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A chuva caía fina sobre a floresta. O som das gotas nas folhas, o vento entre os galhos e o crepitar da lareira criavam uma sinfonia hipnótica.
A cabana de Kieran estava envolta por uma penumbra dourada. Dentro dela, o calor era suave. O lobo, em sua forma humana, preparava chá com um leve sorriso nos lábios, enquanto Marina o observava do sofá, enrolada em um cobertor.
Havia algo diferente naquela noite.
Não era mais apenas desejo contido, medo velado ou olhares furtivos. Era uma necessidade mútua, latente, de se pertencerem de verdade.
Kieran se aproximou, ajoelhando-se à frente dela, oferecendo a caneca com o chá.
— Você está tremendo — ele disse, baixinho.
Marina sorriu.
— Não é de frio.
O silêncio entre os dois era elétrico.
— Estou com medo — ela admitiu. — Mas não de você.
Ele pousou a caneca na mesinha ao lado.
— De quê, então?
Ela respirou fundo, olhando nos olhos dourados que sempre pareciam enxergar sua alma.
— De me perder nisso. Em você. Em nós.
Kieran