A chuva havia finalmente cessado, e a floresta exalava aquele perfume inconfundível de terra molhada, musgo e folhas úmidas. O ar noturno era denso e silencioso demais, quase sufocante, carregando a sensação de que algo estava prestes a acontecer. Cada galho quebrando-se sob o peso de algum animal parecia ecoar por quilômetros, e o frio começava a se infiltrar na pele de quem ousasse permanecer desperto. Era o tipo de quietude que antecede tempestades, um prenúncio do que a noite guardava.
Na cabana, Kieran observava Marina dormir. Ela se encontrava enrolada nos lençóis, o rosto levemente corado e a respiração regular. O corpo ainda carregava os vestígios da tensão do julgamento, mas o rosto… ah, o rosto dela irradiava uma leveza que ele jamais havia visto em qualquer outra fêmea. Havia paz em cada traço, uma serenidade que parecia desafiar toda a violência do mundo em que viviam. Um calor sutil o invadiu, e ele se aproximou sem fazer barulho, tentando não acordá-la.
Mas seu lobo est