Ariana Baker tinha apenas dezesseis anos quando sua vida muda completamente ao engravidar do quarterback do time de futebol americano do colégio, Jason Martell. Felizmente, eles acabam se tornando melhores amigos e concordando na criação do filho. Porém, quando ambos começaram a se interessar por outras pessoas, talvez sentimentos há muito tempo guardados possam interferir na amizade que eles possuem.
Leer másNão havia nada mais desagradável do que despertar com uma intensa dor de cabeça causada pela ressaca num quarto completamente desconhecido.
Não completamente. Eu sabia exatamente à quem pertencia aquele quarto pois estava consciente o suficiente na noite anterior para concordar em ir até ele.
Jason Martell. Deitado ao meu lado naquela cama de casal, nu do tronco para cima, com seus membros inferiores cobertos por um grosso edredom branco, dormindo tranquilamente de boca aberta, estava o quarterback e capitão do time de futebol americano do nosso colégio.
Vai, Lobos da Montanha! A vitória deles no dia anterior rendera uma verdadeira festa na casa de Bailey. Tinha gente bêbada para todo lado e a piscina estava lotada. Todos compartilhavam a adrenalina de que a polícia poderia aparecer a qualquer momento por causa do som alto. Eu e mais algumas pessoas estávamos na mesa de pingue-pongue, fazendo uma competição de quem conseguia beber mais shots em trinta segundos. E eu venci.
— Nossa, Ariana, eu nunca vi uma garota beber assim.
Com aquelas palavras, Jason se aproximou de mim. Naquele momento, não consegui dizer o que causava mais efeito sobre mim: o álcool ou os profundos olhos azuis de Jason, que estavam fixados diretamente nos meus. Seus lábios formaram um sorriso malicioso ao passo que ele se posicionava diante de mim como uma presa prestes a ser caçada.
— Isso é porque você não me conhece. — rebati, virando de costas e saindo rebolando. Eu sabia que Jason não desistiria tão facilmente e sabia que ele viria atrás de mim.
— E o que devo fazer para conhecê-la?
Enquanto tentava tirar os detalhes sórdidos e explícitos da noite passada da minha mente e ao mesmo tempo lembrar se alguma camisinha estivera envolvida naqueles acontecimentos, a ideia de que inúmeras outras garotas estiveram na mesma posição que eu surgiu em minha mente. Espero que ele pelo menos troque a roupa de cama.
De repente, o alarme do meu celular começou a tocar. Droga.
— Mas que merda...? — ouvi Jason resmungar, despertando. Eu não tinha muito tempo a perder então imediatamente pulei da cama e comecei a vestir as minhas roupas que estavam espalhadas por todo o quarto. — Ah, bom dia, Ariana.
Tomei um susto ao ouvir meu nome e acabei tropeçando na tentativa de colocar aquele jeans. Não pude deixar de ficar envergonhada com o meu caso da noite passada olhando eu me vestir daquela forma.
— Nem vai esperar o café da manhã? — indagou ele, sentando na cama.
— Eu realmente tenho que ir. Mas eu me diverti muito ontem a noite. — num suspiro, peguei minha bolsa e olhei uma última vez para Jason, que ainda forçava uma carinha triste de cachorrinho perdido quando ambos. — Tchau.
Apressada desci correndo as escadas em direção à porta dos fundos. O barulho do piso rangendo obviamente deve ter chamado atenção, porque ouvi a voz de uma mulher, provavelmente a mãe de Jason, chamá-lo.
— Jason? Já está acordado?
Eu congelei imediatamente, sem saber o que fazer. Tudo indicava que ela se aproximava das escadas e logo veria uma garota estranha saindo da sua casa numa manhã de sábado.
— Só vim beber água, mãe! Vou voltar a dormir! — exclamou Jason, no topo da escada. Em seguida, ele se voltou para mim com uma expressão "eu te salvei, sou seu herói" no rosto e murmurou: — Vá.
Assenti com a cabeça e sibilei um agradecimento.
Com passadas largas, porém silenciosas, sai rapidamente da casa e logo me vi dentro do lata-velha da família Baker. Aquele carro estava na família há 20 anos. Fora do meu avô, que entregou para meu pai consertar. Infelizmente nem eu, nem minha irmã tínhamos habilidades para mecânica, e quando chegou a hora de nós recebermos o carro, ele acabou daquela forma mesmo. Com a pintura gasta, vários problemas, banco manchado, velho, mas no final das contas, útil.
Depois de improvisar uma maquiagem com o que tinha na minha bolsa, liguei o carro e dirigi para casa. Esperava que meus pais não reparassem que eu estava com a mesma roupa da noite anterior. Eles sabiam que eu tinha ido ao jogo, mas não à festa. Eles tinham ido à uma confraternização de fim de ano da empresa da minha mãe e chegaram bem tarde em casa, imaginando que eu estava lá, dormindo.
Bem, eu definitivamente não tinha ido para casa e muito menos dormido naquela noite. Contudo, lá estava eu, com as olheiras cobertas de corretivo, dirigindo às 6 horas da manhã torcendo para chegar em casa antes de eles acordarem.
Duas semanas depois, fui buscar minha irmã cinco anos mais velha no aeroporto. Ela vindo passar os feriados de fim de ano conosco, após um seis meses longe, na faculdade.
A cada tempo que passávamos separadas, minha irmã parecia mais madura. Até estava usando um blazer. Já eu, estava de shorts e camiseta porque estava especificamente quente naquele dia. Eu imaginava que chegaria o dia que ela estaria cansada de fazer as unhas e falar sobre as fofocas dos garotos do colégio. Afinal, ela era uma mulher da universidade agora.
— Ariana!
Como eu disse, ela parecia mais madura. Isso não anulava a criança sapeca que vivia dentro dela e provavelmente nunca ia morrer. Assim que ela me viu, começou a pular de felicidade, pegou a sua mala e veio correndo para me abraçar.
— Eu senti tanta saudade, April. — falei.
— Eu também. Como está a mamãe e o papai?
— Ah, como sempre. Você sabe, sendo os pais mais carinhosos e superprotetores da história. — suspirei. — Eu pedi para mamãe fazer uma torta de limão, aliás. Eu sei que você gosta. Espero que fique pronta para o jantar.
— Ei, calma aí. — ela franziu a testa. — Você odeia torta de limão.
— Eu sei, mas eu ontem eu tava com uma vontade enorme de comer torta de limão. Estranho, não é? — dei de ombros. — Enfim, eu senti sua falta. — a abracei de novo. — Fique atenta porque posso acabar não deixando você voltar.
— Estaria me fazendo um favor! — ela soltou uma gargalhada espalhafatosa. No caminho do carro, ela me contou sobre como estava sendo horrível lidar com uma matéria e o professor chato e os inúmeros conteúdos e trabalhos acumulados. — Me lembre de não ir pra faculdade de novo... Ariana, você está bem?
— Eu tenho estado meio enjoada esses dias. — disse eu, colocando a mão na cabeça. — Acho que preciso ir ao banheiro.
Dito isso, corri para o toalete do aeroporto. Eu achava que era apenas um enjoo matinal, no entanto, quando comecei a vomitar, achei que devesse me preocupar.
— Será que foi algo que você comeu? — perguntou April, segurando meu cabelo. Neguei com a cabeça, impossibilitada de falar. — Pode ser virose também. Ou verme. Apesar de que...
Me afastei da privada, tentando normalizar minha respiração. Seja o que fosse, não deveria ser sério.
— Apesar de que o que? — falei, me aproximando da torneira para lavar o rosto.
— Quando foi a última vez que desceu sua menstruação?
Arregalei os olhos, e os meus batimentos cardíacos pararam por um segundo. Me virei para April, rindo. Ela deveria estar louca. Deveria ser o fuso horário mexendo com a cabeça dela.
— Não, April. Não. — neguei veementemente. — Me ouviu? Não.
— Vai me dizer que a santinha aqui nunca...
Antes que ela começasse a fazer um gesto inapropriado com as mãos eu a segurei.
— Para com isso!
— Está bem! Está bem! — ela bufou e estendeu as mãos como se estivesse se rendendo. — Foi só um pensamento.
Respirando fundo, me sentei naquele chão gelado do banheiro, contemplando o que poderia ser verdade.
— Algumas semanas... eu acho. — lamentei, fitando o chão. Eu só... eu não poderia estar grávida. Seria o fim da vida como eu planejei. Eu não queria nem pensar nisso.
— Você deveria fazer o teste. — April se ajoelhou na minha frente. Aquele era o momento em que ela daria uma de irmã mais velha protetora e responsável. Por mais desregulada e maluca que fosse, ela nunca deixou de me apoiar quando eu precisei. Ela ficava comigo quando eu tinha pesadelos, me ajudava a estudar quando eu tirava nota baixa... e agora faria um teste de gravidez comigo.
Compramos um teste de cada marca possível na farmácia do aeroporto. Quando fomos pagar, o moço nos olhava com estranheza e desapontamento. Afinal, éramos duas garotas, de dezesseis e vinte e um anos comprando inúmeros testes de gravidez.
Talvez eu devesse me acostumar com esse tipo de olhar.
Enquanto eu fazia os testes, April estava do outro lado da porta, fazendo um teste online que ela tinha achado.
— Você se sente cansada mesmo quando dorme o suficiente? — ela fez a primeira pergunta.
— Sim, eu e todo aluno do ensino médio. — resmunguei.
— Você notou um atraso no seu ciclo menstrual? Sim. Você tem estado enjoada e com vontade de vomitar? — ela riu e respondeu por mim novamente: — Sim... Você está urinando mais do que antigamente?
— Sei lá. Talvez. — aquelas perguntas que ela fazia e a espera dos tracinhos aparecerem estavam me deixando ansiosa. Eu balançava a minha perna e olhava para aqueles testes na espera da confirmação de que eu obviamente não estava grávida.
Após mais algumas perguntas, encerrou-se os dois minutos de espera e o resultado do teste começou a aparecer.
— "Parabéns!" — exclamou April, lendo o resultado do teste online. Naquele exato momento, eu abri a porta do toalete, com o resultado em mãos. — "Você está..."
— Grávida.
Enquanto terminava de arrumar minhas malas e verificar se estava tudo ali, parei para pensar que, se eu e Spencer passássemos na entrevista, eu teria que arrumar minhas coisas, e não para ficar poucos dias, para me mudar. Para Nova York. Parecia um mundo de aventuras e novidades que eu precisava desbravar.Enquanto isso, Jason iria para New Heaven. Eu tentava não pensar muito nisso. Não queria que nada prejudicasse a felicidade que eu sentia por estar realizando meu sonho. E se eu pensasse na nossa briga ou no fato de que ele não me amava, poderia desabar em lágrimas. E eu estava tão cansada de chorar. Ainda doía, mas eu precisava esquecer o quanto ele me magoara se quisesse seguir em frente.New Heaven era bem perto de Nova York e ainda nos veríamos frequentemente e eu espe
A casa dos Baker estava vazia e silenciosa quando o telefone tocou.Sem ninguém para atendê-lo, o telefone tocou inúmeras vezes até que Jason Martell decidiu deixar um recado. Sozinho em meio a praça vazia, Jason sentia-se envolvido pelo frio da noite escura que parecia penetrar em sua alma. Nada além de um celular e um spray de tinta marrom nas mãos, sua mente insistia em relembrá-lo detalhadamente tudo que se passara naquele dia. Como ele tivera tudo que sempre quis, e deixou aquilo escorregar de suas mãos por causa das manipulações de seu pai.— Alô, Ariana? — começou, nervoso. — Aqui é Jason. Jason Martell. — ele soltou uma risada. — Lembra de mim? Pai do seu filho. Eu... Eu tentei te ligar pelo seu celular,
Eu tinha acabado de sair de um jantar um tanto conturbado na casa dos Lance. Spencer não só havia contado que planejava ir para a Universidade Columbia, com ou sem a aprovação deles, como também confessou estar apaixonada por Chloe. — Eu conto a história toda depois. — falou Spencer, me levando até a porta. — Agora eu preciso enfrentar uma briga com os meus pais e ouvi-los dizer como eu sou um fracasso e como eles estão desapontados. — Não dê ouvidos a eles. Estou orgulhosa de você. — disse eu. — Mas estou muito confusa, minhas duas melhores amigas, juntas? Quando isso aconteceu? Como? — Eu sou uma das suas melhores amigas? — inferiu Spencer, surpresa. — Uma vez que eu aprendi a ignorar sua obsessão por fofoca, seu lado mandão e o
— Da primeira vez que eu te encontro você está sem camisa e agora está sujo de tinta? — reclamou meu pai. Por mais que eu tivesse tomado banho, aquela tinta dificilmente saía do cabelo. A única razão para eu não ter começado uma briga naquele exato momento, era porque eu precisava que ele fosse embora o mais rápido possível. Não queria que ele encontrasse com Tommy, que assistia à televisão no quarto da minha mãe no andar de cima. — O que está fazendo aqui, pai? — questionei, num suspiro. Por mais que tê-lo ali, diante de mim, depois de todos aqueles anos, deixava meus nervos à flor da pele e trazia à tona lembranças trágicas da minha infância que eu gostaria de esquecer, eu só precisava aturá-lo até ele ir embora e eu nunca mais precisasse vê-lo de novo. Então, eu poderia me concentrar no que realmente me deixava feliz, como Ariana,
Eu já acordei com um sorriso no rosto. Jason distribuía pequenos beijos pelo meu pescoço e a minha bochecha, com seus braços ao redor do meu corpo, me envolvendo num abraço.— Bom dia... — falou ele. Me virei para encará-lo. Eu ainda estava extremamente sonolenta, mal conseguia abrir os olhos; ele, entretanto, parecia bem desperto; já estava vestido e seu rosto estava manchado de tinta. Seus olhos bem abertos estavam fixos aos meus, e ele tinha um sorriso fraco nos lábios. Passei a mexer nos fios bagunçados do seu cabelo.— Você acordou muito cedo, não foi? — questionei, preocupada.— Não consegui dormir, na verdade. — respondeu, cabisbaixo.
Eu estava perplexa demais para esboçar qualquer reação. Boquiaberta, virei a cabeça para Jason, que descia as escadas. Ele escutara. Sabia que seu pai estava na porta. Não consegui decifrar o que seu rosto exprimia. Era uma mistura de choque, raiva e tristeza.— Pai. — disse Jason, se colocando na minha frente para poder visualizá-lo. Ele tentou soar confiante, mas sua voz saiu trêmula. Eu observava os dois, atônita. — O que... o que está fazendo aqui?— Não vai me convidar para entrar? — questionou seu pai. Jason soltou uma risada irônica.— Não.— É assim que recebe visitas, Jason? — repreendeu o se
Último capítulo