Inicio / Lobisomem / O uivo da solidão / 🌕 Capítulo 3 — O Julgamento da Alcateia
🌕 Capítulo 3 — O Julgamento da Alcateia

---

Drakemont era uma cidade pequena, e segredos não permaneciam escondidos por muito tempo.

Marina já sentia os olhares. Alguns curiosos, outros frios. A senhora da padaria, antes tão gentil, agora não sorria mais. Um dos mecânicos se recusou a consertar seu carro. Isla, a dona da livraria, foi a única que não mudou com ela.

Naquela manhã, Marina entrou na livraria, respirando fundo para manter a calma. Isla levantou os olhos do balcão e sorriu.

— Você viu ele de novo, não é?

Marina congelou.

— Quem?

Isla fechou o livro à sua frente.

— Kieran. Você o viu. E não foi por acaso. — Ela se aproximou, baixando a voz. — Acha mesmo que ele é só um homem?

Marina hesitou, o coração acelerando.

— Eu... eu vi coisas. Mas não quero saber. Não quero fazer parte disso.

— Então é tarde demais, querida. — Isla suspirou. — Quando um lobo escolhe... não há volta. E agora... todos sabem.

---

Na floresta, no Círculo de Pedra

Kieran estava diante do Conselho da Alcateia. Seu pai, Darian, observava-o como um general analítico, enquanto os outros membros esperavam, tensos.

— Então confirma? — perguntou Darian. — Sentiu o imprinting?

Kieran assentiu.

— Sim. É ela. A humana.

Murmúrios se espalharam pelo círculo.

Lysandra, de pé ao lado do pai, se adiantou.

— Isso é uma afronta às nossas tradições! Nós, mulheres da alcateia, crescemos esperando esse dia. E ele se ajoelha por uma... humana quebrada?

Kieran avançou um passo, os olhos brilhando com fúria contida.

— Cuidado, Lysandra.

Ela o enfrentou de igual para igual.

— Vai me bater? Vai matar alguém da sua própria espécie por ela?

Althaia ergueu a voz.

— Já chega! — Seu tom ressoou pelo círculo, impondo silêncio. — O vínculo é sagrado. A natureza escolheu. Mas cabe a ele... decidir se lutará por isso ou não.

Darian olhou o filho com dureza.

— O que você pretende fazer?

— Protegê-la. A qualquer custo.

Lysandra cerrou os punhos. A guerra havia começado.

---

À noite, na cidade...

Marina saía da livraria quando sentiu algo errado. O vento mudou. As luzes da rua pareciam mais fracas. Um arrepio percorreu sua espinha.

Ela apertou o casaco contra o corpo e apressou o passo. Quando virou a esquina, uma mulher alta e loira surgiu em seu caminho.

Lysandra.

— Então é você — disse a loba, sorrindo com escárnio. — A humana que roubou o futuro Alfa da alcateia.

Marina parou. Seu corpo inteiro gritou por perigo, mas ela não deu as costas.

— Eu não roubei nada. Eu não quero nada.

— Ah, mas ele quer você. — Lysandra deu um passo à frente. — E isso já é demais.

Antes que Marina pudesse reagir, Lysandra a empurrou contra a parede. Seus olhos brilharam com fúria sobrenatural.

— Escute bem, ratinha: fique longe dele. Ou o que o seu ex fez com você vai parecer brincadeira perto do que eu posso fazer.

Marina empalideceu, os olhos arregalados.

— Como você...

— Nós ouvimos tudo. Sabemos tudo. Você acha que pode esconder cicatrizes num lugar como esse?

Uma sombra caiu sobre elas de repente. Um rosnado profundo preencheu o ar.

Kieran.

Ele estava ali, os olhos dourados flamejando. A raiva em seu rosto era selvagem.

— Se encostar nela de novo, Lysandra, eu juro... vai perder mais que seu orgulho.

Ela sorriu com desafio.

— E se ela não for forte o suficiente para o que você é, Kieran? Vai arriscar tudo por uma mulher que mal consegue te olhar sem tremer?

— É por isso mesmo que eu arrisco. Porque ela ainda não fugiu.

Lysandra recuou, mas não sem antes lançar um olhar gélido a Marina.

— Isso ainda não acabou.

---

Mais tarde, na pousada...

Kieran acompanhou Marina até o quarto. Ela estava em silêncio, com os olhos baixos. Ele parou à porta.

— Me desculpe por isso.

Ela olhou para ele, e havia algo quebrado, mas também firme em sua voz.

— Eu não sei o que está acontecendo. Não entendo o que sinto perto de você. Parte de mim quer correr. Parte de mim quer... — sua voz falhou — ...ficar. Mas eu não posso. Eu não consigo confiar. Em ninguém.

Kieran assentiu devagar.

— Então eu espero. O tempo que for. Porque meu lobo já te reconheceu. E eu... estou começando a reconhecer você também.

Ela fechou a porta com delicadeza, sem dizer mais nada. Mas naquela noite, seus sonhos foram diferentes. Não havia medo. Havia calor. Um toque na pele. Um corpo sobre o seu, mãos grandes, uma respiração ofegante no ouvido.

E um nome sussurrado:

“Marina...”

---

Na escuridão da floresta, Lysandra se ajoelhava diante de uma figura encapuzada. Seus olhos estavam tomados por ódio.

— Quero que tire ela do caminho.

A figura sorriu, mostrando dentes afiados.

— Vai me custar caro.

— Pago o preço.

E o lobo exilado sorriu na escuridão.

Thorne havia retornado.

---

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP