Maria e o Mafioso - Contos da Máfia – Livro 5

Maria e o Mafioso - Contos da Máfia – Livro 5PT

Máfia
Última atualização: 2025-09-12
Chloe Reymond  Atualizado agora
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Resumo
Índice

Amaymon Seven trancou seu coração há anos, com a morte de sua amada esposa, somente seus filhos têm acesso aos seus sentimentos. Pai cuidadoso, mafioso perigoso... O rei Seven não busca romance. Maria é uma menina-mulher que leva traumas profundos em sua alma. Ela não acredita em amor, muito menos em promessas de homens. Desde que foi resgatada do “inferno” por seu gêmeo, Maria apenas tem um desejo: seduzir o homem mais poderoso do país e usar o seu poder para libertar seu irmão da dívida feita por ela. Eles não estavam dispostos a se apaixonar, mas o amor é traiçoeiro. A primeira brecha que se abre, o sentimento alastra nessas duas pessoas de mundo completamente diferente. Não resta opção ao Seven, a não ser se tornar a arma mais poderosa nas mãos da sua doce pequena Maria.

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Capítulo 1

Prólogo

O amor é uma flor doce

Resistindo nos terrenos mais hostis

Florescendo no primeiro raio de amor.

JOÃO AMARAL

Estamos reunidos em nossa sala. A porta aberta mostra o carro azul estacionado na frente do portão baixo de ferro.

— Presta atenção, filho! — meu pai exige, me fazendo desviar a atenção da senhora de cabelos tingidos de acaju parada ao lado do carro.

— Eu já sei, pai. Devo respeitar a família que vai cuidar da gente como se fossem vocês — digo um pouco impaciente com todas as regras e com a situação.

Eu não quero deixar meus pais, meus amigos, nem mesmo essa cidade. Mas tenho catorze anos, não sou mais criança, entendo as coisas. Estamos passando fome. Se, para ajudar minha família, minha irmã e eu precisamos nos afastar dos nossos pais por alguns anos, é o que faremos.

— Cuide da sua irmã, filho — ele pede sério.

Balanço a cabeça, enquanto meus olhos desviam para minha irmã. Ela está com o rosto banhado em lágrimas e inchado, assim como nossa mãe. Estão abraçadas. Ninguém aqui queria fazer isso, nos separar. Tento me mostrar forte para que eles não desmoronem mais.

Nossos pais ainda nos orientam por alguns minutos, até que a senhora que veio para a nossa cidade a pedido do prefeito se aproxima.

— Temos que ir. Não se preocupem, pais. Pelo pouco que conheço vocês, acredito que seus filhos se comportarão muito bem. — Ela aperta minha bochecha, como se eu fosse um bebê. Mulher desagradável. — Crianças, não esqueçam de ligar para seus pais todos os dias. Nós, adultos, preocupamos muito.

Assinto, me livrando do seu toque sem muita delicadeza.

Ela dá um sorriso que mais parece uma careta.

— Sei que a notícia que vou dar não vai mudar em nada a saudade que vão sentir dos papais, mas saibam que a família que vai acolher vocês trabalha em uma fábrica de doces. Vocês vão amar as delicias que levam para casa.

Fora de cogitação sequer sorrir. Quem quer saber de doces nessas circunstâncias? Eu não queria precisar ir, isso sim.

Depois de nos despedirmos de nossos pais, sentamos nos bancos traseiros e seguimos viagem em silêncio.

Fomos até uma cidade vizinha, que era maior e tinha aeroporto. De lá iriamos para o Rio de Janeiro, onde mora uma família que nos aceitou para ajudar em tarefas de casa e fazer companhia aos filhos deles, estudar juntos, coisas assim. Um acordo feito pelos meus pais em um momento de desespero, com essa mulher que diz sempre conseguir esse tipo de acordo, e com a aprovação do prefeito que confirmou que ela era boa pessoa e que sempre fazia isso, inclusive ele já abrigou crianças como nós de outra cidade, em outros tempos. Mamãe se lembrou dessa época. Foi antes dele se tornar prefeito.

Eu não entendo muito bem o que o prefeito faz, mas imaginei que era ajudar a população, garantir empregos, saúde e educação. Só que em nossa cidade, Esperança do Sul, isso não existe. Ouvi meus pais dizendo que a prefeitura não está recebendo verba e que a cidade virou um caos porque vive de agricultura e não chove há tempos. Mas se é assim, por que apenas os pobres sofrem as consequências? Não entendo. Dizem que entenderei quando me tornar adulto, vamos ver.

— João, eu estou com medo. — Maria aperta minha mão com força. Seus olhos estão inchados e vermelhos.

— Não precisa. — Abraço minha irmã, depois de tirar o cinto de segurança do avião. — Eu protejo você.

— Promete?

Aperto ela em meus braços. A menina mais durona da cidade nesse momento parece tão frágil que me incomoda.

— Prometo. Te protegerei com minha vida, minha pequena tempestade.

Ela está tão nervosa que nem briga por eu usar o apelido que lhe dei ao separar uma briga contra a filha da vizinha durante um temporal. Só depois descobri que a briga era por mim. Começaram a discutir se a menina deveria ou não ser minha namorada e do nada a conversa boba virou uma briga séria. Vai entender.

Puxo sua cabeça para o meu ombro e ela dorme. Mas logo estamos pousando.

Novamente estamos em um carro. É uma viagem longa e cansativa e uma cidade barulhenta e com prédio inúmeras vezes maior que os dois únicos da nossa cidade. Me sinto um pequeno grão perdido nessa imensidão.

Quando penso que nunca vamos chegar, a mulher para de frente a um casarão e sorri.

— Chegamos na metade do caminho.

Com Maria grudada em minha mão, sigo por corredores mal iluminados repletos de portas até chegar a uma dupla que está aberta. Há homens ali. Não gosto da forma como nos olham. Me lembram pessoas avaliando produtos na feira. Duvido que seja a família que nos falaram. 

— A menina tem quanto anos? — Um homem magrelo e loiro questiona, ainda nos avaliando.

— Catorze. — A mulher responde. O tom é diferente do que usava para falar com meus pais. Não sei dizer o que, mas é diferente.

— É virgem?

A mulher dá de ombros.

— Acho que é.

Que conversa estranha é essa?

— Certo, o valor de sempre por cada. — Ele acende um cigarro. O outro ao lado apenas nos olha. Maria aperta mais forte meus dedos, como se pressentisse algo ruim. — Caolho, leva o garoto... e já leva pro abatedouro. Hoje tem colheita. A menina fica pra começar aqui hoje.

De repente, aqueles homens se tornam borrões de monstros que puxam Maria de mim.

— Me solta! Me solta! — minha irmã esperneia e grita histérica. — João!

— Tire as mãos da minha irmã. Malditos! — Tento chegar até ela, mas é inútil, sou apenas um menino magrela contra um adulto claramente mais forte.

Continuamos gritando e esperneando, mas a impotência toma conta quando sou arrastado para longe da minha irmãzinha que prometi proteger.

Minha última visão dela é de seus olhos cheios de lágrimas quando é jogada no chão pelo homem que perecia ser o chefe dos outros. Eu sou um inútil. Quebrei a minha promessa tão rapidamente.

— Sua irmã vai ser uma puta de primeira. Vai dar a boceta até não ter mais forças, ai vai continuar dando... — ele ri — até morrer. E vamos enterrar juntos com outras piranhas como ela.

— Desgraçado! — consigo pegar de surpresa e fugir, mas só corro alguns passos antes de sentir a pancada na minha nuca.

— Não se preocupe, você não vai viver o bastante para sofrer pela irmãzinha. Culpe seus pais, que acreditam em contos que bruxas inventam... Todos acreditam na fábrica de doces...

Se ele disse algo mais, não ouvi. Apaguei com a pancada.

Quando acordei estava preso a uma cama com um homem de branco abrindo meu peito. Foi a dor que me despertou.

— Desculpa ai, carinha. Anestesia prejudica o produto. — Ouço a risada de outros com ele, como se contasse uma piada. Mal consigo ver o rosto deles por causa da luz intensa e da dor na minha cabeça.

Ele me abriu, mas antes que pudesse arrancar seja lá o que procurasse, o lugar virou um caos. Demorei para entender se tratar de policiais. Fui salvo naquele momento por policiais que investigavam a venda de órgãos, mas ninguém acreditou em mim quando disse que estava com minha irmã. Para meu desespero ela não estava na casa, a polícia não a encontrou. O lugar estava vazio, como se tivessem sido alertados. A megera fugiu também, apenas aqueles homens foram pegos, e eles não “deduraram” a bruxa.

Para todos, eu estava delirando por causa do que aconteceu.

Os dias passaram e só queria me mandar para lar adotivo onde fui enfiado, pois eu não falava sobre quem era e onde estava minha família. Como falaria? Eu não posso voltar para casa sem minha irmã. Simplesmente não posso.

Finalmente consegui fugi. Nem que fosse sozinho, eu salvaria a minha irmã. Eu prometi cuidar dela.

Espere, Maria. Aguente. Eu estou indo.

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Taina Rosa
Quando vai lança do Felipe?
2025-09-13 05:42:01
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Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
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