Início / Lobisomem / O uivo da solidão / 🌕 Capítulo 2 — O Imprinting e o Rejeito
🌕 Capítulo 2 — O Imprinting e o Rejeito

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O dia seguinte amanheceu com o céu encoberto. Drakemont parecia ainda mais silenciosa do que o normal. A brisa soprava entre as casas rústicas e o cheiro de terra molhada impregnava o ar. Marina acordou antes do sol nascer, o corpo dolorido e a mente girando.

“Era um lobo… não, era um homem. Ou os dois. Não pode ser real.”

Ela se sentou na cama, pressionando as mãos contra o rosto. A cena da floresta a assombrava como um sonho febril. Os olhos dourados. A presença... quase sufocante. E aquele corpo. Deus, aquele corpo. Mas o que a assustava não era a aparência de Kieran — era o que ele despertava nela.

Vontade. Desejo. Confusão. E medo. Muito medo.

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🌲 Do outro lado da floresta...

Kieran estava agachado diante da clareira onde havia visto Marina na noite anterior. A grama ainda carregava o cheiro dela, e isso o deixava inquieto, faminto, protetor.

Galen apareceu atrás dele, desleixado como sempre, com um sorriso debochado no rosto.

— Então é verdade? — ele provocou. — O grande e indomável Kieran finalmente sentiu o imprinting?

Kieran levantou lentamente, o olhar intenso.

— Sim.

— E... ela é humana?

Kieran fechou os olhos por um segundo, como se admitir isso em voz alta tornasse tudo mais complicado.

— É.

— Merda. — Galen assobiou. — O Conselho não vai engolir essa. Lysandra vai tentar arrancar os olhos dela. Ou os seus.

Kieran bufou.

— Ela vai tentar.

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🍵 De volta à cidade...

Marina caminhava pelas ruas de paralelepípedo, olhando as construções antigas com certo fascínio contido. Encontrou uma pequena livraria de esquina, com cheiro de poeira, café e livros velhos. A dona era uma mulher gentil chamada Isla, que usava vestidos longos e tinha um ar etéreo.

— Precisa de um emprego? — Isla perguntou após ver o olhar cansado de Marina.

Marina hesitou, mas respondeu:

— Preciso.

E assim, Marina passou a trabalhar ali, passando os dias em silêncio entre livros, tentando ignorar a sensação de que estava sendo constantemente observada.

Porque estava.

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🌑 Na noite seguinte…

Ela saiu da livraria já escurecendo. O frio cortava a pele. Enquanto caminhava pelas ruas, percebeu uma figura encostada em uma cerca, à sombra de uma árvore.

Kieran.

Ele estava ali, como se o tempo não tivesse passado. Vestia roupas simples, mas seu corpo parecia desenhado por escultores antigos, e os olhos... ainda ardiam com aquele brilho dourado.

— Você está me seguindo? — ela perguntou, mantendo distância.

— Estou cuidando de você — respondeu com honestidade desconcertante.

Ela riu, amarga.

— Já ouvi isso antes. Nunca acabou bem.

Kieran deu um passo à frente, mas se deteve ao ver a tensão nos ombros dela.

— Eu sei que você não entende o que está acontecendo... e eu também não esperava por isso. Mas meu lobo te reconheceu. Você é minha companheira, Marina.

Ela franziu o cenho.

— Você é louco.

— Talvez. Mas isso não muda o que é.

— Eu não te conheço. Você não sabe nada sobre mim. — Sua voz tremeu. — Não sou sua. Nem de ninguém.

Kieran assentiu, os olhos escurecendo com tristeza.

— Eu não quero te forçar a nada. Só quero que fique viva... e segura. Você está em território de lobos. E eles não vão gostar disso.

— Disso o quê?

— De mim querer você.

Ela engoliu em seco. Parte dela queria correr. Parte queria tocá-lo. E isso era aterrorizante.

— Então pare de querer.

Kieran não respondeu. Apenas observou enquanto ela se afastava, decidida, mas trêmula.

> “Ela tem medo… medo de mim. De ser tocada. De sentir.”

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🐺 Enquanto isso, na Casa do Conselho...

Um grande salão de pedra com tochas iluminando os rostos antigos dos líderes da alcateia. Entre eles, Althaia, a anciã, e Darian, o atual Alfa e pai de Kieran.

Lysandra estava ali também, os cabelos loiros presos em uma trança impecável, o corpo coberto por couro justo. Ela rosnava como uma fera contida.

— Uma humana?! — esbravejou. — O futuro Alfa da alcateia marcado por uma... uma aberração?

— Cuidado com suas palavras, Lysandra — disse Althaia, com voz gélida.

— Ela não pertence a nós! — continuou. — Eu pertenço. Eu sou filha do Beta! Eu fui criada para estar ao lado de Kieran!

Darian, o Alfa, observava em silêncio. Mas a tensão em seu maxilar era visível.

— Se ele a rejeitar, o vínculo morre? — ele perguntou à anciã.

Althaia suspirou.

— Não. Um imprinting verdadeiro não morre. Mas se for negado por muito tempo... pode enlouquecer o lobo.

Darian se levantou.

— Então precisamos resolver isso. Antes que nosso futuro Alfa se torne uma fera fora de controle.

E Lysandra sorriu. Um sorriso de guerra.

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Naquela noite, Marina sonhou com olhos dourados, um toque quente na pele e um lobo de pelagem negra deitado ao seu lado na floresta. Quando acordou, sentiu seu corpo formigar como se alguém a tivesse tocado.

E do lado de fora, no alto de uma árvore, Kieran vigiava a janela do quarto dela em silêncio.

Porque, mesmo rejeitado, o lobo nunca abandona sua companheira.

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