cabine. As luzes piscaram de novo e alguém esbravejou do lado de fora.— Já sentiu seu próprio gosto, “amor”?Ela abriu os lábios para dizer algo, mas não deixei. A tomei num outro beijo sôfrego, misturando o gosto de sua boceta com a saliva, enquanto que com uma mão continha as dela no alto da cabeça e a outra desafivelava o meu cinto.Tempo! Eu precisava de no mínimo umas
Eu não lembrava exatamente quando decidi ir ao banheiro. Só lembrava da sensação de emergência, do chão levemente instável sob meus pés e das luzes que pareciam mais fortes do que deveriam. Porra, o álcool apagava qualquer senso de direção!Empurrei a porta com força enquanto abaixava a minha calcinha. Quando fui fechá-la, com urgência, vi as mãos masculinas sobre as minhas. E então senti o corpo atrás do meu. E aquele perfume... que nem todo o álcool do mundo conseguiria apagar da minha mente.Virei na direção dele, sentindo o corpo estremecer:— Você entrou no banheiro errado — rezei para que as palavras realmente tivessem saído, porque eu já não conseguia mais articular voz e movimento labial. A ilusão de ótica, que era aquele homem, me causava aquilo.Ele me olhou por um segundo longo demais. Depois respondeu, com calma perigosa:— Não. Foi você que entrou no banheiro errado. Ou está me seguindo tão descaradamente?— Eu, seguindo? Desde quando se segue ilusão de ótica? Você segue
William não esperou os aplausos cessarem e o discurso patético começar. Enquanto eu saía com ele em posse do meu braço, ainda me perguntava como o amor podia mudar de lugar daquela forma, sem avisar.Não perguntei para onde ele me levaria. Nem precisava. Qualquer lugar longe dali já seria um começo.William chamou um Uber e em minutos já estávamos indo em direção a um lugar que eu desconhecia. E sinceramente, aquilo pouco me importava.No carro, o silêncio durou pouco. A minha raiva não gostava de ficar quieta.— Eu vou dormir com o primeiro homem que encontrar — anunciei, fingindo firmeza, enquanto por dentro, estava totalmente destruída.O motorista de aplicativo ergueu os olhos pelo retrovisor, me encarando, claramente com intenção de reagir.— Todo mundo, menos você — deixei claro. — Você usa aliança.Ele soltou uma risadinha sem graça. Me virei para a janela, ouvindo Will dizer:— Não quero que simplesmente “durma” com alguém, bebê. Você vai transar, foder bem gostoso e entender
CAPÍTULO 1. O ANELA vida toda eu fui apaixonada pelo meu melhor amigo, Michael. Não foi uma paixão repentina, dessas que surgem do nada e amornam conforme o tempo passa. Foi algo que cresceu comigo, silencioso, paciente, como se sempre tivesse estado ali, esperando o momento certo para ser revelado ao mundo. Michael fazia parte da minha vida desde antes de eu entender o que era amor ou dor. E na minha cabeça, e lá no fundinho do coração, eu tinha certeza de que era correspondida. Ele era meu porto seguro, meu riso fácil, meu lugar conhecido, o abraço mais sincero, o beijo mais quente. Sim, nós já tínhamos nos beijado algumas vezes, mas nunca fomos além disto - porque ele não quis. Eu cursava Medicina muito mais por ele do que por mim. Não que eu odiasse o curso, pelo contrário, eu até gostava, mas a verdade é que estar ali significava ficar perto de Michael, dividir corredores, cafés apressados, noites de estudo e conversas que nunca terminavam. Ele estava se formando enquanto eu





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