Kieran, o herdeiro da alcateia de Drakemont, lida com o peso de seu destino. Um ser poderoso, belo e temido, mas profundamente solitário. Seu lobo interior permanece em silêncio, sem reconhecer uma parceira. Enquanto isso, Marina chega à cidade. Uma mulher quebrada, fugindo de um passado de abusos brutais. Carrega no olhar a dor e a desconfiança. Tudo que deseja é paz.
Ler maisO campo de batalha parecia segurar a respiração.A floresta, antes viva com o som de pássaros e o sussurrar dos ventos entre as copas, agora estava tomada por uma quietude pesada, sufocante, como se até a própria natureza tivesse medo de testemunhar o que estava prestes a acontecer.O vento frio varria as árvores, carregando consigo o cheiro metálico do sangue fresco misturado ao fedor acre da fumaça que ainda se erguia dos troncos queimados. Cinzas se espalhavam pelo solo encharcado, grudando em feridas abertas, e cada folha que se agitava parecia ecoar a tensão que prendia todos os presentes. Era como se a floresta fosse palco de um ritual antigo, marcado pelo destino e pela inevitável dor.No centro, como a sombra viva de um pesadelo, Kieran permanecia imóvel. O grande lobo negro de olhos dourados estava com os músculos retesados, cada fibra do corpo pronta para explodir em movimento. O pelo grosso e escuro reluzia sob a luz difusa da lua encoberta por nuvens pesadas, e seus dentes
Marina sentiu o mundo desabar ao seu redor. Foi como se a terra tivesse se partido em dois sob seus pés e ela tivesse sido tragada para dentro de um abismo sem fim. Sua consciência se foi completamente, mergulhando em um vazio escuro e pesado, onde não havia ar, não havia som, não havia sequer a esperança de voltar à superfície. A pressão no pescoço dela foi a última sensação que sentiu antes de tudo se apagar. A mão de Diego, fria como o aço de uma lâmina e cruel como um verdugo, havia sugado dela não apenas o ar, mas também a força. Quando o aperto cessou, ela já não estava mais ali — apenas um corpo mole, entregue à vontade do inimigo. Diego soltou o pescoço de Marina com indiferença e a ergueu sobre o ombro, como se ela fosse apenas uma carga, um fardo sem valor. Seus olhos, escuros e impregnados de uma maldade doentia, desviaram-se para Yara, que acabava de deixar Cilvia inconsciente no chão frio da sala. A loba guerreira jazia coberta de ferimentos, sangue escorrendo em peque
Antes que Cilvia conseguisse tocar a maçaneta, a porta foi empurrada com violência, estalando nas dobradiças de maneira quase ensurdecedora. A madeira rangia e vibrava, cada impacto reverberando pelo salão com um som metálico que gelava a espinha. Cilvia foi arremessada para trás, o corpo colidindo com o chão frio e duro, o peso do impacto fazendo seus músculos protestarem, e o ar saindo de seus pulmões em um sibilo abrupto. Cada segundo parecia durar uma eternidade. O coração disparou, a respiração se tornou irregular, e um leve sabor metálico encheu sua boca, prenunciando a violência que estava prestes a acontecer. Diego e Yara entraram em seguida, como predadores que sabiam exatamente para onde estavam indo. Os olhos de Diego eram frios, calculistas, quase cruéis, percorrendo cada detalhe da matriarca. O sorriso predatório de Yara era uma lâmina afiada de arrogância e malícia, denunciando suas intenções antes mesmo de qualquer palavra ser dita. O ar parecia carregado, pesado, com
Capítulo — O Duelo dos Alfas O silêncio que pairava entre os dois alfas era denso, quase palpável. Pesado como um manto sufocante que envolvia cada guerreiro presente, fosse aliado ou inimigo. Até mesmo a floresta parecia ter contido o fôlego, como se a própria natureza reconhecesse a gravidade do que estava prestes a acontecer. O caos da batalha que se espalhava ao redor parecia ter cedido espaço a um círculo invisível, um território sagrado e proibido, onde apenas dois titãs podiam se enfrentar. Ali, no coração da guerra, não eram apenas Kieran e Caleb que estavam frente a frente. Eram duas linhagens, duas forças antigas, dois destinos colidindo. O vento uivava entre as árvores, carregando o cheiro metálico e denso do sangue derramado. Havia também o odor de fumaça, de carne queimada, de terra revirada pelas patas e garras dos lobos que lutavam sem descanso. O luar, tímido atrás de nuvens densas, encontrava brechas para iluminar a cena: o corpo colossal de Kieran, já em sua form
Cilvia manteve-se ereta diante do rugido distante dos uivos. Sua expressão não mudou, mas seus olhos brilharam como se o fogo da lareira tivesse se acendido dentro deles, refletindo não apenas luz, mas uma determinação antiga, nascida de anos de liderança e sangue derramado. — O ataque começou. — Sua voz ecoou firme, sem hesitação, como um trovão que não deixava espaço para dúvidas. O coração de Marina deu um salto dentro do peito. Ela não conhecia os códigos daqueles uivos, mas algo em sua essência humana — ou talvez no elo invisível que agora a unia a Kieran — lhe dizia que não era um chamado comum. Era um chamado de guerra. Um som que gelava a espinha e enchia os ossos de um medo quase ancestral. Kieran avançou até a janela de vidro reforçado, estreita, que dava para um dos pátios externos. Os punhos cerrados faziam os músculos do braço se retesarem como cordas esticadas, e seus dentes rangiam sob a pressão da mandíbula. Os uivos eram próximos, mas o que realmente o deixou em
Kieran caminhava rápido pelos corredores de pedra lisa do prédio principal, segurando a mão de Marina como se o mundo pudesse desmoronar a qualquer momento. Seu passo era firme, decidido, quase agressivo contra o chão de mármore, e o eco ressoava pelas paredes como batidas de um coração desesperado. O calor da pele dela queimava contra a sua, mas não trazia conforto; era como segurar uma chama que poderia se apagar a qualquer instante. Para ele, Marina era mais do que sua companheira: era o elo que unia seu espírito selvagem àquilo que ainda havia de humano dentro dele. Mas, naquele momento, a sensação era de que esse elo estava prestes a ser arrancado pelas garras invisíveis do inimigo. Marina acompanhava seus passos largos, mas sentia-se arrastada pela urgência dele. A palma da mão estava úmida dentro da dele, não apenas pelo calor, mas pela ansiedade que se espalhava pelo corpo como um veneno. Seu coração batia como um tambor em marcha de guerra, cada batida ecoando nos ouvidos,
Último capítulo