OS HERDEIROS SECRETO DO CEO
OS HERDEIROS SECRETO DO CEO
Por: Fátima Souza
1. O TESTAMENTO

A caneta de prata deslizou com lentidão solene sobre o papel branco, deixando traços firmes e decisivos. O som seco da ponta roçando o papel parecia ecoar pelas paredes cobertas de estantes de madeira escura, abarrotadas de livros antigos e empoeirados. Naquela sala silenciosa, onde o ar parecia pesar com a gravidade das escolhas feitas, Artur Villar, o patriarca de uma das famílias mais ricas do país, selava o destino de uma fortuna incalculável.

Mesmo com a pele marcada pelo tempo, a respiração ofegante e os dedos levemente trêmulos, Artur ainda impunha respeito. Seu olhar penetrante, endurecido pelos anos de conquistas, sacrifícios e traições, mantinha a mesma firmeza de outrora. A postura, mesmo sentado, era ereta, quase militar.

Diante dele, o advogado da família, Dr. Álvaro Menezes, observava cada gesto com cautela. A tensão no ambiente era quase palpável.

— Tem certeza disso, senhor Villar? — perguntou Álvaro, com a voz baixa, como se temesse perturbar algum espírito antigo. — É uma decisão... definitiva. E muito, muito poderosa.

Artur parou a escrita, ergueu os olhos lentamente e fitou o homem à sua frente. Um silêncio pesado se estendeu por segundos, até que ele respondeu, com voz grave e arrastada:

— Leonardo... é meu único filho legítimo. — O velho homem respirou fundo, como se cada palavra exigisse esforço. — Tudo o que construí... todos os sacrifícios, todas as noites em claro, todas as decisões difíceis... foram por ele. E pelos filhos que ele possa vir a ter. Caso ele se vá sem herdeiros... que o Estado faça o que quiser com o que restar. Pelo menos... não irá para mãos erradas.

Dr. Álvaro hesitou.

— E Caio? — perguntou, quase num sussurro.

O rosto de Artur endureceu. Seus olhos escureceram, a mandíbula se retesou.

— Caio... — murmurou com amargura, pousando a caneta com força sobre a mesa de mogno maciço. — Caio não é meu. Nunca foi. E Helena sabe disso. Helena foi uma traidora. Ele suspirou. — Segundo os médicos só me restam alguns dias, a morte é um encontro cruel.

— Eu compreendo... mas o Leonardo está namorando, e mesmo que a garota seja de uma família humilde, mas ele a ama.

— Mas isso não muda minha decisão. O que quero é que Helena e Caio não tenham nada, nenhum centavo.

Do outro lado da porta entreaberta, num corredor escuro onde os retratos de família observavam em silêncio os segredos da linhagem Villar, Helena Villar permanecia estática. As palavras de Artur cortaram sua alma como lâminas de gelo. Ela apertava o trinco com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. Seu corpo tremia. Não era apenas uma ofensa ao seu orgulho — era uma sentença. A destruição de tudo o que ela havia planejado, sustentado e simulado durante anos.

Os olhos de Helena se encheram de uma raiva fria. O sangue, antes fervendo de ambição, agora parecia congelar-se em suas veias. Ela sabia que Caio não era filho de Artur, mas jamais pensou que ele tivesse coragem de declarar isso em testamento. Nunca pensou que ele fosse tão... cruel.

Sem dizer uma palavra, recuou lentamente, desaparecendo nas sombras do corredor como um espectro ferido, mas ainda perigoso.

Dez dias depois, a mansão Villar foi envolvida pelo luto. O patriarca, símbolo de poder e rigidez, partira em silêncio, levando consigo décadas de segredos e ressentimentos. A leitura do testamento, não foi realizada porque Leonardo estava em algum lugar do Caribe e nem sabia da morte do pai.

Depois de cinco dias tentando entrar em contato com Leonardo, Helena, enfim, conseguiu:

— Meu filho, onde você está? Seu pai faleceu há doze dias. Ela suspirou ao telefone. — Eu estou te ligando há dias, deixei recado, mandei te procurarem e você não deu notícias. Precisamos de você em casa.

Leonardo ouviu tudo em silêncio, mas quando falou sua voz saiu despreocupada:

— Acabou? Durante a minha vida ao seu lado e do meu pai, eu estou sendo feliz pela primeira vez, então, não preciso lhe dar nenhuma satisfação de minha vida. Estou casado, casado com a Camila e só vou retornar quando minha lua de mel terminar.

Helena se enfureceu, ela pressionou a mandíbula, mas tentou manter o controle, sabia que se aborrecesse Leonardo, ele não retornaria para casa tão cedo.

— Você o quê? Casou-se com aquela mulher interesseira nem comunicar a sua família? Você enlouqueceu? Eu ainda sou sua mãe.

— Sim, entendi. Não se preocupe comigo. Eu retornarei no fim de semana.

— Leonardo Villar, não fale assim com sua mãe.

— Por que o interesse da minha presença? Eu sei que você já enterrou meu pai... Hum, entendi, é o testamento, não é? Está preocupada de que não tenha herdado nada. O riso diabólico de Leonardo soou do outro lado da linha, fazendo Helena estremecer de raiva. — Se eu fosse meu pai, te deixaria na rua, sem nada.

E assim ele encerrou a chamada deixando sua mãe furiosa.

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