Mundo ficciónIniciar sesiónAmaymon Seven trancou seu coração há anos, com a morte de sua amada esposa, somente seus filhos têm acesso aos seus sentimentos. Pai cuidadoso, mafioso perigoso... O rei Seven não busca romance. Maria é uma menina-mulher que leva traumas profundos em sua alma. Ela não acredita em amor, muito menos em promessas de homens. Desde que foi resgatada do “inferno” por seu gêmeo, Maria apenas tem um desejo: seduzir o homem mais poderoso do país e usar o seu poder para libertar seu irmão da dívida feita por ela. Eles não estavam dispostos a se apaixonar, mas o amor é traiçoeiro. A primeira brecha que se abre, o sentimento alastra nessas duas pessoas de mundo completamente diferente. Não resta opção ao Seven, a não ser se tornar a arma mais poderosa nas mãos da sua doce pequena Maria.
Leer másO amor é uma flor doce
Resistindo nos terrenos mais hostis
Florescendo no primeiro raio de amor.
JOÃO AMARAL
Estamos reunidos em nossa sala. A porta aberta mostra o carro azul estacionado na frente do portão baixo de ferro.
— Presta atenção, filho! — meu pai exige, me fazendo desviar a atenção da senhora de cabelos tingidos de acaju parada ao lado do carro.
— Eu já sei, pai. Devo respeitar a família que vai cuidar da gente como se fossem vocês — digo um pouco impaciente com todas as regras e com a situação.
Eu não quero deixar meus pais, meus amigos, nem mesmo essa cidade. Mas tenho catorze anos, não sou mais criança, entendo as coisas. Estamos passando fome. Se, para ajudar minha família, minha irmã e eu precisamos nos afastar dos nossos pais por alguns anos, é o que faremos.
— Cuide da sua irmã, filho — ele pede sério.
Balanço a cabeça, enquanto meus olhos desviam para minha irmã. Ela está com o rosto banhado em lágrimas e inchado, assim como nossa mãe. Estão abraçadas. Ninguém aqui queria fazer isso, nos separar. Tento me mostrar forte para que eles não desmoronem mais.
Nossos pais ainda nos orientam por alguns minutos, até que a senhora que veio para a nossa cidade a pedido do prefeito se aproxima.
— Temos que ir. Não se preocupem, pais. Pelo pouco que conheço vocês, acredito que seus filhos se comportarão muito bem. — Ela aperta minha bochecha, como se eu fosse um bebê. Mulher desagradável. — Crianças, não esqueçam de ligar para seus pais todos os dias. Nós, adultos, preocupamos muito.
Assinto, me livrando do seu toque sem muita delicadeza.
Ela dá um sorriso que mais parece uma careta.
— Sei que a notícia que vou dar não vai mudar em nada a saudade que vão sentir dos papais, mas saibam que a família que vai acolher vocês trabalha em uma fábrica de doces. Vocês vão amar as delicias que levam para casa.
Fora de cogitação sequer sorrir. Quem quer saber de doces nessas circunstâncias? Eu não queria precisar ir, isso sim.
Depois de nos despedirmos de nossos pais, sentamos nos bancos traseiros e seguimos viagem em silêncio.
Fomos até uma cidade vizinha, que era maior e tinha aeroporto. De lá iriamos para o Rio de Janeiro, onde mora uma família que nos aceitou para ajudar em tarefas de casa e fazer companhia aos filhos deles, estudar juntos, coisas assim. Um acordo feito pelos meus pais em um momento de desespero, com essa mulher que diz sempre conseguir esse tipo de acordo, e com a aprovação do prefeito que confirmou que ela era boa pessoa e que sempre fazia isso, inclusive ele já abrigou crianças como nós de outra cidade, em outros tempos. Mamãe se lembrou dessa época. Foi antes dele se tornar prefeito.
Eu não entendo muito bem o que o prefeito faz, mas imaginei que era ajudar a população, garantir empregos, saúde e educação. Só que em nossa cidade, Esperança do Sul, isso não existe. Ouvi meus pais dizendo que a prefeitura não está recebendo verba e que a cidade virou um caos porque vive de agricultura e não chove há tempos. Mas se é assim, por que apenas os pobres sofrem as consequências? Não entendo. Dizem que entenderei quando me tornar adulto, vamos ver.
— João, eu estou com medo. — Maria aperta minha mão com força. Seus olhos estão inchados e vermelhos.
— Não precisa. — Abraço minha irmã, depois de tirar o cinto de segurança do avião. — Eu protejo você.
— Promete?
Aperto ela em meus braços. A menina mais durona da cidade nesse momento parece tão frágil que me incomoda.
— Prometo. Te protegerei com minha vida, minha pequena tempestade.
Ela está tão nervosa que nem briga por eu usar o apelido que lhe dei ao separar uma briga contra a filha da vizinha durante um temporal. Só depois descobri que a briga era por mim. Começaram a discutir se a menina deveria ou não ser minha namorada e do nada a conversa boba virou uma briga séria. Vai entender.
Puxo sua cabeça para o meu ombro e ela dorme. Mas logo estamos pousando.
Novamente estamos em um carro. É uma viagem longa e cansativa e uma cidade barulhenta e com prédio inúmeras vezes maior que os dois únicos da nossa cidade. Me sinto um pequeno grão perdido nessa imensidão.
Quando penso que nunca vamos chegar, a mulher para de frente a um casarão e sorri.
— Chegamos na metade do caminho.
Com Maria grudada em minha mão, sigo por corredores mal iluminados repletos de portas até chegar a uma dupla que está aberta. Há homens ali. Não gosto da forma como nos olham. Me lembram pessoas avaliando produtos na feira. Duvido que seja a família que nos falaram.
— A menina tem quanto anos? — Um homem magrelo e loiro questiona, ainda nos avaliando.
— Catorze. — A mulher responde. O tom é diferente do que usava para falar com meus pais. Não sei dizer o que, mas é diferente.
— É virgem?
A mulher dá de ombros.
— Acho que é.
Que conversa estranha é essa?
— Certo, o valor de sempre por cada. — Ele acende um cigarro. O outro ao lado apenas nos olha. Maria aperta mais forte meus dedos, como se pressentisse algo ruim. — Caolho, leva o garoto... e já leva pro abatedouro. Hoje tem colheita. A menina fica pra começar aqui hoje.
De repente, aqueles homens se tornam borrões de monstros que puxam Maria de mim.
— Me solta! Me solta! — minha irmã esperneia e grita histérica. — João!
— Tire as mãos da minha irmã. Malditos! — Tento chegar até ela, mas é inútil, sou apenas um menino magrela contra um adulto claramente mais forte.
Continuamos gritando e esperneando, mas a impotência toma conta quando sou arrastado para longe da minha irmãzinha que prometi proteger.
Minha última visão dela é de seus olhos cheios de lágrimas quando é jogada no chão pelo homem que perecia ser o chefe dos outros. Eu sou um inútil. Quebrei a minha promessa tão rapidamente.
— Sua irmã vai ser uma puta de primeira. Vai dar a boceta até não ter mais forças, ai vai continuar dando... — ele ri — até morrer. E vamos enterrar juntos com outras piranhas como ela.
— Desgraçado! — consigo pegar de surpresa e fugir, mas só corro alguns passos antes de sentir a pancada na minha nuca.
— Não se preocupe, você não vai viver o bastante para sofrer pela irmãzinha. Culpe seus pais, que acreditam em contos que bruxas inventam... Todos acreditam na fábrica de doces...
Se ele disse algo mais, não ouvi. Apaguei com a pancada.
Quando acordei estava preso a uma cama com um homem de branco abrindo meu peito. Foi a dor que me despertou.
— Desculpa ai, carinha. Anestesia prejudica o produto. — Ouço a risada de outros com ele, como se contasse uma piada. Mal consigo ver o rosto deles por causa da luz intensa e da dor na minha cabeça.
Ele me abriu, mas antes que pudesse arrancar seja lá o que procurasse, o lugar virou um caos. Demorei para entender se tratar de policiais. Fui salvo naquele momento por policiais que investigavam a venda de órgãos, mas ninguém acreditou em mim quando disse que estava com minha irmã. Para meu desespero ela não estava na casa, a polícia não a encontrou. O lugar estava vazio, como se tivessem sido alertados. A megera fugiu também, apenas aqueles homens foram pegos, e eles não “deduraram” a bruxa.
Para todos, eu estava delirando por causa do que aconteceu.
Os dias passaram e só queria me mandar para lar adotivo onde fui enfiado, pois eu não falava sobre quem era e onde estava minha família. Como falaria? Eu não posso voltar para casa sem minha irmã. Simplesmente não posso.
Finalmente consegui fugi. Nem que fosse sozinho, eu salvaria a minha irmã. Eu prometi cuidar dela.
Espere, Maria. Aguente. Eu estou indo.
AMAYMON SEVENHoje é mais um dia de baile. Depois que meus filhos começaram a se apaixonar, e devo confessar que eu também, esse castelo anda muito movimentado. Estou sentando em um sofá com a cabeça da minha mulher gravidíssima em meu colo enquanto vejo a movimentação.Hoje os pais dela estão presentes. A nossa convivência está cada dia mais harmoniosa. E acreditem ou não, o senhor Amaral está gostando do cargo de prefeito, pensando até em reeleição. — Está pensando em que, amor?— Como administrar seus amantes quando eu estiver velho demais para te satisfazer — brinco. Maria revira os olhos e me belisca, ela sabe que é brincadeira, que não tenho esse tipo de insegurança.Eu sou um homem vivido, que confia no amor da minha mulher. Enquanto eu puder dar prazer a ela, tudo certo. Se um dia a idade se tornar um problema, pensaremos em como resolver. Sofrer pelo futuro é tolice.A noite segue entre pausas para descansar da agitação da família e muita comilança da minha doce esposa grávi
MARIA AMARALO assunto pela cidade é o mesmo: O suicídio do prefeito. Meu pai está quase fazendo buraco no chão da casa, andando de um lado para o outro.— Prefeito, eu? Eu não sei se dou conta disso — murmura de novo.— A melhor coisa que aquele homem fez foi suicidar. — João diz descascando uma maçã e me passando pequenos pedaços. Depois da quantidade de doces que comi ontem, preciso de frutas. Eu estava descascando, mas ele sentou ao meu lado e tomou meu trabalho.— Não diga isso, filho. — Mamãe olha triste para João. — Ninguém merece morrer assim.— O senhor dá conta sim. Eu estarei ao seu lado. No fim, nosso negócio de pai e filho vai ser mais que um simples comércio. Sem falar que seu genro conhece muita gente poderosa, não tanto quanto ele mesmo, mas poderosas. Ele pode ajudar.— Seu noivo é tão rico assim? — mamãe pergunta olhando para mim.Assinto.— O cara mora em um castelo de verdade. Deixa eu mostrar pra senhora. — João pega o celular e busca imagens do castelo dos Seven.
JOÃO AMARALEssa calma desse Seven me dá nos nervos. E só piora ele não dar detalhes do que pretende fazer.— Caralho! — resmungo enquanto saímos da sala.— Boca suja — ele devolve calmamente.— Dá para dizer o que pretende?— Vamos torturar esse pedaço de merda e ao fim do dia de hoje haverá um suicídio, mesmo que seja forçado.Gargalho.— Pedaço de merda? Depois diz que minha boca é suja.Saio rindo. No caminho, me despeço da gatinha da recepção com uma piscadela. Essa noite a trepada está garantida.— Vamos naquela loja comprar doces para Maria. — Ele sugere mostrando a loja de fachada colorida do outro lado da rua da prefeitura.Dou de ombros e seguimos para o local. O atendente sorria de orelha a orelha pela quantidade de produtos que o Seven comprava. Se minha irmã comer todos esses doces, ela explode. Ah, não passou nem cinco minutos que entramos na loja e o prefeito saiu apressado. Aposto que foi ver a mulher e as filhas. Os filhos dos outros pode sofrer, os dele não. Maldito!
AMAYMON SEVENO sorriso que o meu cunhado deu ao ouvir a frase “Hoje teremos um suicídio” foi meio que assustador. Acho que ele sabe exatamente o que pretendo.— Posso participar?— Seria uma pena se não participasse.— Então come logo. Estou doido para ver um suicídio.Sorrio de canto. Deixo para que ele descubra que não vai participar tanto assim mais tarde, para que não acabe com sua alegria. Depois do café, seguimos direto para a prefeitura.Claro que o prefeito não estava. São apenas nove da manhã. Aposto que vem e volta quando bem entende. Se é assim em grandes cidades, imagine em uma cidade pequena onde as pessoas vivem à mercê do prefeito.— Vamos aguardar — aviso para a secretária e me sento em um canto. Meus seguranças param um em cada lado, de pé, em postura de atenção, enquanto meu cunhado está apoiado na mesa da secretária claramente seduzindo-a.Dez minutos depois o prefeito chega. Acredito que foi avisado sobre a visita.Assim que ele chega, João muda completamente. O s
AMAYMON SEVENO pai de Maria com certeza quer me intimidar. Estamos andando há quase dez minutos pela estrada de asfalto malcuidado. Ele não diz uma palavra sequer. Penso em seguir pelo mesmo caminho e manter silêncio, para mostrar que também sei intimidar. Mas mudo de ideia, é o pai da mulher que amo, e se eu estivesse no lugar dele, certeza que estaria intimidando muito mais, talvez até mesmo usando algumas armas cortantes para mostrar ao desgraçado que ousou engravidar minha filha quem manda.— Irei entender se o senhor for contra a minha relação com sua filha — digo firme.— Senhor? — ele faz uma careta. — Pelo que soube, sou um ano mais novo que o “senhor”. — Ele faz uma entonação de desgosto com a palavra, como se quisesse mostrar o quanto o incomoda.— Entendo seu ponto de vista. Pretende impedir que eu me case com sua filha? — Vou direto ao ponto.— A minha filha de dezoito anos grávida — murmura para si mesmo.— Entendo como se sente. Eu sou pai e faria tudo pelos meus filhos
MARIA AMARAL— Mamãe, preciso te contar uma coisa. — Ela larga as verduras que estava cortando dentro da vasilha e me olha séria. — Espero que a senhora não fique triste comigo. Desculpa por isso. Eu... — engasgo com as palavras, começo a chorar.— Ei! — Ela me abraça. — Está tudo bem.Antes que eu posso dizer algo, uma voz conhecida aquece meu coração.— Que chororo é esse aqui? — Olho para a porta e vejo meu pai de braços abertos, esperando um abraço. Ele está sujo, como se tivesse trabalhado muito no pesado.— Pai! — corro para seus braços, abraçando forte. O cheiro de cansaço e suor conhecido me faz chorar.— Como você está, princesa? E cadê seu irmão?— Estou bem. — Limpo as lágrimas. — Estava com tanta saudade. João foi levar... — interrompo.— Levar o noivo dela pra pousada. Porque aqui não cabe um homem daquele e ainda com segurança.— Noivo é? Quero saber essa história direitinho. Como minha filha de dezoito anos está noiva de uma homem mais velho que eu.— Ai pai, ele é só u
Último capítulo